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4 DE JANEIRO DE 1996 4015) ‘Anno 55 (Logistero revogada) Fiea revogada toda a legislagio em contrério ii presente kei, Aprovada pela Assembleia dla Repiiblica, aos 6 de De: zembro de 1995. © Presidente da Assembleia da Republica, Eduardo Joaquim Mulémbwe. Promulgada aos + de Janeiro de 1996. Publique-se © Presidente da Republica, Joaquim ALI RL CHUSSANO. Lei ns 5/96 de 4 de Janeiro Atendendo ii naturcza especiica dos interesses maritimos Ya realizagio envolve uma tecnicidade e dinémica pri --:8, 0 quadro constitucional da Repiblica de Mogambique consegra a criaga0 dos tribunais maritimos, Hayendo necessidade de dar corpo ao comando cons- titucional, mediante um instrumento que estabeleca um quadro estrutural proprio e defina as respectivas. éreas Ue jurisdicéo, ao abrigo do preceituado non." 1 do ar ligo 155 da’ Constituigdo, «i Assombleia da Replica determina: CAPITULO 1 Principios gerais ARnio 1 (Definigao) 1. Os tribunais maritimos so Grgdios de soberania especificamente investidos na fungao da jusia composicdo dos litigios maritimos, nos termos da I 2. Cabe aos tribunais maritimes conhecer e decidir sobre crimes maritimos © todos es casos especificus da area matinha, Annico 2 (Surigao) [A jurisdigo dos tribunais maritimos abrange: 4) O mar ¢ todas as Aguas navegiveis e o respective Ieito e subsolo, sujeitos & Autoridade Maritima bem como o dominio piblico adjacente a tais iguas; +b) As zonas portuaties © de construdo e reparacdo naval, docas secas, tiradouros, tendais de arte de pesea, seus avrais e instalagées de natureza semelhante; ©) Outras areas em que por lei thes seja reconheeida competéncia jurisdicional Anrico 3 (Algada) 1. A alcada dos tribunais maritimos em matéria civel corresponde a dos tribunais judiciais de provincia 2. Em maiéria de crimes maritimos nao ha algada, sem prejuizo das disposigdes relativus & admissio de recursos CAPITULO 1 Organizacéo dos tribunais Hayeré uibunais maritimes em Maputo, Inhambane, Beira, Quelimane, Nacala Pemba, com competéncia ter, ritorial definida como se segue «) ‘Tribunal Maritimo de Maputo, com sede na Cidade de Maputo, correspondendo as dreas de juris igo das Administragées Maritimas de Maputo € de Gaza; 'b) ‘Tribunal Maritimo de Inhambane, com sede na cidade de Inhambane, correspondendo a érea ie. jurisdicao da_Administragio Maritima de Inhambane; ©) Tribunal Maritimo da Beira, com sede na cidade da Beira, correspondendo as areas de jurisdi das Administragoes Maritimas de Sofala e de ‘Tete: «| Tribunal Maritimo de Quelimane, com sede na cidade de Quelimane correspondendo a érea de jurisdicao da Administragao Maritima da Zam- bezia ©) Tribunal Maritimo de Nacala, com sede na cidade de Nacala correspondendo is areas de jurisdi¢i as Administragdes Maritimas de Nampula ¢ de Niassa J) Tribunal Maritimo de Pemba, com sede na cidade ‘de Pemba, correspondendo a area de jurisdigdo du Administragéo Maritima de Cabo Delgado. Annie 5 (nstalagi0 © organizacio) 1. Os vibunais mavitimos entram em funcionamento por determinagao do Conselho de Ministros 2, Poder ser criadas secgSes especializadas, por di- ploma cunjunto dos Ministros que superintendem nas sreas da Marinha, da Justica e das Finangas Awnico 6 (Composige do tribunal martimo) 1. 0 tribunal maritime funciona com um juiz de direito, © quai poder ser assistido por assessores’ técnicos. 2. Os assessores tGenicos serio designados de entre os oficiais da mavinha mercante ow quadros superiores ou édios da administrago maritima, em qualquer dos 480s, com pelo menos, trés anos de experiéne 3. Quendo © "tribunal mavitimo se organize em duas cou mais secgies, havendo mais de um juiz, seré designado de entre estes 0 juiz-presidemte desse tribunal 4. Sempre que as necessidades de servigo do. tribunal maritime © justifiquem, poderd o Consetho de Ministros ou a entidade que ele’ delegar afectar, temporariamente, uum ou mais juizes para coadjuvarem os existentes nesse tribunal Arnica 7 (Designac3o de jvizes) Os juizes dos tribunais maritimos sero provides de centre: 4) Juizes dos tribunais e magistrados do Ministério Pablico; (16) ) Advogados com mais de cinco anos de exercicio da profissio; ¢) Licenciados em direito, com experiéncia em Admi- nistragio Pablica. ‘Axrico 8 (Competéncia ern matéria civel) ‘Compete aos tribunais maritimos conhecer, em matéria efvel, de entre outras, as questGes relativas &: @) Indemnizagdes devidas por danos causados ou so: fridos por embarcagées e outros equipamentos ou construgdes flutuantes ou resultantes da sua utilizagdo maritima, nos termos gerais do direito; 5) Contratos. de construsiio, reparagio, compra ¢ venda de embarcagées ¢ outros equipamentos flutuantes ou fixos desde que destinados a0 ‘us no mi ©) Contratos de transporte por via maritima, fluvial ‘ow lacustre, ou contrat de transporte combi- nado com 0 transporte maritimo ou lacustres ) Contratos de utilizagéo maritima de embarcagdes fou construgdes flutuantes ou fixas no mar, designadamente os contratos de fretamento ¢ (08 de locacio financeira, para fins maritimos; €) Contratos de seguros de embarcagies ¢ outro equi pamento flutuante ou fixo destinado ao uso {RO mat € sua carga f) Hipotecas e privilégios sobre embarcagées, outras construgdes flutuantes e suas carga: #8) Processos especiais relatives a emberca construgdes flutuantes © suas cargas; 1h) Decretamento de providéncias cautelares sobre em- bbarcagdes © outras construgdes flutuantes ou fixas no mar, respectiva carga, combustiveis € lubrificantes ¢ outros valores pertencentes a tais embarcagdes ou construgdes, bem como solici- tacdo preliminar & Autoridade Maritima para suster a saida das coisas que constituam objecto de tais providéncias; 1) Avarias comuns ou avarias particulares, incluindo as que digam respeito a embarcagdes ou outras construgées flutuantes ou fixas destinadas 20 uso maritimo; i) Assisténcia e salvacdo maritima ) Contrato de reboque € de pilotegem; 1D) Remogdo de destrogos de embarcagées, bem como Fecuperago de cargas perdidas em consequér de naufrégio ou outro acontecimento do mar; 1m) Responsabilidade civil emergente de danos por ppoluigdo no mar € outras Aguas sob jurisdicso da Autoridade Maritima; 640, perda, achado ou apropriagdo de apa- relhos ou arte de pesca ou de apanha de ma- riscos, moluscos ¢ plantas marinhas, ferros, restos, armas, provisdes ¢ mais objectos des- 1ados a navegago ou pesca, bem como danos produzidos ou sofridos pelo’ mesmo material; 0) Danos causados 90s bens de dominio piblico ‘maritimo, lacustre ou. fluvi p) Presas; 4) Questdes emergentes das relagdes de trabalho ma- ritimo; 1) Todas as questes, em geral, sobre matéria de direito maritimo privado. s, outras 1 SERIE —NOMERO 1 Anrico 9 (Competincia em motéria penal) 1. Compete aos tribunais maritimos julgar os crimes ‘maritimos cometidos na respectiva area de jurisdigao. 2. Compete ainda aos tribunais maritimos conhecer das contravengdes maritimas que concorram com algum crime maritime, ‘Anno 10 (Competéncia em matéria de contravencies) das contravenes maritimas que nao caibam na disposiglo do artigo anterior. 2. Compete ao tribunal maritimo conhecer dos recursos das decisdes do administrador maritimo loce! proferidos fem processo de contravencio maritima. ARTO U1 (ExecurSo de senteneas) 1. O tribunal da aegdo 6 competente para a execugio da. correspondente decisio. 2. O tribunal maritimo & também competente para as execugdes fundedas em outros titulos executives, quando respeitantes @ obrigagdes assumidas no ambito das ques. tes referidas no artigo 8. 3. A execugdo de sentenge proferida por tribunal estran- geiro ou de decisdo arbitral estrangeira sobre matéria de direito maritimo que tenha sido devidamente revista € confirmada ¢ acometida ao Tribunal Maritimo de Maputo. Aasico 12 (Competincie intemacional) 1. Em questées de direito maritimo intemacional ¢ de presa, nao tem qualquer validade o pacto destinado a privar da jurisdigéo os tribunais mogambicanos, quando a estes for de atribuir tal jurisdigdo, nos termos das disposigaes processuais relativas & competéncia internacional aplicadas pelos tribunais judiciai 2. O disposto no n 1 nio terd aplicagio se os pact tuantes forem estrangeitos e se se tratar de obrigacdo que, devendo ser cumprida em territério estrangeito, néo res: peite a bens sitos, registados ou matriculados em Mogam- bique. ‘Anni00 15 (Providéncies cautolares) 1. Requerido 0 arresto ou outra providéncia cautelar que tenha por objecto embarcaco ou construcio flutuante ou respectivas cargas, combustiveis ¢ lubrificantes, ou ou- ‘ros valores pertencentes & embarcacio, a secretaria do tribunal passaré logo guias para o pagamento do prepa inicial e, efectuado este, faré 0 processo, imediatamente, coneluso’ a0 juiz. 2. O juiz decidiré, no prazo de vinte e quatro horas, se 0 processo deve prosseguir. Néo havendo lugar @ inde- ferimento liminar, o juiz determinaré, a pedido do reque. rente, que 0 administrador maritimo do lucal em cuja jurisdigio se encontra 0 objecto da providéncia tome, com fa maior brevidade possivel, as medidas adequadas & sua guarda e retencao. Seguidamente, far-se-s a confirmagio do pedido por escrito, se por outro modo este tiver sido formulado. 4 DE JANEIRO DE 1996 47) 3. B de cinco dias 0 prazo para produgio da prova ¢ decisdo, a qual sera notificada aos interessados ¢ ao admi. rador maritimo; se for denegatéria, a este deverd ser comunicada pela via mais rdpida, nos ‘termos do nimero precedente. Awnico 14 (Processo de preses maritimes) © processo relativo a questdes de presas maritimas segue a forma suméria, independentemente do valor da causa, salvo 0 estabelecido em convengoes \rtemnacionais ut legislagio especial. Aanico 15 (Custas 0 encargos) ‘Qs processos da competéncia dos tribunais maritimos estiio sujeitos a custas e encargos nos termos do regime das custas judicinis vigentes. CAPITULO It Disposicses finais @ transitorias Arnica 16 (Legistago aplicével) 1. No que respeita a organizagio, actos processuais © tudo quanto nio estiver especialmente previsto na presente lei so aplicaveis aos tribunais maritimos as disposigées organizagao judicidria em geral e aos tribunais de provincia, em particular, com as necessarias adaptagées 2. © igualmente aplicdvel aos juizes dos tribunais ma- ritimos, com as devidas adaptagdes, o Estatuto dos Magis- ‘nados judiciats, sujeitando-se também i mesma disciplina. Antico 17 (Recurso 90 Tribunal Supreme) Day decisdes do tribunal maritime eabe recurso a0 ‘Tribunal Supremo. ARTI 18 (Compaténcia dos tribuneis judicisis de provincia) E atribuida aos tribunais judiciais de provincia _com- petgncia em matéria do ambito da jurisdigao dos tribunais Imaritimos, enquanto estes ndo entrarem em funcionamento. ‘Aerio 19 (Vigincia do Cédigo Pena! e Disciphnar da Marinhe Mercante) Continuam vigentes até que sejam revogadas ou substi- tuidas as disposigdes do Cédigo Penal e Disciplinar da Marinha Mercante de 1944 € legislagao complementar, em tudo que nao contrarie a presente lei. Axrig 20 (Resolugdo de ctsputee pala arbitral) ‘As disposigdes da presente lei no obstam a que as disputas resultantes das relacGes contratuais sejam resol. vidas pela vie arbitral. Aprovada pela Assembleia da Republica, aos 6 de De- zembro de 1995. © Presidente da Assembleia du Republica, Eduardo Joaquim Mulémbwe. Promulgada aos 4 de Janeiro de 1996. Publique-se. Presidente de Repiblica, Joaguiat ALBERTO CHISSANO. Prego — 6103.00 MT hermes Nicorud os Mopaeage

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