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Ministério da Educação

UNIVERSIDADE FEDERAL DA GRANDE DOURADOS (UFGD)

FACULDADE DE CIÊNCIAS EXATAS E TECNOLOGIA

EVELIN DOS SANTOS MURARO


LETÍCIA VIGNE DOTTA

PRÁTICA 03

DIAGRAMA DE EQUILÍBRIO DE FASES DE UM


SISTEMA BINÁRIO SÓLIDO-LÍQUIDO

Relatório apresentado à disciplina


de Físico-Química Experimental I,
do Curso Superior de Bacharelado
em Química da Universidade
Federal da Grande Dourados.
Professora: Dra. Adriana Evaristo.

DOURADOS – 2023
SUMÁRIO

1. INTRODUÇÃO ........................................................................................ 1

2. OBJETIVOS ........................................................................................... 4

3.PARTE EXPERIMENTAL ....................................................................... 5


4.RESULTADOS E DISCUSSÃO .............................................................. 6
5.CONCLUSÃO ....................................................................................... 10
REFERÊNCIAS ...................................................................................... 11
1. INTRODUÇÃO
Na termodinâmica, o equilíbrio de fases é uma condição em que o fluxo de
espécies líquidas da fase 1 é igual ao fluxo da fase 2, considerando uma situação
envolvendo um sólido (fase 1) e um líquido (fase 2), a situação de equilíbrio pode ser
expressa em termos de potencial químico (µ) da espécie A (µA), por:

𝜇°𝐴 (𝑠, 𝑇, 𝑝) = 𝜇°𝐴 (𝑙, 𝑇, 𝑝) (equação 01)

Onde, 𝜇°𝐴 (𝑠) é o potencial químico de A puro na fase sólida e 𝜇°𝐴 (𝑙) o potencial
químico de A puro na fase líquida, a uma certa temperatura (T) e pressão (p). Se uma
pequena quantidade de um sólido B (insolúvel em A na fase sólida, ou seja, na
formação de duas fases sólidas) for adicionado ao sólido A, pode-se estabelecer uma
relação semelhante à equação 1. No entanto, quando é permitida a presença de uma
fase líquida, como é o caso de muitos diagramas sólido-líquido, em que apenas uma
fase líquida é formada, é possível representá-la:

𝜇°𝐴 (𝑠, 𝑇, 𝑝) = 𝜇𝐴 (𝑙, 𝑇, 𝑝) = 𝜇°𝐴 (𝑙, 𝑇, 𝑝) + 𝑅𝑇𝑙𝑛𝑎𝐴,𝑙 (equação 02)

Em que, 𝜇𝐴 (𝑙) é o potencial químico de A puro na fase líquida e 𝜇°𝐴 (𝑙) o


potencial químico de A puro na fase líquida, R é a constante dos gases ideais e 𝑎𝐴,𝑙 é
atividade de A na fase líquida contendo as espécies A e B. Ao reordenar a equação 2,
e considerar uma situação inicial sem a espécie B e, em seguida, com a presença da
espécie B, pode-se utilizar diretamente a equação de Gibbs-Helmholtz para obter uma
relação entre grandezas mensuráveis. Como expressa na equação a seguir:

∆𝑓𝑢𝑠 𝐻𝐴 1 1
𝑙𝑛𝑎𝐴,𝑙 = 𝑙𝑛𝑦𝐴 𝑥𝐴 = 𝑅
(𝑇° − 𝑇 ) (equação 03)
𝐴 𝐴

Onde, 𝑦𝐴 é o coeficiente de atividade de A, 𝑥𝐴 é a fração molar de A, ∆𝑓𝑢𝑠 𝐻𝐴 é


a variação da entalpia de fusão de A, 𝑇°𝐴 é a temperatura de fusão de A puro e 𝑇𝐴 é a
temperatura de fusão de A na mistura. (CASTELLAN, 2011)

O ponto de fusão é a temperatura na qual uma substância passa do estado


sólido para o estado líquido. É uma propriedade física característica de cada
substância e pode variar amplamente de uma substância para outra, é uma medida
da força das interações entre as moléculas ou átomos de uma substância. Quando a
temperatura aumenta, a energia térmica fornecida aos átomos ou moléculas supera a
força das interações intermoleculares, levando ao rompimento das estruturas sólidas

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e à transição para o estado líquido. O ponto de fusão pode ser influenciado por fatores
como a pressão atmosférica. Portanto, ao fornecer o valor do ponto de fusão de uma
substância, geralmente é especificada a pressão na qual o valor foi medido. Já a
temperatura de degelo é específica para cada substância e representa a temperatura
na qual ocorre a transição do estado sólido para o estado líquido, onde as substâncias
começam a entrar em equilíbrio. (CASTELLAN, 2011)

O diagrama de fases do equilíbrio sólido-líquido, também conhecido como


diagrama de equilíbrio de fases, é uma representação gráfica que mostra as
condições de temperatura e pressão nas quais um determinado material pode existir
simultaneamente nos estados sólido e líquido. No diagrama de fases, como
representado na figura 01, os eixos representam a temperatura e a fração molar. A
região onde as fases sólida e líquida coexistem é chamada de linha de equilíbrio. Essa
linha separa as regiões do diagrama onde o material está completamente no estado
sólido. A temperatura e a composição na linha de equilíbrio correspondem aos pontos
em que a fase sólida e a fase líquida têm a mesma composição, permitindo que elas
coexistam em equilíbrio. (ATKINS, 2017)

Figura 01. Diagrama de fases de um sistema binário sólido-líquido formado por um


componente A e B.

Existem diferentes formas de representar um diagrama de fases, dependendo


das características do material em estudo. Alguns diagramas de fases podem

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apresentar curvas ascendentes, onde a temperatura de fusão aumenta com a
pressão, enquanto outros podem apresentar curvas descendentes, onde a
temperatura de fusão diminui com o aumento da pressão. Além disso, alguns materiais
podem exibir pontos críticos, nos quais as fases sólida e líquida não podem mais ser
distinguidas, pois as propriedades se tornam idênticas. (ATKINS, 2017)

Ao compreender o diagrama de fases do equilíbrio sólido-líquido, usa-se a


regra da alavanca, para prever e controlar as condições necessárias para a obtenção
de diferentes dados. A regra da alavanca permite calcular a proporção das fases
constituintes em uma região bifásica. Para isso, considerando um ponto “Z” no
diagrama da figura 1 e sua linha de amarração (segmento de reta VW). A interseção
da linha de amarração com as linhas do líquido (ponto W) e do sólido (ponto V) fornece
a composição do líquido e do sólido, respectivamente. É sabido que a composição
global em Z é simplesmente a quantidade dos componentes A e B nas fases líquida e
sólida. Assim, com base no balanço de massa entre essas fases e de suas
composições é possível a determinação da equação:

𝑛𝑙𝐿𝑙 = 𝑛𝑠𝐿𝑠

𝑛𝑠 𝐿𝑙
=
𝑛𝑙 𝐿𝑠

𝑛𝑠 𝑥 1 − 𝑥𝑧
= (equação 04)
𝑛𝑙 𝑥𝑧 −𝑥 𝑠

Onde:

𝐿𝑙 = 𝑥1 − 𝑥𝑧

𝐿𝑠 = 𝑥𝑧 − 𝑥 𝑠

Em que, 𝑛𝑠 é número de mol na fase sólida (s) e 𝑛𝑙 na fase líquida (l). 𝐿𝑙 é a


subtração de fração molar da fase líquida com a fração molar do ponto escolhido
(ponto z) e 𝐿𝑠 é a subtração do ponto escolhido (ponto z) com a fração molar na fase
sólida.

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2. OBJETIVOS
Obter um diagrama temperatura-composição de um sistema binário sólido-
líquido, a partir da determinação das temperaturas de degelo e fusão obtidas através
de um aparelho de determinação do ponto de fusão.

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3. PARTE EXPERIMENTAL
3.1 Materiais e reagentes
• Aparelho de determinação do ponto de fusão
• 12 tubos capilares com uma das extremidades fechada
• Naftaleno
• Ácido benzoico
3.2 procedimentos
Inicialmente foram pegos 11 tubos capilares com uma das extremidades
fechada e adicionado amostras de uma mistura de naftaleno e ácido benzoico com
as seguintes frações molares de naftaleno (valores dispostos na tabela 01).
Tabela 01 - frações em mol de naftaleno
Amostra Frações em mol de naftaleno
01 0
02 0,10
03 0,20
04 0,30
05 0,40
06 0,50
07 0,60
08 0,70
09 0,80
10 0,90
11 1,00
Fonte: Autoras.
As frações molares de naftaleno foram calculadas previamente pelo técnico.
Após inserido nos capilares cerca de 1 a 2 mm de cada amostra, (pressionando a
extremidade aberta do capilar contra a uma pequena quantidade das amostras), os
mesmos foram colocados para escoar em um tubo de vidro a fim de que a mistura
sólida fosse compactada na extremidade fechada dos tubos capilares.
Seguidamente foi ligado e programado o aparelho de determinação do ponto
de fusão para aquecer os capilares na velocidade máxima até alcançar 50 % do ponto
de fusão da espécie pura. Após isso, foi programado para uma velocidade de no
máximo 1°C por minuto. Foram inseridas 3 amostras por vez no aparelho, e para cada

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amostra foram anotados a temperatura de degelo e de fusão, para construção do
diagrama de fases.

4. RESULTADOS E DISCUSSÃO
Após anotado o ponto de degelo e fusão de cada amostra foram coletadas as
seguintes temperaturas (valores dispostos na tabela 02).
Amostra Temperatura de Temperatura Temperatura de Temperatura
degelo(°C) de degelo fusão(°C) de fusão (K)
(K)
01 123,8 396,95 125,8 398,95
02 123,4 396,55 125,6 398,75
03 122,9 396,05 125,4 397,55
04 78,0 351,15 125,0 398,15
05 71,0 344,15 120,2 393,15
06 70,7 343,85 111,3 384,45
07 69,7 342,85 80,6 353,75
08 70,1 343,25 79,2 352,35
09 70,3 343,45 76,2 349,35
10 71,1 344,25 79,1 352,25
11 80,5 353,65 82,7 355,85
Fonte: Autoras.
Sabendo as temperaturas de degelo, fusão e a quantidade em mol de naftaleno
(composição) é possível a montagem de diagramas de fase. A figura 02 é um diagrama
de fase em função da temperatura de degelo-composição e a figura 03 é um diagrama
de fase em função da temperatura de fusão-composição.

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Figura 02: diagrama de fase em função da temperatura de degelo-composição

Fonte: Autoras.
Figura 03: diagrama de fase em função da temperatura de fusão-composição

Fonte: Autoras.
Nota-se que o diagrama do ponto de fusão é ligeiramente mais nítido que o
diagrama do ponto de degelo, porém ambos os diagramas não estão em um formato
ideal como os diagrama de fases apresentados na literatura, possivelmente pela
ocorrência de erros sistemáticos, como a falta de cuidado com a temperatura do ponto
de fusão e degelo e a qualidade da lente do aparelho utilizado. No entanto, com o
diagrama de fases obtido no experimento, mesmo que não exato é possível
determinar a proporção entre as fases constituintes de uma região bifásica, utilizando
a regra da alavanca. No diagrama a seguir (figura 04) é exibido o ponto escolhido para
o cálculo da proporção das fases.

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Figura 04: diagrama de temperatura de fusão-composição com o ponto escolhido

Fonte: Autoras.
A partir da regra da alavanca (equação 04) é possível calcular a proporção entre
as fases
𝑛𝑠 𝑥 𝑙 − 𝑥𝑧
=
𝑛𝑙 𝑥𝑧 − 𝑥 𝑠
𝑠𝑢𝑏𝑠𝑡𝑖𝑡𝑢𝑖𝑛𝑑𝑜 𝑜𝑠 𝑣𝑎𝑙𝑜𝑟𝑒𝑠, 𝑡𝑒𝑚𝑜𝑠:
𝑛𝑠 0,5 − 0,4
= = 0,25
𝑛𝑙 0,4 − 0
𝑛𝑠
= 0,25
𝑛𝑙

Desta forma, para um mol de mistura, temos 0,4 mol de naftaleno, e a partir
dos resultados obtidos, temos que a proporção entre a fase sólida e fase liquida é de
0,25. Sendo assim:
𝑛𝑠 + 𝑛𝑙 = 0,4
𝑛𝑙 = 0,4 − 𝑛𝑠
𝑛𝑠
𝑠𝑢𝑏𝑠𝑡𝑖𝑡𝑢𝑖𝑛𝑑𝑜 𝑒𝑚 ( = 0,25) , 𝑡𝑒𝑚𝑜𝑠:
𝑛𝑙
𝑛𝑠
= 0,25
0,4 − 𝑛𝑠
𝑛𝑠 = 0,08 𝑚𝑜𝑙
𝑝𝑎𝑟𝑎 𝑛𝑙, 𝑡𝑒𝑚𝑜𝑠:
𝑛𝑙 = 0,4 − 𝑛𝑠
𝑛𝑙 = 0,4 − 0,08

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𝑛𝑙 = 0,32 𝑚𝑜𝑙
Assim sendo, para 0,4 mol de mistura temos 0,08 mol de naftaleno na fase sólida é
0,32 mol na fase líquida.

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5. CONCLUSÃO
A análise da uma mistura contendo naftaleno e ácido benzoico revelou um
comportamento conforme o esperado. A temperatura de fusão do sistema diminui à
medida que a mistura se aproxima de uma composição equitativa de ambos os
componentes, enquanto as temperaturas de fusão aumentam à medida que uma
substância se torna mais proeminente na mistura.

A tendência foi parcialmente confirmada com base em uma comparação com a


literatura. No entanto, os dados apresentam algumas discrepâncias devido a
diferenças nas análises realizadas, por conta dos equipamentos utilizados e
possivelmente devido a erros de medição.

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REFERÊNCIAS

ATKINS, P. PAULA, J.D. Físico-Química - Vol. 1, décima edição. Rio De Janeiro:


LTC, 2017.

CASTELLAN, Gilbert. Fundamentos de físico-química. Rio de Janeiro, RJ: LTC,


2011.
Apostila de físico-química experimental I. Dourados, 2023.

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