Você está na página 1de 490
cara ato erat (Gmamtaiata sore 6 Ban ie nce eee ep, Ann neh. 2 Oo Marans aa \seN ss 05010760 etacemtes) 1. Ft Fn Ht tot, Oi Tn Ss ington sei: GIOVANNI REALE/DARIO ANTISERI . HISTORIA DA FILOSOFIA Do Humanismo a Kant VOLUME 2 ‘mos ‘recon 1 pes tdatae dation ee ‘SB Sea, Brean BR Mata Fora Fotatece oi Nina, loreal ican ‘apace ‘ta onereaae {ean 90.09695 00) PREFACIO “0 ultimo passo da razto ¢0 de reconhecer ‘que existom infinitas coisas que a superam.” Paseal Como se jusifica um tratado to vasto da histéria do pensamento ilosoficoe cientifce! Observando o tamanho dos 8s ‘volumes desta obr, aloes o professor e pergunte: como &possive, nas poueas haras semanais de aula 6 disposiqto, abordar desen- Solver tm programa: tio rico e conseguir levar 0 eatudante domind-ot (Claro, se farmos medir este Livro pelo numero de paginas, “devemos dizer que ém loro extenso, Bocas, porém, de recordar ‘aqui a bela sentenga'do abade Terrasson citoda por Kant no (fico & Critien dn Rasio Pura: “Se nao formos medirotamanho {o lero pelo numero de paginas, mas sim pelo tempo necessario ‘para entendsvlo, peder-seia dizer de muitos livros que seriam ‘muito mate breves se nao fossem tao breve." 'E, na verdade, em muitos casos, os manuais de filosofia darian muito menos trabatho se contioessem algumas paginas @ ‘mais sobre uma série de temas. Com efeito, na exposigao da roblematicaflosfic, a brevidade ndo simplifea as cosas, mas ‘tim as complica — e, ds vezes, as torna pouco compreensiveis, Uistagem de opinides, & mera visdo panoramica sobre "0 que” diseram os varios flécofos ao longo do tempo, o que pode ate ser Instrutive, mas é muito pouco formativo. ‘Pois ber, esta historia do pensamento cientifco ¢filossfico pretendealeangar pelo menos trés outros niveis além do simples "o ae doer onion oa daqule nivel queosanigos Shamavam de "daxogrdfico” (nivel de confront ‘pinides) [procurando explicaro “por que" daguilo que os flsefoedisseram, buscando transmitr wn sentido adequado do “como” odisserame, ‘or fim, indicando alguns dos “feitos"provocados por suas teorias Alosficase centificas. (0 “por que” das aftrmagies ds ilgsofos nunca constitu algo simples, no sentido em que motives socais,econdmicoseculturaie Treqentemente we ligam e, de varios modos, se entrelagam com os ‘ ti ston i pen, cron ai te ce a ee oe fs fea atten ata TPES icieetercah ire See peice cp oe cea eh a fle Old ca ete ai ela eee ‘ges ldgicas, racionais ecriticas que, em tiltima andlise, constituem SNe etic ge ate Tip sn or pe pict ia dee desuas prépriaspalouras. As vezes, quand setratadetextos cele, Sime eieen ire ipecierar eyes Bpoimnnome en eee napa: Uf er Ser join ot in nl Pn lee eta pt ile ee Rend cult ners min Berd, irs epee te Sreieseator en t ade as Shee a ees ge ce ts i ee Sous one toes Ge ere ee pen Sens deta Sriece Rasipeen hes mame ie Saal heated salar epee iene ce eda le reclame agen iia ene en are Pca Eee eee sult ln a eis ep sh at ed cbt er tea esc Soe ere meanest Rah aoe eee aera Soa ie Tae a fe Secu ee ee Secs Bee nc Ulin fee nn cr toe SE psn sug peta enter a SERIE ose fs Fat ett tlic etn oe ahead ne Preficio 7 ‘S40 onto dechegada do ensino de filosofa eté na formagio de mentes reas em teorias e destras nos métodos, capazes de formular e desenoolver as questzes de modo metodico ¢ de ler de Imada rio areatdade queca cere. Eprecsarente ceo bi ‘laude peloe quatro nivete segundo os quais fol concebida e real Jada toda eata obra: criar uma razdo aberta, capas de ee defender. Gasmaltiplas solictagdeecontemporéneas fuga pargoirracional tu ao encerramento em estreitas posigbes pragmticas ou cent Cletas: Ea razto aberta é uma razdo que sabe fer emi mesma @ Gapacidade de correo de todos os erres que comet (enquanto ‘eslo humana) ea forea paraempreenderitinerdrios sempre novos. ‘Bate segunclo volume desdobra-se em dex pares, Adivisdo fo {ita consideranda a sucesedo Logica ecronolégica da problematica Froted, mas com a intengdo de oferecer aos docentes verdadeiras “nidades didaticas”,no ambito das quais eles possam realizar as rcolhas mais oportunas, segundo o ineresse e 0 nivel de seus ‘unos. A amplitude do tratado ndo significa que se deve leionar tudo, pretendendo apenas oferecer 0 mais ampla e rica possibil dade de escothas aprofundamentos. ‘A primeira parte die respeto ao humanismo e ao Renasc ‘mento, eujas figuras emergentes ¢ cujas tendéncias gerats «do Gpresentadas Considerando, entre outras colsas, as mais recentes tpuisigdes historiogrdfion, volladas em particular pare mostrar (que ume de suas principaisearacterietcas (ald, « caracteristicn Jue constitu a sua marca mais espectica) deriva do pensamento ‘tribuido aos profetas e magos mats antigos, como Hermes Tris mmegisto, Zoraasiro e Orfe Desse modo, apresentamoseseas Per- Sonagens eos mitosporelascriadoseexplicamoca peculiar tempera Copintual que sua revivesoineia producti, de formas as mais Cariadas ¢ Interessantes,conjuganido-se eobretudo com a revives- ‘incia do platonismo. “Abrimos um amploexpago pare a revolugdo cientifie, ito 6, para aquele paderoso movimento de ideias que, a partir da publi- Ragdo do De revolutionibus, de Copérnico 143), aleangou as euas ‘ahacter istics fundamentais na esculo XVII com a obra de Galileu, Encontro oe seus filgoofos em Bacon Descartes e depots iia ter Goua expresedo cldssica a imagem newtoniana do universo Goncebido como um relogio. B como a “revolugdo astrondmica” 60 Clemento central desse processo de revolugdoeientifiea, nos detive- ‘mos amplamente nda apenas em Copérnico, mas ambim em Tycho Brahe © Kepler. Tamir dirigimos uma particular atengdo ao sntade Galileu:ao desenvoloimentode ua teoriacientfio, Bega visao da cieneia, da razdes de sua rejeigdo &flosofiaarist- {elie a ratzes epistemoligicas do seu confronto com a Tgreia tatdice 4 sua conoepean das relagbe entre ciencia ef. Noque se * Prefcio ‘efere a Newton, também insstimos ndo apenas em suas iddias lentificas(fisicas e matemdticas), mas igualmente em suas con ‘eapptesfilosifcaseteolégicase,sobretudo, em sua visdo da iénci, lima visdo que constituiria a base da "rasio" dos empiritas ¢ do iluministas. Ademais, o aprofundamento de Newton era indispen ‘vel paraa compreenedoda obrade Kant, jaqueacienciagque Kant Ievarta em conta seria precisamente a mecdnica de Newton. Por ‘outro lado, ao lango dos conto ecnguenta anos que decorrem tre Santa Newton, no fe ape iso de mundo que mud feito, veremos que , interligada a essa tranaformagao, tam: ‘bem howe uma mudanga — igualmente lenta e tortuosa, mas decisiva — das idéias sobre 0 hamem, sobre a eidncia, sobre 0 Tomem de elincia(e, nesse ponto, do de extrema importancia 2s ‘complezas relagtes entre magia ¢ elgnia), sobre o trabalho arte: ‘anal e as instituigdescientificas, sobre as relagses entre cléneia e Sociedade, eobre as relaghes entre ciénciaefilosfiae sobre as rela {hes entre o saber cienifco ea fe religiosa. “Enquanto Galiles contribuia decisioamente para o desen- voloimento da eiéncia e tworisaoa sobre a naturesa do método entifico, Bacon viria a sero flésofo da época industrial, pois “anu outro em sua paca e multo poucoe nos tresentos anos posterior preocuparan-ee com tanta profundidade eelareza com ‘2 influencia das descobertas cienifcas sobre a vida humana” (. Parringtow).B sobesse signo que Bacon critica alogica tradicional, ‘a filosofia de Aristovetes « @tradigto magico-olquimista instau Fando sum “novuim commercium mentis et re” em condigses de hegar ao verdadeiro conkecimento das coisas, que ¢ 0 cnet. Imento de ‘formas’, através de ume purifieagio sistemation da Imente em relagdo’aas seus “Idolos” e da também sistemdtica ‘plicagdo do metodo indutio, BX ease conhecimento que fax 0 ho- ‘mem “ministre intérprete da natureza”, dando-Ihe sobre lao po der que ele deve dispor a serviga da “caridade” eda fraternidade. ‘Mas ee, apecar de toda a sua modernidade, em Bacon ainda stdo presenter tragos da tradigto, ja em Descartes else desapare- fem. Descartes foro auténtco fundador da flosofia moderna. Ede {eibnis a opinidodeque quem ler Galileue Deveartes seencontrard ‘em melhor posigao para descobrir a verdade do que se houvesse ‘eaplorado todo ogenero dos autores comuns” Tantos que podemio ‘epeti com Whitehead que a historia da filsofia moderna ¢ 7a Istria do desenvolvimento do cartsianiemoen seu duplo aspecto de idealiemo e mecanictsma". Sendo assim, procuramos desenvol- ‘er amplamente a ezposipdo das ideias de Descartes, mostrando ‘que, om seu projto flosfea, ométodo, a fica ea metafisien ext80 streamente endrelagados e ado solidamente interfuncionais, Também demos um grande destaque as grandes construgtes da Preficio. ° retafsia racionalista de Matebranche, Spinaza¢ Lebnis, com Gmplo woo de textor fundamentais, mostrando que, sob 9 se Sparente paradoso, os sistemas desses aulores gpresentam uma ‘lrutura lagi deexroordinariariguecae gue se proprios op ‘asm que Geserbocar so de nove intereve "Fombém reseroaros um aplo espago aos pensadares em piristas, nao penasa Hobbes, Lochee Huma, como costume, dado ‘Srrewmheriment undnime da impordincta dress autores, mas fambam a Berkeley, que habituaimante¢subestimard, ‘A tmplaabordagem qu dadnos Berkley é mais lo fato de que, vob corton aapecton, ele ¢ 0 penuador inglés mais Enportante da primeira metode do teulo Wl Emponhado em lm projet oplogeia conta o materialism, oaiefsmo lores: Densadores, Berkeley devenvolveu ta teria do conbecimento [trumentalistasfonomenista que rizaem engenhosesargumen ages intuigdes du, mesmo dapois dele, sam continuar prea pana ou, de qualquer forma, inerescondo muitos [aifos du Fante bastante tempo, ‘Combatendo on liertinos,pironistas¢ racionalistas, por demateconftantes nara human, Pascal defendeuoautonomia ‘a eines em seu proprio campe «fix os seus limites, indagou Sobre mista ea grandest de homem e proeou uma randisea Solid cena stopor aac gu refdidadconseguedarcontadanaturesa humana’ Dessjamae ‘tverdade, mas 6 encontremoe incertera, Procuramos a féitdade, ‘nares entontramos misrine morte Somos incapaces dedeizar de ‘eeejara felicidad ea terdade, mas tambsn somos incapaces da eres eda elicdads +) Para ser vrdadsira, uma religio deve ihc ong arr, (ae oes rato ‘reat’ Para Poca a reign crite ensina exes dis Principe" corrupgdo danatures humana ea abraredentore de Seats Crs ‘De cert forma, Pascal foi um pensadorconra a corrente. eutro pensador contra a corrente fol Vico, @ quam se deve & deecberta ca fundamentag do "mando cal fell pelos homens” Go eet, “enquanto assum uma ateude de incompreensdo © frehattent dahte ds iseae da ctncias natura diane ‘experiences fundamentais da epoca moderna, i no terreno da ‘sdnare dos anes cits de homer, em um dialog de xigenagao {uroptio com Bacon, Grouse Denartes,Vieopropunha questoes Sithaiiecavangata solutes que, destasando aspecosdicersoe ‘Soscapensamantsviriam a constitu referencia, mss tarde, pare © posiclm so historic”. Roos "A reavllogto que historigrafa mats recente eftuou dos riot anpetos Go liuminiomo, depois da condenagdo roméntca, 0 Preficio nos impeliu ndo apenas a delinear os tragos de fundo desse Iimportante movimento de pensamento, mas também a penetrar nuts profundamente na riguezaeapecfca dos diserosihamints Inoo: 6 francis, 9 ings, 0 alemaa.eo italiana. Pot por iso que ‘Spuscmos som cota meticuloidade: 1) a conepebce dos deistas Ingles Foland, 8 Clarke, A Collin, M. Tindal ed. Butera ‘flestes sobre a moral por parte de Shaftesbury, F ltchesoneD. Hlrtley,sobretudo as ietantico-poicas de Bernard de Mande lle; 2 idsiae gnostolsgcas da secla escoeeas Reid, Stewart Brown: Qoprestoda Bneclopsdifancssa, oftawfia ded Alembert Didar gasoline Conia an conepen da ‘materialist thuminitas" La Mettri, Heluetus e dHfolbach {grande batatha pela tolerant travada por Voltaire:o pensamento politico de Montesquieu eo ariculad conjunto das iditas cca, politica, secain,pedagigioas © religiosas de Rousseau 3) a in rete flosofta de Wolf nascimento da esttie sstematica com ‘A Baumgarten; as contepoaee de Lessing; gualmente, a deias dosirmtos VerredeP. Fr mas eobretudo de César Beccars, Sem Ssquccer a contribuigd de Planter, Galante Genoves ‘prcinamente oo examiner enpecificamenteo luminismo inglés, francés, alemdo e italiano que s¢ 0 com clareza que, baseandosse em tradights culturts diversas, 0 Tuminismo se configura, ndofanto como um compact sistema de doutrinao, mas ‘mutta mais como um movimento.m caja baae esto eanfiange na ‘azdo humana, eujodesenvoloomentocondigdo de progresso para @ humantdade e de liberacdo dos vinculos cegos absurdos da Ttradigao, das rates da ignordncia, da supersigdo, do mito e da ‘pressaa, Desse modo, vxremas coma v0 explicit @ Rasdo doo Tminitae como defesa da conhecimonto clenifio da tenis, Como instrumento de transformagao do mundo e de methoria Progressiva das conden epirtuaee materia da humanidade, fomo talerancia lie ¢ religiosa, como defesa dos inaliendeis Glratae natura do homem e do cada, como rej. dos nit stems etaiosfciamentinentolee ca ncn das superstiges representa pelas religiSespositivas @ ome defesa do detsme fe, por vee, também do materialism), Ste conintsaprigione atin, San prema esr at Sse miliae que, nas diferentes trades, nos per- ‘nit far do moutmento inte como in movimento fees: Feo, pedagigicoe politico que, ademas, tambem infect forte Imenteo hstonografia eo arte “A Kant, por fim, rsersamos wma expos que constitu como que pequena monografia, qual, ao lado de wna exposigao Sintetien dos eeontorprecnitcon presenta ina onalie preci de ‘strutura das tes *Criias’, procurando conjugar clareza did ties com o rigor cent. Preficio n 0 volume se conciui com um apsndiee que, como um comple mento indispensdvel, contin: os quactroscronologicos snstios 0 {indice dos nomes, tudo a cargo do professor Claudio Mazeareli ef. bp. 98385), que, unindo sua dupla compettncia de professor de longa dave © de pesquisador centifieo, procurou fornecer um Inatrumento ao mesmo tempo o mais reo e funcional ‘Dirigimos nosso agradecimento ao profesor Dante Cesarini, 4: Perugia, el judo gue noaprestou no exarne do elie etre 2 iluminism e.0 neclassitemo ‘Os autores também expreseam uma grata recordagio & rmeméria do professor Francesco Bruel, que idealizoye promo= teu a iniciativa desta obra. Fouco antes de seu imprevisto de. ‘sapareeimento, ele 34 estava preparando a execugao tipogré- [ea deste projto ‘© nosto mais vivo agradecimento ao doutor Remo Bernac chia, por ter favarecidoe tornado renlsrdvel a concspedo ineira= ‘mente nova em que se inspira a presente obra, Em especial cabe leoméritods haver tornado poselvela nova edigdo ede ter previsto lumaestrutura tenicacapaz de possibilitar também taros metho: ‘ramentos na_obra. Bxpressaros wna gratidao especial & dow. tora Clara Fortina, que, na qualidade de redatora, dedicou-se ‘apatzonadamente go éxito da obra, para alam doe seus deveres Drofissionais. ‘Os autores assumem em comum a responsabilidade por toda ‘esta obra, por terem inabathodd juntos (eada qual segundo a sua ‘ompetincta, sua sensibildade ¢ seus préprics intereess) para 0 tom éxito de cada. um doo trée volumes, em plena unidade de esptrito« de intengses. Os Autores Primeira parte O HUMANISMO E O RENASCIMENTO “Magnum miraculum est homo.” Hermes Trismegisto, in Asclepiue “6, suprema liberalidade de Deus Pail 0, auprema e admindvelfelicidade do homem! ‘Homem. ao qual foi concedido obter aquilo ‘que desea e ser aquilo que quer, Ao nasce- Fem, oe eres brutos leva consigo, do selo ‘matern, tudo aquilo que trdo. os eapt- ‘tos euperiores, desde 0 inicio ou pouco depois ja 200 aquilo que serdo noe séculos dos séculos. No homem nascente, 0 Pai ‘eportou serentes de toda enpécie e germes de toda vide. B, na medida que cada um o¢ tultvar, eles crescerdoe nels dardo os cus {rutos. Bs forem vegetis,seré planta; se Uinidade,faendo-seum sbespiritocom Deus, he solitdria néooa do Pei, aquele que foi ‘Coloeado sobre todas as coisas extard sobre todas ae coisas.” Pico de Mirindola Capitulo T © PENSAMENTO HUMANISTA-RENASCENTISTA E SUAS CARACTERISTICAS GERAIS 1. O significado historiogréfico do termo “humanismo” Exist toda intermindvel literatura eitca sobre o perfodo do humanismo e do Renascimento. E, no entanto, nfo apenas 08 ‘estudiosoa nao conseguiram chogar a uma definigao das caracte- ‘istieas dessa época, capat de reumir um consenso undnime, mas também, pouco a pouco, enredaram a tal ponta a meada dos vic og problemas que hoje fl para opripio especaistedosen- ‘A questo rovela-so ainda mais complexa plo fato de que, ease peiodo,nio ocore apenas uma mudanea no pensaments Hino, na tamiben ot goal onada aide do ames {os os sous aspects soci, pico, maria lertrce, ari {im centiieos religiocnErnotrec bem mascomplexs ainda Plo fito do quo as peaqulaas ac trnaram predominaaverente nalts petariais, os extudionos apreentarem aendenca de Tele dan grandes ststncs ou aie simplesmente das hipitocs de trabalho de cardio global ou dae prepectivaa de conjunto. ‘Asim, ¢ necesério antes de mais nada focalir une concitos bison, som os quia nfo seria posivel.sequsr Pro. siz dos varios problemas rlativos a exe Comecemos por examinar 0 proprio cancels de “huma- isme” © termo “humanisme" ¢ recente. Parece que foi asado pela primeira ver por FI Nietoammer para indicar a area eultaral 0 termo “humanista” ra coberta pelo estudos eldssicos e pelo espirite que lhe épréprio, mm ‘contraposigdo com a drea cultural coberta pelaa dseiplinas cienti- ‘eas. Entretanto, o termo “humanista”(e seus equivalenteg nas Vériaslinguas) nasceu por volta de meados da agculo XV, ealcado ‘nos termos“legist’, “jurists”, "canonista"e artista" paraindicar (os profesores eculfores de gramatica, etorea, poosin,histéria loaia moral: demas, n0século XIV falar de “xin hhumanitatis" © de “studia humaniora’, expreastes referidas amosasafirmagdesdeCiceroe Galo, paraindicar essaadiciplinas. ‘Para os mencionados autores latinos, shumanitas®signlt- cava aproximadamente aquilo que os helénicos indicavam com 0 termo “paideia’, ou seja, educapio e formaeso do homem. Ora, ‘considerava-se que asletras,ouseja, a poesia, arotérca,ehistiria ea filovfia desemponhavam um papel estoncial nesea obra de formagioespiritual. Com efit, sta essas diseiplinas que extadam ‘chomem naguiloque cle tom do peculiar, preseindindode qualquer ulilidade pragmatica. Por ise, mostram-se particularmente ea: ‘pazes nfo apenas de nos dar a conhecer a natureza eapeciica do Drépriohomem, mas também de fortalecé la e potencialind-la: em Suma, mostram-se mais eapazes do que todas az outrasdicipinaa ‘fazer ohomem ser aquilo que deve ser, proisamente em virtade ‘de sua natureza espintual especifica. ‘Sobretudoa partir da segunda metade doaéeuloXIV edepois, sempre de forma erescente, nos dois séeulos seguintes (com set ‘onto culminante precisamente no séeulo XV), verificow-se uma tendéncia a atribuir aos estudos relatives iterae humanae um ‘grande valor, considerando a AntigGidade cléasica, latina e grega, ‘como um paradigma e um ponto de referéncia para as ativdads espirituais ea cultura em geral Pouco a powco, os autores latinos © Gregos se firmavam como modlos insuperdveis nas chamadas “letras humanas’, verdadeiros mestres de humanidade. ‘Ascim, “humnanismo” signifien essa tendéncia geral que, ‘embora com precedentes ao longo da época medieval, a partir de Francisco Petrarea, apresentava-se agora de modo marcadamente ‘novo por seu particular colorido, por suas peculiares tnodalidades {pela intonsidade, a ponto de marcar inicio de ura novo periodo ‘a histéria da eulfura e do pensamento, ‘Nao nos alongaremos aqui a descrever o grande fervor que ‘nasceu em torno dos cldssicos latinos e gregos'e de sua redesco- berta, bem como ao paciente trabalho de pesquisa de cédioes nas bibliotecas e de sua interpretapio, Nem nos deteremos nos acon: focimentos quelevaram a uma nova aquisigdo do conhecimento da lingua grega, mais uma vez considerada como patriménio e=piri taal easeneil do homem cult (as primeiras edtedras de lingua © Titeratura grogas foram instituidas no sgeulo XIV, mas grande i: umanioma Rennes {and do roo ecru sbretudo no sco XV: em epi © ene a ee Fase iS go cep Can eer eee em 149; lover fie pede de Came eerie pr cone a onda grees Pot SRPCRDE Se Eee tema a ems Hey mantener iudnn tems Eero us: cm seo, eu tare ate sobrotado 8 he dre a va erin om ac seals hint erorgia as de maa femonas ner ae ae Tas rcotamenin retrace ‘errata anc as & ote Get Beam inordaitne neta “Spine oP, Resale, que procs nr teed dns ts Jo amano foe rer ye Gin iy Sepundceae estos bstarn daar Seren eae te inna ongnaesa ro samme © signin oo Ss dicpians ronan ned st 2 rue ee lor mora. Sogn Cate crmas feels que ena ands oem seats eternal papel de enone do ear ee Cau rolled, no dowmpenbara Vit epenpents t Oe ene a Hoi sn cance Em Sen ree teams ao fram veranee aan a ster ria Hats pore etait ao Paar ets aoagle igyleativas dese etn: “0 a es ET alo ume tendon ou ‘tn dan sr mason prmame cultures pela site nn ee cae nator ingot as tds etudos Ease set teve como seu centro um grupo de lide do eter neil nls dna opal on etadoe ten eis ae iaoque grove ma podewet aaron eenirFel ceca pect preecperzeria ini ete Panam ocesensoacacato pace sree eran roar expecaimente atin deen aa eer flees des etn rrr do Aare ee aan sopunde made do tea XVI sc te a trot aioe una dion Cer rer ade cluem pr dfn compae ae aera natren « emcee da tical eeminia demande dala tee er atc stam age ran a eres fv caverns hs emjunm cio eee ee rc angle ito basis pare Interpretagto histeringrfica do humanismo Py furnecer una prova refute contra as repetidestnatoas de ‘dentiicarhumaniomo renanenta com lose econo ‘Teultura dene pera em su conan? hiv otra ona, Kea ca como prova am favor de suas teats fate de gun darants toto sealer ep homens italanoe abo pretshdcam subsets 6 eyed ir ‘edit pr liana aqby ao contri, 'nam cocetss lu ue matérn do ato ospave un lager bom aebeinne limitado no sistema contempordneo de estudos™ Assim entendido Asse modo, ohumanismo nto represstaia em eben eos ‘ld lila do enmcimets tag odo, segunda Kritlle, para compreender a de que extamas falano, seria necstéro deicarstengto fro. algeria, qu trance proftacs owt aircon degen, quojhavia sa consoled forada tala obreeaoten Parin'e Ondod) ba Dastane tempo, nas gee ta he conaclidvia durante 0 sup XV Dis Kiwi gue ft o8 Segunda mata do clo HIV gue “comoyou uma rage cot ta do aristteismo tli a Gul pode ser spain aes dos Scale Ve XVI eat por una bon are do soele VEE Bese “rntoalamg renames" lvouadanio os todos prin da “escola” Geir e comentario das texto aon Enrquecend-secom as nove inudacas Menten fe ts ‘xp dos estado opnandoropoipateics que reidnacoos goytence ran te Aver, denasum Ge dea ade latinas metiovaia'e fizesem ino doe omnladores fest tam de tae potadre gros cre SE ce modo, cma dosacs Kisaller, 0 extdions ‘ade Média confundam eno arson renasentta cs © ‘eso de tradigies maces supe esos, conser, Sando renduo de um sulticsalitpatsada, aherss ie be ‘am del de lad em neice dos umanfoas ereies Fertadores do nove copinio rensscenista, Mas: sande Ke {ar trtaroeia de tn grave err de compertants ae, Dora Hogeniemere a cndenqi de arstomo reat Et fla pom uma eftvaconctaa daqule geese stata condenand. Acxcegto de Pomponasai (do qual fslafemee eine {2hque as mai da weno fl eramenle Geadersie eet Precincts condsonot.ocnhetimento lene mente Eas ‘i'd penanment, For lp, Kristeller onluas“E vlavarste Festa ontumero de etaloee meerns que reine ane {pumas bran dn arnt ulanne, Geico de coon tobre ean coal qu ainda exree a aiorInfunca chee nan sobre Avert eo avers faces or Bor eos Pars 1861, 2 ed) er que ve notes dit em ua chee 20 Humanismo e Renascimento ‘mas que também contém muitos errs © confustes, que depois foram repetidos por todos." Assim, énocassdrio estudarafundo as (quostnes digeutidas pelos aristotdicos itallanos desse perfodo" ‘Tesco modo, calriam por tarra muitos lugares eomuns que 86 s6 ‘mantém porque foram continuamentarepetidos, maa que career ‘de base slida, emergindo conseqdentemente uma nova realida- de histories. rmetade do fendmend renascentistae, [oosfica, Asst, ele 2 seria plenamente comprecasivel secon fiade junto com o aristtelsmo que se desenvolveu paraela- ‘ol, 0 qual exprestaria an verdadeias idlas Flossheas da Anais, sogunde Kester os artisan do Renascimento em lime artests”exnexcelenca ho decorreds ma cepele Se apera alvshayio os Sstino da sonia moderna, ma sin So Bite couecinenes tecnico (anata, propecia, eateeT) coern ininenstvel pra = Prac ade ‘iS un oar in mec ei Ses Progresns rte nl i por motive den ia cm © Pepptncno flat, rs im com a matematcn as Sl. ‘ete estc-thes ve harmonise cm cnasdascabrt, por, Salmon ntobaveumnconeopredssentome matic, e de Eugenio ) Diametralmente opts 6 2 reconstructo Gari, yo relvndeoueorgenmente una prin valencia lot fics pata‘ Human, ntando quo nega de ipcado isd se suis humana resasceatinas ern dato de Genus main ds vers, enendnse por flonfa sconatruco SRimicn de grandes propobon negundove que @ wfc “Eilon po tru spose pect, somatic era binds pragmahes’ Plemisanto com an sewn tao een que sgunsetadines fore gos ant sina stewe Gangs A sus sna Seis conenaro do Nenieadeneteodo mania. ent no amr cobrenvente ‘or uma visio de filoeofiaconstantemente combatida pelo pensa- + Inento do aéeulo XV. Aqilo caja perdaé lamentada por tantoe 6 ‘istamenia‘© que eo humanisas quiseram destrur, ito 6, & CSnstrue do grandes‘catdrais dota, das grandes stor {Szapoe loge teoogieas loafin que submeto todo problema toda peegtisa 8 questo toligiea, que organiza e ecerra toda pootibidade na ama dea erdent gen preestabelocda, Essa Ficeofia, ignorada no perodo do nimaniama como va e indy tubetituide por pesqueasconcreta, defini e precisa na dir Interpretagto histriogréfica do humansamo a fo das cincias morais (ic, politics, economia, eatétic,lgica retire) ¢ das cence da natureza(.)eultivadss festa propria Principia, fora de qualquer vinculoe de qualquer euctortas )* ‘lids, dis Garin, e tengo Tologes” para como protege particulares“conattalprecuamente's nova Msot, au Sa, © ‘ovométodo de examinaros problemas que, portant tie deve ser fonsiderado, a0 lado da flosofia tradiconel, coms um apecio ‘Sccundérioda altura renascontstcomosereditam alguns basta Fensar, por exempl, na porigio do Kristeller que examinam), {asain como o préprio flwfarefeivo™ ‘Ua das mata detacadascaractaiatias dese novo modo deflosfar 0 sentido da Matra eda dimensio istics, com se epectivo sentido de cbjtivago cde afastamentocrtco do stele Hisloricizado, ous, historicamente consierado,Eeceve Garin: “Fol enti, gragan Aqules poderoocs peoqulsadoree do antiges historias que conguistames um igual Gstanciamenta tanto da find Aaiae com Go ar de Pome banda iaamente do sua gpressoracaasur. io pon fico © ligicos de Oxford Paris ja haviam comesad a Correct aquelas estrafaras por dentro exirataras que" se enoonravam baseance ttaiadas depeis do terrvelgolpe deaechado por Ockham, Mas “amentec conguista do antig como sentido da issn propria db humanismo flop permitia consderar aqucla Yorias ‘imo aque quo elas verdadetramenteeram: pensasneno hana. ‘os, produtos de cera cultura resultado de experince paras © paricularessndoordculoe da natura ou de Deu, revelado por ‘Afstételeo« Avera, mas sim visdese opagos humans ‘Aeseéncia do humanismo no deve ser vista naguilo que ele conheoou do passodo, maa sim no modo que 0 conbestu, ma tad pecuiar qe tt ints le“ pecans te ‘totada dante da ealtra do pasate diante do proprspassdo {quedefineclaramenteseasencad umsanisto. Ba peculiarities dlc atitude no ao dove far em um singclar ovimento de ‘uimirardo eafeto nom em um conhecimentornais amplo, tasers tima.conscnciahitrica bem defini Ow barbare’ (= 08 Imodiovaia)nlo foram por terem ignorad ov classe, mas i por naotéloscompreendidonaweracidade de ua sitagio star. Os humenistas dacobrem oe edasiees porque os afestaraim de Si, procurando definlos em confundr latin dees come sot Bropi Por oon humanitnverdadiraments dsb oe {ties foser ces Virio ou Arsttelen, pesado connie. Simos na Idade Média Bac porque retitairam Vigo ao set tempo ao seumundoe prcuraramexpicar Arstele nobis dos problemas dos conhecimentos dt Atenas do secu TV anes de Erato. Por isso, no humaniamo, ndo se pode nem se deve 0 cdlebre Davi, de Michelangelo, na majestade e nobresa de seus tres, represen iment de modo paradigmatic cco ‘como 0 maior milagre” do universe, que constitu uma ‘das marcas eapirituals mais tipieas do Renaseimento, Interpretagto historigrfica do humaniemo 2 Aiatingir a descobera da mundo antigo ea desoberta do homens, orga serat deme abn jae densbriro tig cme al ‘plicoscomparares cm se‘, daancandae elses em felaclo om ce Signo tempo emma, ei da cago ‘mana da ab terena ed renponebidade Noo por acasoe taloreumeninta foram, em grande ntmers, omens de Bata. ab, pewang ativan abide re stuago ha vida pubion de soa tpeee Wit a tne de Garin no mrad wl er “Sloss umansta na raidade cnertadaguss momento da ‘i tra allansfsendoa mn express dean realidad, to de expla cot rstes wclopttoae s errels sk pelo penusmenta bumanata na sana metade do afelo XV Encitimente, homanimo fl una erally dave le das nroblemfcas a la ligndax pore entra vnculado ibedade Palos Angulo smetioGiveto a tatlaseo oan das ‘nando o6 problemas da vida cotiiana, fazendo-se verdadeira- ‘mente uma “nova Mlosoa” Ademais,o humanists distingue-s efetivamente pelonovo ‘modo como Ie os elassicoe: houye um humaniemo literdro porque Surgiram um novo espirito, uma nova sensibilidade © un novo [fost com oe quais ea letras foram revsitadas. Eo antigo alimen- {ou nove eapirito, porque este, or seu taro, mine o antigo ‘Kristeller tom razio quando lamenta que o aristtclismo renaseentista soja um capitulo aserreestudado ex novo e também tem razio ao insstir 00 paralelismo desse movimento com 0 ‘movimentopropriamenteliterdrio. MasopréprioKristller admite u Hamaniema eRenosimento ue oAritételes dese pertodo 6 um Aristtcles freqtontomente {Mscurado ldo no texto original, com a mediagio das trades © EiSeneyeses medieval, canto que choge tea retornar aoe co- hnladeres erogos pars sr iuminado. Assim, trate de am ‘Reelnles reietado com um novo epirito, que 80 -humanisn pode explicar, Portanto, Garin tom razdo ao, ‘fatode que PSfmanismo ola © passado com novos afhon, com os ohos da S\lsira's e que 0 atentando para case Tato ¢ que se pode comprecndr Soda sea poe, Ta aqusigdo do tonto da histéria, ao mesmo tempo, significe “io sentido de eua propria individualigade ¢ SERRE" Be pede comproendar 9 pasado do bomen {Gusndo se compreende's san divrsidade em relagto ao presente pera tandn ne compreene "pecliardde” expect ‘eldade? 36 presente ur finn fre xsi ving do uma nismo aos fats policos, que leva Gari afrmagoes que Sem ois d carn Hnrismo solos tta entacar jue a grande madangs do fo humanist nao eat igada Somente's uma mudanga poltea, mas tamisem & destobertae is {Eaduytes de Hermes Tremepisie ds profetas-magos, de Pstao, die Potino o do toda tradict platoniea, o que representou & Abertura de ows e iimitados horizontes, do. que falaremos tdiant, De rsta0 propria Garin no se dexou leva por excossos ‘tcolgista, como, no entanto, zeram outros interprets por cle infiwenciados. “Goncluindo, podemos dizer que a area que distingue o pantie cone “ina wei do home de ses problemas. E um novo sentide que encontrs expresses mul Joo, por veuss, gt opotas, as sempre reas e frequentamente Inuite origina. wm novo sontde que culmina nas celebragoes {Porices da “dignidade do homem como ger em certo sentido Hextrardindeie em relapio a toda a ordem do cosmes, como ‘orcmos adiente, Mas estas refleadesteoricas nada mas so do Jucexprcsatesconceltuals que tamnasrepresentecoesda pinta, Aicestivar ede grande parte da poosia as suas corespondencias ‘ious fantastico Imaginativas, que, com a majestade, a har- Jona ea bloea Se cus igurapto, exprossam a mesma dei, de ‘arlos modos em esplendiGas variagdes 2.0 significado historiogréfico do termo “Renaseimento” (© termo “Renasciments’, como categoria historiogrética, ‘snsolidouse no séeulo XIX, em grande parte por merito de uma ‘ha dedacob BurckhardtinistuladaA cultura do Renascimentona Interpreagto historiogrfica do humaniemo 7 Italia (publicada em Bassa, em 1860), que se toroe muito famosa, impondese longamente como mods com ponto Ge ‘eforenciaindapensavel Ne obra de Burckharde,oRenasciments ‘Smergia como fendmeno Ypicamente Hallano quanto as suas ‘orien, caractorisado pelo indvidualimo price teorio, pela ‘xaltagio da vida mundans, pelo acentaado sensualismo, pela trurdanizacéo da religito, pea tendenca pagnnizant, pla liber: tap em relapto he autordadssconttaidas que havin donna do vida expritual no pasado, peo fore sentido de historia, pelo naturaliomo losfcoe pelo exersordindrio gosto artic, ‘Segundo Burekhardt, o Renascimento sera pertanto uma 90ca que via surir uma nova cultura, oposta & medieval. Ea revivescincla do mundo antigo teria desempenado nisso mn ‘epelmportante, maa nda exlusivamente determinante Eacrove Burkhard: “Aquila que devemos extabeleser(.) como um ponto ‘nena 6 que fo fel reanuaciada a Antiguade por 96 mas fim eae novo eptria alan, juntos etnterpenetrades, que {Gveram a Tong pars arrasiarcoisgo todo o mundo ecdesial™ ‘Assim, partindo do renacimento da Antiguidade, passes & ‘amar de "Renasciments toda easa pct, que prem, € algo ‘uals compleno do qu iso’ com fet, £1 astese de nove eptrto. ‘quesseriouna tli com apropria Andiguidade eo esprit que, Fompendo deinitivemente com o esprit. da epoca medieval, Jnaugurou a gpoca moderna Ena interpreta fol muito contstada por via eres em noms egal. Algune chegaram mesmo a didar que o Tenasc- mento" constitus ume efetive “realdade histories’ © no baja roito mais (ou predaminentemente) uma invengdo constraida alt istriograta do culo IK. "Varadose de diverse tpos foram oe reparos fits sobre 0 Renasemento “Aigunecbservaram que, ae tentamente estudadas, a8 vé- rine “caraterstcas”consderadas tipieas do Renassimento tar bm podem ser encontradas na fdade Méia. Outros iniatiram muito ‘no fato de quo, partir do sgeulo XI, mas scbretudo nos Seeuloe KIT ets Tdade Média pode ser consideradaplena de ‘enaecmentee” de obra © autotes antigo, que pose a pouce ‘cnergiam eeram readquindos, Coneqiettement; ewes auores Sogaram validade sos pardmetros tradicional que durante longo tempo haviam baseado a disingdo entre @ dade Media e'® ‘SRensociments ‘Ma logo ac etabeleceu um novo equilri, reconstituidoem ‘bases bem mss elldaa, Nease meio tempo, pordin,extabeleceuse ‘tue o trio easements nao pode om abealata Per conideredo ‘como merainvengdo doe historiadores do sculo XIX, pelo simples 26 Humane eRenaseimento le quecs hmanistasuavam expressamontocom nsstancia tom plona conslenca)expreaber como “fazer reviver", Taser Srtar ao antigo esplendor" Yenovar’reatituira uma nova vida", “hae revascer otiundo antiga te, contrapando anova pose ‘que vviam 8 epoca medieval eomo a dpoca do fuzcontaposta 8 Gpoca da ercurudao «das trees. Mas, antesdecontinuar vejamostréstextos,entrenumerosos cexistentne nese sentido, Toland a propio da lingua latina, eocreve Lorenzo Val “Grande ¢ portant o sacramento éaingua lating, grande € sem dfivida a frga diving que’ antes séeulo custodinda Junto aos, strangeiros, junto aos barbaros, junto sos inimigos, pia © {eligiosamente, de tal forma que, romanos, nfo tame per que Soffer mas sin nos alegrare gloria Sante do mundo. Peremos Homa perdemoao rein, perdemos damn, nBo por causa nse Ines tempor —e, no entanto com eee mais explndidaimperio ‘Shamos lado ataparen ao mando) Pugonddomina S lingua romana, desta imperio romano .). Mas cam foram Iristes os tempos passados, nos quaisnio Uiveas nenkam homer Cioutel Poros, ais devemos nos comprase” coon nono empos, fos quota, se nov esforgarmae mats tm pouco conf em que ogo renovarenos, maisqueacidade,alinguade Roma ecomeli,Codas Griscplinae” (radio de E. Gar “Ghstovto Lande asim dscreve acbra.deredeacoberta dos cléssicosempreendida por Poggi Bracioln:"Paratrazer alux.o8 Snopumentv doe antigor © para no debuar que tristes lugares {ubatsem tantorbens preciso rat povosbirbareseprocurat "Sede cnndiae cen oe one ng, a, fragana cl, reloras inteqro ania ao Lécio, 6 Quintlian, mais EEwio das oradores grapes ale os divinospoemas de tio volta er lidos pelos seus iealanonB, para que possainos concer & Eulljvajao fos varios earpos; leas tax de volta a grande bra Solna Eesti pine aon conciandon a OL veea, depois de tanto tempo, Pol consoguiu orrancr © lem {reves do Tértao, altemandose com ele: Buriice segue aseordas Harmontosas do copes, destin a vallarnovamente aos ogres ttblamow: mas Pegg, incslume, reir daeseura névoa homens 0 {randea que nelesbrihaeternamente umaclara luz. Umabdrbara ‘ido ava envolvido em negra noite oorado,o post, o flee, © outa agrcltor Mae Poggio cones restora ua segunda Sida, Woertando-os com admiravel arte de um Togar infame” {trad de. Carn ‘ort, Giorgio Vasarifalacxpressamentede"renascimento™ dapinturae dacsculturaemrelagaoa forrugem”modievalysaindo Sa ronson od desproporgo”paraaperfeigioda"modomodero” Interprtagtohistorogrfica do humanismo a Por ease caminho,poderiamos multiplier a sta dos doeu- amentos sobre a ela de um "Renascimento” que efevamente {nepirou es homens daquela pose ice claro, portant, que os historigrafos do séeuo XIX no erraram nee pono, Eleserraramn no juigar ue edad eda Constfuia verdadeiramente ume época de babar, um tempo ‘ebulos, um perodo de excurso, (Os homens do Benascimento, naturalment,tinham essa copii, mas por raz polemieas © nto ljetivc: le seniem ¢ ‘Sta mesoagem inovadora como uma mensagem dees que Fompie fs trevas. © que ada signifenra que verdadsiramensy ou oe, Historcamente, antes dessa lus houversetrevan, Pes Poder aver gnra moter agen) una as dferente efit, an grandes aquligdes hstorigréfea do nosso séeulo mostrar que Iaade Mla for ume spore de grande tiuildade, percorida por fermentoe efromitoe Be wri tips, dase ue teaimente desconhcidos patos hitriodores do seelo SEX Portanto,a“renascenga que conse a pectlanedade do ‘Ttenasciment nfo a renascinga dacividade contra a inciv- Iidado da cultura contra a incultara e's barbdrie, do saber contra ‘ignoranca la € muito mais onascimenta de outracvieaplo, docutra cultura, de outro saber ‘Mas, para que ov ented plenamenteoqueesiamos dzendo, precisamen non deter mals espeicamente no proprio conc de ‘enasciment’- As conrbulgoes mals agnfcativas nese sone tio (ainda que unlaterai et serten aepecio) nov vem de ame shra monumental de Konrad Bordach,inttulada De ldede Media rma one aie eb ace ein ne, Glue mostra as orgens eaninae paula (eportanto,piamente Feliginas) da Sdn de "Renascment',extendida como renase Inento para wna nova vida espiritual Trataree do renastiment bara um forma de vida mais leoads, de uma renovasaodaqulo ‘veo home tenn de mate pesular, (ue, consequentements faz om que ele sea plenamentsele mesmo A velhacvilaflo que es Tenascntistaa queriam trazernovamente lu, portato, devia ‘Ser presinamenteomalsiineo ntrumentode “renovati™ Assm, ta lntengde original doe homens daquele perio, ohumantem ‘'renaseentismo “nto se voltam para 9 trabalfra acimule de ‘elhaaruas, mas sim para umma‘novaconatrudo,conforme im ‘ovo projet. les ngoprocuravem tracer hvida una cvileapo Torey mas aim querlam uma nova Vide "Adena, Burdach mostou claramente que oRenascimento também tam afses na idea de renecimento'do Estado roman, Sue era bastante viva na Tdade Media, quando nao‘ iia do tenascimento do expinte nacional unide's fe, que na Ida 92 8 Humaniamo ¢ Renascimento ‘expresiou sobretudo em Cola de Rienzo, om cu projto a idéia de Fenascimento religioso ¢ inserida no projeto pottico de renasci- {nento historico da Teaia, gerando uma nova vida. ‘at, pam cam Ferre, Glad onze ora rai significative precursor da ‘epoca do Renaseimento Haliano, Burdach osereve:"Inspirado na idsia poities de Dante, nas ultrapassando-a, Rienzo, profeta de um distante futuro, proclamou e grande éxigénela da unidade da Ilia” B destaca ‘inda que Cola de Rienzo “afirma semproe continuamente que o ‘hjetivo dos eet esforgo ¢ renovar e reformar: & a renovatio © ‘eformatio de Roma, da tala, depos, tambem do mundocristio, “As idéias de “renascimenta”e “reforma” so visbes que ex pressam conceitos que ge intorpenetram a ponto de constituiruma Tnidade indiaeolavel:“Pode-se dizer quo, no aliceree dessas duas visoes, encontra-ce aqusle conceita mistco do ‘renascer da re- ened que encniyeros a antiga tral page sre Sacramental est." ‘Desse modo et4 coro pela prdpria base a tase do Renas- ‘imento como épocaireligioea e pags. Nao apenas Burdach, mas também muitos outros estadiosos concordam com isso, F. Walser, por exemplo esreve:"A volhaafirmapao de que o renascimento é [eligiosamente indiferente’ é absolutamente errdnea no que se tefere a todo o desenvolvimento do movimento” & ainda: “Sob mil formas, na literatura, nas artes, nas festas populares ete, 0 paganismo do Renascimento era elemento puraments externo © {ormal, proveniante da moda.” ‘asim, Renaacinentorepresntoa um grande fenimeno ‘spiritual de “regenerapio” e “reforma’, no qual o reforno aos lantigos significou reniveseéncia das grigens, Fetorno aos prinel- plos ou se, retorn so auténtca. X também nosso espirito que fleve ser entendida o imitacdo doa antigos, que se revelou 0 testimalo mais een? pera que os homens encontrassem, rerias- ‘em e regenerassem asi proprice ‘Sendo astim, consequentemente, como sustentou Burdach, ‘humanismo e 0 renascentismo constituem “uma s6 coisa”. Uma {tse que, na Idlia, Bugénio Garin comprovou brlhantemente em ‘outras bases, com novos documentos ecom provasabundantes ede ‘aries tips Deate modo, no se pode mais sustentar que foram os ‘Mudie hemanitatis,entendidos coma feniémenoliterario e filo\6- fico (retro), que criaram ¢ Renaseimento e 0 esprito renas- Centista (flosfien, como te se (ratasso quaso de uma causa ‘eidental prodzindo como efeitos um nove fendmeno substancial Pode ser ate que se tena verifiendojustamente 9 eontréio,sto€, fai o“renascimento” de um novo esptrito(odescrto acima) que 56 serviu das humance literae somo sea instramento,O humanism Defnigo cronolégica de humaniome renascimento » 6 se tornou fendmeno literiro ¢retérico no fim, sto 6 quando se fextinguiu o novo espirito viviicador ‘Bis um trecho de Garin no qual esse coneeito de identidade ‘ntre o humaniamo eo Renascimento, de genese burdachiana, & levado as extremas consequéncias, com argumentos muito sido: ‘Mas 66 6 possvel darmo-nos conta disso te, colocando-nos no centro desse nexo vivo entre renovatiorhumanifas e vltando a ‘xaminar as litre humanistaa, compreendermes verdadeira- mente o significado da filolagia do Renascimento a partir dese ponto de vista aprofundado, Ela foi um esforgo para que os homens Seeonatralasem a i meson em sua prépria emai clara verdade, pedindo aos antigo ocaminho para se reencontrarem: per litteras ‘Brovocati,pariunt in seipeis, como diz admiravelmente Ficino, fonstruindo o que parece una flagrante contradielo, ow sla, ‘afirmar-se na clareza pessoal singular precisamente stravés da Iiitagdo das mais fortes personalidades da historia, Diante desae problema, no caso as relagbes com Cicero, Policiano respondeu nfo ‘menos eficazmente: ‘Non exprimis, inguit aliquis, Cieronem, ‘Quid tum? Non enim sum Cicero; me tamam, ut opine, exprimo.” nde wexprinar, aut serene a pr in re ino, por screm ambos derivades do mesmo ambiente platonizante, {ndieam o mesmo eonceito, isto €, o conceit de que odo estimulo externa éinstrumenta, um impulse para geramse asim simerme. ‘Um conceit, de resto, que no ¢ diferente do jé formulado por Salutati no De Hercule, onde 6 atribuida ao sermo dos poctas procisamente essa fungi de recorrer & ingerioridade mats pro Funda pare encontrar una nova realidade. Sendo verdadeira arte, jualquer que ela sea, paga ou erst, a poesia restitu o homem ‘mesmo, eonverte-o ati mesmo eo rest’ a tum novo plano de ealidade, fazendo-o percsber no@ ensivela um mundo que est ‘lem do senatvel” Para concluir: se por *humanisme” se entende a tomada de cnscidneia de uma missio tipicamente humana através das humana literas (coneebidas como produtoras e aperfeigoador ddanatureza humans), enti elecoinelde com arenovatio de qe a. amos, ou sea, com orenascimento do esptrite do homem: assim, © Jnumanismo eo renascentismo sto duas faces do mesmo fendmen0. 3. Determinagies cronologicas o caracteristicas ‘ascnclais do pertodo htnmanlsiarrenascontiots Do ponto de vista cronolégico, o humanismo eo renascen- tismo ocupam dois séoulosinteiroe: ca séculos XV e XVI. Como jé ‘observamnos, seus preludios devem ser procurados no aéealo XIV, Cola de Rienzo: por volta de meados do século XIV, verbalizou Instancias de renovagioe renaseimento moral, epirituale politico He tempos guns tsuneo ele un dos precarres ipoca renascentsta Definigtacronaligion de humaniema ¢renasimento a particularmente na singular figura de Cols de Rienzo (euja obra ulmina por volta de meadoe do sceulo XIV) o na pervonalidads e tra de Francisco Petrarea (1304-1974). Bo seu epfogo aleanga as primeiras décadas do séculoXVIE- Campancla fol a titima grande figura renascentista. “Tradicionalmente,falava-se do século XV como época do Ihumanismo e do eécalo XVI como époea do Renascimento pro- priamente dito, Como, porém, cals por terra a poosbilidads de {istinplo concetaal entre humanismo ¢ renascontismo, necosca: Flamente também cai por terra essa dstineao eronolgica. ‘Se lovarmos em conta os eanteddosfilosGfcos, eles mostram (e 0 veremos com mais amplitade um pouco adiante) que, © pPenkamento sobre homem prevalece no seeulo KV, a0 passo quo, bo séeulo XVI, o penaamento se ampli, abrangende também & hatureza. Nesse sentido, se, por razoes de eomodidade, se quiser {Bdicar como humnista predominantemente o memento do pen ‘emento renascentista quo teve por objeto sobretudo o homem © ‘como renascentista eate segunda momento do pansamento, que considera também toda a natureza, pode-se ave faztlo, embora com multas reservas e com grande cireunspecgio. De todo modo, 0 ferto € que, hoje, entende-ee por Renascimento & denominacio [storiograticn de todo pensamento dos séculos XV e XVI Porm, deve-se recordar que os fendmenos de imitarso extrinseca e de Slologismo e gramatismo nao sao propries do século XV, mas sim do século XVI, constituindo enquantotais (como jé acehamos) os ‘Sinfomas da inipiente dieolugso da época renaacentista, “Ademais, no que se refer as relagoes entre a Idade Média © ‘9 Renaseimento italiano, devemos dizer que, no atual estado dos ‘etudoe, nose mantam de pé ner 1) tse da "ruptura” entre as ‘lune époeaso tampooca 2) tse da purae simples continuidade” "Atececorreta uma terecira. A teoriadarupeura pressupse ss oposigdo a contrariedade entre a duas épocas, a0 Passo que & teoria da continuldade pestula uma homogeneidade substancal ‘Mas, entre & contrariodado o & homogencidade, existe a“diversi- dade”. Ora, dizer que o Renascimento & uma época “diversa” da dade Media nfo apenas permite distinguir as duas 6pocas sem ‘contrapé-lag, mae também identificarfaciimente os seusnexoco as ‘Suns tangéncias, bem como as suas diferengas, com grande liber dade erties "E, consequentemente outro problema também pode ser fa- cilmente resalvado ‘0 Renascimento inaugura a 6poca moderna? Os teéricos da “rupture” entre Renascimento Tdade Media eram fervorosos defenaores da reaposta positiva a essa peryunta. Ja 0 tedricos da “ontinidade” davam-the resposta negative. He, em geral,tende- 2 Humaniemoe Renascimento 52 a ldentificar o comego da époea moderna com a revolugio Cientifica, ou se, com Galileu, Do ponto de vista da historia do Deneamento, essa parece a teae mais correta. A época moderna Fevala-ce deminada por essa grandiosa revolugdo e pelos efeitos {que ela provocou em todos ot nivei. Nesse sentido, © primeiro {Méaoto"moderno” foi Descartes e,em parte, também Bacon), como ‘Renascimento representa uma época diversa tanto da époea medieval coma da ‘Spoca moderna. ‘Naturalmente, assim comoasraizesdo Renascimento deve ser buscadas na Idade Média, da mesma forma as raizesdo mundo ‘moderne, por seu turne, devom ser procuradas no Renaseimento, Podewe dizer inclusive, quo oepslogo do Renascimento émareado pela propria revolugdo elena: mas essa revolugao assinala precisamente o eplogo, nio a “marea” do Renaseimento, ou sa, Indica o seu fim, mas indo expreasa em absoluto a sua tempers apiritial em geral “Agora alta-nos ainda examinar eoneretamente quai so 8 sais sgnificativas“diferengas” que caracterizam oRenascimento, fanto em relagdo a ldade Média como om relagao época moderna, através do exame das vérias correntes de pensamento e, indivi: ualmente, dos pensadares de destaque. ‘Mas, antes disso, & ‘ecessério chamar a atoneao do leltor para um dos agpectos mais tipicos do pensamento renascentista, ou seja, a revivescéncia do componente helenistico-orientalizante, cheio de ressonancia ‘égico-tetirgeas, difundido em alguns escritas que a tardia Anti ‘lidade haviaatribuldo a deuses ou profetas antiquissimos e que, ‘a realidade, eram falsiicagies, mas que os renaacentistas toma: ‘ram por autinticas, com eansequsneias de grande importancis, ‘como emergi claramente sobretudo dos estudos e das posquisas ‘as ultimas déeadas, 4. 0s “profetas” e “magos” orientais e pagios tidos pelos renascentistas como fundadores do pensamento teolégico e filoséfico: Hermes Trismegisto, Zoroastro e Orfeu 4.1.A diferenca de nivel histérico-eritico do conhecimento ‘que os humanistas tiveram da tradipso latina em Comparagdo com x tradigao greg Preliminarmonte, deve-s esclarecer uma grande questo: como foi possvel que os humanistas, que descabriram a eritien floldgica do texto e que chegaram a identficar importantes fal ‘Tries religioncs pegs wietais 2 sifeagos (como, por explo, ato de ngode Constantino) om ‘sas no exame da lings, tena eno em soe to agrans, tomando por autentss a obras arid sos profetas mages Hermes ‘Thismeiat,Zrastro e Orfe,qur so falsifieastes #0 tvidentes para ne he Como & gus exam de apicrelas 0 ‘mesma método? Come de observar tao sande falta de sage: Cidade critic ¢eredalind So desconetase em rego anes ocumentos? “A resposta a casas questies es asta clara & ar dos estos mae scent: tral de pga dos textos Intings, {gue comerost com Petre, consoidovse anes gue oeoresse © fntato com os tertosgrgor Assim, a sibldade ea eapacidade {denice © critica dos hmanistas agusramse muite antes em Telapo aos textas lath do que em lain aaa textos greg. ‘Ademais, os hmanista que se sproxsatn dos textos lntnos ‘Gnham interessesintectnia male core do que aqueles que se ocuparam predomiraniemente die xt gregos, qu Unham {nteromes mais abstrane e metals, Os humanists que ‘cuparam predeminanismente de text Iasno nteressavat- Sobretudo pa iterateneahistra spun qu os hamaisias ue se ocuparam de texas gregosinarsnavanse sobretudo pela toologia oa Hosta. Andis, as fons etaiqoosusadas como refertnca pelos hurmisas que se xparan do textos latinos tram bem snaslimpdes doque a utldasgeos himenistas que Se oeuparam de textos ego, as quis ream extraordinaria~ ‘ene cregnda dean oleate Por in frm te proprios grog dosts qe sairam deBinioco para tia que, om su sutoridade,aralaeram uma sii de conveys dest {Silas de fndamenarhistricos “Asti, todo iso pin prfitannte situa conrad ‘évin que seco: engant, por um laf, homanista amo Vala lenuncievam como filfesjesdoeunentetatinosconsagrados, ‘oroutrlado, a0 contrrin amsniatscono Fino reafirmavam SSreconsagravam “sstesticdade” & fgrants flafcagios frepaetardio-antigas com resultados de grande eleance para @ Fistéri do pensamens fico, com Verenos agora. 4.2, Hermes Trismogisto © o Corpus Hermeticum fem sua realidade historiea ¢ na inlerpretago do Renascimento Comecemos por Hermes Trismegstoe pelo Corpus Her rmeticum, que tiverar a maior imptanca © colebridade no Hnaselmenta. Hoje, sabemos com certeza oqse vamos expor. “ Hamano Renascinento Hermes Trismegisto¢ figura itica, quemunea existiu. Essa ‘figura mitiesindieao deus Toth, das antigos egipcios,considerado inventor das letras do alfabetoe da excita, eseita dos deuses ¢, portanto, revelador, profetae interprete da sabedoria divina e do [egos divine, Quandotomaram conhesimento desse dewsegipcio, os |gregos acharam que ele apresentava muitas analogias com 0 seu fieus Hermes (- 0 deus Meredrio dos romanos), interprete ¢ rmonsageiro dos deuses, qualificando-o entao com. adjetivo “Tris- riogiso", que signifi trea Vezen grande” erimagtetos = rma Hus) ‘Na_Antigidade tardia, particularmente nos primeiros sé- culos da época imperial (sobretudo nos séeulos IL Ill @.C.), alguns teclogoeldeofoe pasos, em contrapasigi ao eratiansmo que se texpandia, produsiram ma série de eseriie que apresentaram sob © nome desse deus, com a evidente inteneao de contrapor as [Escritures divinamente inapiradas des eristdos outras escr:turas, faprecentadas também como "revelagies” divinas ‘As pesquisas modemas determinaram, sem qualquer som- bra de divide, que sob a mascara do deus egipei ocultam-se diversoe autores'e que, nesses textos, slo bastante escastos 05 ‘lomentos “egipcios" Na realidade, tata-se de uma das dltimas tentativas de ressurgimento do paganismo, amplamente baseada €em doutrinas do platonismo daqueta época (0 medioplatonismo ‘Dentre os numerososescrtos aribuidos a Hermes Trisme- ‘isto, o grupo claramente mais interessante constituido por Aezessetetratados(oprimeirodos quals leva titulo de Pimandro) ‘ais um escrito que s6 chegou até nds em uma versio latina (que, no passado, era airibufda a Apuleio) de um tratado intitalado ‘Asclepio(taiverelaborade no seeulo IV 4.0) & precisamente eas igrupo de eeritos que ¢ denominado Corpus Hermeticum (= eo¢po fos esertos que se calocam sob o nome de Hermes). “A Antighidade tarda aceitou todos eases escritos como aut tnticos. Os Padres eristdos, que nelos encontraram acenos a Aoutrinas biblieas (como veremes), fearam muito impressionados ®eansequentemente, convencides deque eles remontavam 4 época Gos patriareas bblicos, pensando assim que foscem obra de uma ‘espéeie de profeta pag, Foi assim que pensou Laetaneio, por ‘exemplo, como também, em part, santo Agostinho. Feino consa- {grousoldnemente essa convicpaoe tradusiuo Corpus Hermeticum, {quo se tornou um texto hasilar do pensamento humanista-renas- entista. Assim, por volta de fins do seculo XV (1488), Hermes fi * solenemente acolhido na catedral de Siena, com uma efigie no ppavimento sobre a insergao "Hermes Mercurius Trismegistas, Contemporaneus Mos Hermes Tismegisis a aso sneretsmo entre dostrinas grece-pagis,neplatonis- roe crstanism, tho difindio no Renassipeo, Base se em rende medida neee colosealequivoro. Desse modo mos Pectosdoutrindrios do Renaacimento,considoradonestranhamente Beewizntne orate iin, ve apreeta apr fia junta la. ‘Mas, para entendermos bem ease pont, easencal para se ‘stabeloer at “diferenga” do Renascimento tanto em rdagao 8 dade Média como em relagfo A época moderna, ¢ eanvensente ‘eoumir as doutrinas de fundo do Corp Hermeticum ‘Deus &concebido em fang dos conceitas de incorpéreo, de transcendénciaedeinfinitud: também ¢concebi como Monada ‘Uno, principe raiz de todas ay cess por fm, canbe € ‘xproceo em Fangio da imagem da Tus. As teologias negate pontva se entrlagam: por um Indo, tende-se a conceber Deus amo estando acima de ao, como totalmente otro de tude aguilo fqucexiste, come sendo “sem forma e sem figura’ ,portanto como ‘privado de eostncia”e, por iso, inefivel; por outro lado, reconhe- eso que Deus ¢ Bom e Pai de toda a ois, portant, causa do tudo: enguanto ta, tende-e a representé-lo potivamente, Un doo traiados, por exemplo, diz que Deus 6, ao mesmo tempo, aquilo faue €invisivele aquilo que 6 mais Ahlerarguia dos intermediaries” quo vai de Dus aomando 6 enesbida do seguinte modo ‘DNo verte, encontra-se o Deus supremo, que 6 Luz supre- 1a eInielecto supremo, capaz de gerar por s 8. 2) Sepuerse 0 Lagos, que 6 "Blhs” primogénito do Deus supreme. '3) DoDeus supremo deriva também um Intelete demisrgico «que, portant, um secundogenit, mas Gexpressamente coneide- ‘ado consubctancal em relapto a0 Logos, 4) Sogue-se 0 Anthropos, ow scja, 0 Homem incorpére, também derivado de Deus e imagem de Deus” 8) Porfim,segue-s oIntlectoque é dado aohomem terreno (igorosamente distin da alma oclaramente euperor sla) que Soque de divin existe no homem (e que eli, em certo sentido, o>priprio Deus ao homer), desempenhando papel eseencal ha ‘ice na misties ea totrelogia hermetic. ‘Ademais, 0 Deas supremo ¢ conesbido como a explicitando “em ntmeroininitode forgas também coma formaarGustipice™ {camo o principio do principio, que nao tem fm" ‘Logos eo Inteledo "-mirpea soo criadores do cosmos. les agom de modo diverso sobye a eccuridto tu trevas qu Criginartamente se eeparam © dsalisticamente se ope so Deus:

Você também pode gostar