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Poder Judiciario cE ‘TRIBUNAL REGIONAL FEDERAL DA 4" REGIAO APELACAO CIVEL N? 2005.04.01.025105-2/RS RELATORA : Juiza VIVIAN JOSETE PANTALEAO CAMINHA APELANTE : SOC/BENEFICENTE DE PAROBE ADVOGADO : Renato Lauri Breunig e outros APELANTE : INSTITUTO NACIONAL DO SEGURO SOCIAL - INSS. ADVOGADO : Mauro Luciano Hauschild APELADO : (Os mesmos) REMETENTE : JUIZO FEDERAL DA VF EXEC.FISCAIS DE NOVO HAMBURGO RELATORIO ‘Trata-se de apelagdes interpostas em face da sentenga que, apreciando conjuntamente as ages declaratoria n° 98,1810366-1, ordinaria n° 98.1811787-5 e de embargos 4 execugio n° 2001.71.08.003543-4, ajuizados por Sociedade Beneficente de Parobé contra o Instituto Nacional do Seguro Social, julgou-os procedentes pare: (a) declarar o direito da autora ao nao-recolhimento de contribuigSes sociais para a ‘Seguridade Social, em razio de imunidade; (b) desconstituir o crédito inscrito na CDA n° 32,725.284-7, extinguindo a respectiva execugdo fiscal, e (c) reconhecer, incidentalmente, a inconstitucionalidade do art, $5 da Lei n° 8.212. Condenou, ainda, 0 INSS co pagamento das custas processuais e honorérios advocaticios, arbitrados em 1% (um por cento) sobre a soma dos valores das causas das demandas apensadas. ‘A autora/embargante apela, propugnando pela majoracio da verba honoraria, nos termos do art. 20, §§ 3° e 4°, do CPC. OINSS recorre, aduzindo que a matéria sub judice € regulada pelo art. 55 da Lei n® 8.212, nao sendo exigivel, para tanto, a edi¢fo de lei complementar, a teor do disposto no art. 195, § 7°, da Constituigo Federal. Argumenta que “a Constituigao Federal remete a disciplina da matéria d lei, sem mencionar a espécie, a qual compete estabelecer as exigéncias que necessitam ser implementadas pelas entidades beneficentes para abrigarem-se sob 0 manto da imunidade tributiria’, devendo & entidade enquadrar-se "no préprio dispositive constitucional, ou seja, ser entidade beneficente de assisténcia social" (fl. 517 - grifo no original). Contesta a assertiva de que as exigéncias a que alude a Constituigao Federal esto definidas no art, 14 do CTN, porque a remissao ao art. 9°, inciso IV, letra c, contida no caput, denota tratar-se de norma que se aplica exclusivamente a "impostos", natureza da qual ndo se revestem as contribuigdes para a seguridade social (arts. 145 a 149 e 195, § 7°, da CF), Opds-se a alegagio de que as condigdes para a concessio do beneficio fiscal devem ser estabelecidas por lei complementar (art. 150, inciso VI, c, c/c art. 146, da CF), ante a impossibilidade de se extrair tal conclusio da dicgdo do art. 195, § 7°, da Constituig¢ao Federal. Salienta que, na ADIn n° 2028-5/DF, 0 Supremo Tribunal Federal nao admit a existéncia de vicio formal no art. $5 da Lei n° 8.212, tendo reconhecido que sot ‘os seus §§ 3°, 4° € 5°, ¢ inciso III, acrescentados e/ou alterados pela Lei n° 9.73; & rune qari idan 2005.04.01.025105. Poder Judiciario A ‘TRIBUNAL REGIONAL FEDERAL DA 4" REGIAO. eram inconstitucionais, permanecendo validos todas as demais disposigdes. Ressalta que 2 autora nfo logrou comprovar que atende aos requisitos legais, pois nfo é conveniada 20 Sistema Unico de Satide nem apresenta, anualmente, relatério de suas atividades a0 CNAS. Insurge-se contra a declaragéo de que a entidade ¢ de fins filantropicos, alegando que tal pronunciamento s6 pode produzir efeitos ex nunc, e @ manutencao desta condigdo pressupée 0 preenchimento das exigéncias legais. Pondera que a declaragao do direito a nao incidéncia fiscal 'ad perpetuam!' contraria frontalmente o art. 55, da Lei n° 8.212, e engessa a atuagdo fiscalizatéria do INSS. Afirma que ‘circunstancia de o certificado expedido pelo CNAS ter validade por apenas trés anos sinaliza a possibilidade de vir a nao ser renovado, obrigando a entidade a regulariza sua situagio para obter novamente o direito a isengao. Sustenta que se "os efeitos da declaragiio de imunidade (isengdo) devem retroagir & data em que a entidade cumpriu ‘com as exigéncias legais para 0 seu reconhecimento, 0 termo inicial, entdo, nfio pode ‘ser outro, sendo o da data da expedicdo do certificado de entidade de Utilidade Publica Federal, 13-10-2003", nio podendo "produzir efeitos pretéritos, capazes de atingir débitos, regularmeme, inscritos referenies as competéncias de 10-92 a 09-98" (fl 221). Invoca o art, 105, III, a ¢ c, da Constituigdo Federal, para fins de prequestionamento, € impugna o quantum da verba honoraria arbitrada na sentenga (RS 42.200,31), postulando o seu redimensionamento. ‘Com contra-razes, vém os autos a este Tribunal Eo relatério. Pego dia. VOTO 1 Sobre o alcance da norma prevista no art. 195, § 7°, da Constituigao Federal, o Supremo Tribunal Federal, intérprete maximo daquela Carta politica, jé manifestou-se nos seguintes termos "L Imunidade tributdria: entidade filantrépica: CF, arts, 146, I € 195, § 7° delimttagdo dos dmbitos da matéria reservada, no ponto, @ intermediagao da Tet complementar e da lei ordindria (ADILMC 1802, 278.1998, Pertence, DJ 13.2.2004:RE 93.770, 17.3.81, Soares Mubioz, RTJ 102/304). A Constituigao reduz a reserva de lei complementar da regra constitucional ao que diga respeito "aos lindes da imunidade" & demarcagto do objeto material da vedagdo constitucional de tributar; mas remete ¢ lei ordindnia "as normas sobre a constituigdo e 0 funcionamento da entidade ecucacional ou assistencial fmune” IL Imunidade tributdria: entidade declarada de fins filantrépicos e de tilidade piblica: Certficado de Entidade de Fins Filantrépicos: exigéncia de renovagdo jperiddica (L. 8.212, de 1991, art. 55). Sendo 0 Certificado de Entidade df Frys Filantrépicos mero reconhecimento, pelo Poder Piblico, do preenchimen YS 885433. VO10 2/16 2005,04,01,025105-2 bia i Poder Judiciario 7 ‘TRIBUNAL REGIONAL FEDERAL DA 4" REGIAO condigaes de constituigdo e funcionamento, que devem ser atendidas para que a entidade receba o beneficio constitucional, nao ofende os arts. 146, Il, e 195, § 7% da Constituigao Federal a exigéncia de emissdo e renovagao pertodica prevista no art. 53, Il, da Lei 8.212/91." (STF, 1* Turma, AgR no RE n° 428.815/4M, rel. Min. Sepiilveda Pertence, DJ 24.06.2005, p. 49) Igualmente relevante o pronunciamento daquela Corte, em sede liminar, no julgamento da ADIn n° 2,028/DF: 2005.04.01.0251 “Agdo direta de inconstinucionalidade. Art. 1° na parte em que alterou a redagdo do artigo 55, If, da Lei 8.212/91 e acrescentou-the ox §§ 3° 4°e 5° € dos artigos 4°, 5°e 7° todos da Lei 9.732, de 1 de dezembro de 1998, = Preliminar de mérito que se ultrapassa porque 0 conceito mais lato de asistencia social - e que é admitido pela Constituigdo - é 0 que parece deva ser adotado para a caracterizagto da assisténcia prestada por entidades beneficentes, tendo em vista o cunho nitidamente social da Carta Magna. = De hit muito se firmou a jurisprudéncia desta Corte no sentido de que v6 exigivel lei complementar quando a Constituigfo expressamente a ela faz alusdo com referencia a determinada matéria, que implica dizer que quando @ Carta Magna alude genericamente a "lei" para estabelecer principio de reserva legal, essa expresso compreende tanto a legislagdo ordinaria, nas suas diferentes modalidades, quanto a legislagdo complementar, = No caso, 0 antiga 195, § 7° da Carta Magna, com relagdo a matéria especifica (as exigéncias a que devem atender as entidades beneficentes de assisténcia social para gozarem da imunidade ai prevista), determina apenas que essas exigencias sejam estabelecidas em lei. Portanto, em face da referida jurisprudencia desta Corte, em lei ordindria. = E certo, porém, que hé forte correnie doutrindria que entence que, sendo a inunidade uma limitagao constitucional ao poder de tributar, embora o § 7° do artigo 195 86 se refira a "lei" sem qualificd-la como complementar - ¢ 0 mesmo corre quanto ao artigo 150, VI, "c", da Carta Magna -, essa expresso, ao invés de ser entendida como exceeao ao principio geral que se encontra no artigo 146, If ("Cabe & lei complementar: ... II - regular as limitagdes constitucionais ao poder de tributar"), deve ser interpretada em conjugago ‘com esse principio para se exigir lei complementar para o estabelecimento dos requisitos a ser observados pelas entidades em causa - A essa fundamentagao juridica, em st mesma, nao se pode negar relevancia, embora, no caso, se acolhida, e, em consegiiéncia, suspensa provisoriamente a eficdcia dos dispositivos impugnados, voltard a vigorar a redagdo origindria do artigo 55 da Lei 8.212/91, que, também por ser lei ordindria, ndo poderia regular essa limitagdo constitucional ao poder de wibutar, e que, apesar disso, nao foi atacada, subsidiariamente, como inconstitucional nesta agao direta, 0 que levaria ao no-conhecimento desta para se possibilitar que outra pudesse ser proposta sem essa deficiéncia ~ Em se tratando, porém, de pedido de liminar, e sendo igualmente relevant tese contréria - a de que, no que diz respeito a requisitos a ser observadoy entidades para que possam gozar da imunidade, ox dispositivos especific 985433.V010 3/16 IPC/V IP) ET ‘AMUN Poder Judiciério ‘TRIBUNAL REGIONAL FEDERAL DA 4* REGIAO exigirem apenas lei, constituem exceedo a0 principio geral -, no me parece que a primeira, no tocante 4 relevancia, se sobreponha @ segunda de tal modo (que permita a concessao da liminar que néio poderia dar-se por nao ter sido atacado também 0 artigo 35 da Lei 8212/91 que voltaria a vigorar integralmente em sua redagio originiria, deficiéneia essa da inicial que Ievaria, de pronto, ao ndo-conhecimento da presente agdo direta. Entendo que. em casos como o presente, em que hé, pelo menos mum primeiro exame, equivaiéncia de relevincias, e em que nao se alega contra os dispositives impugnados apenas inconstitucionalidade formal, mas também inconstitucionalidade material, se deva, nessa fase da tramitagGo da agdo, trancti-la com 0 seu ndo-conhecimento, questdo cujo exame serd remetido para 0 momento do julgamento final do feito. = Embora relevante a tese de que, ndo obstante 0 § 7°do artigo 195 x6 se refira a "lei", sendo a imunidade uma limitacdo constitucional ao poder de tributar, & ide se exigir lei complementar para 0 estabelecimento dos requisitos a ser ‘observados pelas entidades em causa, no caso, porém, dada a relevéincia das iduas teses opostas, e sendo certo que, se concedida a liminar, revigorar-se-ta legislapdo ordindria anterior que ndo fot atacada, nto deve ser concedida a iminar pleiteada. “E yelevante 0 fundamento da inconstitucionalidade material sustentada nos ‘autos (0 de que os dispositives ora impugnados - 0 que ndo poderia ser feito sequer por lei complementar - estabeleceram requisites que desvirtuam o proprio conceito constitucional de entidade beneficente de assisténcia social, ‘bem como limitaram a propria extensdo da imunidade), Existéncia, também, do “periculum in mora". Referendou-se 0 despacho que concedeu a liminar para suspender a efiedcia dos dispasitivos impugnados nesta agao direta,"” (STF, Tribunal Pleno, ADI 2028 MC/DF, rel. Min. Moreira Alves, DJ 16.06.2000, p. 30) Demais disso, a matéria nfo € nova, jé tendo sido apreciada por este ‘Tribunal em termos dos quais discrepa a sentenga atacada, Incorporo a minha fundamentacdo pronunciamento deste Colegiado “")RIBUTARIO. ENTIDADE BENEFICENTE DE ASSISTENCIA. SOCIAL. IMUNIDADE PREVISTA NO ART. 195, § 7°, DA CF88, DESNECESSIDADE DE LEI COMPLEMENTAR. REQUISITOS ELENCADOS NO ART. 55 DA LET ‘N° 8212/91, CONFORMIDADE COM O ART. 14 DO CIN E A CONSTITUICHO. — DECLARACAO DE UTILIDADE PUBLICA. CERTIFICADO DE ENTIDADE DE FINS FILANTROPICOS. INSUFICIENCIA DAS PROVAS. 1 A imunidade & reconhecida as entidades beneficentes de assisténcia social (que atendam as exigéncias estabelecidas em lel. O STF, na ADIN n® 2.028- S/DE, sinalizou 0 entendimento de que, ndo obstante a Constituigao disponha pela necessidade de lei complementar para regular as Timitagdes ‘constitucionais ao poder de triburar, a lei menctonada no § 7° do art. (95..0 principio, ndo precisaria ser de tal natureza, podendo ser ordindria| reiterados pronunciamentos jurisprudenciais. 885433. VO10 4/16 2008.04.01.025105-2 lia Poder Judicidrio ‘TRIBUNAL REGIONAL FEDERAL DA 4" REGIAO 2. O art. 55 da Lei n° 8.212/91, na sua redagdo original, ndio desvirtua os comandos erigidos no art. 14 do CTN, restando intocado 0 artigo 146, Il, da CEi88. 0 acréscimo de requisitos outros, no elencados no CIN, nao implica subversao do molde legal, desde que ndo haja distoreao do conceito constitucional de entidade beneficemte de assisténcia social, nem limttagao da propria extensao da imunidade. 3. Sdo legitimas as exigéncias elencadas na Lei n° 8.21291, na medida em que iraduzem os requisitos objetives inerentes & caracterizagao da entidade como beneficente e filantrépiea. 4. Nao se pode julgar satisfeito 0 quesito atinente @ deciaragao de utilidade piiblica na esfera federal, pois os pressupostos ¢ procedimentos impostos pela el federal ndo sao necessariamente equivalentes aos da legislagao municipal e estadual. 5. Embora seja possivel 0 reconhecimento dos fins filantrépicos da entidade nessa instancia, porquanto se trata de ato vinculado, a aprectagéio imprescinde do cumprimento das prescrigdes legais, as quais balizam os pardmetros definidores da filantropia. As provas apresentadas pela autora sao insuficientes para a certificagdo da entidade, pois nao abrangem todo 0 periodo impugnado (06/1992 a 06/2000) necessitam de elucidagdo por meio de pericia, a fim de verificar o efetivo preenchimento dos requisitos legais, dirimindo a questo sobre 0 estado de necessidade e 0 modo de escolha dos beneficiados pela gratuidade." (IRF 4° Regio, 1° Turma, AC n° 675817/RS, Rel. Des. Fed. Wellington M. de Almeida, DJ 02.03.2005, p. 293) Interessa-nos o voto proferido pelo eminente Relator “Inicialmente, cumpre salientar que, nao obstante o art. 195, § 7°, da Constituigo Federal, refira-se 20 beneficio de isengZo da contribuicao para a seguridade social, em verdade cuida-se de imunidade, segundo a opinido de abalizada doutrina. Veja-se 0 que diz Sacha Calmon Navarro Coelho, citado na obra "Direito Tributirio", do ilustre Juiz. Federal Leandro Paulsen "O art, 195, § 7°, da Supertei, numa péssima redagdo disp6e que sto isentas de contribuigdes para a seguridade social as entidades beneficentes de assisténcia social. Trata-se, em verdade, de uma imunidade, pois toda restrigdo ow consirigéio ou vedagdo ao poder de tributar das pessoas politicas com habitat constitucional traduz imunidade, munca isengGio, sempre veiculdvel por lei infraconstitucional.” (Livraria do Advogado, 5* edi, pagina $01) ‘A imunidade € reconhecida as entidades beneficentes de assisténcia social que atendam as exigéncias estabelecidas em lei. Embora nio desconhega precedentes desta Corte, preconizando que a regulamentago desse dispositivo constitucional poderia ser feita somente por lei complementar, impende relevar que 2 Come Suprema, na ADIN n° 2.028/DF, entendeu que, conquanto a Constituigao disponha pela necessidade de lei aprovada por quorum qualificado para regular as limitages constitucionais a0 poder de tributar (art. 146, II), 2 lei mencionada no do artigo 195, a principio, ndo precisaria ser de tal natureza, podendo ser ordinari 885433.V010 5/16 2005.04.01.025105-2 CF) so ee se, Poder Judiciario a ‘TRIBUNAL REGIONAL FEDERAL DA 4" REGIAO reiterados pronunciamentos jurisprudenciais. Sinta-se os termos do precedente, cuja liminar foi referendada pelo Plenario do STF "De a muito se firmou a jurisprudéncia desta Corte no sentido de que 86 € exigivel lei complementar quando a Constitui¢ao expressamente a ela faz alusdo com referéncia a determinada matéria, o que implica dizer que quando a Carta Magna alude genericamente a ‘lei’ para estabelecer principio de reserva legal, essa expresso, ‘compreende tanto a legislagao ordindria, nas suas diferentes modalidades, quanto legislagao complementar. - No caso, 0 artigo 195, paragrafo 7°, da Constituigio Federal, com relagdo a matéria especifica (as exigéncias a que devem atender as entidades beneficentes de assisténcia social para gozarem da imunidade ai prevista), determina apenas que essas exigéncias sejam estabelecidas em lei, Portanto, em face da referida jurisprudéncia desta Corte, em lei ordindria. - E certo, porém, que hi forte corrente doutrinaria que entende que, sendo a imunidade uma limitagao constitucional do poder de tributar, embora o pardgrafo 7°, do artigo 195, s6 se refira a ‘Tei’ sem qualifica-la como complementar - € 0 mesmo ocorre quanto ao artigo 150, inciso VI, 'c’, da Carta Magna, essa expressio, ao invés de ser entendida como excegao ao principio geral que se encontra no artigo 146, Il (‘Cabe a lei complementar: .. Il. Regular as limitagoes constitucionais ao poder de tributar’), deve ser interpretada em conjugagdo com esse principio para se exigir lei complementar para o estabelecimento dos requisitos a ser observados pelas entidades em causa, A essa fundamentagao juridica, em si, nao se pode negar relevancia, embora, no caso, se acolhida, ©, em conseqiiéncia, suspensa provisoriamente a eficacia dos dispositivos impugnados, voltaré a vigorar a redagdo originaria do artigo 55, da Lei n® 8.212/91, que, também por ser lei ordinaria, nao poderia regular essa limitagdo constitucional ao poder de tributar, ¢ que, apesar disso, no foi atacada subsidiariamente nesta agdo direta, 0 que levaria ao nao-conhecimento desta para se possibilitar que outra pudesse ser proposta sem essa deficiéncia. (..) Entendo que, em casos como o presente, em que ha, pelo menos num primeiro exame, equivaléncia de relevancias, e em que ndo se alega contra os dispositivos impugnados apenas inconstitucionalidade formal, mas também inconstitucionalidade material, se deva, nessa fase de tramitago da aco, tranca-la com o seu nfio-conhecimento, questo cujo exame sera remetido para 0 momento do julgamento final do feito, Embora relevante a tese de que, ndo obstante o paragrafo 7°, do artigo 195, s6 se refira a ‘lei’ sendo a imunidade uma limitagdo, ¢ de se exigir lei complementar para o estabelecimento dos requisitos a ser observados pelas entidades em causa, no caso, porém, dada a relevancia das duas teses opostas, e sendo certo que se concedida a iminar, revigorar-se-ia legislagao ordinaria anterior que nao foi atacada, nao deve ser concedida a liminar pleiteada. E relevante o fundamento da inconstitucionalidade material sustentada nos autos (0 de que os dispositivos ora impugnados - 0 que néo poderia ser feito sequer por lei complementar - estabeleceram requisitos que desvirtuam © prdprio conceito constitucional de entidade beneficente de assisténcia social, bem ‘como limitaram a propria extensio da imunidade). Existéncia, também, do "peric(ilim in mora’. (STF, plenario, Adime 2028/DF, Relator Ministro Moreira Alve 16/06/2000). 2005.04.01.025105.2 ia HN 385433. V010 Poder Judicisrio ‘TRIBUNAL REGIONAL FEDERAL DA 4" REGIAO Nio paira controvérsia, neste processo, sobre a modificago introduzida pela Lei n® 9.732/98, a qual suprimiu a educagdo e a salide da abrangéncia da assisténcia social, reduzindo-a somente as entidades exclusivamente filantropicas; todavia, a remissio ao juizo expendido pelo Supremo na referida ADIN tem plena pertinéncia com 08 fundamentos agasalhados neste voto. A discussio quanto ao veiculo normativo habil a esmiugar as exigéncias para 2 fruigéo do direito subjetivo assegurado pelo art, 195, § 7°, da CF nfo tema proeminéncia dada pela autora, porque o art. 55 da Lei n° 8.212/91, a meu ver, nao desvirtua os comandos erigidos no CTN, mas, ao contrério, ajusta-se com o preceituado nos artigos 9° e 14, desse diploma legal. Eis os dispositivos: "Ant. 9° E vediado & Unido, aos Estados, ao Distrito Federal e Muntclpios. 6) IV. cobrar impostos sobre: Od ©) 0 patriménio, a renda ou servicos de partidos politicos e de instituigao de educagdo ou de assisténcia social, observados os requisitos fixados na Segao II desse Capitulo; ty" "Art. 14. 0 disposto na alinea 'c' do inciso IV do artigo 9° é subordinado a observéincia dos seguintes requisitos pelas entidades nele referidas. L nao distribuirem qualquer parcela de seu patriménio ou de suas rendas, a titulo de luero ou participagdo no seu resultado; IL. aplicar integralmente, no Pais, os seus recursos, na manutengao dos seu objetivos institucionais; HI. manterem escrituragdo de suas receitas ¢ despesas em livros revestidos de formalidades capazes de assegurar sua exatidiio". Desta forma, tenho que a Lei n’ 8.212/91, na sua redacio original, nto desbordou do quanto ditado na legislacio complementar, restando imaculado 0 preceito constitucional insculpido no artigo 146, inciso I, da Carta Magna. O acréscimo de requisitos outros, nao elencados no CTN, no implica subversdo do molde legal, desde que no haja distorgao do conceito constitucional de entidade beneficente de assisténcia social, nem limitagao da propria extenstio da imunidade, nos termos da asseveragaio do Ministro Moreira Alves, na decisio supramencionada Dito isto, mister a transcrig&o do dispositivo da Lei n° 8.212/91, em sua redagao original: "Art. 55. Fica isenta das contribuigdes de que tratam os arts. 22 e 23 desta lei a entidade beneficente de assistoncia social que atenda aos seguintes requisitos cumulativamente: T- seja reconhecida como de utilidade piblica federal ¢ estadual ou do Di Federal ow municipal; 885433.V010 7/16 1 2005,04.01.025105-2 fait {ARATE ca ta Poder Judicidrio ‘TRIBUNAL REGIONAL FEDERAL DA 4" REGIAO II ~ seja portadora do Certificado ou do Registro de Entidade de Fins Filantropicos, fornecido pelo Conselho Nacional de Servigo Social, renovado a cada trés anos; II - promova a assisténcia soctal beneficente, inclusive educacional ou de satide, a menores, idosos, excepeionais ow pessoas carentes; IV ~ nao percebam seus diretores, conselheiros, sécios, instituidores ou enfeitores remuneragdo ¢ ndo usufruam vantagens ou beneficios a qualquer titulo; ¥- aplique integralmente o eventual resultado operacional na manurengdo desenvolvimento de seus objetivos institucionats, apresentando anualmente ao Consetho Nacional da Seguridade Social relatério circunstanciado de suas atividades”. No que concerne ao alcance do referido dispositivo, valho-me, mais uma vez, de excerto do voto do Relator, Min, Moreira Alves, na ADIN n° 2,028 "Com efeito, a Constituigio, a0 conceder imunidade as entidades beneficentes de assisténcia social, o fez para que fossem @ Unido, os Estados, 0 Distrito Federal 0s Municipios auxiliados nesse terreno de assisténcia aos carentes por entidades que também dispusessem de recursos para tal atendimento gratuito, estabelecendo que a lei determinaria as exigéncias necessérias pare que se estabelecessem os requisitos necessérios para que as entidades pudessem ser consideradas beneficentes de assisténcia social. E evidente que tais entidades, para serem beneficentes, teriam de ser filantropicas (por isso, o inciso II do artigo 55 da Lei 8.212/91, que continua em vigor, exige que 2 entidade ‘seja portadora do Certificado ou do Registro de Entidade de Fins Filanirépicos, fornecido pelo Conselho Nacional de Servigo Social, renovado a cada trés anos), mas néo exclusivamente filantropicas, até porque as que o sio no o so para 0 gozo de beneficios fiscais, e esse concedido pelo § 7? do artigo 195 nao o foi para estimular a ctiagio de entidades exclusivamente filantropicas, mas, sim, das que, também sendo filantrépicas sem o serem integralmente, atendessem as exigéncias legais para que se impedisse que qualquer entidade, desde que praticasse atos de assisténcia filantropica a carentes, gozasse de imunidade, que ¢ total, de contribuigao para a seguridade social, ainda que nao fosse reconhecida como de utilidade publica, seus dirigentes tivessem remuneragdo ou vantagens, ou se destinassem elas a fins lucrativos.” io hd negara legitimidade das exigéncias elencadas na Lei n° 8.212/91, na medida em que traduzem os requisitos objetivos imerentes A caracterizacio da entidade como beneficente e filantrépica. Quanto ao primeiro requisito da Lei n° 8.212/91, ha lei municipal e estadual declarando a ulilidade piblica da entidade, faltando a declaragao na esfera federal. Nao se pode julgar satisfeito o quesito, pois 0s pressupostos © procedimentos impostos pela lei federal no sio necessariamente equivalentes aos da legislagio municipal e estadual. Ainda que tenha afastado, na Apelagdo Civel n° 2001,71.12.004752-I/RS, a necessidade de declaragao de utilidade piblica, o entendimento juridico manifestado nesse processo decorrew, por certo, de situagio fitica diversa da configurada nos presentes autos. Nao & passivel inferir, dentre as finalidades da ACIRS, unicamente necessidades de ordem piblic 2005.04.01.025105-2 sl 885433.V010 8/16 (ARTO RA iu (A Poder Judicidrio : TRIBUNAL REGIONAL FEDERAL DA 4* REGIAO. No que se refere ao Certificado de Entidade de Fins Filantropicos, embora seja possivel a andlise nessa instancia, pois 0 seu deferimento consiste em ato vinculedo, a apreciagio imprescinde do cumprimento das prescrigdes legais, as quais balizam os pardmetros definidores da filantropia. O Decreto n° 2536/98, estabelece, como requisito para sua obtengao, a aplicago minima anual de 20% da receita bruta em gratuidade, bem ainda a aplicagio integral dos recursos aquinhoados no desenvolvimento de seus objetivos institucionais ¢ a prestagao de servigos gratuitos em cardter permanente e sem discriminagao de seus destinatarios, A autora, para amparar a sua tese, alega que distribui diversas boisas de estudo (integrais e parciais) aos alunos, além de cobrar pregos abaixo do custo por seus cursos e aplicar todos os seus recursos integralmente na sua atividade, no pais. Para comprovar seus argumentos, junta balangos patrimoniais e demonstrativos de resultado dos exercicios de 1999 a 2001, sintese de atividades de 1992 a 2000, demonstrativos do valor médio dos cursos cobrados nos anos de 1999 a 2001 e alguns recibos de bolsas de estudo, Essas provas, por si, sfo insuficientes para a certificagao da entidade, pois no abrangem todo 0 periodo impugnado (06/1992 a 06/2000) e necessitam de elucidago por meio de pericia, a fim de verificar 0 efetivo preenchimento dos requisitos legais, dirimindo a questo sobre o estado de necessidade e 0 modo de escolha dos beneficiados pela gratuidade. Hé de se ter em mente, como bem ressaltado pelo Juizo a quo, “para ser considerada entidade de assisténcia social, nao basta dedicar-se & ‘educago, no caso ao ensino da lingua italiana, ou a outras formas de difusto da cultura liana. E preciso que essa atividade ocorra no Ambito da promogao da integracao da pessoa ao mercado de trabalho, néo de qualquer pessoa, e sim da pessoa necessitada, conforme pode ser deduzido da leitura conjunta do inciso [Il com o caput do artigo 203, da CF/88" (fls. 231), ‘A. jurisprudéncia desta Corte, inclusive em precedente de minha Relatoria, ampara 2 tese defendida neste voto “TRIBUTARIO. ENTIDADE BENEFICENTE DE ASSISTENCIA SOCIAL. IMUNIDADE PREVISTA NO ART, 195, § 7°, DA CF88, DESNECESSIDADE DE LEI COMPLEMENTAR. REQUISITOS ELENCADOS NO ART. 55 DA LET N°8.2/2/91. CERTIFICADO DE ENTIDADE DE FINS FILANTROPICOS, 1. O STF, na ADIN n° 2.028-S:DF, entendeu que, ndo obstante a Constituigao disponha pela necessidade de lei complementar para regular as limitagdes constitucionais ao poder de tributar (art. 146, I)), a let menctonada no § 7°, do artigo 198, a principio, nao precisaria ser de tal natureza, podendo ser cordindrria, ante reiterados pronunciamentos jurisprudenciais. 2. Acatada a tese de inconstitucionalidade material da Lei n° 9.73298, na ADIN n° 2.028-5(DF, em virtude de os dispositives impugnados na agao dtreta terem estabelecido requisitos que a prépria Constituigao ndo estipulou, desyirtuando 0 conceito constitucional de enridade beneficente de assisténcia social e limitando a propria extensdo da tmunidade, ndo subsiste 0 argumento de que a Lei n°8.212/91 estabelece mera ixengdo subjetiva 3. Ante a decisdo da Corte Suprema, devem ser observados os reGfiisitps arrolados no artigo 35 da Lei 8.21291, em sua redagao original, kuglysive 2005.04.01.025105-2 [VIPC/VIP) 885433. VOI0 9/16 ia ua Poder Judicisrio ez ‘TRIBUNAL REGIONAL FEDERAL DA 4* REGIAO porque este dispositive ndo contraria os comandos erigidos no CIN, ajustando- ‘se com o preceituado nos artigos 9°e 14 desse diploma legal. 4. Considerando que, para a obtengdo do certificado de entidade de fins filantrépicos, a instinugao se adequou ao concetto de entidade beneficente de ‘assistencia social, tal como interpretado pela Corte Suprema, ndo se pode erigir como dbice ao reconhecimento desta condigao, em perlodo pretérito & validade do documento, a auséncia de requerimento da renovagdo do certificado ou registro." (EAC n° 1999.04.01.068387-9/RS, Primeira Seedo, DJU 16/10/2002, pag. 335/337, Relator Des. Federal WELLINGTON MENDES: DE ALMEIDA) "TRIBUTARIO. CONTRIBUIGOES _ PREVIDENCIARIAS. ENTIDADE EDUCACIONAL. IMUNIDADE. ISENCAO. REQUISITOS, 1. O ART-150 da CF-88 confere imunidade as instinigdes de educagao e assisténcia social somente em relacdo aos impostos e ndo as contribuigdes previdenciérias. 2. Quanto & isengao & condigto de goz0 do beneficio que a entidade seja portadora do Certificado ou do Registro de entidade de Fins Filantrépicos ‘fornecido pelo Consetho Nacional de Servigo Social bem como seja declarada de utilidade Piiblica 3. Caso em que a autora teve cassada sua declaragdo de utilidade piiblica por Decreto do Presidente da Repiblica. 4. O Supremo Tribunal Federal pacificou 0 entendimento de que 0 Poder Judiciério sé atua como legislador negative, detzando de aplicar a norma declarada ilegal ou inconstitucional. sendo-Ihe vedado conferir isengao nao prevista em lei ou estender o beneficio dqueles contribuintes nao contemplados ‘pela lei existente, Nao esta o Judiciério autorizado a aprectar e decidir sobre a ‘conveniéncia e a oportunidade da norma de isengdo, de cardter eminentemente diserictonario. Afinal, somente pode isentar aquele que detém o poder de exigir a exagao. 5. A extensito do beneficio a situagdes no abrangidas pela norma, criando direito estranho @ previsto legal e atribuindo @ norma supostamente inconstitucional vigor maior ndo faz parte das atribuiges clos érgdos judicidrios. E assim sendo, se a lei estipula como condigdo para a isengao que @ entidade seja declarada de wilidade piiblica, este requisito nfo pode ser suprimido pelo Poder Judicidrio.” (AC 1998.04.01.077188-0'SC, SEGUNDA TURMA, DJ 10/03/1999 PAGINA: 865, Relatora Des. Federal TANIA TEREZINHA CARDOSO ESCOBAR) Ante 0 exposto, voto no sentido de negar provimento a apelagio." (grifei) Trago também "TRIBUTARIO. ISENGAO DE CONTRIBUICAO PREVIDENCIARIA, LEI N° 8.212/91, ART. 35, INCISO HI COM REDACAO DADA PELA N°’ 9,732/98, ART. 1° ACRESCENTANDO-SE-LHE OS §§ 3° 4B 5° ENT. ASSISTENCIAL SEM FINS LUCRATIVOS, DETENTORA DE "CERTIFI DE ENTIDADE DE FINS FILANTROPICOS". 2008.04.01,025105.2, Poder Judicisrio ‘TRIBUNAL REGIONAL FEDERAL DA 4* REGIAO - Entidade civil sem fins lucrativos, de cardter assistencial e educacional, reconhecida como filantrépica, nos termos de "Certificado de Entidade de Fins Filantrépicos", esié isenta das contribuigdes previstas nos arts, 22 e 23 da Lei 2821291 ~ Recurso improvido." (STI, 1° Turma, REsp 383.835/MG, rel. Min Humberto Gomes de Barros, j 18.03.2003, DJ 19.05.2003 p. 126) "TRIBUTARIO. ISENCAO DE CONTRIBUICOES PATRONAIS (COFINS). ENTIDADE ASSISTENCIAL SEM FINS LUCRATIVOS, LEL N° 8.22/91 E LE N° 9,732/98. Entidade civil, sem fins lucratives, de caréter assistencial e educactonal reconhecida como filantréptea, nos termos de certificado expedido pelo Consetho Nacional de Assisténcia Social, esté isenta das contribuigdes de que tratam os arts. 22 ¢ 23 da Lei n° 8212/91. Suspensii da eficdcia do art. 1° da Let n° 9.732/98 na parte em que alterou a redagiio do art. 55, inciso HI, da Lei n°8.212/91 e acrescentou-the os §§ 3°, 4° € 5°(ADIn 2,028-5, Relator Ministro Moreira Alves, DJ de 23/11/99). Apelo da INSS ¢ remessa improvidos.” (TRF 1” Regiao, 4° Turma, AMS n. 1999.38.00.025031-9MG, rel Des. Fed. Hilton Queiroz, DY 11.09.2003, p.34) PROCESSUAL_ CIVIL E TRIBUTARIO: ACAO _ DECLARATORIA. CONTRIBUICAO PREVIDENCIARIA, ENTIDADE FILANTROPICA. COTA PATRONAL, ISENCAO. CF, ART. 195, § 7° E LEI 8.212/91, ART. 55. UNIAO FEDERAL. PARTE ILEGITIMA PASSIVA. EXCLUSAO DE OFICIO. POSSIBILIDADE. HONORARIOS. FIXAGAO. 1- A entidade beneficente de assistencia social (filantrépica) é isenta (imune) constitucionalmente da cota patronal da contribuigiio previdencidria, desde que atenda aos requisitos estabelecidos em lei (CF, art. 195, § 7° e Lei 8.21291, art. $3), IL Parte legitima passiva na agao declaratéria visando 0 reconhecimento da imunidade (isengito) é 0 INSS, visto que arrecada, fiscaliza, administra e langa @ tributo, sendo detentor da capacidade ativa por delegagdo da Unido Federal, que possui competéncia legislativa para a instituigdo da contribuigao previdencidria (Lei 8.212/91, arts. 11 e 33). II - No caso, 0 autor Colégio Salestano Dom Bosco ¢ associagao civil sem fins lucrativos de cariter educacional, cultural e de assisténeia social, 0 qual foi reconhecido como entidade de fins filantrépicos, preenchendo os requisitos previstos no artigo 55 da Let 8212/91, cuja redagdo foi modificada pela Let 9.732, de 11.12.98, que exigiu a prestagio gratuita de Beneficios e servicos pela entidade beneficente de assisténcia social (art. 55, II. § 3%) IV - Contudo, 0 Colendo STF suspendeu iiminarmente o dispositive da Lei 9.732/98, que alterou o artigo 55 da Lei 8.212/91, na parte relativa @ prestagd exclusiva gratuita de servigos assistenciais (ADINs 2028-5/DF e 203 Rels. Min. Moreira Alves e atual Min. Joaquim Barbosa, j. 14.7.99, DJ Of ¢ referendada em 11.11.99 pelo Pleno, DJ 16.6.2000). 885433.VO10 11/16 2005.04.01.025105-2 [VIPC/VIP] Poder Judiciario ‘TRIBUNAL REGIONAL FEDERAL DA 4* REGIAO V-- Dessa forma, in casu, 0 fato de 0 autor cobrar mensalidade dos alunos, nao impede que seja reconhecido como entidade de fins filantrépicos, para 0 exercicio do direito @ isengdo da contribuigdo previdencidria patronal, enquanto preencher os requisitos legais. VI- De oficio, excluida a Unido Federal do palo passivo da agao declaratéria julgada procedente contra 0 INSS. VIl- Honorarios advocaticios fixados em 5% sobre o valor dado a causa (CPC, art, 20, § 49, Vill - Apelagdo do INSS e remessa oficial parcialmente providas." (IRF 3° Regido, AC n°805179/SP, rel. Des. Fed. Cecilia Mello, DJ 28.01.2005, p. 193) O art. 195, § 7%, da Constituigio Federal, ao remeter a lei o estabelecimento das exigéncias legais para a concessio da imunidade o fez de forma ica, sem referit-se a lei complementar, motivo pelo qual pode ser regulado por lei ordinéria, "desde que ndo haja distoreao do conceito constitucional de entidade beneficemte de assisténcia social, nem limitagdo da prépria extensdo da imunidade" (como ja dito anteriormente). Com efeito, no se aplica, na espécie, o art. 14 do CTN, por referir-se a impostos e existir, em relagdo as contribuigdes sociais para a seguridade social, norma legal especifica Ressalve-se, contudo, que a aplicagao dos arts. 1°, 4°, 5° ¢ 7° da Lei n. 9.732/98, foi afastada pelo STF, uma vez que restringem, materialmente, as hipdteses de imunidade estabelecidas pela Constituigo. No julgamento da ADIn 2.028 (rel. Min Moreira Alves, j. 11.11.99), 0 STE analisou a abrangéncia do beneficio previsto no art 195, § 7, da Constituigdo Federal, dizendo que: "No preceito, cuida-se de entidades Beneficemes de assisténcia social, néo estando restrito, portanto, as instituighes filamrépicas. Indispensdvel, & certo, que se tenha o desenvolvimento da atividade voltada aos hipossuficientes, aqueles que, sem prejuizo do proprio sustento e 0 da familia, no possam dirigir-se aos particulares que atuam no ramo buscando lucro, dificultada que esté, pela insuficiéncia de estrutura, a prestagio do servico pelo Estado. Ora, no caso, chegou-se & mitigacdo do preceito, olvidando-se que nele ndo se contém @ impossibilidade de reconhecimento do beneficio quando a prestadora de servigos ‘atua de forma gratuita em relagdo aos necessitados, procedendo é cobranca junto dqueles que possuam recursos suficientes. (..)" Assim, tendo o Supremo Tribunal Federal consideredo relevante a tese da desnecessidade de lei complementar para disciplinar a matéria ¢ afastada a nova redagao dada ao artigo 55 da Lei 8.212/91 (§1°, UI, §§ 3°, 4° € 5°, dada pela Lei 9.732/98), considerando 0 aspecto material do mesmo, restam a serem observadas as disposigdes da citada lei, em sua propria redagao original. Logo, a0 contrario do afirmado pelo INSS, nfo é exigivel a prestacdo (exclusivamente) gratuita de beneficios ¢ servigos & comunidade, pois é perfeitamente possivel a entidade assim fazé-lo em relagdo aos necessitados, procedendo a cobragca Junto Aqueles que possuam recursos suficientes. Tampouco impde-se como requsito, a comprovagao da oferta e a efetiva prestagdo de servigos de pelo menos sess r cento ao Sistema Unico de Saiide. O10 12/16 2005,04.01.025105-2 slyawlat 885- Wt a p Poder Judicidrio . ‘TRIBUNAL REGIONAL FEDERAL DA 4" REGIAO Na linha do acima exposto, a andlise da prova produzida nos autos denota que: a) 0 débito exeqiiendo refere-se a0 periodo de 10/92 a 09/98 (RS 2.192.202,66 em dezembro de 1998); ) a autora foi reconhecida como entidade de utilidade publica federal, conforme certificado emitido pelo Ministro do Estado da Justia em 13.10.2003 (fl. 426 = processo administrativo iniciado em 2002), renovado em 23.06.2004, bem como Portaria n° 1.495/2003, publicada no DOU em 10.10.2003 (fl. 427), ©) também o foi em nivel municipal, nos termos da Lei Municipal n° 230, de 09 de maio de 1988 (fl. 444); d) possui registro de entidade ci datado de 10.07.2000 (A. 445); @) o8 recursos advindos da prestagdo de servigos so investidos na sua atividade-fim e no pais (laudo pericial); 4) niio ha distribuiggio de lucros nem percep¢ao de remunerago a qualquer titulo pelos diretores (laudo pericial), ¢) ha regularidade dos livros que registram as receitas e despesas da | para habilitagao de auxilio do Estado, entidade. Ainda é digno de registro que, embora nio seja exigivel que os servigos sejam prestados integralmente de forma gratuita, hé que integrar seus objetivos institucionais promover a assisténcia social beneficente a menores, idosos, excepcionais ou pessoas carentes (art. 5S da Lei n, 8.212), ou seja, alguma atividade deve caracterizar-se como tal. perito judicial observa que, conquanto a entidade consigne em seu relatorio administrativo referente ao periodo de 1998/2000 um certo numero de atendimentos prestados gratuitamente, "ndo se encontrow qualquer lancamento contébil, registrando tal gratuidade, ou seja, a néo realizagao da receita relativolsic] aos trabalhos prestados nem mesmo dos produtos gastos no atendimento sem a devida retribuigdo" (fl, 249). Ha noticia de atendimento ao SUS somente a partir do primeiro semestre de 2005, sendo que a época da pericia nao era conveniada do Sistema, estando em fase de credenciamento. ‘A autora explica que, "iralando-se de remincia de receitas, é desnecessdiria, e até impossivel, a apuragdo e contabilizagéio de valores que a entidade deixou de receber por atendimentos efetivamente prestados. O atendimento gratuito, em realidade, onera os custos da entidade, sendo nessa rubrica que, de forma global, encontram-se registrados os procedimentos gratuitos" (fl. 370). Aiém disto, "a prestacdo de servicos de assisténcia social nao exclui a cobranca, por parte das entidades, de taxas, contribuigaes e materiais utilizados no atendimento, vez que, como & consabido, a manutenedio dos servigos demanda determinado volume de recursos destinados a cobrir os custos a ele inerentes". E, “no iiltimo gitingiiénio, os custos superaram as receitas da entidade, o que, por si 56, denota a prestacdo de servigos sem a exigéncia de contraprestacao" (fl. 371). ( Contudo, nfo ha o Certificado de Registro de Entidade de Filantropicos, fornecido pelo Conselho Nacional de Assisténcia Social 025105-2 [VIPC/VIP| 885433. VO10 13/16 Poder Judicidrio . ‘TRIBUNAL REGIONAL FEDERAL DA 4* REGIAO ‘A tese da autora/embargante € que, "sendo a imunidade constitucionalmente garantida, é despiciendo a outorga de ato meramente declaratérios{sic] de direito pelo Poder Piiblico a entidade assistencial para que esta ‘seja amparada pela Carta Suprema, Nao ha necessidade alguma na existéncia ou ndo de tais declaragdes (que ndo constituem direito) em favor da requerente, servindo gpenas caso exista, de prova pré-constituida a favor das entidades filantrépicas" (8 203 - grifo no original). E certo que os certificados expedidos pelo Poder Publico tém eficacia declaratéria ¢ constituem prova pré-constituida de situago fatica que pode ser, por ‘outros meios, comprovada pelo postulante do beneficio fiscal. Nesse sentido, alias, os precedentes jurisprudenciais, merecendo destaque: "O reconhecimento da entidade como fins fiiantrépicos tem natureza declaratoria, ¢ confere ao certificado expedido efeitos ex tunc, fazendo desaparecer, em consegiiencia, a exigibilidade do crédito tributdrio referente ds contribuigdes previdencidrias desde a data em que se constituin a situagao ensejadora da isengao" (STI, 1° Turma, AgREsp n. 382.136RS, rel. Min. Teori Albino Zarvascki, DJ 03.05.2004, p. 95). Neste caso, porém, nio ha nos autos o certificado de entidade de fins filantrépicos, fornecido pelo CNAS, nem existem elementos que permitam inferir o momento em que implemento de todos os requisitos legais para a concessio do beneficio, para conferir a prova documental eficécia retroativa. A despeito de o débito exeqiiendo referir-se 20 periodo de 10/92 a 09/98, a documentagao destinada a comprovacao dos pressupostos legais abrange competéncias posteriores a janeiro de 1997 (registros contabeis), sendo os relatorios de atendimentos gratuitos relativos aos anos de 1998 a 2000 e os certificados expedidos a partir de 2000. Realce-se, ainda, a insuficiéncia da mera existéncia de lei municipal para a comprovagao da condiggo de entidade filantropica "PROCESSUAL CIVIL. RECURSO ESPECIAL. ENTIDADE FILANTROPICA. COMPROVACAO. NECESSIDADE DO CERTIFICADO. NATUREZA DECLARATORIA DO ATO. 1. O Certificado de Entidade Beneficente de Assisténcia Social- CEBAS é 0 documento que exterioriza 0 diretto a isengao inserta no art. 195, § 7°da Carta da Repiiblica. 2. Oartigo 55, If da Lei 8.212/91 impoe como condigdo ao goz0 da isengdo ser a entidade portadora do certifieado de filantropia 3. O certificado que reconhece a entidade como filantrépica, de unlidade piiblica, tem efetto ex tune, por se tratar de um ato declaratério, consoante RE n° 115,510-8. Assim, hd isengao das contribuigSes previdenciérias anteriores dt expedigao do certificado. 4 Recurso especial provido em parte." (STJ, 2 Turma, REsp 478.239/RS, rel. Min. Castro Meira, DJ 28.11.2005 p. 246) "PROCESSUAL CIVIL - RECURSO ESPECIAL - AGRAVO REGIMENTAL ‘SUMULA 126/STJ - DESCABIMENTO - CERTIFICADO DE UTILID} PUBLICA - ISENCAO. 2005.04.01.025105-2 [VIPEYVIP| 885433.VO10 14/16 a lan {OQ 2005,04.01.025105-2 ia Poder Judicidrio . ‘TRIBUNAL REGIONAL FEDERAL DA 4" REGIAO 1. Afastanse a aplicagto da Simula 126/STJ se a parte recorrente & vencedora nna instncia de origem quanto & matéria constitucional. 2. Esta Corte, acompanhando precedente do STF (RE 115.510-8), tem entendido que o certificado que reconhece a entidade como filantrépica, de utilidade pitblica, tem efeito ex tune, por se tratar de um ato declaratério. 3. Isengito das contribuigdes previdencidrias anteriores d expedigdo do certificado. 4. Agravo regimental improvido.” (STI, 2° Turma, AgRg no REsp T58.010/RS, rel. Min, Eliana Caimon, DJ 12.12.2005 p. 342) “TRIBUTARIO. CONTRIBUICAO—-PREVIDENCIARIA. _ ENTIDADE FILANTROPICA. __ISENGAO._INTERPRETAGAO_RESTRITIVA CONDICIONAMENTO AOS REQUISITOS LEGAIS. RECURSO ESPECIAL. 1. Se 0 contribuinte ndo deu cumprimento ao comando do artigo 55, § 1°, da Lei 8.212/91 em relagao aos exercicios de 1997/1998 ndo reveste a qualidade de "isento" devendo, pois, pagar as contribuigdes sociais inadimplidas, 2. ds entidades cabe 0 cumprimento cumulative de todos os requisitos legais para que possam usufruir da isen¢fo pleiteada. E do conhecimento médio de quem tritha a seara do direito tributério que, relativamente as regras de isengéo, a interpretago deve ser literal nos termos do artigo 111 do CIN. Saliente-se, outrossim. a precariedade da "isengdo" sob comento, ou seja, a entidade encontra-se sujeita d verificagao pelo INSS, do cumprimento de todas as condigdes legais necessdrias outorga ou permanencia no gozo da isengfo. 3. In casu, a recorrida, no periodo em que as contribuigdes Ihe foram cobradas, nao se enconirava amparada pela isengao em face do niio-cumprimento do requisito inserto no artigo 55, § 1°, da Lei 8.21291. 4. Recurso especial provido." (STJ, 1° Turma, REsp 463,335/PR, rel. p/ ac. José Delgado, DJ 17.12.2004 p. 419) "TRIBUTARIO. ISENCAO. — CONTRIBUICOES — PREVIDENCIARIAS. ENTIDADE BENEFICENTE. 1. Nao tem direito c isengaio de contribuigdes previdencidrias a entidade que, embora reconhecida de unlidade piiblica, n@o apresema 0 Certificado de Entidade de Fins Filantrépicos a ser fornecido pelo Consetho Nacional de Servigo Social. 2. Recurso improvido,"" (STJ, I* Turma, REsp 502.209/SP, rel. Min, José Delgado, DJ 28.04 2004 p. 230) "TRIBUTARIO. ISENCAO DE CONTRIBUICAO PREVIDENCIARIA. LEI N° 8212/91, ART. 35, INCISO Ill. COM REDACAO DADA PELA LEI N° 9.73298, ART. 1°, ACRESCENTANDO-SE-LHE OS §§ 3°, 4° E 5° ENTIDADE ASSISTENCIAL SEM FINS LUCRATIVOS, DETENTORA DE "CERTIFICADO DE ENTIDADE DE FINS FILANTROPICOS". - Entidade civil sem fins lucrativos, de cardter assistencial e educdyiond!, reconhecida como filantripca, nos termos de "Certfcado de Ended fe 885433.V010 15/16 MOL Poder Judiciario ‘TRIBUNAL REGIONAL FEDERAL DA 4" REGIAO Filantrépicos”, esté isenta das contribuigdes previstas nos arts. 22 € 23 da Lei n°8.212/91. - Recurso improvido." (STI, I* Turma, REsp 383.835/MG, rel. Min. Humberto Gomes de Barros, DJ 19.05.2003 p. 126) Il - Com relago & abrangéncia do pronunciamento judicial, procede a irresignagao do INSS, porém por fundamento diverso. ‘A fruigiio do beneficio constitucional est4 condicionada ao implemento de requisitos legais, periodicamente aferivel pela autarquia previdenciéria e passivel de comprovacdo pela autora/embargante. "MANDADO DE SEGURANCA. FILANTROPIA. RENOVACAO DE CERTIFICADO DE ENTIDADE BENEFICIENTE. LEI N° 3.57/59. DIREITO ADQUIRIDO. SEGURANCA DENEGADA. ‘1. Nao hé direito adquirido ao regime tributdrio previsto na Lei n° 3.57/59 e no seu Decreto regulamentador. Do contrério, estar-se-ia admitindo direito adquirido & mamutengdo de regime juridico, 0 que, segundo entendimento pacifico do Supremo Tribunal Federal, nao ¢ possivel. 2. A impetrante deve se submeter ds sucessivas inovagdes legals relativas aos Trequisitos para o gozo da tsengdo da contribuigdo previdenciaria, supervenientes @ sua instituledo e ao momento em que, pela primeira vez, ‘obteve 0 reconhectmento do direito ao beneficio. 3, Seguranga denegada.” (STJ, 1° Sedo, MS 9,803/DF, rel. Min, José Delgado, DJ 23.05.2005 p. 133) II - Em razio da improcedéncia das agdes, resta prejudicada a pretensao da autora/embargante de ver majorada a verba honoréria, que deve ser integralmente suportada pela mesma, Consigne-se, apenas, que, de acordo com o que fora estabelecido na sentenga, os honorarios advocaticios correspondem 2 1% sobre a soma dos valores das causas das ages apensadas, devidamente atualizados pelo INPC (ages declaratoria nn? 98,1810366-1 (RS 1,000,00 em 09/98), ordindria n° 98, 1811787-5 (RS 2,026.828,44 em 10/98) e de embargos 4 execugdo n° 2001.71.08,003543-4 (RS 2.192.202,66 em 05/01). [Ante 0 exposto, nego provimento a apelagao da autora/embargante ¢ dou provimento a apelagdo do INSS e a remessa oficial Eo voto. Uiven G Juiza Federal ‘Viviau'Ideete Pantaledo Caminha Relatora, 5433. V010 1 16 UU eR 2005.04.01.025105-2 | VIPC/VIP] cc A ‘TRIBUNAL REGIONAL FEDERAL iL CERTIDAO DE JULGAMENTO eee 1° TURMA *H* (2005 .04.01.025105-2) SESSKO: 01/02/2006 AC-RS 9818117875 RELATOR: Exma, Sra. Juiza Federal VIVIAN JOSETE PANTALEAO CAMINHA H PRESIDENTE DA SESSAO _: Exmo. Sr. Des. Federal VILSON DAROS PROCURADOR DA REPOBLICA: Exmo(a). Sx(a). JANUARIO PALUDO AUTUACAO : SOC/ BENEFICENTE DE PAROBE INSTITUTO NACIONAL DO SEGURO SOCIAL - INSS (Os mesmos) : JULZO FEDERAL DA VF BXEC.FISCAIS DE NOVO HAMBURGO ADVOGADOS: ADV: Renato Lauri Breunig e outros ADV: Solange Dias Campos Preussler SUSTENTACAO ORAL CERTIDAO Certifico que a Egrégia 1* TURMA ao apreciar os autos do processo em epigrafe, em sesso realizada nesta data, proferiu a seguinte decisdo: ‘A TURMA, POR —UNANIMIDADE, _NEGOU _PROVIMENTO A APELAGKO DA RUTORA/EMBARGANTE E DEU PROVINENTO A APELACKO DO INSS E A REMESSA OPICIAL. RELATOR DO ACORDKO :Juiza Federal VIVIAN JOSETE PANTALEAO CAMINHA VOTANTE (s): Juiza Federal VIVIAN JOSETE PANTALEAO CAMINHA Des. Federal WELLINGTON M DE ALMEIDA Des. Federal ANTONIO ALBINO RAMOS DE OLIVEIRA ie tario(a) if Poder Judicidrio ‘TRIBUNAL REGIONAL FEDERAL DA 4* REGIAO. APELACAO CIVEL N’ 2005.04.01.025105-2/RS H RELATORA : duiza VIVIAN JOSETE PANTALEAO CAMINHA APELANTE : SOC/ BENEFICENTE DE PAROBE ADVOGADO —::- Renato Lauri Breunig e outros APELANTE : INSTITUTO NACIONAL DO SEGURO SOCIAL - INSS ADVOGADO —:_ Mauro Luciano Hauschild APELADO : (Os mesmos) REMETENTE _: JUIZO FEDERAL DA VF EXEC.FISCAIS DE NOVO HAMBURGO EMENTA TRIBUTARIO, CONSTITUCIONAL. IMUNIDADE. _ ISENCAO. CONTRIBUICAO PREVIDENCIARIA. ENTIDADE HOSPITALAR. ART. 195, § 7°, DA CONSTITUIGAO FEDERAL, CERTIFICADOS EXPEDIDOS PELO PODER, PUBLICO. EFICACIA. AUSENCIA DE PROVA DO IMPLEMENTO DOS REQUISITOS LEGAIS. 1. O art. 195, § 7°, da Constituigdo Federal, ao remeter a lei a disciplina sobre as exigéncias legais para a concessdo da imunidade, o fez de forma genérica, sem referir-se & lei complementar, motivo pelo qual pode ser regulado por lei ordinéria, desde que no haja distorgZo do conceito constitucional de entidade beneficente de assisténcia social, nem limitagdo da extenséo do beneficio constitucional. Com efeito, no se aplica, na espécie, o art. 14 do CTN, por referirse a impostos e existir, em relagao 4s contribuigdes sociais para a seguridade social, norma legal especifica Ressalve-se, contudo, que a aplicagao dos arts. 1°, 4°, 5° e 7° da Lei n. 9.732/98, foi afastada pelo STF, uma vez que restringem, materialmente, as hipdteses de imunidade estabelecidas pela Constituigaio (ADIn 2.028, rel. Min, Moreira Alves, j. 11.11.99). 2, Conquanto os certificados expedidos pelo Poder Publico tenham eficdcia meramente declaratéria e constituam prova pré-constituida de situagio fatica que pode ser, por outros meios, comprovada pelo postulante do beneficio fiscal, nao ha nos autos elementos que permitam inferir 0 momento em que a entidade implementou 08 requisitos legais para a concessdo do beneficio fiscal, a fim de conferir a prova documental eficacia retroativa ACORDAO Poder Judiciario ‘TRIBUNAL REGIONAL FEDERAL DA 4* REGIA apelagio do INSS e & remessa oficial, nos termos do relatério, voto € notas taquigraficas que ficam fazendo parte integrante do presente julgado. Porto Alegre, 01 de fevereiro de 2006, Jeuen Om i Juiza Federal Vivian Sosete Pantaledo Caminha Relatora 2005.04.01.025105-2 (VIPS 885434. VO04. 2/2 ih A Hi

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