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COLEGAO ARTE E CULTURA VOL. Nos ISMAIL XAVIER (orgaizador) A EXPERIENCIA DO CINEMA antologia (Sp: Fermende Gomes ovate: farce Marc do Santor ‘Prodagho Grif: Orono Fermonder 1 algo Mare, 1988 Die ade pae ings press por: EDIgOES ORAAL LTDA. 2 erengidn de Bares, 3-4 — Glia Bibel = Re de ania, Br Fone: B20 (© Comrise sprseatagtegeral, us ntrodosese das nots by Tama Xaver. (0 dteniores dos iio de tao « repraduge dr argos que compte ‘ea etl teYeurnsacs Sa pane Se clio presto no Bra / Printed in Brasil IP ras Catalogagte namie Sinden Nasonal do ores Lives, Ts A Rapeocia do dau ota /Umal Kav orpanzndor — "ace lance Edges ral Habra, 198, (Cig Aree ear 3" 8) igi. 1. Cinema — Flo «etn 2. Cinema — Hina en 1. Xaver ama See oo ~ 71.401 Bie cou - mi om mie INDICE Apresentigho geral/ Ismail Xavier PRIMEIRA PARTE — A ordem do olhar: a cotificario do Cinema liso, ws novas dimensbes i imagem IneodugGo/ Ismail Xavier 1.1, Hugo Munsterberg : 1A A ato. eres 1.1.2. A memétia © 2 imapinasio : 11.3. As emosdes 1.2. V, Pedorkin 1.2.1, Métodos de tatamento do mitril (montagem et ‘watual) : 1.2.2. Os métedos do cinema ee 2.3. 0 dlretor eo rotsizo 1.3, Béla Babies as 1.3.1. © homem viel. 3.2, NOs estamos no fllme 3.3, A face das coisas ” 9 n 36 3s 7 n 1s ” 86 27 1.3.4. A tace do homem 1.3.5. Subjetividade do objeto 1.4. Maurice Merleu-Poaty . 1.4.1, © cinema ¢ a nova pseologia 1S. Andee Bazin 1.5.1, Ontolgia du imagem forogritica 1.5.2, Mone todas turds 1.5.3, A margem de 0 eroismo no cinema 1.6. Edgar Morin 16.1, A alma do enema SEGUNDA PARTE — A ampiiaglo do otha, investigagSes senor: Poss Introd Ismail Xavier 2.1, Serguéi M. Eisenstein 1.1. Montage de atragoes 1.2. Método de reaizgio de um filme oper 1.3. Da tterntura 20 cinema: Uma tags americana 1.4. Novos problemas da forma cinematogritis 2.2, Daiga Verto 2.2.1, NOS — varagio do manifesto (1922) 2.2.2, Resolugdo do conselho dos és (10/4/23) 2.2.3. Nascimento do cine-stho (1924) 2.2.4, Extent do ABC do kinobs (1929) 2.3. Jean Epstein 2.3.1. O cinema © as ler modernas 6 2 97 101 103 19 ma 9 1s 43 14s ray Ws 18s 187 199 203 216 24s 27 22 260 263 261 269 2.3.2, Bonjour cinéma — excertos 2.3.3, Realzagio do detaihe 2.3.4. A imeliénta de ume mdquina — exceros 4) Signos (capinto 1) ) Capituos 2 € 3 — exeertos 2.3.5, 0 cinema do diabo — excerios a) 0 filme contra 0 lero 1) A imagem contra a pala ©) A divide sobre a peso 4) Poesia moral dos gansters 2.4, Robert Desnos 2.4.1. 0 sonho e o cinema 2.4.2. Os sonhos dt oie transporiados para a tle 2.4.3. Cinema fendi « cinema seadémico 2.4.4, Amor e cinema 2.4.5, Melancolia do. cinema 2.5, Luis Bubuel 2.5.1. Cinema: instrumento de poesia 2.6, Stan Brakhage 2.6.1. Metioras da visio TERCEIRA PARTE — 0 prazer do olhar © 0 corpo da ‘yor! 4 pscaadise diane do fe ico Introdusio/ Ismail Xavier 3.1, Hugo Maverhoter 3.1.1. A piiologia da experiénia cinematogrtica 276 280 287 23 296 ais a7 39 2 325 a7 a1 333 339 at 383 355 373 35 324 aa 3.3.2. 340 3.5.1 3.2, Jean-Lowis Baudry : Cinema: feito ideolgicos produridos pelo aparebo de base 3.3, Christin Mete Histria/Discurso (nota sobre dois voyeurtsmos) © isposivo cinematogitico como insinicto so cial — entrevista com Christian Metz 3.4, Laura Mulvey Prager Visual cinema niretivo 3.5. Mary Ann Doane ‘A vor no cinema: 2 ariculaso de corpo e espag, a6 a8 «01 403 an 435 45 4s7 Apresentagdo Geral {swan XAVIER ocr soto a sp cps tr eS 1 rin" ee le op STERUSE toers ceo see Sy ar ae "ie i eas Ct" fea SSS Si Se ty Sal ett SY Roa i mode ‘2 hmichey fms Sion lent ane ae tp Ges lint fen te mee tr sarge cule Sa Diy herbncs ig at capes as Foon oe cera tran tap gn os oe Beason sae coe So" leet ints cca tae a it SMI Sea ne eie e Entre um extemo © outro do percuro, 6S anos de reflexio: stages, eogios, explicagtes, iagnéxieos, lamentos, inerpreagies fe propostas que procararam orientar a pitca dentro de conigses ‘stio-ultris deteminadss, A teria do cima, felimente, ji tem ‘me histérla complexa, dvesficada, de modo a tornar imposivel fama sbordagem de todos os seus aspecos — e mesmo principals ‘utores — uma Gaica selepfo de textos. O recore inevitivel se ‘de, © procure ter flexivel no ello adotado, de forma a incur, ‘sem dspersar, o maior nimero possve de autres caja contbuigso 9 ficou bem marcada no desenvolvimento dos debates © as fixasdo ‘de pacimetros pars & A propria natureza dos dois extemos sugee um fio condutor. De um lado, 0 estodo de Munsterberg, preoeupado em exlicar como funciona a naragdo cinematogritica © sua relagdo com as operapbes mentsis do especiador. De outo, uma cole de artigo: sob 2 fubviea da pscands, trazendo todos 2 marca do “retoro a Freud” ‘we, antes de inciir Sobre a Leora do cinema, jé era dado caract- "tco de pareela considcivel da relléxio sobre as ares a cultura fem geral no content conlemporineo. A preseaga, nos dois exe ‘mos, de esrtos que procuram explicar como se extra a elaio filme/espectador evidenco um eritio bio: dat pip 3s 12 tatvas de carateraar, dct, avallar 0 tipo de experitcia eudo- ‘nwa que o cinema oferece — como rus imagens e sons se tomam siraenese Tepes, de que modo conseguem a mobiizagio podeross fos afetos e se afirmam como instinca de celebragio de valores © ‘econhecimentos solic, as talvez do que manifestagio de ‘onscigncn ents, Bow parte dos texlos aqui reunidos tz em ‘comum esta interrogasio dirgda 20 que aontece na sala excura ¢ ‘un esforgo em demonstrar que a esruura do fiime — enteadida ‘como configuragio objetiva de imagem som organizados de um ‘certo modo —~ tem afinidades dizetas com estuturas propria 20 campo da sobeividade. Reprodusindo, atalizando determinades procesos e operates mentus, o cinema se tora expertaca inte- Hgivele, 20 mesmo tempo, vai ao encontr de uma demanda afeiva ue o epectador tar consigo, Como disse Munsterberg, J em 1916, "o cinema cbedece as eis da mente, nfo as do mundo ex- terion", Esta € uma frase, em test, endossive, principalmente ‘quando entendida como negagio da iagenuidade maior que tende 2 Confundr a linguagem do cinema e a propia etatura do veal. Mas, to véla releabulhada por diferentes tedricos citeatas 20 T0080 os anos, & necesro perguntar: que cinema? que lei? © particular iar a experifncia que est na orgem destas reflexes, seja a do Plcdlogo alemlo, sje a de Moria, Metz ou Mereau-Ponty. Pols, 1 excoo. doe autores ligador & vanguarda dos anos vinte on de ‘wabalbos mais recentes (dos anos sesenla para ci), € comum ermor 0 texto tefrco dicursar sobre o cinema em era, ti- ‘mindo implictamente que o tipo de Slime » que se refere expeste 2 prépria natureza do veieulo, 10 ‘Quando, portano, flo em estrture do fle, 2 especificagic de imagem ¢ 40m ortunzados de um cero modo vio ¢ scidntal. [Na verdade, am clemento sobjacente que organia este Lo € 0 problema da oxSo cinematogrtic tal como se consolidou 8 patr So cinema narativ clssic, produto da india que, adaptandoe ‘i novas demandas ei possbilidades franqueadss pelo avango da ‘Genie pela retragio da censura — ou, se se prefere,avango da “dessblimapio represiva” (Marcese) —, pouco modou em sua e= irutura e principio entre 1916 e 1980." O filme de feyio estilo rnorte-americano, com fluwasSes © polices, & ainda hoje 0 dado Inais contundente da atengio do erica, por forga de seu papel nuclear na organizasio da iadista, por forga de sin presenga na ‘ocedade, Els, portanto, um elemento. fundamental de referencia ‘aul comsierado: existénca de um cinema dominate, rigdamente clificado, e sua retirica de base — a “imprestio de relidade”. Eta colegéo compreende, em sua primeira pate textos que procuram descrever o oar que ese cinema deposia sobre as coi ffs, que buscam earacterizslo em sua esurutura efor, Nom pti imei momento, encontamos peras de expliapio,iluminadors «, por isto mesmo, cldscas; Monterberg, Pudovkin, Balirs. Num s&- fndo momento, sepuimos 2 liglo que a leitura destes ¢ de outros ‘asicos noe tas. Subliar gue hé um cinema particular na origem ‘de um pensamento nlo significa que ele eteja condenado a diet Spenas 0 que diz respeito a ese cinema. Ao ado de uma primeira ‘eserigto do cinema cisco e suas reprs, ainda na primeira parte {4a antologia, tomamen conato com reflexses onde 0 que se busca acenuar © inidéncia de certo aepecio do cinema, enguanto dado hove dt produgio de imagens, no conexto da caltra do século, Ibtraidas as aternativas parcolares de Hoguagem. Bo proprio Balizs quem os Tanga numa discusso sobre a cultura visual r= tuperagto através do cinema de oma sensibidade perdida com 8 fnvengio. de imprents,.E Meteat-Ponty explora a relagio entre cinema © psicologn ds forma enquanto instincias contemporiness que atulzam una nova percepyio do homem-

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