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ESPECIAL | 4 DAR PARA - SOBREVIVER 9, realizado 0 foco foi < ormaca aa elK- em um ambiente de mudanca a Er YC Pata or eee en Othe Flavia Neves, da Coca: Ree eae re eons rere ee prea tr roared es CELEBRE AUTORDEFIC- ‘¢ho CIENTiFICA Isaac de Eu, runadéca- da de 60 sobre o horror que a evolucio das maquinas caus nas pessoas. Para Asimov, o temor era um “complexo de Frankenstein”, em referéncia ao famoso livro da escrito britanica Mary Shelley fineado ne ideia de que a humanidade seria substituida por suas riagdes e se tornaria obsoleta, Hoje, as pessoas se beneficiam de di versas novas tecnologias baratas que transformaram servigos antes caros e exclusives em parte do cotidiano de qualquer um, Asempresas, porém, vém criando sua prépria espécie de “com- plexode Frankenstein” ante uma situa G80 poucas vezes vista em escala tio ampla na histéria corporativa: novas tecnologias que trazem beneficios de W Baise 0 apicatvo gato Blpps WS ics Steonsaem nomia corremo risco de ser engolidos por novas tecnologias, EXAMEe VEJA fizeram, em parceria com a fabricante debebidas Coe: dado evento A Revoluicao do Novo, no dia 21 de margo, em Sao Paulo, O pri- meiro encontro, realizado em janeiro, abordou as mudangas que afetam as pessoas como individuos, cidadios e consumidores, Desta vez, oevento, que contou com a participacao de mais de 150 convidados, incluindo empresa rios, presidentes de empresas, perso nalidades e académicos, tratou das transformagdes que afetam as empre- sas, O terceiro etltimo encontro, para discutir as mudangas nos paises, vai ocorrer nos préximos mest Quem imaginaria, no ano 2000, que toda a inddstria automotivaestariaem risco devido ao surgimento iminente de carros auténomos? O avango tecno- ‘ola, asegunda roda- As empresas costumam ser resistentes a inovacao. Mas nao se trata mais de “se” a tecnologia vai afetar os negdcios, e sim “quando” produtividade e também colocam em xeque os modelos de negécios de se mentos econdmicos inteiros. Para os préximos anos, é esperada uma explo. sio de novos empreendimentos e tec: nologias capazes dle tornar obsoletos setores como 0 automotive, com os carros auténomos e elétricos,cujos de- senvolvedores pioneiros nao sio as tradicionais montadoras, mas empre- sas de tecnologia, Nesse contexto,o qu as companhias podem fazer para néo ficar paratris? A resposta é to simples quanto complicada: as companhias no devem resistir ao processo de disrup- 10 da tecnologia, mas utilizé-lo como (0 motor para ser mais produtivas ¢ crescer. Para isso, é necessitio se rein- e questionar modelos conside- rados sagrados — e vencedores, Para discutir como lidar com um ‘mundo em que setores inteiros da eco- vent logico diminuiu o custo das inovacées, que ganharam impulso e passaram a acontecer numa escala exponencial. Isso gerou um paradox: ao mesmo tempo que processobeneficiaempre- sas estabelecidas, por baratear e tornar mais s etapas da producio, coloca em risco atividades tradicio: sta pensar no aplicative de ‘mensagens WhatsApp. Em um inter- valo de quatro anos, ele praticamente anulou © negécio de mensagens de texto nos celulares, que existe desde 1996 e chegou a ser avaliado em 100 bilhdes de délares. “As empresas, em geral, tém uma resisténcia em relacio a inovacio por ja dispor de modelos estabelecidos, Masa questio nao é'se’ a tecnologia vai afetar os negdcios, sim ‘quando’ isso vai ocorrer”, diz a presidente da Microsoft no Brasil, Pau. Ia Bellizia. Ela participou de um painel 29 de marco de 2017 171 ESPECIAL | NOVAS TECNOLOGIAS PARA VELHOS PROBLEMAS: ‘Romero Rodrigues, do Redpoint eventures, no del que discutiu o impacto da teenolog te com Cristi Junqueira, sécia do Nuban Rodrigues, fundador do Bu ra sécio do fundo de capital de riseo nos negécios juntai e Romero pee: americano Redpoint eventures. Alem deles, lestrantes Fernand Reinach, sécio e gestor do Fundo Pi tanga de investimentos, voltado para evento como p sécios inovadores, e Vicente Falco. ni, fundador da consultoria de gestac Falconi e colunista de EXAME. No iiltimo bloco, o papel da sustentabili- dade no futuro das empresas foi deba. ‘ido por Guilherme Leal, sécio e ¢ presidente do conselho de administra ‘gio da Natura, Roberto Waack, presi dente da Fundacdo Renova, criada para reparar os danos causados pelo rompimento da barragem de Fundio, em Minas Gerais, ¢ Flavia Neves, exe cutiva da drea de sustentabilidade da Coca-Cola. No intervalo dos blocos, 721 warmer) Ss plareia de convidados discutiu em sas mesas os assuntos abordados, com foco nas consequéncias de tantas E comum ouvir de execuitivos que inovacio é a prioridade numer sua companhia, Apesar do tuma pesquisa da escola de negécios suica IMD e da empresa de tecnologia sco mostrou justamente o con ntrevistar 941 lideres de empresas Ao ais de 12 setores, 45% deles disse Fam que a disrupedo digical no é uma preocupagio e apenas 25% afirmaram responder de forma ativa 4 transfor Paula Bellizia, da Microsoft (esq), Cristina Junqueira, do Nubank, bate conduido pelo diretor de redagao de VEJA, André Petry macio de seus negicios. Com base nas respostas, os pesquisadores mont: um modelo para estimar o nivel de r co a que as companhias estavam sub- metidas e descobriram que 40% das empresas ja estabelecidas podem sti- mir até 2020, “As pessoas tratam da inovagao como algo positive para as, empresas — o que realmente é —, mas esquecem que as inovagdes radicais siio ameacas reais a negécios tradicio Fernando Reinach. “Mais do {que nunca as empresas precisam fica nais" diz atentas: a historia mostra que muito Faramente os lideres conseguem so aay REINACH: ee nee acto radical." Reinach lembrou que esse tipo de situacao foi definido como “destruigao criativa’ pelo economista austriaco Joseph Schumpeter em 1942. Passados 75 anos, o conceito esté se provando cada vez mais presente na economia, Grandes companhias sempre tiveram dificuldade em reconhecer as inovacdes Nos anos 70, Ken Olson, pre sidente da fabricante americana de ‘omputadores DEC, que dominava 0 mercado corporativo, disse que no fa Zia sentido al 2. No final dos anos 90, pessoal em quando 0 mercado de PCs estava em plena expansio, a empresa foi compra: da pela Compag, que, por sta vez, fo adquirida pela HP nos anos 2000. 0 exemplo da DEC ilustrabem orisco que as empresas correm a0 ignorar as ino- vagGes que atender consumidores, Desde 2000, segundo consultoria Accenture, 52% das 500 maiores empresas da lista da revista americana Fortune faliram, foram ad uiridasou deixaram de existr. Estima. -se que 75% das empresas que em 2012 compunham o S&P 500, principal indi- ce da bolsa de Nova York, deverio sair cativo Biareasssta 20 video da pales de Ferrando Reinach da lista até 2027. 0 tempo médio de permanéneia de uma companhia no indice caiu de 61 anos, em 1958, para 18 anos, em 2012. Por isso, 0s gestores pre cisam estar preparados para lidar com um mundo em permanente mudanca. A inovacao pode ser uma colecao de Pequenas mudancasem toda aempresa que, no conjunto, fazem toda diferen- 2 afirma o consultor Vicente Falconi, REVOLUCKO 4.0 Nos iltimos 50 anos, ocrescimento do PIB mundial foi movido por uma com: binagio de aumento dos empregos com elevacdo da produtividade. Nas prdxi- ‘mas déeadas, coma mudanca na demo- rafia, a ampliagao do mercado de tra- balho mento econdmico, Por isso, aexpansio teri de ser garantida pela elevagto da produtividade.E justamente nesse as ecto que as novas teenologias podem ajudar muito. Recursos como automa- S40, inteligéncia artificial, andlise de big data, computagao em nuvem e in temet das coisas slo capazes de melho raro desempenho dos negécios a0 au nitribuiré menos para ocresci mentar a eficigncia e diminuir os erros € 08 desperdicios nos proc estudo da consultoria BCG analisou o impacto da chamada Revolugao Indus- trial 40 na Alemanhae projetou que o uso de novas tecnologias podera impul- sionar a produtividade industrial do pais de 5% para 8%, em média, nos pro ximos dez anos. “As tecnologias vao trazer muitaeficiéneia paraos negécios 0 ser mais eficientes e igeis, as em- presas poderio transformar isso em beneficios para os clientes”, diz Cristi- nna Junqueira, fundadora do Nubank, uma fintech — como so chamadas as, startups do setor financeiro— que des- de 2014 ja conquistou mais de tmilhao de clientes oferecendo cartes de eré- dito com taxas de juro mais baixas do que as dos bancos tradicionais, Se oavanco de tecnologias como in- cia artificial e automacao ine- xoravel, surge inevitavelmente a ques tio: as miquinas vao roubar o empre go dos homens? A tendéncia parece sim, irteversivel, mas nao tanto quan- to as mais apocalipticas previsoes s. Um teli arco de 2017 178 ESPECIAL | mostram. Segundo a consultoria MeKinsey, ao analisar 820 ocupagées do mercado de trabalho dos Estados Unidos, apenas 5% delas podem ser totalmente automatizadas. Ao mesmo tempo, aprevisio é que 65% das erian- cas de hoje realizario funcdes que ainda nfo foram inventadas. “Boa par- te das profissoes atuais ganhou forga depois da Revolugio Industrial. Sur- gird um novo grupo de ocupacdes que substituirdo as fungdes repetitivas e, nesse proceso de adaptacio, aeduca- io sera essencial”, afirma Romero Rodrigues, da Redpoint eventures. ‘Uma noticia positiva vem de um estu- do da consultoria Deloitte. Numa pes- uisa sobre o Reino Unido que abran- eu dados de censos britanicos de 1871 2011, 0s autores notaram que as tec- nologias que mudaram 0 mercado de trabalho ecriaram mais empregos do que destruiram nos 140 anos estuda- dos. O ntimero de pessoas trabalhando na lavagem de roupas, por exemplo, caiu de 200000, em 1901, para 35000, em 2011, Jé 0 de contadores cresceu de 9 800, em 1871, para 213000, em 2011 ~ hoje ja existem aplicativos que substituem o trabalho dos contadores. Essas mudangas tecnol6gicas pro- fundas, porém, ainda nao se transfor- ‘maram em praticas mais sustentiveis das empresas. Num cenario em que 0 aquecimento global e 0 aumento da desigualdade social sio realidades, a sensacio é que as empresas seguem ainda arranhando a superficie nesses temas. “A tecnologia traz solugdes in- teressantes, mas ela ainda ajuda pouco nabbusca de uma sociedade mais inclu- siva’,afirma 0 empresirio Guilherme Leal. A mudanga nas empresas tam- bem terd de passar pela maneira com ‘que elas se comunicam com associeda- de. "Nosso negécio nao és6 0 produto. Nossa marca tem muito maisa agregar &sociedade do que simplesmente ven- der refrigerante”, diz Flivia Neve: executiva da Coca-Cola, Casos de su- cesso de inovagdes disruptivas, como (0 Uber, o Netflix e 0 Airbnb, refletem © novo comportamento das pessous, que esperam servicos em uma econo mia mais compartilhada, Esse modelo 74 | worwoxamecom MAIS GANHOS DO QUE PERDAS Novas tecnologias e disrupeGes decorrentes delas trazem muitos desafios, ‘mas aumentardo a produtividade efardo a economia global crescer no futuro ‘Aeconomia mundial est crescendo mals devagar (2x9 de crescmento 2018 no mand) ox : ar | | ° 1360 19701980 1990 7000 201 Nos préximos 50 anos, a produtvidade seré fundamental par crescimento (imécta de crescent anual no mundo) Produtividade 1964-2018 2052055 28%" ‘automa pode impulsionar ‘o crescmento da produtvdade em até 1,4 ponte percents 0 ano Empreso 186420 “17% 20152065 «0 16 1964-204 20152085 29% Aver datendncia de substitulcso ‘da mio de obra humana por méquinas, eS proceso Sera localzado em poucs funees nos proxinos SO anos 5% sosempresos hoje lta automates novos posto de trabalho surgirao 65% sascrancade eto rear fue cue sds oa ventas ropcie @ os ‘Com as mudangas tecnoligicas, ‘os negécios as empresas também ‘mudam — ede forma mals rpida 1. PF Clas emoresas da lista das empresas que dareita Fortune faziam pate do indice 10 an 2000 alam,» S&PS00em 202. foram adauiidas ou © davern desaprecer deiraram de ens até 2027° ‘Umestudo sobre a ndistia 4.0 na ‘Alemanha nos prdximos ez anos ‘mostrou que novastecnologastrardo Deneticios| 250 sinsesse wos brcisaro ser investidos nas abies ales als empresas nos prGnimos dez anos De5%a 8% «quanto a produtvidade aumentra, em media, or ano com esses investments. © resultado na economia seria um acrescimo (ede cescimento do PIB a ano. Além diss, 2 Inova oval salvar empregos ns fabricas ‘até amplar os quados ‘Bras precisa de uma arancada no setor de tecnologia da informacso (1). Em um ranking do Forum Econ6mico Mundial sobre o desenvolvimento do setor de Tl, ‘pais porou nos limos anos 200 202 2016 a a 2018 Singapura Estados Unidos mn a Brasil fe Vicente Falcon REFLEXAO COLETIVA: cerca de 150 empresérios, executivos e estudiosos de diversas dreas reuniram-se para analisar « discutir como enfrentar as transformasdes que impactam o universo das empresas e seus profissionale pode servir de inspiragio para as mais diversas companhias, inclusive aquelas que afetam a vida de determinada co- munidade. “A sociedade tem de se en fazer parte do diz Roberto volver nos probler desenho das solu Waack, da Funda A mensagem que fica éque é preciso sair da zona de conforto e estar aler 2007, seu entio presidente. Steve Ballmer, chegou a rir do langa- mento do iPhone, da Apple, que depois se confirmou como uma inovagio que mudou 0 mundo da telefonia e dos computadores. Desde 2 soft mudou seu modelo de negicios baseado na venda de liceneas de soft- ware e focou as oportunidades da com postivo Surface para profissionais de ais. Paula Bellizia, da Micro- soft Brasil, esumiu bem esse estado de ale e do estiver sruptivas ra pen- GESTAO NO AMBIENTE DISRUPTIVO: o consultor Vicente Faleoni defendew ‘que pequenas mudancas, no conjunto,fazem muita diferenca

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