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INSTALACOES ELETRICAS INDUSTRIAIS 72 EDICAO Joio MAMEDE FILHO Engenheiro eletricista Diretor de Planejamento e Engenharia da Companhia Energética do Gear (1988-1990) Ex-Diretor de Operaciio da Companhia Energética do Ceard — Coelee (1991-1994) Ex-Diretor de Planejamentoe Engenharia da Companhia Energética do Ceara (1995-1998) Ex-Presidente da Comité Coordenador de Operagies do Norte-Nordeste — CCON Ex-Presidente da Nordeste Energia S.A. — Nergisa (1999-2000) sAtual Presidente da CP: — Consultoria e Projetos Elétricas Professor de Hletrotécnica Industrial da Universidade de Fortaleza — Unifor (desde 1979) LTC EDITORA criTULG ELEMENTOS DE PROJETO 1.1 INTRODUCAO A claboragiio do projeto elétrico de uma instalagao industrial deve ser precedida do conhe mento dos dados relativas as condigdes de suprimento ¢ das caracteristicas funcionais da inds tria em geral, Normalmente, o projetista recebe do cliente um conjunto de plantas da indistria, contendo, no minimo, os seguintes detalhes a) Planta de situagao ‘Tem a finalidade de situar a obra no eontexto urbano, j ) Planta baixa de arquitetura do prédio ‘Contém toda a area de construgdo, indicando com detalhes divisionais os ambientes de produgio industrial, escritérias, dependéncias em geral e outros que compdem 0 conjunto arquitetonico. ©) Planta baixa do arranjo das mequinas (layout) Contém a projegio aproximada de todas as maquinas, devidamente posicionadas, com a indicagao dos motores a alimentar ¢ dos respectivos paingis de controle. 4d) Plantas de detalhes Devem conter todas as particularidades do projeto de arquitetura que venham a contribuir na igfio do projeto elétrico, tais como: det + vistas © cortes no galpao industrial: + detathes sobre a existéncia de pontes rolantes no recinto de produgio; + detalhes de colunas vigas de concreto ou ouiras particularidades de construcao; + detalhes de montagem de certas méquinas de grandes dimensoes, O conhecimento desses e de outros detathes passibilita ao projetista elaborar corfetamente um excelente projeto executive. nportante, durunte a fase de projeto, conhecer os planos expansionistas dos dirigentes da empresa ¢, se passivel, obter detalhes de aumenta efetive da carga a ser adicionada, bem camo 0 local de sua instalagao. Qualquer projeto elétrico de instalagdo industrial deve considerar os seguintes aspectos: a) Flexibilidade Ba capacidade de admitir mudangas na localizagao das maquinas e equipamentos sem com- prometer seriamente as instalagdes existentes, ‘b) Acessibilidade itacle de acesso a todas as méquinas ¢ equipamentos de manobra ©) Confiabilidade Representa 0 desempenho do sistema quanto as interrupgGes tempordrias & permanentes, bem como assegura protec a integridade fisica daqueles que o operam. 4) Continuidade © projeto deve ser desenvalyide de forma que a instalagdo tenha © minimo de interrupgio total ou em qualquer um de seus circuitos. Para isso, muilas vezes faz-se necessdria alguma redundancia de alimentagao da indastria ou de qualquer um dos setores de produgiio 2 CariruLo Um © projetista, sem ser especialista no ramo de atividade da indlistria que projeta, deve eonhecer o funcionamento de todo.o complex industrial, pois isto Ihe possibilita um melhor planejamento das instala elétricas. Neste capitulo serao abordados diversos assuntos, todos relacionados ao planejamento de um projeto de instalagao elétrica industrial. 1.2 NORMAS RECOMENDADAS Todo & qualquer projeto deve ser elaborado com base em documentos normativos que, no Brasil, sio de responsabilidade da ABNT — Associagao Brasileira de Normas e Técnicas. Cabe, também, seguir as normas particulares das concessiondrias de servico publico responsaveis pelo suprimento de energia elétrica da drea onde se acha localizada a industria. Estas normas, em go- ral, ndo colidem com as da ABNT, porém indicam ao projetista as condigées minimas exigidas para que se efetue o formecimento de energia 2 inddstria, dentro das particularidades inerentes a cada empresa. ‘A Coelee — Companhia Energétiea do Ceard, concessionéria exclusiva do Estado do Ceari, possui um conjunto de normas técnicas que eobre todo tipo de fomecimento de energia elétrica para os 4itios niveis de tensdo de suprimento. Existem também normas estrangeiras de grande valia para consultas, como, por exemplo, a norte-americana NEC — National Electrical Code. ‘A adogio de normas, além de ser uma exigéncia técnica profissional, condur a resultados al- tamente positives no desempenho aperacional das instalagées, garantinde-Ihes seguranga ¢ du- rabilidade. 1.3 DADOS PARA ELABORAGAO DO PROJETO © projetista, além das plantas anteriormente mencionadas. deve conhecer os seguintes dados: 1.3.1 Condigdes de Fornecimento de Energia Elétrica Cabe 4 concessionéria local prestar ao interessado as informagGes que The siio pertinentes, squais sejame + garantia de suprimento da carga, dentro de condig6es satisfatérias; + variagio da tensa de suprimento: + tensio de fornecimento; + tipo de sistema de suprimento; radial, radial com recurso ete.: + capacidade de eurto-cireuito atual e futuro do sistema; + impediincia reduzida no ponto de suprimento. 1.3.2 Caracteristicas das Cargas Estas informagdes podem ser obtidas diretamente do responsdvel pelo projeto técnico industrial, ou por meio do manual de especificagdes dos equipamentos. Os dados principal a) Motores + poténcia: + tensio: + corrent © freqiiénci + ntimero de pétoss + ntimero de fases: + Tigagdes possiveis; + regime de funcionamento. b) Fornos a arco + poténeia do for + poténeia de curto-cireuito do Forno; nvia do transformador do forn 3 IENTOS DE PROJETO 3 + futor de severidade. c) Outras cargas Aqui fican caracterizadas caigas singulares que compoenva instalagdo, ais como maquina acionadas por sistemas computadorizados, cuja variacao de tensio permitida seja minima &, por isso, requerem circuitos alimentadores exclusivos ou até transformadores proprios —aparelhos de raios X industrial ¢ muitas outras cargas tidas como especiais que devem merecer um estudo particularizado por parte do projetista. 1.4 CONCEPGAO DO PROJETO Esta fase do projeto requer muita experiéncia profissional do projetista, Com base nas suas devis6es, © projeto tomara forma e corpo que conduzirio ao dimensionamenta dos matetiais equipamentos, estabelecimento da filosofia de protegio ¢ coordenagda, entre outros, De uma forma geral, a titulo de orientagao, podem-se seguir os pasos apontados como meto- dologia racional para a concepgio do projeto elétrico. 14.1 Divisdo da Carga em Blocos Com base na planta baixa com 2 disposigfo das miquinas, deve-se dividir a carga em blocos Cada bloco de carga deve corresponder a um quadro de distribuigdio terminal com alimentagaio ¢ protegdo individualizadas. Aescolha dos blocos, a principio, & feita considerando-se os setores individuais de produgao, bem como a grandeza de cada carga de que sao constituidos, para avaliagdo da queda de tensdo. Como setores individuais de produgiio, cita-se o exemplo de uma industria de flagdo em que se pode dividir a carga em blocos correspondentes aos setores de batedores, de filatérios, de cardas ete, Quando um determinado setor ocupa uma drea de grandes dimensGes, pode ser dividido em dois blocos de carga, dependendo da queda de tensio a que estes ficariam submetidos afastados do centro de comando, caso somente um deles fosse adotado para suprimento de todo o setor. ‘Também quando um determinado setor de produce estd instalado em recinto fisicamente iso- Jado de omtros setores, deve-se toma-lo como bloco de carga individualizado, Cabe aqui considerar que podem ser agrupados varios setores de produgao num s6 bloco de cargas, desde que a queda de tensio nos terminais das mesmas seja permissfvel. Isto se dl, muitas vezes, quando da existéncia de maquinas de pequena poténcia, Localizagao dos Quadros de Distribuigdo de Circuitos Terminais Os quadros de distribuigdo de cireuitos terminais devern ser localizados em pontos que satis- fagam, em geral, as seguimtes condigies: a) No centro de carga Isso nem sempre € possivel, pois o centro de carga muitas vezes se acha num panto fisico inconveniente do bloco de carga b) Priximo a linha geral dos dutos de alimentagaio ©) Afastado da passagem sistemstica de funciondtios d) Em ambientes bem iluminados ¢) Em locais de facil acesso 1) Em locais no sujeitos a gases corrosivos, inundugdes, trepidagées, etc. g) Em locais de temperatura adequada. Os quadros de distribuigdio normais so designados neste livro como Centro de Controle de Motares (CCM), quando nestes forem instalados componentes de comands de motores, Sio de- nominados Quadros de Distribuigio de Luz (QDL%, quando contém componentes de camando de iluminagio, Localizagao do Quadro de Distribuigao Geral Deve ser localizado, de prefertneia, na subestagdo ou em Area contiguaa esta. De uma maneira geral, deve ficar proximo as unidades de transformagao a que esta ligado E também denominado, neste livro, Quadro Geral de Forga (QGF) o quadro de distribuigie ge- ral que contém os componentes projetados para seccionamento, protegdo e medigao dos circuitos de distribuicao, ou, em alguns casos, de circuitos terminais, 4 Capito UM 1.4.4 Localizagao da Subestagao E comum o projetista receber as plantas j4 com a indicagio do local da subestagiio. Nestes casos, a escolha é feita em funcao do arranjo arquitetOnico da construgao. Pode ser também uma decisiia visando & seguranga da industria, principalmente quando o seu produto € de alto risco. Parém, nem sempre o local escolhido é tecnicamente o mais adequado, ficundo a subestagdo central, as vyezes, muito afastada do centro de carga, acarretando alimentadores longos ¢ de segao elevada, Estes casos so mais fregiientes quando a indistria é constituida de um tinico prédio e € prevista uma subestago abrigada em alvenaria. ‘As inddstrias formadas por duas ou mais unidades de produgao, localizadas em galpOes fisica- mente separados, conforme ilustrado na Figura 1,1, permitem maior flexibilidade na eseolha do local tecnicamente apropriado para a subestagaio, TRIO Muro Extemo da Fabrica THEE ‘FIGURA 1.1 Indistria formada por diversos galpies Em tais casos, € necessério localizar proximo a via publica acabine de medicao que contém os equipamentos c instrumentos de medida de energia de propriesade da concessiondria. Essa distin- cia varia de empresa para empresa. Contigua ao posto de medigao deve ser localizada a Posto de Protegio Geral (PPG) de onde derivam os alimentadores prinvérios para uma ou mais subestagdes localizadas proximo ao centro de carga. ‘0 proceso para lacalizagao do centro de carga, que deve corresponder a uma subestagao, € definido pelo calcula do baricentra dos pontos considerados como de carga puntiforme ¢ corres- pondentes & poténcia demandada de cada pavilhao com suas respectivas distancias a origem, no caso © posto de protectio geral, conforme as Equagdes (1.1) ¢ ¢1.2). O esquema de eoordenadas da Figura 1.2 refere-se & industria representada na Pig. 1.1. X KPAX, XP EX KR TM XP RtPRtRtAat+k xe ¥XR+hHXRAKXAtH XRAY XR RrRtRte+tR 150} 4 — 110 + - + 89,9} - = SEE eP FIGURA 1.2 =a 1 Coordenadas para se deteeminar | x centro de carga 0 60 150 200 235.8 320 ELEMENTOS DE PROJETO 5 Para exemplificar, considere as poténcias ¢ as distancias indicadas nas Figuras 1.1 1.2. 60 X 225 + 150 x 500 + 200 x 750 + 320 x 300 + 320 x 1.000 — + X= 295.8 225 + 500 + 750 + 300 + 1.000 = 7 40 X 1,000 + 60% 500 + 110 ¥ 300 + 150 X 225 + 150% 750 ey 8 225 + 500 + 750+ 300 + 1.000 As coordenadas X ¢ Y indica o local adequado da subestagio, relativamente do ponto de vista da carga. O local exato, porém, deve ser decidido tomando-se como base autros parlimetros, tais ‘como proximidade de depdsitos de materiais combustiveis, sistemas de resfriamento de gua, ar- ruamento interno, entre outros. Ascolha do niimero de subestagoes unitérias deve ser baseada nas seguintes consideragdes: + quanto menor a poténcia da subestagio, maior é a custo do kVA instalado; + quanto maior é o nimeto de subestagdes unitérias, maior é a quantidade de condutores pri- mario; * quanto menor ¢ 0 ntimero de subestagées unitiri: cundiirios dos circuitos de distribuigiio. maior éa quantidade de condutores se- Daf, pode-se concluir que necessério analisar os custos das diferentes opgdes, a fim de se de- terminara solugao mais econémica, Estudos realizados indicam que as subestagées unitiérias com poténcias compreendidas entre 750 e 1.000 kVA siio economicamente mais convenientes. 14.5 Definigao dos Sistemas 1.4.5.1 Sistema primario de suprimento o de uma inddstria ¢, na grande maioria dos casos, de tesponsabilidade da con- cessiondria de energia elétrica. Por isso, 0 sistema de alimentagio quase sempre fica limitado As isponibilidades das linhas de suprimento cxistentes na area do projeto. Quando a indistria é de certo porte e a linha de produgao exige uma elevada comtinuidade de servigo, faz-se necessirio realizar investimentos adicionais, buscando recursos alternatives de suprimento, tais como a cons- trugio de um novo alimentador ou a aquisigao de geradores de emergéncia. As induistrias, em geral, sao alimentadas por um dos seguintes tipos de sistema: a) Sistema radial simples E aquele em que o fluxo de poténcia tem um sentido nico da fonte para a carga. E 0 tipo mais simples de alimentagio industrial ¢ também o mais utilizado. Apresenta, porém, baixa confiabi- lidade, devido a falta de recurso para manobra quando da perda do circuito de distribuigao ger ‘ou alimentador, Em compensagao, apresenta menor custo quando comparado a outros sistemas, por conter somente equipamentos convencionais € de larga utilizagao, A Figura 1.3 exemplifica este tipo de sistema. b) E aquele em que o sentido do fluxo de poténcia pode variar de acordo com as condigdes de carga do sistema Dependendo da posigdo das chaves 1.4, eda seu poder de manobra, est jema radial com recurso nterpostas nos circuitos de distribuigo, conforme a Figura istema pode ser operado como: + sistema radial em anel aberto; stema radial scletivo. Ay ma & 4+@— 1 5 £3} Circuito de Distribuigsio. 8 cs 1.3 cra Sie | que de ssterna radial a oe) simples Transtormador de Distribuigio PIGUIRA + Esquema de sistema radial com recurso, FIGURA 1.5 Exemplo de distribuigio de sistema radial ples Capiruco Um Barra t Industria Chave NA ou NF Bara 2 Transformador de Distribuigae Esses sistemas apresentam uma maior confiabilidade, pois a perda eventual de um dos eircuitos de distribuigio ou alimentador ndo deve afetar a continuidade de fornecimento, exceto durante ‘© periocio de manobra das chaves, caso estas sejam manuais ¢ 0 sistema apere na configuragdio radial Os sistemas com recurso apresentam custas clevados, devide-ao emprego de equipamentos mais caros ¢, sobretudo, pelo dimensionamento dos circuitos de distribuigao que deve ter ca- pacidade individual suficiente para suprir as cargas sozinhos quando da saida de um detes. Esses sistemas podem ser alimentados de uma ou mais fontes de suprimento da concessiondria, o que, no segundo caso, inelhorard a continuidade de fornecimento. Diz-se que o sistema de distribuigao trabalha em primeira contingéncia quando a perda de um alimemtador de distribuigio nao afeta o suprimento de energia, Semelhantemente, num sistema que trabalha em segunda contingéncia, a perda de dois alimentadores de distribuigao nao afeta o suprimento da carga. Conseqiientemente, quanto mais clevada é a contingéncia de um sistema, maior @ seu custo 1.4.5.2 Sistema primario de distribuigda interna Quando a indistria possui duas ou mais subestagdes alimentadas de um ponto de suprimento da concessionéria, conforme visto anteriormente, pode-se praceder 2 energizagao destas subesta- ¢Ges utilizando-se um dos seguintes esquemas a) Sistema radial simples Js definido ant jJormente, pode ser tragado conforme a Figura 1.5, AeA Poste de Entrada b) Sistema radial com recurso ‘Como jé definido, este sistema pode ser projetado de acordo com a ilustragao apresentada na Figura 1.6, em que os pontos de consumo setoriais possuem alternativas de suprimento através de dois circuitos de alimentagao, Cabe observar que cada barramento das SEs 6 provido de desligamento automatico ou manu- al, padendo encontrar-se nas posigdes NA {normalmente aberto} ou NF (normalmente fechada), conforme a methor distribuigao da carga nos dois alimentadores. ELEMENTOS DE PROUETO 7 FIGURA1.6 Exemplo de distribuigio de sistema primairio radial com recurso anes |__| Protagie Geral — ee FededaConcessionina 1.4.5.3 Sistema secundario de distribuigao A distribuigao secund: em baixa tenso numa instalagio industrial pode ser di 1.4.5.3.1 Circuitos terminais de motores Numa definigio mais elementar, o circuit terminal de motores consiste em dois ou 118s con dutores (motores monofasicos ou biffisicos ¢ trifaésicos) conduzindo corrente numa dada tensio, desde um dispositive de protegao até a ponto de utilizagao, A Figura 1.7 mostra o tragado de um circuite terminal de motor. Os circuitos terminais de motores devem obedecer a allgumas regras basicas, ou seja: + Conter um dispositivo de seccionamento na sua origem para fins de manutengdo, © seceio- namento deve desligar tanto-© motor como o Seu dispositive de comando. Podem ser utili- zados: ~ seccionadores; — interruptores; — fusiveis com terminais upropriados para retirada sob tensio; = tomada de corremte. * Conter um dispositive de protegdo contra curto-circuito na sua origem. + Conter um dispositivo de comande capaz de impedir uma partida automiitica do motor de- vido & queda ou falta de tensdo, se a partida for capaz de provocar perigo, Neste caso, re- comenda-se a utilizagiio de contatores, + Conter um dispositivo de acionumento do motor, de forma a reduzir a queda de tensa na partida a um valor igual ow inferior a 10%, ou em conformidade com as exigéncias da car- Ba. + De preferéncia, cada motor deve ser alimentado por um circuito terminal individual, + Quando um cireuito terminal alimentar mais de um motor ou outras cargas, os motores de- yem reeeher protegiio de sobrecarga individual. Neste caso, a protegdo contra curtos-circui- tos deve ser feita por um dispositive nico loealizado no inicio do cireuito terminal capaz Cirouito de Distribuicao: ae Circuito Terminal Fide da Gonesssionaria CapiruLo UM de proteger 68 condutores de alimentagao do motor de menor corrente nominal ¢ que nao atue indevidamente sob qualquer condigiio de carga normal do circuito, * Quanto maior a poténcia de um motor alimentado por um cireuito terminal individual, é recomendavel que cargas de outra natureza sejam alimentadas por outros circuito: Siio consideradas aplicagées normais, para as finalidades dus prescrigéies que se seguem, as definidas a seguir, para atendimento & NBR 5410/2004, ou seja + Cargas de natureza industrial ou similar — motores de indugio de gaiola trifaisico, de poténcia nominal nao-superior a 150 KW (200 cy), com caracteristicas normalizadas con forme NBR 7094; — cargas acionadas em regime $1 e com caracterfsticas de partida conforme a NBR 7094. + Cargas residenciais e comerciais — motores de poténcia inicial ni superior a 1,5 kW (2 cv)constituindo parte integrante de aparelhos eletrodomésticos ¢ eletroprafissionais 1.4.5.3.2 Cireuitos de distribuigao Compreende-se por circuitos de distribuigdo, também chamados neste livro de alimentadores, ‘0s condutores que derivam do Quadro Geral de For¢a (QGF) ¢ alimentam um ou mais centros de comando (CCM e QDL). Os eircuitos de distribuigao devem ser protegidos no ponto de origem por disjuntores au fusi- veis de capacidade adequada & carga e is correntes de curto-cireuito. Os circuitos de distribuigéio devem dispor, no ponto de origem, de um dispositive de seccia- namento, dimensionado para suprir a maior demanda do centro de distribuigao © proporcionar condigdes satisfatorias de manobra. 1.4.5.3.3 Recomendagées gerais sobre projete de circuitos terminais e de distribuigao No Capitulo 3, dis minais ¢ de distribuigdo, Mas aqui sto fornecide seu projeto: ute-se a metodologia de céleulo da seco dos condutores dos circuitos ter aleumas consideragdes priticas a respeite- do + amenor versal de um condutor para circuitos terminais de iluminagio ou de al mentaciio de owtras cargas é de 1,5 mm?; + nfo devem ser utilizados condutores com segao superior a 2.5 mm? em circuitos terminais de iluminacao ¢ tomadas de uso geral; + deve-se prever, se possivel, uma capacidade reserva nos circuitos de distribuigio que vise ao aparecimento de futuras cargas na instalacdo; Neste caso, nia hd condutores ligados, porém hd também que se prever falga suficiente nos dutos para acomodacao dos eircuitos-reserva; + devem-se dimensionar circuitos de distribuigao distintos para luz e forga + deve-se dimensionar um circuito de distribuicao distinto para cada carga com capacidade igual ou superior a 10.A. Nesse caso, deve-se admitir um circuite individual para cada uma das seguintes cargas: chu veiro elétrico, aparelho de ar condicionado, torneira elétrica, maquina de lavar roupa, maquina de lavar louga, apenas para citar alguns, + as cargas devem ser distribuidas o mais uniformemente possivel entre as fases . de preferéncia, deve ser dividida em varios circuitos terminai + © comprimento dos circuitos parciais para iluminagdo deve ser limitado em 30 m, Poem ser admitidos comprimentos superiores, desde que-a queda de tensdo seja compativel com ‘os valores estabelecidos pela NBR 5410/2004 e apresentados no Capitulo 3. 1.4.5.3.4 Constituigao dos circuitas terminais e de distribuigao ituidos de: a) Condutores isolados, cabos unipolares e multipolares. b) Condutos: eletrodutos, bandejas, prateleiras, escada para cabos etc. Evementos 0€ PRoveTo 9 A aplicagao de quaisquer dos condutos utilizaclos pelo projetista deve ser acompanhado de uma andlise dos meios ambientes nos quais sero instalados, conforme seri discutido na Seco 1.5. © dimensionamento dos condutos deve ser feita segundo o que prescreve 0 Capitulo 3 1.4.5.4 Consideragdes gerais sobre os quadros de distribuigao 0s quadros de distribuigiio devem ser construidos de modo a satisfazer as condigdes do am- biente em que serdo instalados, bem como apresentar um bom acahamento, rigidez mecdnica ¢ disposigdo apropriada nos equipamentas e instrumentos. Os quadros de distribuigao — QGF, CCM e QDL — instalados abrigados ¢ em ambiente de atmosfera normal devem, em geral, apresentar grau de protecao IP-40, caracteristico de execugao normal. Em ambientes de atmosfera poluida, devem apresentar grau de protegdo IP-54, Estes sto vedaclos € niia devem possuir instrumentos e botdes de acionamento fixados exteriormente As princi rracleristicas dos quadros de distribuigdo sao: + tensdo nominal; + corrente nominal (capacidade do barramento principal): + resisténcia mecéinica aos esforgas de curto-eircuito para o valor de crista; + grau de protegao; + acabamento (revestide de protegdo e pintura final). Deve-se prever circuito de reserva nos quadros de distribuicio, de forma a satisfazer os seguin- tes critérios determinados pela NBR 5410/2004. + quadros de distribuicao com até 6 cireuitos: espago para no minimo dois circuitos de reser- vas + quadros de distribuigdo contendo de 7 a 12 circuitos: espago para no minimo trés cireui- tos; + geradores de distribuigdo contendo de 13 a 30 cireuitos: espago para no minimo quateo cir- cuitos; + quadlros de distribuigdo contendo acima de 30 circuitos: espago reserva para uso no mit 15% dos circuitos existentes, As chapas dos quadros de distribuigdo devem sofrer tratamento adequado, a fim de prevenir os efeitos nefastos da corrasio, As téenicas de tratamento de chapas e aplicagdo de revestimen- tos protetores ¢ decorativos devern ser estudadas em literatura especifica, A Figura 1.8 mostra em detalhes o interior de um quadro de distribuigo e os diversos componentes elétricos ins- talados. Barramente Horizontal Barramanto Vertical Terminal de Carga Disluntor Trpolarfprotero geral) Diojuntor Tipster Fusivals Diazod Disjuntores Monapelares Terminal de Fonte 10 CAPITULO UM 1.5 MEIO AMBIENTE ‘Todo projeto de uma instalagao elétrica deve levar em consideragao as particularidades das in- fluéncias externas, tais como temperatura, altitude, raias solares, entre outros aspectos. Para cl sificar estes ambientes, a NBR 5410/2004 estabelece uma codificagio especifica através de uma combinaggo de letras € mimeros. As tabelas organizadas, classificando as influéncias externas, podem ser consultadas diretamente na norma brasileira anteriormente mencionada, Sumariamente, essa influéncias externas podem ser assim classificadas. 1.5.1 Temperatura Ambiente ‘Todo material elgirico, notadamente os condutores, sofrem grandes influéneias no seu dimensio- ‘namento em fungao da temperatura a que so submetidos. A temperatura ambiente a ser considerada para um determinado componente ¢ a temperatura local onde ele deve ser instalado, resultante da influ@neia de todos os demais componentes situados no mesmo local ¢ em funcionamento, sem levar em consideragio a contribuigdo térmica do componente considerado, ‘A seguir estio indicados os cédigos, a classificagao e as caracterfsticas dos meios ambientes: * AAT frigorifieo: —60°C a +5°C, © AA2: muito frio; —40°C a 45°C; * AASB: frio: —25°C a +5° * AAd: temperado: ~5°C a + 40°C; = AAS: quente: +5°C a +40°C; + AAG: muito quente: +5°C a +60°C; 1.5.2 Altitude Devido a rarefagdo do ar, em altitudes superiores.a 1.000 m alguns componentes elétricos, tals como motores ¢ transformadores, merecem consideragdes especiais no-seu dimensionamento. A classificagiio da NBR 5410/2004 é: ACH: baixa = 2.000 m; + AC2: alta > 2.000 m. 1.5.3 Presenga de Agua A prexenga de umidade ¢ gua € fator preocupante na selegao de equipamentos elétricos, A. jcago €: + ADI: aprobabilidade de presenga de dgua é desprezivel; + AD2: possibilidade de queda vertical de dgua; \ssibilidade de chuva caindo em uma diregdio cm Angulo de 60° com a vertical dade de projecio de dgua em qualquer diregao + ADS: possibilidade de jatos de agua sob pressao em qualquer diregtio, + AD6: possibilidade de ondas de égua; dade de recobrimento intermitente, parcial ou total de dgua; dade total recobrimento por égua de modo permanente. 1.5.4 Presenga de Corpos Solidos A poeira ambiente prejudica a isalagio dos equipamento umidade, Também a seguranga das pessoas quanto a possibi estabelecimento da seguinte classificagaio: rincipalmente quando asyociadad jade de contato acidental implicae + ABIL: niio existe nenhuma quantidade aprecidvel de poeira ou de corpos estranhos. + AE2: presenga de corpos s6lidos cuja menor dimensaa € igual ou superior a 2,5 m. + AB3: presenca de corpos sélidos cuja menor dimensdo € igual ou inferior a L mm. + AB4: presenca de poeira em quantidade apreciavel. 1.5.5 Presenga de Substancias Corrosivas ou Poluentes Estas substdncias so altamente prejudice ‘aos materiais elétricos em geral, notadamente isolagdes. A classificagdo desses ambientes & ELEMENTOS DE PROJETO 11 + AP |: quantidade ou natureza dos aspectos corrosives ou poluentes nao é significativa. + AP2: presenca significativa de agentes corrosivos ou de poluentes de origem atmostérica; + AF3; agdes intermitentes ou acidentais de produtas quimicos corrosivos ou poluemes; + AF4: agio permanente de produtos quimicos corrosivos ou poluentes em quantidade signi: ficativa, 1.5.6 Vibragées As vibragdes sao prejudiciais ao funcionamento dos equipamentos, notadamente as conexées elétricas correspondentes, cuja classificagao é: + AHL fracas — vibragoes despreziveis; + AH2: médias — vibragdes com freqliéni 0,15 mm; + AHZ: significativas — vibrag6es com freqiiéncia entre 10 e 150 Hz ¢ amplitude igual ou ior a 0,35 mm, entre 10.6 50 Hy e amplitude igual ou inferior a 1.5.7 Radiagoes Solares A ridiagio, principalmente a ultravioleta, altera a estrutura de alguns maieriais, sendo as iso- lagGes & base de compostos phisticos as mais prejudicadas. A classificagao 6 + ANI: desprezivel: + AN2: ridiagao solar de intensidade e/ou duragdo prejudi 1.5.8 Raios ‘Os raios podem causar sérins danos 40s equipamentos elétricos, tanto pela sobretensio, quanto 1 incidéncia direta sobre os referidos equipamentos. Quanta a classificagiio, tem-se: + AQI: desprezivel; + AQ2: indiretos — riscos provenientes da rede de alimentagio; + AQ3: diretos — riscos provenientes de exposigio dos equipamentos 1.5.9 Resisténcia Elétrica do Corpo Humano As pessoas estao sujeitas ao contato acidental na parte viva das instalages, cuja gravidade da lesiio esté diretamente ligada as condigdes de umidade ou presenga de gua no corpo. A classifi- cagio neste caso é + BB1:elevada — condigdo de pele seca; + BB2: normal —condigiio de pele dimida (suor); * BB3: fraca — condigio de pés mothado: + BB4: muito fraca — condigao do corpo imerso, tais como piscinas ¢ banheiros 1.4.10 Contato das Pessoas com Potencial de Terra ‘As pessoas quando permanecem num local onde hid presenga de partes elétricas energizadas esto sujeitas a riseos de contato com as partes vivas desta instalagdo, cujos ambientes sao assim classificados: + BCI: nulos — pessoas em locais niio-condutores; * BC2: fracos — pessoas que no corram risco de entrar em contato sob condigées habituais com elementos condutores que nio estejam sobre superficies condutoras; + BC3: fregiientes — pessoas em contato com elementos condutores ou se portando sobre superficies condutoras; i + BC4: continuos — pessoas em contato permanente com paredes metélicas e cujas possibi- lidades de interromper og contatos siio limitada A norma estabelece a Classificagio de outros tipos de ambientes que a seguir sergio apenas ci- tados + presenga de flora 12 Capiruio Un + choques mecinicos; + presenga de fauna; + influgncias eletromagnéticas, eletrostéticas ow ionizantes; + eompeténcia das pessoas; + condigies de fuga das pessoas em emergéncia; + narureza das matérias processadas au armazenadas; + materiais de construgio: + estrutura de prédios. Os projetistas devem considerar no desenvolvimento de sua planta todas as caraeterfsticas feferentes aos meios ambientes, tomando as providéncias necessdrias a fim de tornar © projeto perfeitamente correto quanto & seguranga do patriménio ¢ das pessoas qualificadas ou ndo para o servigo de eletricidade, 1.6 GRAUS DE PROTEGAO Refletem a protecio de invilucros metélicos quanto entrada de corpos estranhos € penetr ¢fo de igua pelos orificios destinados a yentilagio ou instalagdo de instruments, pelas juncdes de chapas, portas etc: ‘As normas especificam os graus de protec’ através de um eddigo composto pelas letras IP, seguidas de dois ntimeros que significa a) Primeito algarismo- Indica o grau de protegdo quanto &i penetragiio de corpos sélidos ¢ contalos aciden ou seja +0 sem peotegio; +1 = corpos estranhos com dimensoes acima de $0 mm; +2 corpos estranhos com dimensdes avima de 12 mm; +3 — cogpos estranhos com dimensoes acima de 2,5 mm; + 4— corpos estranhos com dimensdes acima de | mm; +5 — proteeio contra acimulo de poeira prejudicial ao equipamento; + 6 — protegio contra penetragdio de poeira, b) Segundo algarismo- Indica o grau de protecdo quanto & penetragiio de 4gua intemamente ao inydlucro, ou seja +0 — sem protegao; +1 — pingos de agua na vertical; +2 pingos de sigua até a inclinagdo de 15° com a vertical; +3 figua de chuya até a inclinagao de 60° com a vertical; + 4— respingos em todas as diregdes: +5 jatos de dgua em todas as diregies; + 6 — imersio temporéria; «7 — imersao; + 8— submersio. Através das varias combinagdes entre os algarismos citados, pode-se determinar o grau de protecio desejado para um determinado tipo de invélucro metélico, em fungao de sua aplicagaa numa atividade especifica, Porém, por economia de excaka, os fabricantes de invélucros metéli- cos padronizam seus modelos para alguns tipos de grau de protegao, sendo ox mais comuns og de grau de protegdo IPS4, destinados a ambienles externos, ¢ os de grau de protegdio IP2: zados em interiores. 1.7 PROTEGAO CONTRA RISCOS DE INCENDIO E EXPLOSAO As indistrias, em geral, esto permanentemente sujeitas a riscos de incéndio e, dependendo do produto que fabricam, so bastante vulnerdveis a explosdes normalmente seguidas de incéndio, Para prevenir contra essas ocoréncias existem normas nacionais e internacionais que disciplinam 0s procedimentos de seguranga que procuram eliminar esses acidentes, Julga-se oportuno citar os diversos itens a seguir discriminados constantes da norma NR-10 do Grides/Eletrobras. + ‘Todas as empresas esto obrigadas a manter diagramas unifilares das instalagées elétricas eom as especificagdes do sistema de aterramento. ELEMeNTaS OF PROLETO 13 + © Pronuuirio de Instalagdes Elétricas deve ser organizado © mantido pelo empregador ou por pessoa formalmente designada pela empresa e deve permanecer a disposigao dos traba- thadores envolvidos nas instalagGes e servicos em eletricidade. +E obrigatério que os projetos de quadras, instalagées € redes elétricas especifiquem dis positivos de desligamento de cireuitos que possuam recursos para travamento na posigio desligado, de forma a poderem ser travados ¢ sinalizados + O memorial descritivo do projeto deve conter, no minimo, os seguintes itens de seguranga: — Especificagio das caracteristicas relativas & protecio contra choques-elétricos, queima- duras e outros efeitos indesejaveis = Exigéncia de indicagao de posicao dos dispositivos de manobra dos circuitos elétricos (Verde ~“D” —Desligado © Vermelho ~ "L” — Ligado, = Desorigao do sistema de identificagio dos cireuitos elétricos ¢ equipamentos, incluin- do dispositivos de manobra, controle, protegdo, condutores ¢ os préprios equipamentos e estruturas, esclareeendo como tais indieagdes deverao ser aplicadas fisicamente nos componentes das instalagdes. — Recomendagoes de restrigdes e adverténcias quanto ao acesso- de pessoas aos compo- nentes das instalagdes. — Precaugdes aplicaveis face as influéncias ambientais. =O principio funcional dos elementos de protegao constantes do projeto destinados a se- guranga das pessoas, — Descrigdo da compatibilidade dos dispositivos de prategao. + Somente serdo consideradas desenergizadas as instalagdes elétricas liberadas para servigo mediante os procedimentos apropriados obedecida a seqiéncia a seguir: = Seccionamento — Impedimento de reenergizagio, = Constatagio de auséncia de tensio, — Instalagao de aterramento temporirio com equipotencializagio dos condutores dos cuitos. — Instalagao da sinalizagao de impedimento de energizagao. + Oestado de instalagdo desenergizado deve ser mantido até a autorizagde para reenergizagao, devendo ser reenergizada respeitando a seqiiéncia dos seguintes procedimentos: ~ Retirada de todas as ferramentas, equipamentos ¢ utensilios. = Retirada da zona controlada de todos 0s trabalhadores no envolvidos no processo de energizagiio; = Remogao da sinalizaesio de impedimento de energizagio, — Remogiio do aterramento temporirio da equipotencializagio ¢ das protegdes adicionais. = Destravamento, se houver, ¢ religagao dos dispositives de seccionamento. + Os processos ou equipamentos suscetiveis de gerar ou acumular eletricidade estitica devem dispor de protegio especilica e dispositivos de descarga elétrica, + Nas instalacdes elétricas das reas classificadas ou sujeitas a risco acentuado de incéndio-ou explasies devem ser adotados dispositivos de proteciio complementar, tais como alarme € -cionamento automtico para prevenir sobretensées, sobrecorrentes, fugas, aquecimentos ou autras condigdes anormais de operagiio. JULAGAO DE UM PROJETO ELETRICO Antes de iniciar o projeto elétrico de uma instalagao industrial o projetista deve planejar 0 de- senvolvimento de suas ages de forma a nao ter que refazé-lo, desperdicando tempo e dinheiro. A seguir, serao formuladas orientagoes técnicas, de forma didatica, para o desenvolvimento racional de um projeto de instalacao industrial, de Projeto Na elaboragio de projetos elétricos & necessdria a aplicagio de alguns fatores, denominados de fatores de projeto, visando & economicidade do empreendimento, Se tais fatores forem omi- tidos, a poténcia de certos equipamentos podem conduzir, desnecessariamente, a valores muito elevados. 14 Carituto Um 1.8.1.1 Fator de demanda fla relagao entre a demanda maxima do sistema e a carga total conectada a ele durante um intervalo de tempo considerado A carga conectada €a soma das poténcias nominais continuas dos aparelhos consumidores de energia elétrica, O fator de demanda ¢, usualmente, menor que a unidade, Seu valor somente € unitario se a carga conectada total for ligada simultaneamente por um periodo suficientemente grande, tanto quanto 0 intervalo de demanda, ‘A Equagio (1.3) mede, matematicamente, o valor do fator de demanda, que € adimensional. (3) F, 0 Pra Daa demanda méxima da instalagao, em kW ou kVA: Piy,— poténeia da carga conectada, em kW ou kVA. A Figura 1.9 mostra uma curva de carga de uma instalagdo a partir da qual se pode observar © ponto de demanda maxima, que & de 650 kW, Para uma carga instalada de 1,015 kW 0 fator de demanda vale: FIGURA 1.9 Curva de carga didria Demanda (kW) 00 FF PO SF PP FP PS FP FP PILI ILO PAP Horas A Tabela 1.1 fornece os fatores de demanda para cada grupamento de motores e operagdio in- dependente, ‘TABELA 1.1 Fatores de demanda 1.8.1.2 Fator de carga Eu razao entre a demanda média, durante um determinado intervalo de tempo, e a dem: méxima registrada no mesmo periodo. eae NENTOS DE PROJETO 15 O fator de carga, normalmente, refere-se ao perfodo de carga diria, semanal, mensal ¢ anual, Quanto maior é 6 periodo de tempo ao qual se relaciona o fator de carga, menor € seu valor, isto é, 0 fator de earga anual é menor que mensal, que, por sua vez, € menor que o semanal, € assim sucessivamente O fator de carga é sempre maior que zero ¢ menor ou igual & unidade, © fator de carga mede o rau no qual ademanda maxima foi mantida durante o intervalo de tempo considerado; ou ainda, mostra se a energia esté sendo wtilizada de forma racional por parte de uma determinada instala- a0. Manter um elevado fator de carga no sistema significa obter os seguintes benefic * otimizagio dos investimentos da instalagéo elétrica; + aproyeitamento racional e aumento da vida itil da instalagio elétrica, incluidos os motores © equipamentos; + reduce do valor da demanda de pico, 0 fator de carga dirio pode ser calculado pela Equagio (1.4), D, fp, = Dose aa Drs: O fator de carga mensal pode ser calculado pela Equagaio (1.5). Cow 5 =e r = 750% Day 45) Cy, — consumo de energia elétrica durante 0 perfodo de tempo considerado;, Dg — demanda méxima do sistema para o mesmo periode, em kW: — demanda média do periodo, calculada através de integeagao da curva de carga da Figura 1.9, 0 equivalente ao valor do lade do retangulo de energia correspondente ao eixo da ordenada, A sirea do retingulo é numericamente igual 10 consumo de energia do perio- do, Relativamente & curva da Figura 1.9, 0 fator de carga didrio da instalagao & Dua _ 380 D, 450) = 0,53 Com relagdo a fator de carga mensal, considerando que 6 consumo de energia elétrica regis- trado na conta de luz da concessiondria foi de 189.990 kWh, pode-se caloular o seu valor direti mente da Equagaio (1.5), ou seja: wn _189.990 TBO Dag, 730X650 =0,40, Dentre as priticas que merecem maior atengao num estudo global de economia de energia elétr std a melhoria do fator de carga, que pode, simplificadamente, ser resumido em dois itens: * conservar o consumo e reduzir a demanda; + conservar a demanda e aumentar 0 consumo. Essas duas condigdes podem ser reconhecidas através da andlise da Equagiio (1.5). Cada uma delas tem uma aplicasio tipica. A primeira, que se caracteriza como a mais comum, € peculiar Aquelas indiistrias que iniciam um programa de conservacao de energia mantendo a mesma quanti- dade do produto fabricado, E bom lembrar neste ponte que, dentro de qualquer produto fabricado, esté contida uma parcela de consumo de energia elétrica, isto ¢, de kWh, ¢ nao de demanda, kW. Logo, mantida a produgao, deve-se atuar sobre a redugio de demanda, que pode ser obtida com. sucesso através do deslocamento da operagio de certas méquinas para outros intervalos de tempo de baixo consumo na curva de carga da instalagdo. Isso requer, via de regra, alteraedo nos tumos de servigo e, algumas vez cionais na mio-de-obra para atender & legistagdo trahalhista Analisando agora © segundo método para se obter a melhoria do fator de carga, isto é, con- servar a demanda ¢ aumentar o consumo, observa-se que cle é destinado aos casos, por exemplo, em que determinada industria deseja implementar os seus planos de expansdo e esteja limitada pelo dimensionamento de algumas partes de suas instalacdes, tais como as unidades de transfor- magaa, barramento ele Sem necessitar investir na ampliagdo do sistema elétrico, o empresdrio poderd aproveitar-se da formagiio de sua curva de carga ¢ dar andamento ao seu novo empreendimento no intervalo de buixo consumo de suas atuais atividades, como mostra o Exemplo de Aplicagao (1.3), . odispéndio de adi- 16 Caeituto Une Além da vantagem de nao precisar fazer investimentos, contribuira significativamente com a melhoria de seu futor de carga, reduzindo substancialmente o preg da conta de energia cobrada pela concessiondiria, Além dessus préticas citadas, para a methoria do fator de carga sao usuais duas outras providéncias que fornecem excelentes resultados: a) Controle automitico da demanda Esta metodologia consiste em segregar certas cargas ou setores definidos da inckistria € ali- menti-los através de circuitos expressos comandados por disjuntores controlados através de um dispositivo sensor de demanda, regulade para operar no desligamento dessas referidas cargas sern- pre que a demanda atingir o valor maximo predeterminado, Nem todas as cargas se prestam para atingir esse objetivo, pois mia se recomenda que 0 processe produtive seja afetado Pelas caracteristicas proprias, as cargas mais comumente selecionadas so + sistema de ar condicionade: estufas. + foros de alta temperatura; + cdmaras frigorificas, Mesmo assim é necessario frisar que a sua seleciio deve ser precedida de uma andlise de con- seqiincias priticas resultantes deste método, Por exemplo, o desligamento do sistema de clima- jo de uma induistria téxtil por um tempo excessive poderd traver sérias conseqiiéncias quanto aqualidade de produgao. (Os tipos de carga anteriormente selecionados so indicados para tal finalidade por dois motives basicos. Primeiro, porque a sua inércia térmica, em geral, permite que as cargas sejam desti gadas por um tempo suficiente grande sem afetar a produgao. Segundo, por serem normalmente consti- tuidas de grandes blocos de poténcia unitaria, tornam-se facilmente controlaveis. b) Reprogramagao da operagio das cargas Consiste em estabelecer hordrios de operagao de certas maquinas de grande porte ou mesmo certos sctores de produgao, ou, ainda, redistribuir o funcionamento destas cargas em periodos de menor consumo de energia elétrica, Essas providéncias podem ser inviaiveis para determinadas indtistrias, como aquelas que operam com Fatores de carga elevado, tal como a inddistria de mento, porém perfeitamente factiveis para outros tipos de plantas industriais. O controle automitico da demanda, bem como a reprogramagaio da operagiio de cargas, so. priticas jd bastante conhecidas das indistrias, desde o inicio da implantagdo das tarifas especiais horo-sazonais, 1.8.1.3 Fator de perda Jo entre a perda de poténcia na demanda média ¢ a perda de poténeia na demanda maxima, considerando um intervalo de tempo especificado. O fator de perda nas aplicagdes priticas € tomado como fungio do fator de carga, conforme a Equagao (1.6), L.6) Enquanto 0 fator de carga se aproxima de zero, o fator de perda também o faz, Para a curva de carga da Figura |.9, 0 fator de perda vale: = 0,30 x 0,53 + 0,70 x 0,53 F, = 0,30 %£ + 0,70 x 1.8.1.4 Fator de simultaneidade E arelaedo entre a demanda méixima do grupo de aparelhos pela soma das demandas individuais dos aparelhos do mesmo grupo num intervalo de tempo considerado, © fator de simultaneidade resulta da coincidéncia das demandas maximas de alguns aparelhos do grupo de carga, devido & natureza de sua operagio, O seu inyerso é chamado de fator de diversidade, ‘A aplicagaio do fator de simultaneidade em instalagdes industriais deve ser precedida de um estudo minucioso, a fim de evitar o subdimensionamento des circuitos e equipamentos. ‘A taxa de variagdio do decréscimo do fator de simultaneidade, em geral, depende da heteroge- neidade da carga, fator de simultaneidade 6 sempre interior & unidade, enquanto o fator de diversidade, com siderado 0 inverso deste, é sempre superior a 1

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