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o . . . . . . . . . Q . ® . ® D ® . 5 ® ® D . D . . . . . . . D . . “Este tivo, que & uma jéia na literatura brasileira, cispensa co- mentarios. Jé 0 tinha lido e muto aprendi nele, Sera obra de cabeceira estuciasos de direito publico.” (Alfredo Buzaid) tentie os que pensam dessa maneira esté 6 Sr, Paulo Bonavides iustre jurista cearense, que, dispulando uma cadeira na universidade da sua terra, escreveu uma lese sob 0 titulo 0 ESTADO LIBERAL AO ES: TADO SOCIAL. Recorda, em paginas de sadia erudigdo, 0 que foi oes «0 liberal e quais os seus grandes doutrinadores para, em seguida, sus tentar que na maior parte dos paises ja existe o estado social inclusive 0 Brasil, O Sr. Paulo Bonavides revela, ria sua tese, conhecimento intim: com 08 grandes autores antigos e modemos, notaddamente com Kant e Hegel, aos quais decica capitulos extensos do seu livvo, O'seu trabalho 6 lido com proveito e sem fadiga.” (Plinio Barreto) “O titulo 6 de um livro de Paulo Bonavides, cult e brihante pro- fessor da Faculdade de Direito da Universidade do Ceay4, escrito com primor de linguagem, profundidade de doutrina e apurado senso critic. Para terminar,tralg-se de um lvro de renome para 0 autor, de rele para a cultura universitéria do Ceara: de. preciosa contribuicdo para as letras jurcicas do pais:" Joaquim Pimenta) Slida e brihante inonogratia, que é, sem favor, uma fore ati. mage de cultura |uridica.* (Oswaldo Trigueiro) Contribuigdo digna da sua bela erucigao @ das tradi¢bes invejd veis da cultura cearense.” (Victor Nunes Leal) sumenta bem o poder da sua inteligéncia e de sua anal lemas da vida politica.” (Pinto Ferreira) a i PAULO BONAVIDES DO’ESTADO LIBERAL AO ESTADO SOCIAL DO ESTADO LIBERAL AO ESTADO SOCIAL FEBYVTVFVTFSCVZTVIGTIVPGVP@ITFP@PISOTITOSCOOOOOO: ae La PAULO BONAVIDES DO ESTADO LIBERAL AO ESTADO SOCIAL Bl { ) | NOTA DA EDITORA SOBRE O LIVRO E 0 AUTOR Com a 8 edigdo do livro Do Estado Liberal co Estado-Social a Malheiros Editores se associa as comemoracies que'em'2008 vao as- sinalarve solenizar o cinglientenario da publicagao desta obra, sem diivida a-primeira no Brasil e talver no ocidente ~.ndo conhecemos outra igual a tragar e definir com autonomia 0 novo modelo.de Es- tado incufcado pela Lei Fundamental de. Bonn na Alemanha,poucos anos depois da catAstrofe do Nacional Socialismo e do fim da Segun- da Guerra Mundial Tal otorreu ~ a aparigdo do sobredito modelo — durante a fase ‘mais agitada, mais aguda, mais turbulenta da controvérsia ideologi- a do século XX. Naquela ocasiao néo havia, com forga, na doutrina, uma forma de Bstado.que pudesse vir em substituigao da modalidade marxista, de feigto autoritéria, Havia tdo-somente o Estado liberal do sgeulo ‘XIX, em sua decrepitude eterna, proposto, mas repulsado, por alter- nativa aos sistemas estatais do autoritarismo totalitafio. , sesperavam-se os inconformados com a falta de outro cami- ihe qué 86 se alcangou com aquela verso de uma categoria de Esta- 4 que'sutgiu do fato constitucional, sobretudo da nova éérrétite de idéias e instituigBés due a Alemanha de’Bonn propunia redumir © consubstantiar na‘divisa do Estado Social E Exn Weimaf se proclamara ¢ abrira com os direitos'so% clo das futuras geragdes de direitos fundamentais. Em‘Béni'ée tampara a forma democratizadora de Estado que protegia, na liber- dade, esses direitos, fazendo assim de todo ininterrupta a gaminha- da té6tiea'‘pata’ se’ dleangar um grau superior de legitimidade dos ‘egimes que orgatiizam o poder na época contemporanea. De Estado Liberal ao Estado Social © Patno Bonavives & edigdo, 05.1996; 7 edigdo, 1° ‘iragem, 07.2001; 2 tiragem, 03.2004, ISBN 978-85-7420-826-8 OS CINQUENTA ANOS DESTA OBRA Dirgtos reseriados dest edigto por : “MALHEIROS EDITORES LTDA. Rua Paes de Araujo, 29 conju 171 CEP O653i-940-~ sid bade SP Tels (11) 3078-7205 Fax: (11) 3168-5495 URL: ware malheiroseditores.com.br e-mail: malheiroseditores@terra.com.br Composigao e editoracto eletrénica Virtual Laser Editoragio Eletrénica Ltda, Capa Criaglo: Vania Liicia Amato, Arte: PC Editorial Lida, Impressono Brasil. Piel nb PAULO BONAVIDES. DO ESTADO LIBERAL AO ESTADO SOCIAL St edigio EIROS ORES x DO ESTADO LIBERAL AO ESTADO SCCIAL segundo, e.a que j6 por-vezes tem sucumbid®, de cair no totalitarismo, Re governo das masses.ou na corrupsso da plutocracia. Trata-se de ‘bm livro atualissimo e de maior interesse” (Casnat dt MoncAD4). “Sélida e brilhante monografia, que é, sem favor, uma forte afir~ ago de culturh furidica” (Qsvatpo Trucuein0). «0 titulo € de um livro de'Paulo Benavides, culto e brilhante professor da Faculdade de Direito da Universidade do Cearé, eserito Eom primor de linguagem, profundidade de doutrina e apurado sen Se eritico (..): Para terminar, trata-ge de urn livro dé rénome para 0 tutor, de relevo para a cultura universitéria do Ceard, de preciosa contribuigho para as letras juridicas do pais” (Jonqin Prott4). “iste livro, que & una j6id da literattira brasileira, dispensa co- mentérios, J& 0 tinha lido e'‘iuito aprendi nele, Agora, que © Sa~ aiva The assegura divulgagio nacional, serd obra de cabeceira dos estudiosdside direit®'pblicd” (Axrnepo Buzarn). “Coitribuigas digna da’ dtd bela erudicko e dds tradigdes inveja- vveis da éultura cearense” (Victor Nunes Leat). Pasgamog, em seguida, & figura do Autor. Dentre as alusdes ¢ de- poimentbs relatives ao valor, ao papel ¢ ao significado dagiilo que o Professor Paulo Bonavides, por sua produgéo juridiea e por sua ativi- dade no magistério tem representado_para o Direito no Brasil, ¢ tam bbém para a educagdo das novas geragdes que frequentaih as Universi- dades do pais, as mengdes subseqientes resumem tudo, dando 0 perfil {do publicista da obra cinqlentendria cuja reedigo comemorativa ora langamos, . “Ontem, o doutor Clovis Beviléqua, hoje a figura oracular de Paulo Bonavides, um dos maisres constitacionalistas brasileiros de todos os tempos que se singularizou por colocar o seu imenso saber teédrico no compromisso com ¢ seu tempo e com a luta do seu povo contra todas as iniqlidades” (Serdivepa Perrence, ex-Presidente do ‘Supremo Tribunal Federal). 4 “0 autor. é.um dos mais notéveis publicistas do Brasil contem- porineo, com-uma série de obras que o destacam entre os seus con-* femportneos pela cultura e significagdo-de suas teses. &, por exce- lénela, um doutrinador politico, tragando rumos para a sociedade de seu tempo (..). Professor visitante de universidades estrangeiras, qmericanas ou alemas, hé um sentido de apostolado na pregacdo I beral de Paulo Bonavides” (Bannosa Lima S08n0¥#0). 0 Professor Paulo Bonavides é considerade em Portugal como tum principe entre os eonstitucionalistas de lingua portuguese. (0S CINQUENTA ANOS DESTA OBRA xt ““A sua obra vastissima e sempre atualizada, a profundidade das reflexes que nela se encontram, o sentido de justo que nele perpas- sa fazem do Professor Paulo Bonavides um mestre conhecido, res- peitado e admirado tanto no Brasil quanto em Portugal. “Por isso, a Universidade de Lisboa concedeu-lhe, erv-ceriménia solene realizada em 22 de janeiro de 1998, o grau de doutor honoris tauisa em Direit (distingao rarissima que o pos a par de satios come Duguit e Miguel Reale) (.). Aeresce que a palavra e a escrita de Pale Bonavies que tabi fo jralea~ sf de eleadains qualidade literaria, Hum emérite ciltor da lingua” (Jonce Misano Qutededtico da Universidade de Lisboa). me “Dr. Paulo Botiavides'é o:jurista e cientista politico brasileiro contemporéreo mais conhecido na Alemanha (..). Tive hé alguns fanos o prazer de traduzir unr de seus mais itnportantes trabalhos tebricos e-publicé- ali em nossa mais conceituada, mais rigorosa ¢ mais exigente publicagdo jurfdica, a revista’ Der Stact [0 Estado’, _que normalmente'ndo publica trabalhos de cientistas estrangeiros Vives. Seu.trabalho.‘A:-Despolitizagso da:Legitimidade’ eausou na ‘Alemanha grande sensagdo (hat in DeutséRfand 2urecht grosses ‘Aufsehen erregt) e também grande admiraclo (auch grosse Wuerdi- gung gefunden) (..) Dr. Paulo é, ao meu ver, dos mais importantes cientistas de toda « América Latina (Jetet meine ich Dr. Paulo min- destens der bedeutendsten Wissenschaftlers der ganzen Lateiname- rikcas)” (Prizonicn Musiier, antigo Catedrético da Universidade de Heidelberg). “Desde que hé mais de uma déceda conheci o Professor Paulo Bonavides em Coiinbra, onde, a nosso convite, proferiu magnifices Ligbes na Faculdade de Direito de Coimbra, as nossas rotas acadé- micas, civices © pessoais t8m-se cruzado frequentemente. Seja em _coldquios, eja na apresentacio de livros, seja em reunides de conv vio, a impressao que se colhe deste homem é sempre a de um jurista eminente, um homem {ntegro e um cidadao apaixonadamente dedi- ado a-defesa das virtudes efvicas. apaizonadaments ded “Nao foi acaso que a ‘carta 4 um cidadso participative, por nés escrita, foi parar a0 posto de'edrreio'de'Fortaleza, ‘Aqui mora o prin- cipe dos constitutionalistas de Iingita‘portuguesa” (J. J. Gowes Ca- Notts, Catedrético da Universidade de Coimbra), sen BL rot Paulo Bonavides no aos uno de os mts release 1es maestros de la comunidad jurfdico-piblica y cientifico-pltt rearets Tats noe bide Gbradacente ews ees ms de eineventa viajes académicos que levo-tealizados a la préct- ca totalidad de esa drea geogréfica a la que tan préximo me siento, vat DC ESTADO LIBERAL AO ESTADO SOCIAL Foi com reflexes pertinentes ao contraste entre o universo so- cialista de Merx em expanséo e 0 mundo morto do liberalismo que ‘ndo se deixava sepultar que o Professor Bonavides escreveu sia mo- ‘nografia juridica inaugurando uma nova artéria da democracia nas ‘esferas do pensamento constitucional Isso ele o fez mediante a construgio tebrica, em tese de citedra, na longinqua década de 1950, do modelo que a restauragdo democré- tica de pés-guerra, eoncretizada na Alemanha, lhe inspirars. ‘As constituigdes da democracia por toda a segunda metade do -séeulo passago, até aos nossas dias, consagram e, de iltimo, se em- penham em consolidar principios de constitucionalismo social que, pelo menos, atenuam a luta de classes ¢ os antagonismos da desi- gualdade Da importéncia dessa via aberta entre nés, com a aparigéo da obra cinqdentendria, bem como da poderosa influéncia que ela exer~ cou sobre as novas geragées formadas nas academias de Direito do Brasil, oferece sélido testemunho o eminente.e culto Minisira Se- rourena Penrice, ex-Presidente do Supremo Tribunal Federal, no Prefécio & obra Direito Constitucional Contemporéneo ~ Estuios em Homenagem ao Professor Paulo Bonavides. Escreve o Ministro Penrence:* “Vem de longe ~ dos meus longinquos tempos de estudante ~ a descoberta da dimensio de Paulo Bonavides, que fiquei a dever, se nao falha a meméria, a adverténcia do querido Prof, Orlando de Car- valho sobre a exceléncia da tese submetida ao concurso, obra semi nal da juventude ~ Do Bstado Liberal ao Estado Social ainca hoje, signo da definigao dos rumos de sua obra multiféria. "A leitura inesquecivel de uma das primeiras edigies da itese constituiu, para mim e os de minha geragdo, 0 encontro alvissareiro de sélido embasamento teérico para a nossa crenga ~ quigé ingénua nos dias que correm ~ na viabilidade da superagéo do individualis- to desenfreado do Estado liberal burgués, sem perda da reafirmagio das liberdades fundamentais de primeira geragdo conquistadas para a humanidade nas duas grandes revolugées que o erigiram. ..) O intelectual Paulo Bonavides se imporia, assim, é:admi- ragdo dos juristas de seu tempo, s6 pelo peso de uma obra de rar envergadura, Sepllveds Pettence, Preficio 10 Ditcilo Consttuciong! Contonporineo ade? Sgn om, Pe ite rind Cope, pp. 1X eX 05 CINQUENTA ANOS DESTA OBRA x “Mas 0 aleance do respeito:que granjeou, sem forcejar, néo se restringe ao que mereceria por si.s6 0 pensador encastelado na refle- xo académica e na esmerada difusdo do seu saber, na cétedra e nos livros. . “Quem conhece a obrare'o magistério de Paule Bonavides! - tes- temunha a autoridade do douto Ganotilhod.- indo pode, deixar de re. conhécer, com,hurnildade, of limites, do.nosso,saber quando a nossa frente so perfila um dos mais, notdyeis cultores da: Juspublicistica em lingua portuguesa. Aos seus, trabalhos ~ I\icidas e informadgs ~ estf sempre subjacente um inegnibmnayal Imperative egtopivio ¢ ‘uma inquebrantavel implantagao,ciiada’.. sea + _ “Nele, por isso, separar 0. furtdado. culto,ao sfbio da yeneracdo dovidn ao eas malar fra valaguar& ncoaiilinge te Re mem inteitigo.”. oe Assinalando-o significado, da. ofeméride jurtdica, ora festejada, coligimos e,transcteyemos nessa sequéncia opinises e apreciagses a ivro'e sua ressonfncia, beim somo ao autor ¢ sua repu- tged0.no meio jurfdico nacional e internacional a TBéncia @ conjugagdo desges jufzos de valdt,id'de infe- Ait oleitor a dimensio do homenageado é'a éstatura da contribuigdo aus ele deu ao Direite Canstiusional ea Ciencia Politica de nosso teinpo eoimo pensador da liberdade, testis dq demodracia, guardi doEstadsdeDireite. —” op emesracie Goarige ‘Agora, vejimos a manifestagio' dos jufistas sobre a obra cin- ‘uentendria: “0 livro Do Estado Liberal ao Estado Social, de Paulo Bonavides; (.) 6 um dos mais sugestivos trabalhos, publicados em lingua portw. uesa, sobre a grande hite do nosso tempo entre o velho liberalismo do século XIX e as novas idéias socialistas; chtve a ideologia burguesa do sapitalismo e a socialista.ou comtnista do, quarto estado ow proleta- Tadd, A paz entre as duas correhtess6 pode fazer-se, segundo’ autor, ‘mediante o compromisso do chamado Estado Social, como um Estado “hi de'uma classe 56 da sotiedadg mias de todas as classes. O autor ~foca neste livro, brilhantemente, os principais aspectos que tem acom- “panhado esta lenta mals segura ‘ubstituicdo:do Estado Liberal pelo “Esta Social, analigando, ao mesmo tempo, cdm acertado critério f- loséfico, as respectivas ideologias e' mostrarido os perigos que.corre 0 cpssae fs Coste? Catto, “Ciitzasgo ds Dito Cénstinidoral ou Cinstitucionae aia Die ii bas rae Wills Cuca Fito (Org Diss Coto Yl Etre heaps Pl Bohl, 1 Mahe Etre 00; p08 xi DO ESTADO LIBERAL AO ESTADO SOCIAL sino que es, de-igual forma, objet dél mismo reconocimienito,intelec- tual y académico en buen ntimero de paises europeos (Portugal, Ale- mania, Italia y Espafia son un‘buen ejemplo de ello, por s6lo citarle algunos). “La obra cientifica del Profesor Bonavides no sélo es de una ex- traordinaria, y poco comin amplitud, sino que, :la par, es de un reconocida rigor.cientifco, Su transitar por los-distintos campos del saber, siempre con ponderacién y equilibrio, al margen ya de rigor indiscutible,justifica, a mijuicio, que pueda considerarse al Profesor Paulo Bonavides como-un humanista de nuestro tiempo, califcativo. al que pocas personas podrian acceder: “En. Espaiia, la-obra del Prof.-Bonavides es recensionada, co- mentada,-leidaly seguida.con intergs por amplios sectores de la co- ‘munidad cientifica,ala que pertenezco.. | “Pero resultaria. incompletaila vision que.del:maestro Paulo Bo- navides'tenga se no. subrayara su extraordinaria‘congruencia per- sonalentresus.tscritos y.su aétuacién. Paulo Bonavides no.s6lo ha; defendido y defiende un marco:constitucional asentadé en los valo- res y en los derechos.de la persona en sus muchos libros y artfculos. Su trayectoria-humana, profesional, académica y cientifica es enor- memente coherente con sus escritos. En Paulo Bonavides siempre he visto un luchador en defensa de la democracia, de los derechos humanos y de aquellos valores constitucionales (dightdad, libertad, igualdad, solidaridad...).que fundamentan la cohvivencia civilizada en una sociedad democrética, Siempre me ha impresionado (y lo co- nozco desde hace ya muchos afios) su ettraordinaria coherencia y enorme honestidad intelectual” (Francisco Fervanoz Seoaoo, Cate- dratico de Direito, Constitucional da. Universidade Complutense de Madrid e Diretor do Anuario Tberoamericano de Justicia Constitu- ional). "E que honra é para a Universidade de Lisboa e sua Faculdade de Direito 0 poderem receber como seu Doutor honoris causa esse Homem do seu Tempo, esse Homem do seu Universo, esse Tomem da mesma Familia cultural.queé o Senhor Professer-Doutor Paulo Bonavides. (...) Hoje, chegou.a gratidao da Faculdade de Direito e da Universidade de Lisboa ao Senhor Doutor Paulo: Benavides, Agra- decemos-lhe o ter sido e confinuar a ser.um homem de seu século, intervindo nele, decifrando antecipadamente o,seu curso. “"E porque Ihe agradecemos tudo isto, queremog que se junte, aos doutores honoris causa.que, ao longo dos anns, nos foram enobresendo. Temos a certeza de que, 1é novalto, nesse colégio eterno dedoutores = longe das vicissitudes do imediata -, uma satisfagio incontida se (OS CINQUENTA:ANOS DESTA OBRA xi espelharé nos rostos de um Duguit, de um Josserand, de-um Lam- bert, de um Politis, de um Sarichez Albornoz. Quem melhor do que 0 Senhor Professor Doutor Paulo Bonavides para exprimir a rique- i requiatude de pensamento, exemplo de criatividade e de incansével juventude eterna ao servi. 0 do Espirito?” (Marceto Ressio ve Sousa, Catedratico de Direito Constitucional da Universidade de Lisboa). “Paulo Bonavides:& um dos mais sotéveis constitucionalistas, historiadores constitucionais e cientitas politicos do Brasil e de toda 1 América Latina. Ganhowalta reputagio no.somente na América do Sul ¢ na América. do Norte; mas também:na Alemanha, Itélia, Espanha‘e Portugal, mercé de seus trabalhos jurfdicos, (...) sua obra fundamental Histéria Constitucional do Brasil transpés o Brasil e se fez mundialmente célebre (...). Com freqiéncia tem sido considerado o fundador da Oiéncia Politica no Brasil” (Kiaus Stemn, Catedraties da Universidade de Colénia). 1, _ "Paulo Bonavides é um:dos maisvemjnentes mestres da ciéncia Juridica nacional, salientando.se, além disso, como.uma personalida- de de,renome no estrangeito pelo seu saber especializado no campo da ciéncia politica e dp direito constitucionsh. Pertence a linhagem dos grandes juriscongultos brasileiras, que tém glorificado o pen: mento juridico do pats..B de relembrar que o Brasil tem tido juris- gonsultos de eminéncia, entrecles se destacando Clévis, Bevildqua, Djacir Menezes, Teixeira. de Freitas, Tobias Barreto, Rui Barbosa, Joko Mangabeita, Pedro Lessa, que ge apresentam como pensadores que honram e glorificam a cigncia politica nacional. “Paulo Bonavides continua essa linhagem dignificando a cién- cia juridiea, do, pa(s, que concretiza. através de livros, eonferéneias, aulas, artigos de,jornal, todos representatives de uma inteligéncia privilagiada que conquista q admiragio geral” (Puro Fenazita, Ca- tedrético da Faculdade de Direjto do Recife). “A.leitura de qualquer trabalho do professor Paulo Bonavides é sempre um regalo para 0 esp{rito por duas razdes: a primeira porque © seu contetido 6 carregado de sabedotia, traz muitos efiginamentos, serve de aprendizao; a segunda por sor escrito em torneado ver: nécul, com un éstllo ao mesmd tempo simples, terso e castigo, sem ostentccao Via wigerdate vie “Foi com muita honra e encantamento que redigi este prefécid 20 livre de’umh ‘de togios maiores eonstiticionalistas contempora: neos, da linha de’ Jodo Barbalho, Pontés de Miranda e Aleing Pints Paleo, para s6 falar de alguns mortos. Como 0 notével advogado, xv DO ESTADO LIBERAL AO ESTADO SOCIAL jurista e politico francés Henri Torrés, Paulo Bonavides mostra que se conserva grande professor e,cidadao, que guarda intactas sua for- a de trabalho, sua resisténcia a fadiga, suas indignagGes e céleras civicas: ‘cumpriu a cada dia uma proeza muita rara neste mundo: continua fiel a si mesmo” (EvaNoRO LNs # Sitva, ex-Ministro do Su- premo Tribunal Federal) “Suristé emérito, constitucionalista'de larga contribuigdo a0 es- tado de direito democratico, um brasileirs jue j& lecionou, por perio dos letivos; em Universidades da Alemenha ¢ dos Estados Unidos; {til estilista do idioma pétrio.e no s6.ho.campo das letras jurt cas; historiador, jornalista'e orador que prende o leitor e faz atento © auditério,por:sér forradoldo saber associtdo ao.desassombro do di- zer, Paulo Bonavides é, som divide, hoje, um nome internacignal” (J. M. Ortion-Sinou, Fundatior @Presidente da Academia Brasileira deLetras Juridicas): v.00 ° “Paulo Bériavidas' tin dos Furistas ‘tiais notdveis do Brasil, néo apenas da atuilidade, mas dé todos os temrbu8. Sua produedo densa, de grande rigor‘eientiG e oflginalidade; foi fator decisivo para a forma- cdo de uma geraiaorde-estudiosds e penstdores brasileiros, na area do! direito constitueional; da flotofa e da ciénsia politica. ‘Seu pioneirismo, lideranga e respeitabilidade sioncontestaveis, Paulo Bonavides jamais {oi um repetidot deritico de discursos-convencionais. Justamente ao re- vvés, em lugar de’ percorrer os cathinho's quis existiam, criotniovos ru- mos #'levow sua visto brasileira e progressista do dircito e da vida a todos os dominios sobre os quais projetou seu talento invulgar, : “Mais do que um jurista, o Profestor Paulo Bonavides é um humanista devotado a0 Brasil, om uma perspectiva critica e cons- trutiva dos problemas nacionais, Nac é:possivel refletir acerca de fondmenos importantes has cifncias sociais, da interpretatde cons- titucional a globalizagdo, sem percorrer seus textos insuperéveis Um homei sintonizado com o seu tempo, né fibstncia e ndo nos ‘modismos" (Luis Roserro Bannoso, Jifisebnisulto). “Nas minhas Tides docéntd8\Y parlainefitatés + ao longo de qua- renta ands de vida piblica ~'Sémpre recbiti aos ensitarnentos do Pro- ‘ontides na sua exuberante obra no eartipo’ do’ dibiteeonstitiicional. Nao'ss pela derisidade, come pelo fio condiitér Aledstico te sua’ produedo, dela constaiido ainda os monu- mentais Textos Politicos da Histéria do Brasil, ei 9 volumes. iG Minato de Estado da Justicaja- ‘shlaBoragdo que Ihe pa solicitada, sem rificio peadoal pelo tempo dep- (OS CINQUENTA ANOS DESTA OBRA xv pendido, Ihe trouxesse alguma vantagem pecuniéria ou resultasse em dnus para os cofres pablicos “°B, por fim, na Assembléia Nacional Constituinte — da qual fui eu Relator Geral - 0 Professor Paulo Bonavides era o Mestre in- cansével, sempre atento no apontar caminhos e inditar solugbes" (J. Beenatoo Casrat, Relator da Constituinte), Finalizando a série de referéncias ao homenagedo, trasladamos 08 textos subsequentes da oragio com’que o Dr. Reanik:00 Oscar D4 Castro, ex-Présidente do Conselho Federal da Order: dos Advogados do Brasil, recepcionou o Dr. Pavto BONAVIDES, por ocasifo da entre ga da Medalha Rui Barbosa, em nome da entidade, durante a ceri- ménia de encerramento, em Fortaleza, da XVI Conferéneia Nacional dos Advogados: ‘Ne constelagfo de nomes augustos que formam e honram o fr- mamento jurfdieo do Brasil, terios hoje a assdeiagic de dois astros de primeira grandeza. “Um 6 Rui Barbosa. 0 outro, Paulo Bonavides: “O primeiro, filo dileto da Bahia, gigante da cultura do Direito em.notsa pétria, inspirador de,geragées'e orgulho ac Brasil em ter. ras daBuropa, ” “0 outro, nosso homénageada neste’ dia de glérie para a Ordem dos Advogados do Brasil, 6 discfpulo e herdeiro das melhores tr digées de Rui; modelo de professor e de edueador, de advogado e de cidadia | “8 momento de rara felicidade este que.hoje vivemos, quando 0 nome de Rui Barbosa, que ajudou a formar Weonsciéncia juridiea de Paulo Bonavides, como a de todos nés, brasileiros, vem pousar sobre seu peito, em forma de medalha de honra, que leva onome do gran de tribuno da Bahia, . “Se Rui Barbosa Paulo Bonavides sempre estiveram juntos em sus obras de paladinos do Direito, dagui porvdiaate essa unig se torna ainda mais firme e permanente, a partir da feliz combina gio entre ojurista de ontem, que empresta seu glorioso name a uma homenagem, ¢ o jurista de hoje, que a recekje com todgs os, méritas 9 quais sobram no cultor da teoria e da prética do Direite, autor do ioral volume CincisPaltze~ publicdo em 1857 «jf na sua cima edigio -, que a Universidade Federal do Cearé homen com o Prémio Clévis Beviléqua ngeon “Nio 6 este um galardéo que se distribua a mancheias. “A nossa entidade tem sido parcimoniosa e criteriosa na sua atribuisao, néo por falta de merecedores, que felizmente os temas XVI DO ESTADO.LIBERAL AO ESTADO SOCIAL eni.abiandasicia em, siossa-pétria, mag.pelo, rigor com que a Ordem ddos Advogados do Brasil se cémporta, tanto em reveréncia ao patro- no.que batiza a comenda quanto ao agraciado que a recebo. ‘Basta lembrar, que, antes-do:professor Paulo Bonavides, o pré- mio ‘Medalba..Rui, Barbosa’ ~. eriada.em,1957, extinto em 1961, ¢ restaurado dez anos depois ~, foi.conferido, nesses querenta anos, ‘a apenas nove eminentes brasileiros,.cpios, nomes declina com res- "de algyns, comssatidade: Heraclito de Sobral Pin:o, em 1973; ia. Magalhdes, om 1975; Nehemjas Gueiros, em 1976; ‘Miguel Seabra Fagundes, em 1977; José Cavalcanti Neves, er 1980; Ribeiro de,Casiro, em 1982; Augusto Sussekind de Méraes Rego, em 1984; Evandro,Cavalcante, Ling e Silva, em 1991, ¢ Berbosa Lima Sobrinho, em 1995, + “Hg cineo.qnop, partante, naa gutargava a nasga eniildde o seu mais,elevada,galardap,.que Bae Soran, spay, todos 2 titulos, ao eminente professor e jurista Paulo Bonavides, nome exponencial de nossas letras jurdicas e personalidade de destaque na cultura brasi- Feito ésae Balaitgs dd audgd's de papel do Professor’ Pato Bo- aviDES no eendrio juridico do Pals, stgundo testemunko das gran- der ores do Dirt que esp eee manifstaran no Brea ¢ no Exterior; reitahbs'ainide'reféhiirque e384 sendo programado para Ba ide ‘agosto dp 2008, & Feullzate, ts ‘Natal, do I'Congresso Brasileiro’ de Direitdé' Proc8sio‘Constitucional, por iniciativa da FARN (Faculdade Natalerise para o Desenvolvimento do Rio Gran- de do Norte),'eii‘horhéntagem aquele Megthere, especialmente; & sua obra Do Estado Liberal do Estado Social, # qual, segundo consta-da convdcagio, “o iniciou na eétedra de-Diteit‘Constitucional da Uni- versidade Federal do Ceara’. vo ‘A Malheiros Editores, hi quase 20 anos divilgadora da maiér parte das obras do Professor’ Pauto'Bonavibes langa, com jtibilo, essa tdigdo comemorativa dos 80:anc8 doivro Do Estado Liberal ao Es tado Social, vademecum de’gerégdes que o compulsaram’ nas esco- is juridieas do Pais'e quéy'médiante'a leitura dele; fortaleceram a renga nos printfpios da democracia © alentaram‘a fé nos valores da justiga social. vse “Ao redor de dois pontos sandentes, girs toda a vida do ginero humano: 0 individuo e a coletividade. Com- preender a relagéo entre ambos, unir harmoniosamente ‘essas duas grandes poténcias que determinam o‘eureo da, hist6ria, pertence aos maiores e mais érduot problemas. com que a ciriciae a vida se defrontam. Na ago, como, no pensamento, prepeners ora un, ora ou dene e “al Brepnke snd sum de sich das ganze Leben der Menschheit bewogt: Indivigaum © und Gesamte Das rehtige Vernal beider cu efssen, die belden gross Macchi welche den Can’ det Geschichte Eesimmen, Rarmonieh 20" veratigen fctoen ns den gression tn nfergen Proviesar Sc Wisencha snd des Uber Bal cbervechert det tls bald der ander Por in Godan ud Tt” Géorc Jeune, Ausgewashite Schriften und Reden, ester Ban, Brie BT ep BS “ " SUMARIO PREFACIODA7* EDIGAO ... PREFACIO DA # EDIGAO: PREFACIO {2:00.82 Cugtnuo I-DAS ORIGENS DO LIBERALISMO AO ABVENTO DO © “ESFADO SOCIAL: 1. O problenta di liberdade és Estado como'problema de resisté 20 absolutisma “ 2, O diteto natural da burguelid revoluciondria investeno poder ¢ tereira estado... . 3. Da consolidagto do Estado liberal ao comego de sua transformagi 42 4 A separacio de poderes, dogma do constitucionalismo da prime a fase (Locke e Montesquieu). . 5. O Estado liberal-deniocr4tico;fruto de uma ‘contradigio doutrindt 6. Vierkandt e 0 pensamento politico alemio. - 7. Ceca a0 liberalisme e advento do Estado soda. ‘Castro Il- © ESTADO LIBERAL E A SEPARAGAO DE PODERES 1. A queda de um dogma, 2. Importineia ejustificagdothistérica do Principio da separa de poderes.. 3, A burgudsia eo triunfo do liberalismo na & Asepanstodepaderes como tenia delimitasto do poder 5. Os perealgos da separacio. 6 2 8 . Corretivasatéonica Separatist Jelliek ea preservacéa da unidade da poder ».. Separasio relatva, com supoemacia do Legislativoy(Bluntschii). 4 DO ESTADO LIBERAL AO ESTADO SOCIAL 9. Ocrganicismo como doutrina de reagio e combata a liberalismo 10. Critica as teorias organicistas. 11, Tendéncia do constitucionalismo contemporaneo para estreltar 2 colaboracio e vinculaglo dos poderes... ve — Certo Il -O PENSAMENTQ POLITICO DE KANT 1. A flosfia do Estado de Kant 0 debate em tomo de sua importineia.. 89 2: Princials fas da Blosofa kantiana oo 3: O maior filésofo da Idade Modema etaves de todos os tempos 94 4, Elosoia e métedo, segundo Kant. vee 5, Btica, face Idealigtae renovadora do sistema 6. Dualsmo na lof de Kan com a supers metan edo ‘empirismo 7. Oproblema 8. Direitoe Estado... 9. Opacto social. hoa 10. A passagem do “status naturalis”20’status civils”, mofnento deisivo para o aparecimento do Estado e a garantia do Diréitosenwcennn IID 11, Aoutina da separstodepoderes¢oslogime da. ‘ordem etatal 113 12. Kant fl6sofo do liberalism and 15. Estado juridio “versus Esta rr 14. O panegirco da liberdade... Ww CCasirao IV -© PENSAMENTO POLITICO DE HEGEL 1, Pantelsmd edialtica Hegelian ns 2. A monarguia prussiana como realizagio do absoluto uma contradiggo de Hegel mi 3. O fildsofo ea Revolugdo Francesa a2 ‘ednlutn de Pato esse rigid Estado 5: Doutta exaa do aos em qu» Eopn rere 6 Hegel, fideo do totalitarismo?- 7-Superagdo dojusnaturlismo da vlhs teria absolusta 2 8, Poetalados hegelanos no: maemo pensaieniy poles vreorn” aocdizeito natural como salda para rie dalibetdade thodema 133 ‘9. Hegel e a separagdo de poderes snows 1 Oranidono eta SUMARIO 8 (Castro V- A LIBERDADE ANTIGA E A LIBERDADE MODERNA. 1. A crise da liberdade madera... soe 139 2. Germanismo, helenismo e reacionarismo 3. Benjamin Constante o cult da liberdade na, “polis” grega 4. O antiindividualismo do Estado-Cidade ou a indole coletivista das comunidades gregas 46 5, Conheceu a antigiidade direitos fundamentals do Homenn? snow 153 6. Opensamento de Miguel Reale so 160 7. Aliberdade em Roma, segundo Jehting. 161 8. Uma reinterpreted ExtidogregNietschee 0 Comego da Tragééi O antiliberalismo nas deutinas autoritiias da liberdade (Castro VI- AS BASES IDECLOGICASDO ESTADO SOCIAL 165 16 De Rousseau a Marx... 2 A originalidade de Rousseau. 3, A limitagio do poder, tse méxinha do liberalism a vepea democritica de Rousseau... — 167 4. O pessimismo de Rousseau e Marx .. 169 5. As trés posig6es fundamentais de interpretaci® da obra rouss¢auniana 170 6 Avalon generale” es recupeagio do otniamo “amt 7. Do pot, en Rousseau ao eto em Nar sua teria do Estado 8 Excl oContco Soil ecessarimnenteO Capital? 9. Da conrbuigfodoutriniri de Rousseau e Marx ao mademo Estado soil : 10, Rousseau ea evolugto democriia para osodalsmo wm “173 175 178 (Cariraio VIL-O ESTADO SOCIALE A DEMOCRACIA 1, O moderno Estado social 182 2. Distngfo entre Estado social e Estado socalista 3. Osada socal como frat da peas ideolgia do soto liberalism. 187 4, As massas no Estado social: oimismo e pessimismo dos socidlogos » 191 6 DO ESTADO LIBERAL AO ESTADO SOCIAL 5. Masifiesto nivelament (Sms) ‘Amassa como pressuposto das ditadures(Grabowsky) . A mportincia da massa nas democracas: ‘A pollizagfo da fangio social pelo Estadoicomo meio de agravar a dependéncid individuo, desvirtoar a democracia ou consolidar 9 poder ttt nin 9 Consagragio do Estado socal no contitucionalisio demacStico 202 Cueto VID- A INTERPRETACAO DAS REVOLUGOES 1: Nao basta fazer a soclologia das R vous urge também interpreté-las. 2, Tesesobre o deflagrareo destino das Revolugies : 3, Revolugio e golpe de Estado: ag conseqiéncias irreversiveis de uma Revalucéo. 4 O Bitado social oi, no Ocidente, a grande conseqiéncia ds Revolugio Russa 4. Nema Revolugto Francesa se legimitou pelo terror, nem a Revolugdo Ruséa pela ditadura do proletariado e sua burocracia «210 209 [REFERENCIAS BIBLIOGRAFICAS, 213 soe AT INDICE ANALITICO. v i ON" Do zstado liberat ao Estado socal, éstampado em fins da d6- cada de 50, foi.9 primeiro livro que se esereveu no Brasil sobre o Estado Quando veio a luz, 0 universo juridico da época ou ignerava em srande parte, ou ndo percebia, ou até relutava.em admitir, 0 sentido © 0 aleance,teérico da expressid, por nio dizer que no comungava com a formula de compromisso cunhada pelos humildes ¢ deslem- brados e desconhecidos, autores da Lei, Fundamental de Bona. Souberam eles, porém, com “ama loeugio breve ¢ ¢ de rara conciséo, formular em 1949 « cléusula princi reitos da segunda geragio. Herdaram-ne-do influxo weimariano, controverso e.casuls- tied, que, partindo da Alemanha, se jrradiara pelos, paises consti- tucionais, empenbados,em renovar, reformer ou reconstrair seus modelos .de Constituigao. Mas malograram.por. obra dos abalos ideolfgicos dos anos 20, Desgracadamente, as, Cartas Magnas desse tipo sogobrafim, pos- to que iag.hajam vingado. . +s0- mundo teeotheu. por-esse. modo,da:fonte-gerthdnies, a po- derosa sugestéa:de:um iconstitucionalismarde nova dimensfo, que intentava,: por. via dag cartas sociais de, direits,.apaziguar. rela- cies; juridcas. at Perpassadas dos litigios dq, capital Dip, lida chevigr sid ‘precuante os eonatiaisten mea anos: de1817; mas a fama-e osprest{gio da novidade intradutéria 8 DO ESTADO LIBERAL AO FSTANO SOCIAL ficara com 0s republicanos de Weimar e sua efémera Carta de 1919, tdo efémera e instével quanto a nossa de 1934. ‘Toda vez que versamos 0 tema pertinente ao Estado social, ocorrem-nos reflexses sobre a natureza dos entes ao redor dos ‘quais gravitam os fins sociais da pessoa humana: o Estado e a So- ciedade. De ambos, a liso da préxis, da historia, da experiéneia, do conhecimento, da ciéncia e da observagéo, nos consente inferir 0 contreste das duas organizagées. ‘A Sociedade € muito mais; nomeadamente em peso ¢ dimen- sio, Porque'é 0 valor, a legitimidade, a Constituigfo, a vontade popular, a cidadana, «justia doe principio, a sdberania do pro, 0, dieita ¢ itos, a igualdade e a liberdade, enfin, Alas sak cb Se do pluralismo, ou seja, um gine ro de a natural que, ao baixar da esfera abstrata © meta- fisica aos conceitos de valor ¢ principio; busca positividade, sfir- miiighc 6Presdnbl eo" eotididhoMta' Vidas do eto, “ > "he Sociedad® tent’ conto “bitrate “Otte feta, outa ida: a injustign das desigualdades,'a batalha dos egofsmos, o'téa tro "Wis ambigbes, 0 eepayo"féchado dos privilégios, a competigto dé clisses;' 0"jdgo' de interests, 'as.-contradigées,-0s agravos, as [Btlidaldtstondusides’¥s aferas: aetna, isto 6 do-traba- Iko:e°Mo eapital: aE ares 0 Bitado ‘nto “tard” godlollda’ & Bicietfadé'com’ 6 poder qie’a subjufa, com J: arbittiov que’ a -desfalege, com a onipoténcia que Ihe quebianta a'resisténcia, oii 6 desfotistnd qué a-dissolve. © liberticida, o tirano, 0 ditador, o°ehécida tém por domict- lio o Estado, ndo a Sociedade. Sujeitam’ésta @rufna e & servicio. © descompasso entre governo ‘¢ cldidao" dpsinala 0 déclinio da autéridade'e do eousenso, a'pai'da diab hibida"do poder cbm a lei, que 6, assim, regra e no principio; nottia @ nfo Valor. ‘Téve 0 Estado social séiabéyen Hol ’patses do cHainiadb Pri- ‘miéire-Mundo, logo apés a Seiuinda* Grande! Guerra, servit’ de ‘uma doutrina constitucional cuja inspiratad'tiaior se-ciffavi’ na justigayna igualdade, no’ estabelecimento; de: paz: social, na ‘cessa- ‘ea0 dis conflites de classo;inatmidangi-hogeimbnita:que-se tras- Tada do:prinetpio da legalidade’para principio da‘ legitimidade, das rogias dba-cédiges'teve"oF Neguitieitd & auro- ra dos principios ¢ das Constituiges. Em termos“rigbrssamente doutrindrivs) veorre-o primadovdo''prineipio:’sobreira ‘regra, da Lonstttuigao sobre a lei, do:direito sobre‘ norma; da justign so- PREFACIO DA 7* EDIGAO. 9 bre a seguranga; esta em sede.de razio de Estado, que’é a instan. cia de abuso onde se absolvem e se canonizam os atos de: forea dos governantes desviados do bem comum. © Estado Social, pondo-se nessa linha, motivou ¢ inspirou indubitavelmente a eriagfo contemporénea de um novo direito ra regido te6rica, com fundamentos principiais, bem afim as su- gestdes hermenéuticas de natureza concretista, escoradas no Princtpio da coustitucionalidade, que é, em sua esséacia mesma, © prineipio da legitimidade. “Daqui 0° denso teor: legitimate, qualitative hierérquico desse novo Direito que, atrelado ao campo constitucional e' No- jva Hermengutica, pOe abaixo, em certa maneira, a’ Dogniética Feldssica, bem como algumas categorias conceituais da velha es- cola positivista, ultrapassada: nos rigores. de seu tradicional :for- malismo, ‘Do Estado liberal'ao Estado social, sobre ser, portanto, a pre- lego: politica €-filoséfica deum direito positive instaurado now- tras ‘bases, que nao so as dovindividualismo minguante; mas as da socializagao ascendente e que trouxe @ altura constitutional, durante a segunda metade do século XX, os direitos fundamen- tais da segunda dimensto, 6,.do mesmo passo, uma espécie de iniciagdo, introdugéo ou propedéutica tedrica a democracia parti- cipativa, qual-a esbogamos em nosso Curso de Direito Constitu- ional, na coletanea Do Pais constitucional ao Pais neocolonial e em livro mais recente, por nome Teoria Constitucional da Demo- cracia Participativa. Conjugedos numa clara e manifesta unidade axiolbgica for- mam, consoante jé assinalamos em distinta ocasido, uma espécie de trilogia da liberdade, da. justiga-e da igualdade Com efeite, todo projeto de sociedade aberta e constitucional, consagradora da democracia.participativa,.fica inexeqUivel:e fada- do a0 malogro, se desfalcado desses valores ¢ principios superio- res, ali exppstos. ...., ier Tem, de° dltimo, 0. Estads: socialinexo direto .gom vas crises que’ a0 comego-doséculoXXI-flagelam: 0 Brasil, Basta:a esse res- peito ligeira reflexio acerca-das ‘comogbes do presidencialisimo, aauslap que aeompanhem departs ante. dasse gtneto de; Esta (Ou) formuldda-acutros erm faxen-impossvel estahtlecer fa sociedade participativa daquelé Estadovsociat’ A verdddé}ierim 10 DO ESTADO LIBERAL AO ESTADO SOCIAL plantagio entre nés de um-Estado.social & muito mais dificulto que na Europa, onde desde muito floresce ele em varias repdbl as constitucionais do continente. No Velho Mundo o retrocess® neoliberal fere tao somente a epiderme da sobredita forma de orgenizagio do poder, ao passo que nos paises da periferia.a lesto do tecido social é bem mais grave-e profunda, _ Compromete, por conseqéncia, o advento de quadros insti- tucionais propiciadores de um sistema que incorpore em suas bases: os principios de justiga ingénites Aquela modalidade de Estado, oy ‘Sto princfpios objetivamente volvidos para concretizar 0 dis- curso -declaratério de direitos fundamentais de quatro dimensées, jd teorizado pelo constitucionalismo contemporiineo. ‘A dificuldade mais espinhosa & concretizagdo desses direitos procede, como se sabe, da conjuragdo-neoliberal do capitalismo plobalizador © sua méquina de poder, que, domina mercados ¢ fanula,-com-pactos de vassalagem e recolonizagéo, a soberania dos paises em. desenvolvimento, Capitalismo de agressio, ¢ ele o inimigo miais feroz do Esta- do social porquanto percebe que este 0 ataca e organiza a resis- téncia dos povos oprimidos. . (0 Bstado social, nés0 vislumbramos hé cinco décadas, e 0 te- mos ainda por chave da-crise institutioiial deste Pats. Mas ele £6-funciondré’se o pevfilhtirios nas: instituitdes:poli- eas ao lado da democracia participativa, da qual 6, dé necessida- fo, na teoria, o predmbulo, e.na préxis, o érgio de execugio. Com 0: Estado social se positivaii os direitos fundamentais das Constituigdes progressivas:e libertérias. © * ‘As consideragSes acim expendidasicertifieam pois a’ relevan- cia atualizadora desfrutada’ pela temética deste livro, :agora. em sétima edigdo, > Vincula-se ele, por inteiro, a um pensamento abjuratido, jamais oblitetandoou ‘apostdtando-idéias, valores: prinefpies exarados numa linha de -eoneridadéespifitual inabdicdvel.. 5 wth PREFACIO DA 7 EDICAO. a Que munca nos falte, assim, jufzo ertico, espirito de anslise, energia, conviegio ¢, sobretudo,”consciéncia ética com que sus. tentar Propagar e defender aquele brevidrio de mandamentos da democracia e da justiga, que 6 a filosofia mesma do Estado so- cial em seu consércio com a soberania participativa do povo. Como se infere dai, a politica passa pela ética. Sem ética no exercfcio do poder, néo ha obediéncia nastida ou derivada do res. Brito Ie. Hid coagfo e modo, NAo hé tampouco direito na soie lade, mas arbitrio. Nao ha justiga, mas forga. N&o ha autoric nas opweseas, igé | rga. N&o hé autoridade, » Dessa -diregd ou ttiltis ~ tornas assinalar rt mos a assinalar - o legitimo Binds apr pat on lg gine prineipios b néo em decretos-leis; porque tem por si a legitimidade da. letra constitucions| einéo unicarhente a legalidade dos cédigos ou das regras -alterdveis ad nutum dos. legisladores de ocasiao, sem mandato’ popular, semlegitimidade, sem respeito a soberania, Senhores de um decisionismo refratério & ordem juridica ao Fegime; sto-eles, no caso'do Brasil,os autores de mals de qua tro -mil-medidas provisérias,’que desarticularam o Estado de'Di- feito atrpelaram as formas represetativas, feriram o dignida- ie das casas congressuais-~ desapossadais da func&o legiferante, invadida e'usurpada — desafiaram a independéncia dos tribunais, rompetan 0 saul, a divisto, a hariitnia’& a paridade consti- rucional dos poderes, enfirh, atentaram’ contra ‘a i ie cana’e fedérativa do sistema. ~ ssstnca republ Estado social, qual 0 entétidamos; & déiocracia, nao ‘ode nem medida de excegao, Sees ier nfo 6 desre: Estado de Direito, ‘nado ¢ valhiac i e do 6 valkdcpite de ambigdes prostitut- das ao eoatnleio dos poleres« dos andaton s ero néo é trafic de influéncia. que.avilta valores sociais. E poder responsével.e.néo entidade publica violadora dos in- teresses. do:pais‘e alienadora-da coberania, Nelasore dos is Estado“sovial, ‘por'-derradeito;"\é “avidentidade da a Estado’soc 6 ident nagio m mia; éxpreésa por uth ‘conistitieidHalisixe le“'libertacao, oor um igialitarititio'de democrat 4 fudifalisimo de salva- guarda”dos ‘direitos *funifa ” Em putras palavras, Estado social é efalid partitipativa’ que 2a a jaoa exec ag ek PREFACIO DA 6 EDICAO : «tic, iguatine ado social nasceu' de uma inspiragio de justica, igual de ieee ts mae sugestive do tela conatiicoral ee nelplo governative mais rico emigestacho no universe po oo cary rogar meio ntervenconitas para etabeecer 0 equils io nae ’ios bene socials, instifulu ele 20 mesmo pas wcarepie Se a St one Ttoriesa uona concepeio democratica de poder vineulada pr 3 direitos fundamentals, conee- teiro cistinta daquela peculiar ise subjetivintas do asst mn objetiva dos valores que o ser eomowoda paz eda justigana do. Teses sem lagos com a or coneretiza sob a égide de um objetivo mao sociedade. ‘feito, essa espécie de Estado socal, humanizador do po- er aes es fandafentossclis da iberdade,democrético na esséncia de seus valores, padece, de timo, amence etal i conser do das respectivas bases e conguistas. Esmaecé-lo e de} TERT part programaicn dao trmulas neoliberal propagadas ‘ertrnome da globalizacao e da econor mia de mercado, ' emo queda de fronteiras ao. capital migratério, cuja, expansio © crcl 6 0 tu dap sian vel ara decretar e perpetuar a ja ems elm conc desprotegidos, sistemes que demotam nas es rasdo Terceiro Mundo. * sa potas “Tem esse capital internacional yredatéria sobre o ‘bra dos pattesem desenvolvimento, porquanto gia de maieira especulativa, provoca crises, abala'a fazenda publica, desorgani ay ‘ikernas, derruba bolsas, dissolve economias, esmaga Rereados. ° PREFACIO DA.6 EDIGAO 13 As correntes déshationalizadoras navegatn todas no'barco do neoliberalismo: setus-axiomas inipugnam-o Estédo, a soberani nacionalidade, ¢ os éxércitos, cuja existéncia proclammam ind fazem como se tudo isso fora ansictonistio. Nad‘obstante,-selyeve- lam elas impotentes.para arrebatar o futuro as nacionalidades cons-_ tituidas ¢ calar o-Animo das-aspiragies:nacionais, que,confinuam, sendoo sangue da unidade decada organismonacional. + >. Demais, 6ijuees Shdbliberilisino quea regionilidadé dos ¢on- Atos militate 168 edinpos e rhonanhas balednieas da-ex-lugosl4- via, a par dos sobressaltos étnicos na Europa das Refides, lhes traz © desmentido das’ suas expectativas w prognésticos; bern assim a adverténcia de que'a nagdo, exprimindotumaiconsciéncia de identi- dade, 6a suprema vocagdo de'podér legitime-quie conduzo destino : dos povos Sobie ésses valores't © neoliberalismo.atéveair exanimeno vazio einconsisténciande'suas formulas idéias, ‘Cabe-inos assirialar, por igtial,’quie 0 néoliberalismo; invéstiga- do desaltas suas ratzése aférido mr sua niatireza, ado & endqaxnto forma’ politica regta de pderoW sistenta doutvindrio, mas to-S0- nieite aspecto'Secuhdario'e tributério da préptia eategoriathistni: cide organidagte dp Estado, que'chegou a'ium desraumals cleva= do de suas transformagées na'Segurida metade-do século XX pas- sando a'dendminar-se Estado social. © éonifromisso désse Ratado com a liberdade se fz irttiate- vel; a liBerdade éitebidida aqui ‘gm’ seu significado positivo, este que os liberais nunca compreerideram e nunca haverdo de compro ‘ender por hes ferir interesses econdmicos imediatose inarredavels, (Ora. significado positivo da liberdade, distinto do de Jellinek, que era o de um status negatious, néo pode deixar de ser 0 de sua con- spcdo como direito ental provido de dupla dimensio tec- rica! a'da subjetividade e a da objetividade. Desta ltima se achava desfaleadoo conceito do sAbio alemao. Fora desse angulo da bidimensionalidade e da associagio como Estado sotial ‘tériazmente recusada pelas posigdes neoliberais con tefipdtatiéss, a reflexdo' do" nesliberalismo, sobre ser retrocesso, Atta Conta’o dosenvolviments dIberdide mesma, cue iets

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