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CAPITULO 1 O Problema da Cooperag¢ao EM QUE CONDIGOES a cooperagao surgiré num mundo de egoistas sem uma autoridade central? Esta questao tem intrigado as pessoas ha muito tempo, e por um bom motivo. Sabemos que as pessoas nao sao anjos, e que elas tendem a pensar em si mesmas e€ em seus interesses em primeiro lugar. No entanto, sabemos também que a cooperacdo sempre ocorre e que nossa civilizacao baseia-se nela. Porém, em situagdes em que cada individuo recebe um incentivo para ser egoista, como a cooperacio pode se desenvolver? A resposta que cada um de nés dé a essa questao tem um efeito fundamental sobre nossa maneira de pensar € agir em nossas rela- gdes sociais, politicas e econdmicas; e as respostas que os outros dao tém um grande efeito sobre 0 modo como estarao aptos a cooperar conosco. A resposta mais famosa foi dada ha mais de trezentos anos por Thomas Hobbes. Era uma resposta pessimista. Ele afirmava que antes da existéncia dos governos, 0 estado da natureza era dominado 5 CAPITULO 1: eT problema de individuos egoistas que competiam em condicées a0 crucis que a vida era “solitdria. brdi ms » pobre, sérdida, embrutecida e curta.” (Hobbes 1651/1962, p.100). De seu ponto de vista, a coope- racéo nao poderia se desenvolver i idade central, e c : ro . al aes era necessario um governo forte. Desde entio. iscuss6 k os sOes sobre a abordagem adequada do governo tém questio. lo 5 4 x i 2 is seria possivel, ou nao, esperar que a cooperacao apareca ae hie - a pecorino especifico, caso nao houvesse uma autoridade policiar a situacao. - Atualm Ges i ‘e Gea as nacoes interagem sem autoridade central. Portanto. ‘OS para o surgimento d. do sa n la cooperagao sao relevant muitos i iti cblema assuntos importantes da politica internacional, O problema mais i : i s importante é o dilema da seguranga; as nag6es geralmente Bee pe ae seguranga através de meios que desafiam a as outras. Esse problema surge em 4 i i ficagao de conflitos locais e corridas eae Rieke a eee em relagGes internacionais na forma de hee fH ae ae a Aas ie ae tarifarias, e conflitos comunitarios en eee pee ge Afeganistao em 1979 apresentou aos oe nidos um tipico dilema de escolha. Caso os Estados a oo continuassem com seu comércio como de costume, a Unid Soviética poderia ser encorajada a tentar outras formas de eS om aaaaes nao-cooperativo mais tarde. Por outro lado, biter diminuicao substancial na cooperagao dos Estados Unidos ode aM vice em alguma forma de retaliacdo, 0 que poderia ie. oe ia or aaacZO) estabelecendo-se um padrao de hosti- dade muitua que poderia ser dificil de encerrar. Grande parte das discussées americanas sobre politica externa esta relacionada com problemas exatamente desse tipo. E de maneira apropriada, uma vi que essas sao escolhas dificeis. x om nosso cotidiano, podemos nos Perguntar quantas vezes iremos label ici para jantar se eles nunca nos retribuem o convite. € uma empresa concede favores a outro executivo 4 expectativa de obter favores em troca. Um jornalista que recebe 4 noticia vazada da cobertura favoravel a fonte na esperanga de vos furos. Uma empresa de um determinado setor com apenas um ore tativa de que a outra empresa Monicorrente cic preg {ambém mantenha seus precos elevados - para beneficio mutuo € _ em detrimento do consumidor. Para mim, um caso tipico do surgimento da cooperagio € 0 desenvolvimento de padrées de comportamento em um 6rgao legis- lativo como o Senado dos Estados Unidos, Cada senador recebe um incentivo para parecer eficaz diante de seu eleitorado, mesmo jis custas de conflitos com outros senadores que, por sua veZ, estao tentando parecer eficazes para os seus eleitores. Mas essa € dificil- mente uma situacio de interesses completamente opostos, um jogo de soma zero. Ao contrario, ha muitas oportunidades para atividades de recompensa mtitua por dois senadores. Essas a¢gGes mutuamente vantajosas levaram & criagao de um elaborado conjunto de normas, ou costumes, no Senado. A mais importante delas é a norma da reci- procidade - um costume que consiste em ajudar um colega e ser recompensado na mesma moeda. Isso inclui negociagées de votacao, mas se estende a tantos tipos de comportamento mutuamente recom- pensador que “nao é exagero dizer que a reciprocidade é um estilo de vida no Senado” (Matthews 1960, p.100; ver também Mayhew 1975). Washington nem sempre foi assim. Os primeiros observadores consideravam os membros da comunidade de Washington como inteiramente inescrupulosos, nao confidveis, ¢ caracterizados pela “falsidade, fraude, traicao” (Smith 1906, p.190). Nos anos de 1980, a pratica da reciprocidade estava bem estabelecida. Mesmo as mudangas significativas no Senado durante as duas tltimas décadas, tendendo a uma maior descentralizacao, maior abertura € distri- buicdo mais equitativa de poder, tém acontecido sem enfraquecer 0 costume de reciprocidade (Ornstein, Peabody e Rhode 1977). Como veremos, nao é necessario supor que senadores sao mais honestos, erosos, ou que tenham mais espirito publico que no passado mais gen baseada na reciprocidade surgiu ou para explicar como a cooperagao 5 CAPITULO 1: revelou-se estavel. O surgimento da coopera¢ao pode ser explicado como uma consequéncia da busca de cada senador pelos préprios interesses. * sborcagelll Gest Livro € investigar como individuos perse- guindo seus préprios interesses vao agir, seguido de uma anilise de quais serao os efeitos que isso terA no sistema como um todo. Colocado de outra forma, o enfoque é levantar hipoteses sobre os motivos individuais e, em seguida, deduzir quais as consequéncias Para 0 comportamento de todo o sistema (Schelling 1978). O caso do Senado americano é um bom exemplo, mas o mesmo tipo de racio- cinio pode ser aplicado em outros cendrios. A finalidade dessa iniciativa é desenvolver uma teoria de coope- ta¢ao que possa ser usada para descobrir o que é necessdrio para © surgimento da cooperacio. Ao compreender as condig6es que possibilitam seu surgimento, a¢6es apropriadas podem ser tomadas Para promover o desenvolvimento da cooperacdo em um cenario especifico. A Teoria da Cooperacao apresentada neste livro baseia-se numa pesquisa de individuos que procuram seus proprios interesses sem © auxilio de uma autoridade central para for¢a-los a cooperar entre si. O motivo para supor interesse pessoal deve-se ao fato de isso permitir um exame do dificil caso em que a cooperagao nao é total- mente baseada na Preocupacao com os outros ou no bem-estar do grupo como um todo. No entanto, é importante ressaltar que essa hipdtese é muito menos restritiva do que aparenta. Se uma garota esta preocupada com o bem-estar de seu irmao, 0 interesse pessoal da irma pode ser entendido como 0 ato de incluir (entre muitas outras coisas) essa preocupagio com o bem-estar de seu irmao. Mas isso nao elimina necessariamente todo 0 potencial de conflito entre irma e irmao. Da mesma forma que uma nacao pode agir em parte por consideracao aos interesses dos paises amigos, mas essa conside- Ta¢ao nao significa que mesmo paises amigaveis sao sempre capazes de cooperar para beneficio mituo. Assim, a hipdtese de interesse pessoal é apenas uma suposi¢ao de que a Preocupa¢ao com os outros 6 Problema da Cooperacao erar com iiio resolve completamente o problema de quando coop uando nao cooperar. ei 7. cooperagio é “ barreiras Um bom exemplo do problema fundamental da 0 caso de quando dois paises indusitializacs ip comerciais as exportagdes. Devido as vantagens a —— comércio, seria melhor para ambos se essas Cae eae nadas. Porém, se um dos paises een se dre i raria condi 4 a eae [le Ae verdade, seja qual for a decisio de i aid pele othe que o outro mantivesse suas proprias De Bos Pontantn, o problema consiste no ee de an a "a ine incentivo para manter as barreiras comerciais, levan tado pior do que teria sido possivel se os dois paises cooperassem uns com os outros. Esse problema basico ocorre quando a ae - a ada um leva a um resultado desfavoravel p x compreensio do amplo leque de eee Seva! tém essa caracteristica, é preciso uma maneira - repr Pee nee comum a essas situacdes sem se perder bed detal : aes oe uma. Felizmente, tal representa¢ao esta disponivel: 0 i do Prisioneiro.” Pci ma do Prisioneiro, ha dois jogadores. oe ih tem duas escolhas, cooperar ou deserter Cada um jak ae ” a escolha sem saber 0 que 0 outro fara. Nao eee a faca, a deserc¢ao sempre confere uma ae ee ee. cooperacao. O dilema ¢ que se ambos ea ees do que se tivessem cooperado. Ed jogo simples para toda a anilise utilizada neste livro. eresse pessoal ‘a todos. Para Pin pecificas que melho! No jogo do Dile: i jogador j iona ¢ ilustrado na Figura 1. Um joga como 0 jogo funciona é i j nes Sats ou desertando. O outro eee scolhe uma coluna, cooperando ou desertan' . s resultam em um dos quatro resultados possi- escolhe uma linha, simultaneamente, ¢: juntas, essas escolha: ; veis mostrados na matriz. CAPITULO 1: ; FIGURA 1 O Dilema do Prisioneiro Cooperar Desertar Cooperar R=3, R=3 S=0, T=5 Recompensa Pa do Simpléri yensa igamento do Simplério, Sted pela cooperacio mtitua | ¢ tentagao para Rea daLinha | Desertar T=5, S=0 P=1, P=1 Tentacao para desertar do pela Puniga ai le pagamento do Simpléri 4 ee a NOTA: Os pa; joge Pagamentos para o jogador que escolhe a linha aparecem primeiro, Se ambos cooperam, terao se saido razoavelmente bem. Ambo. ae R, a recompensa pela cooperagao mtitua. Na eee ‘a ‘igura 1, a recompensa é de 3 Pontos. Esse niimero poderia ser, por exemplo, um pagamento em délares que cada jogador Peete pelo resultado. Se um jogador coopera e o outro deserta, o desert : tecebe o valor correspondente a tenta¢ao para desertar, Leg Jogador que coopera recebe 0 pagamento do Simplério. No exempl esses valores so representados por 5 e 0 pontos, a Se ambos desertam, ambos recebem 1 ponto, desergéo miitua. respectivamente, que é a punicao pela © ce vocé deveria fazer num jogo como esse? Suponha voce € 0 jogador da linha, e vocé acha que o fomiee da colun eooperar. Isso significa que vocé receberd um dos dois reattada: primeira coluna da Figura 1. Vocé tem uma escolha. Vocé tar bem pesle cooperar, conseguindo os 3 pontos da recomp at tacao muitua. Ou vocé pode desertar, Pagamento pela tentacao. Portanto, achar que 0 outro jogador ira cooperai acha que 0 outro jogador ira desertar. Agora vocé esta na segund: coluna da Figura 1, e vocé tem uma escolha entre coope: ae 0 tornaria um simpl6rio e Ihe renderia 0 pontos, eae 8 ensa por coope- conseguindo os 5 pontos do vale a pena desertar se vocé r. Mas agora suponha que vocé e desertar, 0 que O Problema da Cooperacao resultaria em punicdo mttua e lhe renderia 1 ponto. Assim, vale a pena desertar se vocé achar que o outro jogador ira desertar. Isso significa que é melhor desertar se vocé pensar que 0 outro jogador ita cooperar, ¢ é melhor desertar se é p 7 tro jogad ird desertar. Portanto, nao importa 0 que o outro jogador faga, vale a pena desertar. Até aqui, sem problemas. Mas a mesma logica também é valida para o outro jogador. Assim, 0 outro jogador deveria desertar nao importa 0 que ele espera que vocé faga. Entao ambos deveriam desertar. Mas nesse caso os dois recebem 1 ponto, que é pior que os 3 pontos que receberiam como recompensa se ambos tivessem cooperado. A racionalidade individual leva a um pior resultado para ambos. Dai 0 dilema. O Dilema do Prisioneiro é simplesmente uma formulagao abstrata de algumas situagdes muito comuns e muito interessantes nas quais o que é melhor para cada pessoa individualmente conduz a desergao muitua, ao passo que todos seriam beneficiados se houvesse coope- racao mtitua. A definicao do Dilema do Prisioneiro requer que varias relac6es permanecam entre os quatro diferentes resultados possiveis. A primeira relagao especifica a ordem das quatro recompensas. O° melhor que um jogador pode fazer é conseguir T, a tentagao para desertar quando 0 outro jogador coopera. O pior que um jogador pode fazer é conseguir S, o pagamento do simplério por cooperar enquanto 0 outro jogador deserta. Ao ordenar os outros dois resul- tados, R, a recompensa pela cooperacao mutua, ¢ supostamente melhor que P, a punicao pela deser¢ao mutua. Isso leva a uma ordem. de preferéncia das quatro recompensas da melhor para a pior, ou seja, TR, PeS. A segunda parte da definic¢ao do Dilema do Prisioneiro diz que os jogadores nao podem escapar de seu dilema revezando-se para explorar um ao outro. Essa suposi¢ao significa que a mesma chance de explorar e ser explorado nao é um resultado tao bom para 0 jogador quanto a cooperacaéo mitua. Portanto, assume-se que a recompensa pela cooperagao mutua é maior que a média da recom- 9 CAPITULO 1: pensa pela tentacao e pelo simpldrio. Essa hipdtese, combinada a ordem de classificagéo das quatro recompensas, define 0 Dilema do Prisioneiro. Assim, dois egoistas jogando uma vez fario sua escolha domi- nante, a deser¢ao, e cada um receberd menos do que receberia se ambos tivessem cooperado. Mesmo que 0 jogo fosse executado por um numero finito de vezes, os jogadores nao teriam o incentivo para cooperar. Isso é certamente verdade na ultima rodada, uma vez que nao existe a influéncia do futuro. Na pentiltima rodada, nenhum jogador teré 0 incentivo para cooperar uma vez que ambos conseguem prever a desercio do outro jogador exatamente na ultima rodada, Essa linha de raciocinio implica que o jogo muda de direcao para voltar 4 deserc4o mtitua na primeira rodada de qual- quer sequéncia de jogadas de duragao finita conhecida (Luce e Raiffa 1957, pp. 94 - 102). Esse raciocinio nao se aplica caso os jogadores interajam varias vezes. E em situacdes mais realistas, os jogadores nao tém certeza de quando seré a ultima interacao entre eles. Como seré demonstrado posteriormente, com um numero indefinido de interagGes, a cooperacao pode surgir. A questdo entao se transforma em descobrir quais so as condigées exatas necessarias e suficientes para a cooperacao emergir. Neste livro vou examinar interagdes entre apenas dois jogadores de cada vez. Um tinico jogador pode interagir com muitos outros, mas sup6e-se que 0 jogador interage com eles um de cada vez.? O jogador também poderé reconhecer outro jogador e se lembrar de como os dois interagiram até o momento, Essa capacidade de reco- nhecer e se lembrar permite que o histérico de uma interagdo espe- cifica seja considerado na estratégia do jogador. Foram desenvolvidas varias maneiras para solucionar 0 Dilema do Prisioneiro. Cada uma inclui a permissio de alguma atividade adicional que altera a interacao estratégica de tal forma como se para mudar fundamentalmente a natureza do problema. Contudo, 0 problema original permanece, pois ha muitas situagGes em que esses 10 (© Problema da Cooperagio ivei i 4 considerado recursos nao estao disponiveis. Assim, 0 problema sera ¢ em sua forma basica, sem essas alteragoes. 1, Nao ha qualquer mecanismo disponivel para que 0s jogadores smpromissos (Schelling tenham a garanlia de alneds mo ny em se comprometer com w etermi- 960). Como nao pod 0. ometer com uma di : nada estratégia, cada jo: ador deve co! erar todas as estrate- consider: 1S aS gia, J08 . * g gias possiveis que podem ser usadas pe 0 outro jogador. Além disso, os jogadores tém todas as estratégias possivels disponi- veis para eles. 2, Nao ha meios de ter certeza do que o outro oe et ; i j Jimina a possibilidade da anal determinada jogada. Isso ¢ sbi ana j 1971), que possibilita op¢oes do metajogo (Howard ; sgl 2 yutro esta prestes a fazer. “faca a mesma escolha que 0 0 3 : sambHe elimina a possibilidade de reputacdes de eee jogador poderiam ser baseadas em observacoes do : do com terceiros. Assim, a unica s sobre cada um deles que um ; outro jogador interagin ‘ informacio disponivel para os jopaciore wis é seu proprio histérico de interagao até o momento. j 2 inte- 3, Nao ha meios de eliminar 0 outro jogador ou escapar da em ragao. Portanto cada jogador deverd cooperar ou desertar cada rodada. 4, N&o ha meios de mudar as recompensas do Oe kanes : As recompensas ja incluem qualquer consideragao oA jogador tem pelos interesses do outro (Taylor 1976, pp- - 73). Sob essas condigdes, as expressoes verbais que nao tenham 0 8 respaldo das agdes nao sao consi leradas. Os jogadores odem spali s agdes nao $s derad: Pp m os outros somente atraves da sequéncia de seu s . we. es oblema do Dilema do Prisio- proprio comportamento. Esse é 0 pr neiro em sua forma fundamental. O que torna possivel o surgimento da $08 jogadores poderem se encontrar varias veze: peragao é 0 fato dos s, Essa possibilidade 11 CAPITULO 1: significa que as escolhas feitas hoje nao apenas determinam o I tado dessa rodada, mas podem também influenciar as Teac : Ihas dos jogadores. O futuro Pode ofuscar o presente e assim af cra situacdo estratégica atual a Porém, o futuro é menos importante que o presente — por dois motivos. Primeiro porque os jogadores tendem a ees ta a recompensa a medida que o tempo de sua obtengio se volta = © futuro. O segundo é que sempre hé uma chance de os jo; aes hao se encontrem novamente. Uma relacdo continua pode aie quandojurn ou outro jogador se muda, falece, troca de em vai a faléncia. a ae Por esses motivos, a Tecompensa da préxima jogada vale sempr mene que a recompensa da jogada atual. Uma maneira natural = considerar essa alternativa é acumular as recompensas com o fenioo Para que a préxima jogada valha uma fracdo da jogada atual (Shubik 1970). O peso (ou importancia) da préxima jogada em relacio a jogada atual sera denominado P. Ele representa o grau com ef : recompensa de cada jogada é descontada em relacao a jo; ada @ ol Tor, € € portanto um pardmetro de desconto, or O parametro de desconto pode ser usado para determina: recompensa de uma sequéncia completa. Para dar um exe: lo simples, suponha que cada rodada vale apenas metade da i or tancia da rodada anterior, sendo P = %. Entao, toda uma ie desergdes mtituas corresponderia a 1 ponto na primeira Pine 4 na segunda, % na terceira, e assim por diante. O valor fectic a sequencia serial +4+% 4%... que totalizaria eee ‘i a ee um Ponto em cada jogada corresponderia a 1 + Pp a a pees os muito util é que a soma dessa série infinita para : qi Or ce p maior que zero e menor que um é simplesmente /(1-p). Para citar outro exemplo, se cada jogada vale 90 por cento d; ie bait uma série de 1’s valeria dez Pontos porque V-p} ae nan al = 10. De forma semelhante, com p ainda igual a Loa ‘compensas mutuas de 3 pontos valeria trés vezes > ja, 30 pontos. 12) O Problema da Cooperacao Agora considere um exemplo com dois jogadores interagindo. Suponha que um jogador siga a estratégia de sempre desertar (SEMPRE D), e que o outro siga a estratégia do OLHO POR POLHO. OLHO POR OLHO, Lit FOR LAL em ingles, ¢ a estalegia de cooperar na primeira jogada e depois fazer 0 mesmo que o outro fez na jogada anterior. Isso significa que aquele com a estratégia do OLHO POR OLHO vai desertar uma vez depois de cada desergao do outro jogador. Quando o outro jogador utiliza o OLHO POR OLHO, aquele que sempre deserta obterd T na primeira jogada e P em todas as jogadas subsequentes. O valor (ou pontuagdo) para alguém utili- zando SEMPRE D quando jogar com alguém utilizando 0 OLHO POR OLHO é a soma de T na primeira jogada, pP na segunda, p*P na terceira, e assim por diante.* Tanto o SEMPRE D como 0 OLHO POR OLHO sao estratégias. Em geral, uma estratégia (ou regra de decisdo) é uma especificagao do que fazer em qualquer situa¢ao que possa surgir. A situagao em si depende do histérico do jogo até o momento. Portanto, uma estra- tégia poderia ser utilizada para cooperar apds alguns padrées de interagao e para desertar apdés outros. Além disso, uma estratégia pode usar probabilidades, como no exemplo de uma regra total- mente aleatéria com probabilidades iguais de cooperacao e desergao em cada jogada. Uma estratégia também pode ser muito sofisticada em sua utilizacao do padrao de resultados no jogo até o momento para determinar 0 que fazer em seguida. Um exemplo é aquele em que, a cada jogada, modela-se 0 comportamento do outro jogador usando um procedimento complexo (como o processo Markov), e depois usa-se um método sofisticado de inferéncia estatistica (como a andlise Bayesiana) para selecionar qual seria a melhor escolha em longo prazo. Ou pode ser ainda uma combinagao complexa de outras estratégias. A primeira pergunta que se faz é, “qual é a melhor estratégia?” Em outras palavras, qual estratégia confere ao jogador a pontuacao maxima? Essa é uma boa pergunta, mas, como serd demonstrado mais tarde, nenhuma regra melhor existe independentemente da 13 CAPITULO 1: estratégia utilizada pelo outro jogador. Nesse sentido, o Dilema do Prisioneiro Iterado é completamente diferente de um jogo como o xadrez. Um mestre de xadrez pode utilize de que o outro jogador vai fazer i - east ie, an a mais temida jogada. Num jogo pong xadrez, essa hipdtese oferece a base para planejar, pois os interesses dos jogadores sio completamente opostos. Mas ae 40 eae no jogo do Dilema do Prisioneiro é muito diferente. a ae dos jogadores nao estio em conflito total. Ambos Pee se sair bem obtendo a recompensa, R, pela cooperagiéo mutua ou ambos podem se sair mal obtendo a punicao, P, pela desergao mutua. Considerar a hipdtese que um jogador sempre fara a jogada que 5 outro mais teme o levard a esperar que aquele nunca cooperara, 0 ae por sua vez o levara a desertar, causando interminaveis punts GOes. ta ao contrario do jogo de xadrez, nao é seguro afirmar a. ilema do Prisioneiro 0 outro jogador esta armando para te Na verdade, no Dilema do Prisioneiro, a estratégia que funciona melhor depende diretamente de qual estratégia o outro jogador esta malizando e, em especial, se essa estratégia abre espaco para o ae polymento da cooperacao mutua. Esse principio baseia-se no peso da préxima jogada com relacao a jogada atual sendo suficientemente elliey para que o futuro tenha importancia. Em outras palavras, 0 parametro de desconto, p, deve ser alto o suficiente para fazer ie que o futuro tenha importancia no calculo das recompensas totais Afinal, se néo ha probabilidade de um jogador encontrar 0 ste novamente, ou se vocé nao se importa muito com as recompensas futuras, entéo vocé pode desertar agora e nao se preocupar com as consequéncias futuras. oe oa a primeira proposicao formal. Ea triste noticia de que se o futuro é importante, entéo nao ha melhor estratégia. Proposi¢do 1. Se o parametro de desconto, p, é alto o suficiente. nao ha melhor estratégia independente da estr: ada pelo pendente da estratégia u d: ; gia utiliz: 0 14 © Problema da Cooperacao A prova em si nao é dificil. Suponha que um jogador esteja utili- yando aestratégia de sempre desertar, SEMPRE D. Se 0 outro jogador punca cooperar, o melhor a fazer é sempre desertar. Agora suponha, por outro lado, que 0 outro jopecs tilizando a estratégia de “retaliagao permanente.” Essa éa estratégia de cooperar até que vocé deserte e, entao, continuar desertando depois disso. Nesse caso, 4 melhor estratégia para voce é nunca desertar, considerando que a tentacao de desertar na primeira jogada ira, eventualmente, ser mais que compensada pela desvantagem em longo prazo de nao se conse- guir nada além da punicao, P, ao invés da recompensa, R, em jogadas futuras. Isso sera verdade sempre que © parametro de desconto, ps for suficientemente alto.* Assim, se um jogador deve cooperar ou nao, mesmo na primeira jogada, depende da estratégia utilizada pelo outro jogador. Portanto, se p for suficientemente alto, nao ha uma melhor estratégia. No caso de uma legislatura como 0 Senado americano, essa propo- sicdo afirma que se existir uma grande chance de um membro inte- ragir novamente com outro, nao hé uma melhor estratégia para usar independentemente da estratégia sendo usada pela outra pessoa. Seria melhor cooperar com alguém que ira retribuir essa coope- ragao no futuro, mas nao com alguém cujo comportamento futuro nao sera muito influenciado por essa interacao (ver, por exemplo, Hinckley 1972). A probabilidade de se conseguir cooperagao mutua estavel depende de haver boa chance de interacao continua, como medida pela magnitude de p. Como acontece, no caso do Congresso, a chance de dois membros terem uma interag4o continua aumentou drasticamente 4 medida que as taxas de rotatividade bienal cairam de cerca de 40 por cento, nos primeiros quarenta anos da republica. para cerca de 20 por cento ou menos, recentemente (Young 1966, pp- 87 - 90; Polsby 1968; Jones 1977, p. 154; Patterson 1978, pp. 143 - 44). Contudo, dizer que uma chance continua de interagao é neces- saria para 0 desenvolvimento da cooperagao nao é 0 mesmo que dizer que ela é suficiente. A comprovacéo de que nao existe uma 15 CAPITULO 1: unica estratégia melhor deixa em aberto a questao sobre quais padrées de comportamento pode-se esperar que surjam quando realmente existe uma alta probabilidade de interacdo continua entre dois individuos. Antes de prosseguir no estudo do comportamento que pode surgir, é uma boa ideia olhar mais de perto quais caracteristicas da realidade que o quadro do Dilema do Prisioneiro é, e nao é, capaz de abranger. Felizmente, a propria simplicidade do quadro torna possivel evitar muitas hipoteses restritivas que em outras circuns- tancias limitariam a andlise: 1. As recompensas dos jogadores nao precisam ser compara- veis, de forma alguma. Por exemplo, um jornalista poderia ser recompensado com outra noticia, enquanto que o politico cooperador seria recompensado com uma chance de apre- sentar um argumento politico de forma favordvel. 2, As recompensas certamente nao tém de ser simétricas. Consi- aoa a interagéo como exatamente equivalente, da perspec- tiva dos dois jogadores, é conveniente, mas nao necessario. Por exemplo, nao é necessario supor que a recompensa pela cooperagao miitua, ou qualquer dos outros trés parametros de recompensa, tem a mesma magnitude para os dois jogadores. Conforme mencionado anteriormente, nem mesmo é preciso supor que eles sio avaliados em unidades comparaveis. A unica suposicao que deve ser feita é que, para cada jogador, as quatro recompensas sao ordenadas conforme necessario para a definicdo do Dilema do Prisioneiro. 3, Nao énecessario medir as recompensas de um jogador numa escala absoluta. Elas precisam ser medidas somente com relagéo umas as outras.‘ 4. A cooperagao nao precisa ser considerada desejavel do ponto de vista do restante do mundo. Ha momentos em que alguém quer impedir, em vez de incentivar, a cooperagao entre joga- 16 © Problema da Cooperagao dores. Praticas de colusio empresarial sio interessantes para os envolvidos nos negécios, mas nao tao boas para o restante da sociedade. Na verdade, a maioria das formas de corrup¢ao sao casos de cooperagav be ipantes mr E E mas nao tio bem-vindos para os demais. Portanto, algumas vezes, a teoria ser utilizada em sentido inverso para mostrar como coibir a cooperacio, ao invés de incentiva-la. 5, Nao é necessario supor que os jogadores sao racionais. Eles nao precisam tentar maximizar suas recompensas. Suas estratégias podem simplesmente refletir procedimentos de operacao padrao, métodos empiricos, instintos, habitos ou imitagao (Simon 1955; Cyerte March 1963). 6. As acdes dos jogadores nao sao necessariamente escolhas conscientes. Uma pessoa que as vezes retribui um favor, e as vezes nao, pode nao ter consciéncia da estratégia utilizada. Nao ha qualquer necessidade de presumir escolha deliberada.’ O quadro é suficientemente amplo para abranger nao apenas pessoas, mas também nagoes € bactérias. As nagées certamente tém atitudes que podem ser interpretadas como escolhas num jogo do Dilema do Prisioneiro - como na majoracéo ou reducao de tarifas. Nao é necessdrio pressupor que tais atos sejam racionais ou que sejam o resultado de um representante unificado buscando um (inico objetivo. Pelo contrario, elas podem muito bem ser 0 resultado de uma politica burocratica extremamente complexa envolvendo complicado processamento de informagao e mudangas de coalizées politicas (Allison 1971). Da mesma forma, no outro extremo, um organismo nao precisa de um cérebro para jogar. As bactérias, por exemplo, sao altamente sensiveis a determinados aspectos de seu ambiente quimico. Elas podem, portanto, responder de forma diferenciada ao que outros organismos estao fazendo, e essas estratégias condicionais de comportamento podem ser herdadas. Além disso, o comportamento 17 CAPITULO 1: de uma bactéria pode afetar a adaptacao de outros organismos em torno dela, assim como 0 comportamento de outros organismos 1 ese 7 E I gicas serao guardadas para o Capitulo 5. Por ora, 0 interesse principal é com as pessoas e as organiza¢oes. No entanto, é bom saber por uma questao de generalidade, nao é necessario supor muito sobre o quao deliberadas e perspicazes as pessoas sio. Também nao é necessario supor, como os sociobis- logos fazem, que aspectos importantes do comportamento humano so guiados por seus genes. A abordagem aqui é estratégica, e nao genética. Naturalmente, a formulagao abstrata do problema de cooperagao como um Dilema do Prisioneiro nao considera muitas caracteris- ticas vitais que tornam qualquer interac4o real excepcional. Exem- plos do que nao é considerado por essa abstracao formal inclui a possibilidade de comunicacao verbal, a influéncia direta de terceiros, os problemas para implementar uma escolha e a incerteza sobre 0 que 0 outro jogador realmente fez na jogada anterior. No Capitulo 8 alguns desses fatores complicadores sao acrescentados ao modelo bdsico. E evidente que a lista de fatores potencialmente relevantes que nao foram considerados poderia ser estendida quase que inde- finidamente. Certamente, nenhuma pessoa inteligente deveria fazer uma escolha importante sem tentar levar em consideracao tais fatores complicadores. O valor de uma andlise sem eles é que pode ajudar a esclarecer alguns dos aspectos mais sutis da interagao - aspectos que poderiam, de outro modo, ser perdidos no labirinto de complexidades das altamente especificas circunstancias em que uma escolha deve realmente ser feita. E a propria complexidade da realidade que torna a andlise de uma interacao abstrata tao util como auxilio 4 compreensio. O capitulo seguinte explora o surgimento da cooperacao por meio de um estudo sobre qual é uma boa estratégia para se empregar se confrontado com um Dilema do Prisioneiro iterado. Esse estudo é feito de forma diferente, com um torneio de computador. Tedricos 18 julie © Problema da Cooperacao dos jogos, profissionais, foram convidados a enviar suas estratégias favoritas, e cada uma dessas regras de decisao foi comparada com 1 t vial eria a melhor no geral. Surpre cada ur E 1 endentemente, a vencedora foi a mais simples de todas as estraté- gias apresentadas; OLHO POR OLHO, a estratégia que coopera na primeira jogada e depois faz 0 mesmo que o outro jogador fez na jogada anterior. Uma segunda rodada do torneio foi realizada, em que muitas outras estratégias foram enviadas por amadores e profissionais, todos eles cientes dos resultados da primeira rodada. © resultado foi outra vitéria para OLHO POR OLHO! A anilise dos dados desses torneios revela quatro propriedades que tendem a tornar uma regra de decisao bem sucedida: evitar conflitos desneces- sdrios cooperando & medida que 0 outro jogador coopera, a provo- cacao frente a uma desergao desnecessaria pelo outro, o perdao apés reagir a uma provocacao, e a clareza de comportamento para que 0 outro jogador possa se adaptar ao seu padrao de agao. Esses resultados para os torneios demonstram que em condi- gGes adequadas, a cooperacéo pode realmente surgir num mundo de egofstas sem autoridade central. Para verificar a amplitude da aplicagéo desses resultados, uma abordagem tedrica é apresentada no Capitulo 3. Uma série de proposi¢ées so comprovadas, que nao apenas demonstram quais sao os requisitos para o surgimento da cooperacao, mas também fornecem um histérico cronolégico da evolugéo da cooperacio. Aqui esté o argumento, em poucas pala- vras. A evolucio da cooperacio requer que individuos tenham chances suficientemente grandes de se encontrar novamente para que tenham um interesse nas rela¢ées futuras. Se isso é verdadeiro, a cooperagio pode evoluir em trés estagios: 1. © inicio da historia é que a cooperacao pode ser iniciada mesmo num ambiente de deser¢des incondicionais. O desen- volvimento ndo pode ocorrer se for tentado apenas por indi- viduos dispersos sem qualquer chance de interagir entre si. Contudo, a cooperagio pode evoluir a partir de pequenos grupos de individuos que adotam a reciprocidade como base 19 CAPITULO 1: para sua cooperacao e tem uma pequena Ppropor¢ao de sua interagao com os outros. 2. Outieio da biettnia dd © Ge Mistolia © que ura esirategia baseada na reciproci- dade pode florescer num ambiente em que muitos tipos dife- rentes de estratégias esto sendo utilizadas, 3. O final da histéria é que a cooperagao, uma vez estabelecida com base na reciprocidade, pode se proteger da invasao de estratégias menos cooperativas. Assim, as rodas da engre- nagem da evolugao social tém uma catraca. Os Capitulos 4 e 5 consideram situagdes reais para demonstrar a amplitude da aplicacao desses resultados. O Capitulo 4 trata do caso fascinante do sistema “viva e deixe viver” que surgiu em combates nas trincheiras da Primeira Guerra Mundial. Em meio a esse terrivel conflito, os soldados do front muitas vezes detinham-se ao atirar para matar ~ desde que os soldados do outro lado fizessem 0 mesmo, O que tornou essa conten¢ao mtitua possivel foi a natureza estatica da guerra nas trincheiras, onde as mesmas unidades pequenas se enfren- tavam por longos perfodos. Na verdade, os soldados dessas pequenas unidades inimigas violavam ordens de seus superiores para conse- guir a cooperacao tacita uns com os outros. Um olhar detalhado sobre esse caso mostra que quando ha condig6es para o surgimento da cooperacao, a cooperacao pode ser iniciada e mantida de forma estavel em situacdes que de outro modo Ppareceriam completamente desfavoraveis. O caso especifico do “viva e deixe viver” demonstra que a amizade raramente é necessdria para o desenvolvimento da cooperacao. Em condigées adequadas, a cooperagio baseada na reci- procidade pode se desenvolver mesmo entre adversarios. © Capitulo 5, escrito com o bidlogo evolutivo William D, Hamilton, demonstra que a cooperagéo pode surgir mesmo sem previsdo. Isso é feito ao mostrar que a Teoria da Cooperacao pode explicar os padrées de comportamento encontrados numa vasta gama de sistemas bioldgicos, de bactérias a passaros. A cooperacio 20 O Problema da Cooperagéo em sistemas bioldgicos pode ocorrer mesmo quando os participantes nao estao relacionados, e mesmo quando sao incapazes de avaliar Ss consequéncias d possivel séo os mecanismos evolutivos da genética e da sobrevi- véncia do mais apto. Um individuo capaz de obter uma reacao bené- fica de outro tem maior probabilidade de ter uma descendéncia que sobreviva e que mantenha o padrao de comportamento que suscitou respostas benéficas dos outros. Assim, em condigées adequadas, a cooperagao baseada na reciprocidade se revela estavel no mundo biolégico. As aplicagées possiveis séo definidas para determinados aspectos de territorialidade, acasalamento e doenga. A conclusio ¢ que a énfase de Darwin sobre a vantagem individual pode, de fato, explicar a presenca da cooperacio entre individuos da mesma espécie ou mesmo de espécies diferentes. Enquanto as condi¢gées adequadas estiverem presentes, a cooperacdo pode surgir, prosperar © se estabilizar. Embora a previsao nao seja necessaria par a evolugao da coope- ragao, ela certamente pode ser util. Portanto, os Capitulos 6 e 7 sio dedicados a oferecer aconselhamento aos participantes e refor- tmadores, respectivamente. O Capitulo 6 explica as implicag6es da ‘Teoria da Cooperagao para qualquer um que participar do Dilema (lo Prisioneiro. Do ponto de vista do participante, o objetivo é fazer 0 inelhor possivel, seja qual for o desempenho do outro jogador. Com base nos resultados do torneio e nas proposicées formais, quatro ‘ulgestées simples sao oferecidas para escolha individual: nao ter Inveja do sucesso do outro jogador; nao ser o primeiro a desertar; fetribuir tanto a cooperagao quanto a deser¢ao; e nao ser esperto (lemais. Compreender a perspectiva de um participante pode também fervir como base para verificar 0 que pode ser feito para facilitar () desenvolvimento da cooperacao entre egoistas. Assim, o Capitulo 7 considera a perspectiva Olimpica de um reformador que quer Hmudar Os termos das interag6es de modo a estimular o surgimento tl) cooperagao. Uma grande variedade de métodos sao considerados, seu proprio comportamento. O que torna isso 21 CAPITULO 1: tal como tornar as interagées entre os jogadores mais prolongadas e frequentes, ensinar os Participantes a se importarem uns com os outros, e ensind-los a compreender o valor da Teciprocidade. A pers- Pectiva desse reformador permite uma P io nda sobre uma grande variedade de tépicos, da forca da burocracia as dificul- dades dos ciganos, e da moralidade do OLHO POR OLHO 4 arte de escrever tratados. O Capitulo 8 expande as implicagdes da Teoria da Cooperacao Para novos dominios. Ele mostra como os diferentes tipos de estru- tura social afetam a maneira como a cooperagao pode se desen- volver. Por exemplo, as Pessoas frequentemente se relacionam de maneiras que sao influenciadas por caracteristicas observaveis, como sexo, idade, cor da pele e estilo de vestir. Isso pode levar a estruturas sociais baseadas em esteredtipos e hierarquias de status. O papel da reputagao também é considerado como outro exemplo de estrutura social. A luta para estabelecer e manter a reputagao de alguém pode ser uma caracteristica importante de conflitos intensos, Por exemplo, a intensificagao da guerra, pelo governo americano, no Vietnd em 1965 deveu-se principalmente ao desejo do governo de dissuadir outros desafios Para seu interesse mantendo sua Teputagao no cendrio mundial. Esse capitulo também considera a preocupagao do governo em manter sua reputagdo com seus proprios cidadaos. Para ser eficaz, um governo nao pode impor suas decisées, mas deve obter a adesio da maioria do Povo governado. Para isso, é neces- sario estabelecer as regras Para que a maioria dos governados ache vantajoso obedecer na maior parte do tempo. As implicacées dessa abordagem sao fundamentais Para o funcionamento da autoridade, e sao exemplificadas pela regulamentacao da poluicao industrial e pela supervisao das leis do divércio. No Capitulo final, a discussao evolui do estudo sobre o surgimento da cooperacao entre egoistas sem autoridade central para uma anilise do que acontece quando as Pessoas realmente se importam umas com as outras, e o que acontece quando existe autoridade central. Mas a abordagem basica é sempre a mesma: verificar como os indi- 22 Bi Ficblema ca Cooperaczo i viduos operam em seu préprio interesse revela 0 que acontece com todo o grupo. Essa abordagem oferece mais que a Sore eeeD Aa t perspectiva de um tinico jogador. Ela também oferece uma avaliagao do que € necessario para promover a estabilidade da ooperad mutua numa determinada situagéo. A descoberta mais promissora éa de que se os fatos da Teoria da Cooperacao sio conhecidos pelos i participantes com antecipagao, a evolucao da cooperasio pode ser acelerada. 23

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