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Elevagao Pneumatica de Liquidos (Air Lift) Eng J, CARVALHO LOPES Catedritico de Técnica Sanitéria Urbana da Escola de Arquitetura da Universidade Fede- ral de Minas Gerais e Catedratico de Hidréu- fica da Escolt de Minas de Ouro Préto. Eng® P. SULVESTRE Regents da Cadcira de Mecinica dos Fluidos — Hidriulica da Escola d= Engenharia da Universidade Federal de Minas Gerais. A) VANTAGENS, INCONVENIENTES, DEFINICOES: © sistema vem do séeuto passado. Criado pelo engenheiro Poblé, seu emprégo, ini- cialments limitou-se a instalag6es industriais. Conquanto de rendimento termodinamico relativamente baixo, apresenta s6bre os tipos convencionais de bombeamento (bombas cen- trifugas, de émbolo, ejetores, etc.) as seguintes Vantazens: 1 ~~ Auséncia de pegas méveis em contéto com o liquide bombeado o que & inesti- mivel em se tratando de fluidos quimica ou mecinicamente corrosivos; 2 — Refrigera o Iiquido, pela expansio do gis com que se acha misturado, tal como nas unidades frigoriticas; 3 — Oxida o liquide bombeado enriquecendo-o de oxigénio, fato que, em se tratando de ‘gua, As vézes, diminui-the a turbidez @ methora suas condigdes de potabilidade; 4 — Um compressor sdmente, poder atender varios pogos; 5 — Prestase admiravelmente & clevacio de liquidos agressivos como os utilizados nas indistrias quimica 6 — Grande duragéo ¢ manutengéo de baixo custo; 7 — Em captagio subterrinea é 0 sistema que mais Agua fornece por unidade de firea transversal de tubo em virtude das elevadas velocidades permitidas e pela auséncia de pegas no interior da tubutlagio adutora; 8 — 0 compressor poderd fiear relativamente distante da bomba como o exigem os casos de Greas de eaptagio inundiveis, oportunidades em que as maquinas serio insta- ladas a cem ou mais metros dos pogos, em locais elevados, a salvo das inundagées; 9 — Dispensa instalagdes de reserva em razio da diminuta manutengéo, trabalhando cada unidade vérios anos sem necessidade de reparos; ‘A elevagio pnoumética apresenta alguns inconvenientes dentre os quais citaremos os dois principais: 1 — Baixo rendimento, geralmente inferior a 30%; 2 — Nio se presta a transportes longos, principalmente sob fraca declividade, em Virtude da tendéncia de formacio de bélhas de ar que interferem no escoamento. Por tal motivo consideramos a elevagio pneumitica um sistema antes extratério que elevatério de liquidos. REVISTA DAE “a Assim, para os casos de captago subterriinea seria melhor dizer-se extragio pneumi- fica da agua ao invés de elevacio pneumitica, Figis a esta distingo costumames projetar nossas casas de miquinas atribuindo a0 air lift, Wo somente, a incumbéncia de extrair a Agua dos posos, encarregando as bombas, geraimente eletro-centrifugns, do recalque para os reservatdrios elevados. B) PRINCIPIO DE FUNCIONAMENTO: Se, no panto 3 do tubo em U da fig. I, contendo liquido até o nivel 1-4. injetarmos ar comprimide, por meio do compressor C, obteremos no ramo direito uma emulsio quido-ar que se clevard ao nivel 5. Se o registro indicado na figura mantiver constante- mente em 1 0 nivel do liquide no ramo esquerdo do tubo, 0 péso da coluna 1-2 suportara ‘© da coluna $-3 de emulsio ,em raziio do principio dos vasos comunicados. Assim funciona a bomba hidro-pneumética, cuja montage, na pratica, esté esque- matizada na fig. 2. © compressor C injeta ar no hidroemulsor £ por meio da tubulagio 46 REVISTA DAE A. hidroemulsor de que voltaremos a falar, € © dispositive encarregado de fracionar finalmente a coluna de ar facilitando sua mistura com 0 liquide a ser bombeado. A mistura liquido-ar sobs pela coluna de emulsio E até a altura a medida a partir do nivel natural do terreno N-N, geralmente tomado como referéncia. Temos na Fig. P — profundidade do pogo entre N-N © 0 ponto em que o eixo da coluna de ar en contra © hidroemulsor; © — altura estitica do Iengol subterrineo, no pogo, quando nao ha bombeamento; d — altura dinimica que fixa o nivel de equilibrio do lengol quando © pogo atinge © regime normal de funcionamento; 2 — altura de elevagio acima do solo natural: H = p — d — submergéneia linear; h = d + 4 — altura (otal de elevagao. d H Ss 100 ———— 100 ——— a) pte Hoh AS boas submerpéncias situam-se entre 40% © 809%, as dtimas sio de 65% a 70%. © quadro absixo sugere a submergéncia a ser adotada tendo em vista @ altura da elevacio, QUADRO I h ‘Submergéncia % metros Normal Otima 4a 40 50.4 70 58 40a 75 40a 60 50 100 2 200 37a $0 4B 200 a 250 35.0 45 38 A expresso (1), resolvidn em relaglo a p, 6 util para indicar a profundidade a que devemos levar a perfuragio do pogo: (Sa + 100 d)/ (100 — 5) (bis) Pp Para garantia do bom funcionamento do sistema os trabalhos interrompem-se a (p + m) metros sendo m = 1 a folga acrescentada A profundidade, varidvel com o tipo de hidrosmalsor empregado © com as caracteristicas estratigrétieus do local da perfuragio. No inicio do bombeamento o compressor trabalha & pressio de arranque, necesséria para vencer 0 péso da coluna hidrostitica e que figurart nas especificagdes para aquisi- gio da maquina: Hope @ Valor que se presta admiravelmente & imprescindivel afericio dos muandmettos. geral- ‘mente construidos com molas, podendo fornecer falss indicagées, Depois de iniciado 0 bombeamento verifica-se 9 rebaixamento gradativo do nivel di- namico eu pressfio no mandmetro decresce até atingir a pressdo de regime corresp. & altura: H, = (pd) | ILS WH 4 IL a) expresso na qual a primeira parcela é a pressio dinimica ¢ a segunda, a perda de car- ga total devida aos atritos, REVISTA DALE. ” Evidentemente a pressio de regime s6 pod: ser culculada se foe conhecida a perda de carga, usualmente arbitrada entre S% ¢ 10% de (p + ah ©) CONSUMO DE AR: Vamos deduzit a formula para a caso de bombeamemo de liquidos ao nivel do mar. Considerada a expressio isotérmica do ar. a relagio de compressio sera r= + PPP, = PPP, a © trabalho de expansio isotérmica sna unidade de tempo. ¢ dado por P. V. log. 1 8 Desprezadas as perdas, éste trabalho deve ser igual ao necessirio para elevar a vazio fornecida pelo poco de h = d + a metros. PV. loge r= ¥ Qh (6 de onde: Qh). tog. 9 wo Nesta expressiio V, € 0 volume tedrico de ar livre necessirio para bombear Q litros de Viquido por segundo. Dividindo ambos os_membros de (7) por + Qe substituindo r pelo seu valor dado fem (4) vem, em logatitimos decimais: v (8) P+ Pe 2303 P. Jog ———~ P. Na literatura inglésa esta fSrmula, para o caso da agua, se denomina Rix-Abrahms-tn- gersoll © se escreve: h Vv = o Hoy a4 € tog 34 onde: hc H — so dados em pés; 34 — & a altura da coluna d’gua, em pés, representativa da presséo stmosférica a0 nivel do mar; V- — € 0 volume de ar livre, em pés ctibicos, necessirio para clevar um gallo de agua ah pés de altura; © — — constante obtida nos ensaios conduzidos na estagio experimental de eleva- Ho pacumética da Ingersoll-Rand, Em unidades métricas a (9) se escteve: 2,46 h v= a0 c H + 103.6 log — 103,6 onde: fe H — em decimetros. V = litros de ar livre por litro de agua elevada. Introduzimos a constante 2.46 na f6rmula convertida xo sistema métrico, com o fim de aproveitar as tabelas de C ja existentes. A estagiio experimental que a Ingersoll-Rand colocou & disposigao da Universidade de Stanton (Easton, Pensilvania) consta de um poco profundo com instalagdes cuja flexibi- a REVISTA DAE Jidade tornow possivel efetuar 0 tratamento estatistico de centenas de experitnei gendo enorme variedade de condi abran A partir das citadus experiéncias organizou-se © quadro seguinte que orienta a escolha da constante, de acérdo com a submergéncia adotada, QUADRO TI Valor de € Ingersoll-Rand | ___C. Lopes 15 : 366 250 60 335 21s 50 296 180 40 | 246 140 Como vemos, a constante C varia no mesmo s:ntido da submergéncia, Os valores fornecidos pela Ingersoll-Rand sio, a nosso ver, um pouco otimistas. Nossa experiéneia aconselha valéres mais conservativos como os registrados na coluna da direita, E_bem provivel que os menores valares de C por nds determinados decorram da imperfeigfo dos nossos hidroemulsores ainda nio ajustados as especificagies exigidas peto bom funcionamento do sistetma, 1D) HIDROEMULSORES: tados de modo a fracionar finamente @ coluna gasosa com o fim le permitir a perfeita mistura do liquido a ser bombeado com o ar. Os utilizados entre Gs compdem-se de dois tubos curtes, raramente maiores de 60 em, excéntricos, sendo © interior dotudo de grande niimero ds furos (fig. 3), responsiveis pela formacio das aguthas de ar. A exceniricidade permite a entrada do ar pelo tépo © que facilita a ins- talagio. Em casos de responsabilidade os hidroemulsores clissicos (Ingersoll, Sullivam, etc.) tém altura entre | metro ¢ 1,5 metros. O tubo interno, com didmetro igual ao da coluna de emulséo, € construido com material inoxidavel (aco inoxidavel, red-bronze, etc.), com furos de 1/16" uniformemente distribuidos, ou com areas decrescentes variando linear= mente de baixo para cima, A sida do hidroemulsor, na extremidade superior, a coluna pode apresentar uma estricgio estritura de curva suave com a finulidade de melhorar a mistura, Efetivamente, a cintura que vemos na fig. 3 provoca certa compressio do ar na ce mara de que resulta mistura mais intima dos fluidos, Inferiormente 0 hidroemulsor termina com uma cauda de mais ou menos 60 em de comprimento cuja béca deve ficar acima do fundo do poco para evitar aspiracio de substancias sedimentirias, Hi casos em que 0 diimetro do pogo impde a injegto de ar pelo interior da coluna de emulsio. Este sistema de injeeio interna deve ser tanto quanto possivel evitado. Quando sua adogdo for obrigatoria o uso dos valores de C por nés determinados encontra plena justifieagao, F) DIAMETRO DE ENTRADA DA COLUNA DE EMULSAO: © ar injetado no hidroemulsor incorpora-se a0 liquide sob forma de bélhas & adquire movimento ascendentc. A medida que o ar se eleva a pressio hidrostatica diminui e as dothas expandem-se. Como o escorregamento do ar no liquide, decorrente da diferenga de velocidades dos fluidos, decresce com 0 tamanho das blhas, ha o maximo interésse fem efetuar a emulsio com as menores balhas possiveis. REVISTA DALE “ Fista 6 a razio do fracionamento da coluna de ar como ja 0 dissemos explica porque 0 didmetro da coluna de emulsiio mio pode ser tinico. A lei de Mariotte permite-nos escrever: viv onde V € 0 volume de ar livre necessério para elevar a unidade de tempo. Se o volume do liquido for Q. teremos na base da coluna dz emulsio: Volume de ar: aver Volume de agua: Q Volume de emulsio: V = Q (V4 nér ap Conhecida a velocidade média de ascengio da mistura na base da coluna de emul- io, poderemos calcular o diametro do tubo. ‘A velocidade de que falumos é dada pela experigncia e se aconsetham: Na entrada U, = (2,20 a 2.70) m/weg, Na deseargn Uy = (3.70 a 7,60) m/seg. Adotada a velocidade teremos para a seg3o de entrada: S SV enir. QU, fe. consequemtemente: B= 2G)" us que seré o diametro da parte inferior da coluna de emulsio. F) DIAMETRO DE DESCARGA DA COLUNA DE EMUISAO: A sada do pogo a relagio de compressio © = 1 c teremos: Volume de at ay, Volume de siguas —Q Volume d2 emulsfor V) = QV) 4 ay Adotada a velocidade de descarga & = Q/U IY + 0 fe, também: 26m" aay G) POSIGAO DA LUVA DE REDUCAO: No seu movimento de ascengiio o ar expands-se da quantidade fornecida pela dife- rénga entre as expresses (13) e (11) no comprimento (p + «). Admitindo que a variagio do volume seja linear, teremos por metro dz tubo: Mi = Voip — a) = QV — D/O bar as) A uma altura qualquer X 0 volume da mistura que percorre a coluna na unidads tempo sera r= VE QV X/t@ + a) 16) Sendo U,, a velocidade média mixima permitida na tubulaga0 de didmetro D., teremos: Un = Vs/S. an de onde, tendo em vista a (15): X = (SU, — Wo (p + a) / Wy = Vd ag) 50 REVISTA DALE, Bom, valor para Uy & © resultante da média entre os extrems acima indicados ou seia = 4.30 m/seg. H) POTENCIA DO COMPRESSOR: © trabatho te6rico do compressor € dado pela formula ubsixo, deduzida a partir ta equagio P_V* = ctt. para transformagées.politropicas: 8 n= BV -0 ayy Nesta formula a pressio ¢ dada em kg/m’ ¢ 0 volume em m' com o que o resultado vem em quilogrimetros. Geralmente n = 1.2 Para a poténcia efetiva em cayalos-vapor: N= THIS a 20) em que 7 € 0 rendimento global do compressor. REFERENCIAS: 1 — BABBIT H, © DOOLOND J. — Water Supply Enginesving — Mue Graw — New York 1965 2 BERGERON L. — Machinea Hliraullques ~~ BLIP. Dunot — Paris — toes & = CARVALHO LOPES J, —+ Influgncia ds altitude av funeionamento dos Compressors le At quando Aplicados A Plevagio Paeumiticn da Ague — Eacolas Profissionais Salesionse —— Sko Paulo — 1937 4 CARVALHO LOPES J. — Nota: inéaitas 5 —GIRSON A. H. — Hydaulier And Les Appllestion — Van Nostrand — New York — 125 § — INGERSOLL-RAND COMPANY — Compressed! Air Date 2020, REVISTA DAE 1

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