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a Copyrgh a wing, nt» posto SUMARIO (© 199 by Paulo César Lima de Souza 1a Poraugnem de 1990, Graft atualizade regundo 0 corde Orrogrifce da Lin ge entra em vigor no Bri em 2008. “Tks original Jenseits von Gut und Hise, Vorspiel einer Philosophie der Zukunft (1886) Cope Jel Fisher a religiosa 47 Maximas e interhidios 62 5. Contribuigio 4 historia natural da moral 74 1 2 Preparogie - Jose Waldir dos Santos Moraes ; Revie Thais Tino Richter 6. Nés, eruditos 93 Olga Cafilehio 7. Nossas virtudes 110 snail 8. Povose patrias 132 9. O que énobre? 153 Verba Editorial Do alto dos montes (Cangio-epilogo) 180 Notas do tadutor 186 ‘Se Posficio: Um livro inesgotivel 230 Glossério de nomes proprios 235 Indice remissivo 239 Sobre o autor e 0 organizador 247 Tilo os direitos desta eigia reservados 3 Res Bandeita Palit, 702, oj. 32 (4532-002 — Sto Paulo — sp Telefone: (11) 3707-3500 Fax (11) 3707-3501 ‘worw.companhiadisletascom.br swwublogdacompanhia.com.br a PROLOGO SUPONDO QUE.A VERDADESEJA UMA MULHER — nao seria bem fundada a suspeita de que todos os flsofos, na medida em que foram dogmsticos, entenderam pouco de mulheres? De que a terrivel seriedade, a desajeitada insisténcia com aproximaram da verdade, foram meios indbeis ¢ impréprios para cconquistar uma dama? E certo que ela nfo se deixou conquistar =e hoje toda espécie de dogmatismo esti de bragos eruzados, triste e sem nimo. Se é que ainda esti em pé! Pois hé 0s zomba- dores que afirmam que eaiu, que todo dogmatismo esté no chao, ‘ou mesmo que esti nas iltimas. Falando seriamente, para esperar que toda dogmatizacio em filosofia, n3o importando © ar solene ¢ definitivo que tenha apresentado, nao tenha sido ais que uma nobre infantilidade e coisa de iniciantes; ¢ talvez, esteja préximo o tempo em que se perceber’ quae pouco bastava para constituir o alicerce das sublimes ¢ absohutas construgdes filosofais que os dogmiticos ergueram—alguma superstigio po- pular de um tempo imemorial (como a superstigio da alma, que, como supersticzo do sujeito e do Eu, ainda hoje causa danos), talver algum jogo de palavras, alguma seducio por parte da gra ética, ou temeniria generalizagio de fatos muito estreitos, mui- to pessoas, demasiado humanos. A filosofia dos dogmiticos foi, temos esperanga, apenas uma promessa através dos milénios: assim como em época anterior @astrologia, a cujo servico talvez se tenha aplicado mais dinheiro, trabalho, paciéneia, perspicicia do que para qualquer eigncia verdadeira até agora: a cla ¢ suas pretensoes “supraterrenas” deve-se o grande estilo da arquite- tura na Asia e no Egito. Parece que todas as coisas grandes, para i da humanidade com suas eternas exi- ar pela Terra como figuras acura foi a filosofia dog- : a vedanta na Asia eo platonismo na Europa, por cexemplo. Nao sejamos ingratos para com eles, embora se deva admitir que o pior, mais persistente ¢ perigoso dos erros até hoje foi um erro de dogmitico: a invengo platénica do puro espirito edo bem em si. Mas agora que esti superado, agora que a Euro- pa respira novamente aps. pesadelo, e pode ao menos gozar um sono mais sadio, somos n6s, cyje tare ¢ precisamente a vigil 0s herdeiros de toda a forca engendrada no combate a esse erro, Certamente significou por a verdade de ponta-eabeca e negar a perpectiva, a condigao bisica de toda vida, falar do espivito e do bem tal como fez Platio; sim, pode-se mesmo perguntar, como médico: “De onde vem essa enfermidade no mais belo rebento da Antiguidade, em Platio? O malvado Sécrates o teria mesmo corrompido? Teria sido realmente Sécrates o corruptor da juven tude? E teria entio merecido a cicuta?”. — Mas a luta contra Plato, ou, para dizé-lo de modo mais simples ¢ para 6 “povo”, a lta contra a pressio eristd-eclesiistica de milénios — pois eris- Sanismo é platonismo para 0 “povo” — produziu na Europa uma magnifica tensio do espirito, como até entio nao havia na Terra com uum areo assim teso pode-se agora mirar nos alvos mais dis- tantes, Sem diivida o homem europen sente essa tensio como uma Iisériase por duas vezes jé se tentou em grande estilo distender 4 ao, a primeira com ojsutsmo, a segunda coma Thstragio lemoeratiea — a qual péde realmente conseguir, com ajuda da Bberdade de mprensa eda letra de omais, que 0 epitito nso mais sentisse facilmente a si mesmo como “necessidade”! (Os alemes inventaram a pélvora— todo o respeito! —, mas ficaramm novamente quites: inventaram a imprensa.)’ Mas nés, que niio somos jesuitas, nem democratas, nem mesmo aleinaes o bastante, 16s, bons europeus eespititos livres mat livres, nds ainda as temas, toda a necessidade do espitito e toda a tensi arco! E tal. vez também a seta, a tarefa ¢, quem sabe? a meta, Sits Marie, Sta Engadina ‘Junho de 1885 Capitulo primeira DOS PRECONCEITOS DOS FILOSOFOS - Avontade de verdade, que ainda nos fard correr nfo pou- 0s riscos, a célebre veracidade que até agora todos os filésofos reverenciaram: que questées essa vontade de verdade ja no nos colocou!* Estranhas, graves, discutiveis questées! Trata-se de uma ongu historia —_mas nfo & como se apenas comecasse? Que sur presa, se por fim nos tornamos desconfiados, perdemos a pacién- cia, e impacientes nos afastamos? Se, com essa esfinge, também 1nGs aprendemos a questionar? Quen, realmente, nos coloca questdes? O gue, em nds, aspira realmente “a verdade"? — De fato, por longo tempo nos detivemos ante a questio da origem dessa vontade — até afinal parar completamente ante uma ques- tdo ainda mais fundamental. Nés questionamos 0 valor de: vontade, Certo, queremos a verdade: mas por que nio, de prefe- réncia, a inverdade? Ou incerteza? Ou mesmo a inscigncia? —O problema do valor da verd fomos nés a nos apresentar diante dele? Quem & Quem éa Esfinge? Ao que parece, perguntas edkividas marcaram aqui um encontro. — F seria de aereditar que, como afinal nos + parecer, 0 problema fo tenha sido jamais colocado — que tenha sido por nés pela primeira vez. vislumbrado, percebido, «arriscade? Pois nisso hé um riseo, como talvez nfo exista maior. 2. “Como poderia algo nascer do seu oposto? Por exemplo, a verdade do erro? Oua vontade de verdade da vontade de eng: no?” Oua acto desinteressada do egoismo? Ou a pura e radiante contemplagio do sibio da concupiscéncia? Semelhante génese € impossivel; quem com ela sonha & um tolo, ow algo pior; as coisas de valor mais elevado devem ter uma origem que seja outra, prd- pria — no podem derivar desse fugar, enganaclor, sedutor, mes- quinho mundo, desse turbilhio de insinia ¢ cobiga! Devem vir do 9

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