A ndia arranca de ns mesmos, seja por repulsa ou por
atrao, pela mais forte das curiosidades, aquela que no sabe o que busca nem o que pode esperar e temer: uma surpresa a cada piscar de olhos. No um pas charmoso, a comear pela paisagem, logo esquecida por causa da presena humana que tanto se impe em todos os lugares. Quem no gosta dos homens no deve ir ndia. A multido aqui a principal paisagem. Jean-Claude Carrire assim que o escritor francs descreve a experincia multissensorial de uma viagem pela ndia. Quase todos os que de l regressam subscrevem estas palavras. Eu no sou excepo. Leio em muitas entrevistas ou textos avulsos na internet que este o pas que normalmente mais marca uma pessoa, at os viajantes mais experientes. Este de facto um povo nico, com uma predisposio incrvel para se deixar fotografar, sem pudor em mostrar-se. Em mostrar como vive, em mostrar a sua famlia, em transmitir quem atravs do olhar. E em mais ningum isso to visvel como nas crianas. Fotografar crianas de forma espontnea nas ruas do Ocidente uma tarefa quase impossvel. A parania da segurana volta delas chegou a um patamar tal, que deixou pouco espao a quem gosta de fotografar os mais pequenos por c. Na ndia no podia ser mais diferente. As crianas so as pessoas mais fceis de fotografar. No preciso ir ter com elas, elas vm ter consigo. Pedem at para ser fotografadas, sorriem, so extremamente curiosas e fotognicas. Esta galeria de 20 fotografias representa a viagem que fiz ndia em 2012. talvez a galeria de imagens que mais significado tem para mim, j que cada uma das fotografias representa uma histria diferente. Histrias que me trazem recordaes felizes.