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ÍNDICE
1. Introdução........................................................................................................................................................................................................................................................................... 3
2. Panorama nacional da irrigação ................................................................................................................................................................................................................................ 5
2.1 Agricultura irrigada por pivôs centrais......................................................................................................................................................................................................... 6
3. Sistemas de irrigação: vantagens e desvantagens.............................................................................................................................................................................................. 7
3.1 Irrigação superficial............................................................................................................................................................................................................................................... 7
3.2 Irrigação localizada.............................................................................................................................................................................................................................................. 9
3.3 Irrigação por aspersão........................................................................................................................................................................................................................................ 11
4. Antes de implantar o sistema de irrigação............................................................................................................................................................................................................ 13
5. Cuidados após implantar o sistema de irrigação................................................................................................................................................................................................. 14
5.1 Impacto dos custos de energia elétrica ou combustível......................................................................................................................................................................... 14
5.2 Irrigar não é só jogar água: uso sustentável dos recursos hídricos................................................................................................................................................... 15
5.3 Invista em tecnologia........................................................................................................................................................................................................................................... 16
5.4 Esteja atento com a manutenção e calibração.......................................................................................................................................................................................... 17
6. Manejo da irrigação......................................................................................................................................................................................................................................................... 18
6.1 Manejo da irrigação integrado: via solo e atmosfera............................................................................................................................................................................... 19
6.2 Via solo..................................................................................................................................................................................................................................................................... 22
6.3 Via atmosfera.......................................................................................................................................................................................................................................................... 26
6.4 Via Planta................................................................................................................................................................................................................................................................. 30
Planos e Serviços.................................................................................................................................................................................................................................................................. 32
A irrigação é uma técnica que tem como objetivo suprir as necessidades hídricas de uma
área plantada em decorrência à baixa disponibilidade hídrica ou a má distribuição das
chuvas. Quando bem implantada, a irrigação viabiliza e melhora a qualidade da produção
agrícola ao longo do ano.
Em 2012, segundo dados da Organização das Nações Unidas para Alimentação e Agricultura
(FAO), 20% da área cultivada no planeta era irrigada, sendo responsável por 40% na pro-
dução de alimentos. Isso significa que a eficiência na utilização e produtividade da área
irrigada para a não irrigada é de 2 a 3 vezes maior, em relação à agricultura de sequeiro.
Ainda segundo a FAO, a estimativa é de que cerca de metade da água utilizada para irri-
gação é desperdiçada. Entre os motivos do desperdício estão irrigações mal-executadas
e falta de controle do agricultor na quantidade usada em lavouras e no processamento dos
produtos. Os impactos recaem sobre o ecossistema, já que lençóis freáticos e rios sofrem
com a falta de chuvas e correm o risco de secar ao longo dos anos.
Por outro lado, muitos produtores deixam de utilizar a agricultura irrigada por acreditarem que é uma tecnologia cara, complexa e que, geralmente,
o retorno não supera o investimento.
O futuro na produção de alimentos para uma população mundial, que só tende a crescer, é o potencial de irrigação de áreas agrícolas. Porém, é
importante ressaltar que não basta irrigar, é preciso que haja planejamento, monitoramento e uma boa gestão da irrigação.
A chegada da tecnologia da informação no campo, com uso de tecnologias como Big Data, monitoramento por satélite e sensores, permitem trazer
uma eficiência ainda maior para o campo da irrigação, evitando desperdícios e aproveitando melhor o potencial produtivo de cada cultura.
Por isso, trazemos esse ebook para você. Nele, apresentamos as dificuldades atuais enfrentadas pela irrigação e os fatores que você deve estar
atento, em relação ao planejamento, monitoramento e controle, para garantir uma irrigação sustentável, no sentido ambiental e econômico
Nas regiões que são afetadas pela escassez de água contínua, como no Semiárido brasi-
leiro, a irrigação é fundamental, e a maior parte da agricultura só se viabiliza mediante a
aplicação de água. Por outro lado, as regiões afetadas por escassez em alguns períodos
específicos do ano, como na região central do País (entre maio e setembro), diversas culturas
viabilizam-se apenas com a aplicação suplementar de água, embora a produção possa ser
realizada normalmente no período chuvoso.
Dentre os tipos de irrigação, os que são mais utilizados atualmente são à irrigação super-
ficial, localizada e por aspersão. Dentre os motivos pela expressiva expansão dos tipos
de irrigação localizada e por aspersão estão: a economia de água e energia elétrica pro-
porcionada pela irrigação localizada; a praticidade e o benefício em irrigar com 100 % de
cobertura, no caso da irrigação por aspersão.
O Brasil possui cerca de 20 mil pivôs centrais que irrigam uma área de 1,275 milhão de hec-
tares. Estamos entre os dez países com maior área irrigada no planeta. Mesmo assim, o País
tem potencial para aumentar em cinco vezes as lavouras com essa tecnologia de irrigação.
Foi o que mostrou estudo feito pela Embrapa e pela ANA. Segundo o levantamento, entre
2006 e 2014 o uso de pivôs centrais no Brasil cresceu 43%.
Na divisão hidrográfica nacional, destacam-se maiores áreas ocupadas por pivôs nas regiões
Tocantins-Araguaia e São Francisco e nas bacias dos rios Grande, Paranapanema e Paranaíba
(ambas na região hidrográfica do Paraná)
Figura 3 -
Fonte: Levantamento da agricultura irrigada por pivôs centrais no brasil -
2014 (ANA E EMBRAPA)
Não existe um tipo ou sistema ideal para qualquer propriedade, por isso é importante conhecer as vantagens e desvantagens de cada tipo de sis-
tema de irrigação e suas peculiaridades que melhor atendem sua necessidade. Todo sistema de irrigação, qualquer que seja ele, deve ser utilizado
dentro de suas limitações obedecendo a relação água-solo-planta ideal para a região.
Vantagens
• Baixo custo de implantação e consumo de energia;
• Favorece o aumento da fotossíntese nas folhas mais baixas,
devido ao reflexo da luz na água;
• O vento não limita a irrigação;
• Permite a utilização de água com sólidos em suspensão;
• Promove a fixação do nitrogênio atmosférico, em decorrência
ao favorecimento do crescimento de algas verde-azuis;
• Não requer equipamentos sofisticados e mão de obra qualificada.
Desvantagens
• Água parada pode prejudicar as plantas, principalmente pela
diminuição da respiração das raízes;
• Bastante dependente da declividade do solo;
• Baixa eficiência, pois ocorrem perdas de água por percolação
e evaporação;
• Erosões frequentes nos sulcos;
• Requer muita mão de obra;
• Manejo de irrigação complexo e pouco preciso;
• Método muito agressivo ao meio ambiente, principalmente por
poder causar salinização do solo.
Os dois sistemas básicos na irrigação localizada são a microaspersão e o gotejamento. Neste tipo de irrigação, a água é aplicada na área ocupada
pelas raízes das plantas, formando um bulbo molhado ou faixa úmida, sendo o solo o responsável por sua distribuição. Desta forma, as caracterís-
ticas físicas e de estrutura do solo, definem a quantidade de gotejadores ou emissores necessários para aplicar água uniformemente em cada planta.
Esse tipo de irrigação é ideal para solos densos, com baixa taxa de infiltração, pois a água pode ser aplicada em fluxo suficientemente baixo para
que o solo a absorva, reduzindo ou eliminando o escorrimento superficial. Os solos arenosos, sem capacidade de armazenar a umidade, também
podem ser cultivados dessa forma, usando-se irrigação mais freqüente.
Além disso, essa técnica é indicada para áreas áridas, pois a eficiência de aplicação é elevada. Por isso esse tipo de sistema é muito aplicado na
produção de hortaliças e frutas, principalmente nas regiões Sudeste e Nordeste.
Quando a irrigação pelo sistema de gotejamento ou microaspersor é associada à fertilização ou à quimigação, o sucesso agrícola pode ser muito
maior. Neste caso, a plantação recebe fertilizantes e defensivos, por meio da irrigação. Esses sistemas de irrigação podem ser enterrados a pro-
fundidades de 4 a 30 cm, ou se estender-se pela superfície do terreno. Os sistemas enterrados são menos vulneráveis a danos mecânicos e aos
causados por pragas.
Desta forma, graças ao ciclo de irrigação leve e constante, é possível manter a umidade do solo próxima das condições ideais e levar os nutrientes
de forma contínua para as plantas, reduzindo o estresse.
Vantagens
• Baixo custo de mão-de-obra e de energia, pois utiliza bombas
de baixa vazão que consomem até 50% menos energia que os
outros sistemas;
• Elevada eficiência de aplicação, como a água é aplicada
diretamente na raiz, ocorrem poucas perdas por evaporação e
por escorrimento superficial;
• Facilidade e eficiência na aplicação de fertilizantes e defensivos,
com a fertirrigação e a quimigação;
• Grande adaptação aos diferentes tipos de solo;
• Mantém o solo uniformemente úmido e com oxigênio;
• Menos doenças, pois como a folhagem não se molha e a umidade
do solo é controlada, tem-se menor incidência de doenças
fúngicas;
• O vento e a declividade do terreno não limitam a irrigação.
Desvantagens
• Alto custo inicial, devido à grande quantidade de tubulações;
• Bastante sensível ao entupimento dos orifícios de saída de água;
• Diminuição da profundidade das raízes, devido à constante
disponibilidade de água, isso pode diminuir a estabilidade da
planta;
• Requer mão-de-obra especializada.
Esse tipo de irrigação simula uma chuva artificial onde um aspersor expele água para o ar, que por resistência aerodinâmica se transforma em
pequenas gotículas de água que caem sobre o solo e plantas. O sistema de aspersão convencional é considerado o sistema básico de irrigação por
aspersão, do qual derivaram todos os demais. Seus principais sistemas são a aspersão convencional, o pivô-central e o auto-propelido.
A irrigação por aspersão é indicada para solos de alta permeabilidade e de baixa disponibilidade de água, como a maioria dos solos da região dos
Cerrados. Esses solos requerem irrigações frequentes, com menor quantidade de água por aplicação, o que é mais fácil de ser conseguido com
irrigação por aspersão do que por superfície. Talvez, por isso que as regiões Centro-Oeste, Sudeste e Nordeste; concentram a maioria dos asper-
sores do país.
Com exceção do pivô central, esse tipo de sistema também é indicado para terrenos com declives mais acentuados e até mesmo solos arenosos.
As culturas mais irrigadas por esse sistema são as pastagens e grãos em geral; como a soja, o milho, o feijão.
Vantagens
• Dispensa o preparo ou sistematização do terreno;
• Elevada eficiência de aplicação;
• Facilidade e eficiência na aplicação de fertilizantes e defensivos,
com a fertirrigação e a quimigação;
• Melhor controle da lâmina de irrigação;
• Pode ser totalmente automatizado; requerendo baixo custo de
mão de obra.
Desvantagens
• Aumenta o desenvolvimento de doenças, devido às folhagens
úmidas;
• Elevados custos iniciais, de energia e de manutenção;
• Limitada pelo vento;
• Pode causar danos ao solo, devido ao escoamento de água nas
proximidades.
Atualmente, para implantar um sistema de irrigação em sua propriedade é necessário possuir outorga para a atividade. No Brasil, a ANA é a
responsável pela emissão das outorgas de irrigação.
Com essa outorga é até possível solicitar linhas de crédito para irrigação. No entanto, para solicitar a autorização é necessário cumprir os requisitos
estipulados pela agência; que se baseiam principalmente na disponibilidade hídrica local. Também é necessário verificar os critérios estabelecidos
em cada agência estadual de recursos hídricos, pois podem se diferenciar dos estabelecidos pela agência nacional.
Outro aspecto importante de se verificar é se a água disponível para irrigação é boa para-se realizar a atividade. Os teores elevados de sais, mate-
riais em suspensão e a presença de patôgenos, podem afetar a escolha do sistema de irrigação e da cultura a ser implantados, ou até impedir o
uso da água para irrigação. Para verificar a qualidade da água a ser usada na irrigação, podem ser realizadas análises em laboratórios do IPA, da
Embrapa, Universidades Federais e de outras instituições credenciadas.
Além disso, a escolha do sistema mais adequado para a sua propriedade deve considerar o tipo de solo, o relevo, a disponibilidade de água, o
clima, a cultura e o manejo de irrigação. Também é importante verificar se sua propriedade fica em alguma das regiões onde a cobrança da irri-
gação já foi implantada. Portanto, antes de instalar o sistema em sua fazenda é importante que você consulte um engenheiro agrônomo para lhe
orientar na melhor decisão.
Sem gerenciamento e sem um manejo de irrigação ideal, qualquer tipo de sistema de irrigação vai gerar desperdícios de água, de dinheiro e perda
de produtividade. Isso ocorre até mesmo com os sistemas mais eficientes e melhores projetados. Por isso são sugeridos 4 recomendações para
uma boa gestão da sua irrigação:
Uma das alternativas é utilizar o horário em que a tarifa de energia elétrica é mais barata,
durante a madrugada. Diversas distribuidoras de energia possuem programas que esti-
mulam a ligação do sistema de irrigação após o horário de pico, que vai das 21:30 até as
06:00. Vale à pena procurar a empresa responsável pela energia elétrica de sua região e
se informar dos contratos sobre tarifa verde para sistemas de irrigação.
“ações estimulando a melhoria da qualidade da água, conservação de nascentes e áreas de preservação permanente,
bem como o gerenciamento eficiente dos recursos hídricos, contribuirão para a melhoria da qualidade e quantidade
de água disponível, fundamentais para possibilitar a sustentabilidade e expansão futura da agricultura irrigada no Brasil”.
O manejo da irrigação demanda planejamento na propriedade, saber a fonte do recurso hídrico, a quantidade de água que precisará ser armazenada,
se for necessário para a sua região. Para saber exatamente o quando e quanto irrigar, é preciso coletar dados das condições ambientais, como de
evapotranspiração e umidade do solo, por exemplo. Este assunto será abordado no capítulo 6.
Desta forma, a tecnologia deve ser vista como um aliado na tomada de decisão no campo,
facilitando o dia a dia de trabalho dos produtores e contribuindo para uma agricultura mais
sustentável, sem desperdícios.
Nos sistemas de gotejamento, a utilização de filtros é essencial para garantir que os gote-
jadores não apresentem entupimento. O cuidado deve ser ainda maior principalmente em
fontes hídricas com muitos sólidos dispersos.
Existem três processos de manejo de irrigação: processos baseados nas condições atmosfé-
ricas, nas condições de umidade do solo e nas condições de água na planta. Pode ser feito
também o manejo integrado que controla a irrigação via atmosfera e via solo conjuntamente.
INDICADO PARA:
VANTAGENS: DESVANTAGENS:
Por sua coleta de variáveis de diferentes fontes, possui maior precisão na geração de infor-
mações. Esse é o sistema mais avançado em termos de tecnologia e informação disponível
atualmente, tornando-se um fator primordial no sucesso dos empreendimentos agrícolas.
Equipamentos Inclusos
Recomendações diárias
de quando e quanto irrigar.
SOLICITAR DEMONSTRAÇÃO
O GUIA DA IRRIGAÇÃO DE SUCESSO
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6.2 Via solo
INDICADO PARA:
Todos os tipos de irrigação e culturas, porém é mais indicado para irrigação localizada, onde os sistemas mais utilizados
são o gotejamento e a microaspersão. Nestes tipos de irrigação o turno de rega é mais frequente e costuma-se manter
a umidade próxima a capacidade de campo com maior constância, mantendo ar nos macroporos do solo.
VANTAGENS: DESVANTAGENS:
Condiciona o solo a manter-se com teor de Este método é mais dependente de uma curva
água adequado favorecendo o desenvolvi- de retenção , que irá indicar o volume correto
mento da cultura, além de não interferir nos que cabe em cada tipo de solo. Nesta opção,
tratos fitossanitários. não há o registro de dados meteorológicos, que
também são importantes para uma boa gestão
do manejo da irrigação.
Com essa curva obtemos; a máxima capacidade do solo reter água é chamada de capa- Figura 4: capacidade de água disponível no solo
Receba recomendações de irrigação com base na quantidade de água no solo disponível para a planta.
Recomendações diárias
de quando e quanto irrigar.
Relatórios de consumo
de água e energia elétrica
Central de
Sensor de Solo
Software Cultivo Inteligente Comunicação
SOLICITAR DEMONSTRAÇÃO
O GUIA DA IRRIGAÇÃO DE SUCESSO
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6.3 Via atmosfera
INDICADO PARA:
VANTAGENS: DESVANTAGENS:
Técnica bastante difundida, principalmente para Uso de muitos cálculos e fórmulas empíricas.
grãos, que permite o monitoramento eficaz das
condições meteorológicas na região e suas
influências no consumo de água da planta
através da evapotranspiração. Pode ser apli-
cado para várias culturas, em várias fases de
desenvolvimento em um mesmo local.
O
Ã
desde a última irrigação. A contabilização da quantidade de água que deve ser restituída
Ç
IA
D
para o solo é realizada pelo balanço hídrico.
A
R
O balanço hídrico considera todos os fluxos de água que entram e saem do volume de
VA
U
solo explorado pelas raízes. As componentes de entrada do balanço são a precipitação,
H
C
a irrigação e o orvalho. O orvalho possui uma ordem de magnitude menor que o consumo
O
Ã
diário de uma vegetação em locais úmidos, em regiões ou épocas secas sua contribuição
Ç
A
IG
é desprezível em termos de suprimento de água para o cultivo. No entendo, a precipitação
R
IR
e irrigação são as principais componentes de entrada do balanço hídrico.
Antes de se aplicar essa forma de manejo de irrigação é necessário conhecer alguns aspectos
fundamentais, como a fenologia da cultura, demanda hídrica da cultura e características
físicas do perfil do solo.
Recomendações de irrigação, baseado no balanço hídrico. Saiba como as condições meteorológicas afetam a sua plantação.
Recomendações diárias
de quando e quanto irrigar.
Boletim meteorológico
Relatórios de consumo
de água e energia elétrica Estação Central de
Meteorológica Comunicação
INDICADO PARA:
VANTAGENS: DESVANTAGENS:
Apesar de ser o manejo que teria a maior precisão e ser bastante promissor, sua medição é muito complexa e normalmente é utilizada e viável em pesquisas, devido às
variáveis que são analisadas e a falta de praticidade para ser utilizado no dia a dia. Se pode medir a necessidade hídrica através da medição do potencial hídrico das folhas,
temperatura foliar, resistência estomática, do grau de turgescência das folhas, fluxo de seiva, diâmetro do caule, além de outros.
PACOTES ADICIONAIS