POLÍTICAS EDUCACIONAIS PARA A INFORMATIZAÇÃO DAS ESCOLAS
Janete Miranda Leal
Marlei Correia
Pedagogia UNICENTRO
Introdução
Na década de 70, teve inicio a implantação da informática na educação brasileira. Os
primeiros passos giravam em torno da estrutura e material. Hoje o que se questiona é o uso dela, bem como a forma como ela vem sendo inserida, já que é uma ferramenta que influencia no comportamento de seus usuários. É inegável que a internet traga conhecimento, mas o fato é que hoje vivemos cercados pela cultura tecnológica, e nesse processo, a escola, ao usufruir da informática precisa propor o seu modo. Tendo em vista a melhoria do ensino público e a formação de docentes para atuarem nesse processo, estão as diversas políticas, através das quais acontece a informatização das escolas. Em torno dessa questões estão a políticas educacionais que norteiam a informatização das escolas,as as quais serão objetos de estudo nesse texto.
O processo de informatização das escolas e a formação dos educadores
É de grande importância a introdução da informática no ambiente escolar. Justifica-se
pelo fato de o computador ser utilizado como um recurso de apoio às disciplinas, além de objetivar a preparação e inserção dos alunos no mundo do trabalho. Segundo Fróes apud.Lopes (online,p.1) “Os recursos atuais da tecnologia, bem como a multimídia, a internet e a telemática, trazem novas formas de ler, de escrever e, portanto, de pensar e agir.” O fato é que quando usamos a informática, não sendo apenas para apresentar um determinado conteúdo, estamos sendo modificados por ela. Inicialmente, quando a informática começou a fazer parte da educação, não se sabia como usá-la e nem quem iria ministrar as aulas. Profissionais da área foram contratados, mas mesmo assim, as aulas de informática se realizavam fora do contexto das disciplinas. De acordo com Lopes (2006): “Vivemos em um mundo tecnológico, onde a informática é uma das peças principais. Conceber a informática como apenas uma ferramenta é ignorar sua atuação em nossas vidas. Percebe-se que a maioria das escolas ignora essa tendência tecnológica, da qual fazemos parte; e em vez de levarem a Informática para toda a escola, colocam-na circunscrita em uma sala, presa em um horário fixo e sob a responsabilidade de um único professor”
Dentre as políticas desenvolvidas para a informatização das escolas está o Projeto
Eureka, criado em 1990 na Universidade de Campinas (UNICAMP). Trata-se de um trabalho idealizado pelo corpo docente da Universidade em conjunto com os educadores da rede pública e a prefeitura local, em prol da informatização das escolas públicas. O objetivo do Projeto era melhorar o ensino através da capacitação dos educadores para atuarem na área da informática, e principalmente, conscientizá-los sobre a sua importância como ferramenta na educação. A formação dos profissionais que atuavam no projeto acontecia através de dois módulos: o primeiro foi o módulo intensivo que abrangeu 40 horas, entre aulas práticas e teóricas. A sua conclusão se deu com a elaboração de um projeto que integrava a informática no currículo do professor. O segundo foi o módulo extensivo, cujo objetivo era engajar os educadores no Projeto Eureka, num processo de gestão que informatizava as escolas públicas envolvidas através de atividades, estudos e pesquisas durante o ano letivo. O público alvo deste projeto foram os alunos da pré-escola, ensino fundamental regular e alfabetização de jovens e adultos. Segundo a professora da UNICAMP, Afira V. Ripper, uma das incentivadoras do Projeto, o surgimento desta política de informatização tinha como proposta a tentativa de solucionar a problemática da educação de alto índice de jovens fora da escola, evasão e repetência, além de inúmeros profissionais sem preparação adequada. A ideia era de que os educadores não dependessem de outro profissional para utilizar a informática em suas disciplinas, mas que eles próprios o fizessem. Para isso, contavam com a orientação de um determinado grupo de docentes denominado GT (Grupo de Trabalho). Ainda assim, participavam de palestras e oficinas de informática. Essa prática denominava-se Grupo de Estudos, em que aprendiam a utilizar o ambiente LOGO. Logo é uma linguagem computacional criada pelo matemático Seymour Papert, que possibilita a execução de textos, formulas e cálculos. Através desta ferramenta, o aluno aprende com seus próprios erros. Este software estimula o potencial do aprendizado do aluno e tem como base a teoria construtivista de Jean Piaget, na qual o aluno constrói a partir de suas próprias experiências, ou seja, o conhecimento não pode ser transmitido, mas construído. O intuito de toda esta formação, além de melhorar o ensino público e diminuir a exclusão digital em que muitos alunos se encontravam, era também valorizar o educador, que tinha a oportunidade de aperfeiçoar-se. Este incentivo era percebido também na remuneração de todos os docentes envolvidos no Projeto. Com isso, percebemos que a função da informática na escola, configura-se como de apoio aos professores, e mais ainda tende a facilitar o vínculo entre as disciplinas. É importante que aos alunos seja dada a oportunidade de aprender por meio do computador, caso a escola tenha disponível um laboratório de informática. Segundo Lopes, “Para que isso aconteça, o professor tem que ir para o laboratório de informática e dar sua aula e não deixar uma terceira pessoa fazer isso por ele” (LOPES, 2006). Porém, este professor precisará ter ao seu alcance o conhecimento necessário decorrente de uma formação adequada para fazer uso desta ferramenta e deve desenvolver Deve ter a habilidade de construir um ambiente de aula no laboratório de informática.
As políticas no setor da Informática da Educação
Segundo documentos oficiais do governo federal,mais especificamente o PROINFO
(MEC,1997), dentre os mais importantes projetos desenvolvidos em prol da educação no Brasil estão: • O projeto EDUCOM surgiu no período que o país não tinha condições de adquirir equipamentos e softwares estrangeiros. Inicialmente, era desenvolvido apenas em escolas particulares e em poucas Universidades. Criado em 1981, é o primeiro e principal projeto público a tratar da informática educacional. Foi este projeto que forneceu as bases para a criação do PRONINFE. Em 1983, criou os centros-piloto de informática que eram voltados para as universidades e alunos do segundo grau. • O Projeto FORMAR foi criado em 1987, por recomendação do Comitê Assessor de Informática e Educação do Ministério da Educação - CAIE/MEC, sob a coordenação do NIED/UNICAMP, e ministrado por pesquisadores e especialistas de diversos centros-piloto integrantes do projeto EDUCOM. Destinava-se à formação de profissionais para atuarem nos centros de informática da rede pública de educação. Tratava-se de um curso de especialização de 360 h, que através de módulos intensivos era ministrado ao longo de 9 semanas, com 8 horas de atividades diárias. Os conteúdos foram distribuídos em 6 disciplinas, todas continham aulas teóricas e práticas, além de seminários e conferências. • Os CIED's (Centro de Informática na Educação), com diversos profissionais, são ambientes de aprendizagem informatizados, tornando-se centro de multiplicação da informática para as escolas públicas. Cada centro tinha em torno de 15 a 30 computadores destinados à formação de alunos e professores. • O PRONINFE (Programa Nacional de Informática na Educação) foi implantado em outubro de 1989 pelo MEC e teve seu Regimento Interno aprovado em março de 1990. O objetivo do PRONINFE era desenvolver a Informática Educativa no Brasil, através de projetos e atividades bem como a formação dos professores do ensino fundamental, médio, superior, pós-graduação e educação especial. • . O PROINFO (Programa Nacional de Informática na Educação), criado dez anos após o surgimento do PRONINFE. Embora parecido com o PRONINFE, teve maior incentivo financeiro e é o mais abrangente no território nacional dentre todos os projetos, pois possui Coordenadorias Regionais de Tecnologia Educacional (CRTE). Entre suas funções estão: a elaboração e aprovação dos projetos estaduais de informática na educação; montar o uso da informática das escolas; aprovação dos projetos das escolas e acompanhamento e avaliação desses projetos.
Conclusão
A informática na educação é uma ferramenta essencial que vem para auxiliar o
professor. Tal recurso não substitui o método tradicional e atual de dar aula, mas tem uma metodologia própria de trabalho. É imprescindível a qualificação dos educadores para utilizar esta ferramenta, pois o computador não é uma máquina que ensina por si só, mas é uma máquina que pode ser usada para ensinar. Por isso é importante que o professor conheça sua história e como poderá usufruir dos seus recursos para melhorar a aprendizagem dos alunos.
Referências
BONILLA, Maria Helena Silveira. Políticas Brasileiras de educação e informática. In:
PRETTO, Nelson de Luca. Disponível em <http://www.faced.ufba.br/~bonilla/politicas.htm.> Acessado em 05 abril.2010 BRASIL. Programa Nacional de Informática na Educação – PROINFO. Brasília. Disponível em: <http://atlas.ucpel.tche.br/~lla/projetos.htm.> Acessado em 10 abril.2010 LOPES, José Junio. A introdução da informática no ambiente escolar. Disponível em <www.clubedoprofessor.com.br/artigojunio.pdf.> Acessado em 02 abril.2010 MORAES, Raquel de Almeida. Projeto Eureka no contexto das políticas publicas brasileiras de informática na educação. Distrito Federal, Brasília: 2007. Disponível em: <www.consciencia.net/2005/1210-projetoeureka.html.>Acessado em 10 abril.2010 PONTIFÍCIA UNIVERSIDADE CATÓLICA DE MINAS GERAIS, O estudo da mente: e as habilidades cognitivas da linguagem logo. Disponível em <www.inf.pucminas.br/learnloop/files/gbrugger.pdf.> Acessado em 10 abril.10