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1 Comunicagao e Contexto Social Em todas as sociedades os seres humanos se ocupam da producio e do intercim- bio de informagies e de contetido simbélico, Desde as mais antigas formas de comuni- ‘ago gestual c de uso da linguagem até os mais recentes desenvolvimentos na tecnologia suns, de uma tajeria comum no tempo € no expago. Mas 3 medida que nossa com. preensio do parsido se tomna cada ver mais dependente da mediacio das. formas simbdlias, € a nos compreensio do imundo e do lugar que ocupames nele vai se at- inentando des produtos da midi, do mesmo mode a nossa compreensio des grupos comunidades com que comparilhamos um eaminho comum strivés do tempo e do ‘spago, uma erigem ¢ um destino comuns, também va) senda alterada: sentimo-nos pertencentes a grupos e comuntdades que se constituem em parte através da midi Retornarcmos a este fenémeno dx “socidlidade mediada” em capitules ulteriores, quando iremos considerar alguns exemplos mais dctlhadamente -Aué gor consideramos algamas das maneias pelas quais 0 desenvolvimento dos meios de comunicaczo aterou 2 compreeasio que os individuos tém do passado € do sand além de seus leas de vida imeatos,Cons\deremos agora uma questio ura ‘an to diferente. Nosss eompreensio de espaco e de tempo se ga muito exrstamente i de Usincia, da que ex perto ou do que esti longe: © 4 nosa compreersio de distinda & ‘modelada profuncamente pelos meios i nossa disposigao de retioceder no espago € no tempo, Os metos de anspor sio claramente crucals 2 este respesto, Para os cumpone- ses ruais de sécules pussados, Londres eza muito mais disante do que¢ hoje pare os ha- bitantes do campo na Inglaerra. No séeulo XVIL, quando ar redovias eram precirias e 2 ‘elocidade midis das carraagensa cavalo nas regides provineiais era prosavelmente cerca de 30 malhas por él, uma viagem de um condado como Norfolk até Londres levaria vi tics das”; hoje ela pode ser feta em mals ov menos dus horas. Os melas de communica do tambim exercem am papel importante na elaboragio dt nossa compreensio do sentido de distinca. Quando 1 comuniesgio dependia do trancporte fsico das mens.- ses, 0 sentido de distincia dependia do tempo de viagem necessirio entre a origem € 0 ‘desuno, Compa veloaade do tanspone ed cormuniagio aumentou, a distincia pare- ‘eu diminulr: Com: a dsjungio entre o espago € o vempo trazida pea telecomunicat sentido de distinea fol gracualmente cendo eatimad 4 parte de ums exclusiva depen inca do tempo de wagem, A partir de entio o sentido de distinei se tornou de- pendence de dus vanivets ~ tempo da viager e velocidade da comunicacio ~ que no necessariamente coincidem. © mundo fot se encothendo em ambas as dimensves, mas mais rapidamente numa do que noutsa £ est transformagio no sentido de distancia que esta subjacente ac que se tem escrito convenientemente como “compressio especo-temporal"". Com 0 desenvol- vimenio dos noror meios de transporte e comunicasio, aliado i sempre mais intenst va € extensita eapansio da economia capiulista oriemada para a ripida movi ‘mentagao de capital ¢ de bens, a importincia das barreiris espacias vem declinando i ‘medida que 6 ritmo da vida social se acelera. Os lugares anteriormente mais remotos do mundo Zo ligidos a redes globais de interdependéncia, © tempo das viagent & constantemente reduzido e, com o deseanolviment das telecomunicasbes, a veloct- dade da comunicagio se torna vietualmente instantanea. O mundo se parece um lugar cada vez menor’ nio mais ima imensieo de territ6rios desconhecidos, mas um glo- bo completamente explorado, euidadosamente mapeado ¢ inteiramente vulnerivel 3 ingeréncia dos seres humanos. ind temos que compzeender melhor o impacto destas trandormagies na expe rigncia que 0s individues tém do luxo da historia ede seu lugar dentro dela. Nas Formas primitivas da sociedade, quando 2 maior dos individuos vivia em dependéncia da ter. de onde travam a pripria subsistincia, a experiincia do fluxo do tempo estava eseita- mene ligula sos runs naturals das esiagbes e ao Glo do nascimento ¢ éa merte. A me- dda que os individuos foram gradualmente sendo atraides por um sistema de trabalho fabri e ucbano, a experigncia do fluzo do tempo foi se sstoclando cada ver mais 26: me ‘anismos de observdncia do tempo em sincronizagio com as boris de tibalbo © coun & organizagio dos dias da semana’. Logo que o tempo comegou a str disciplinado pelos objetivos de aumentar 2 produsio das mercadorias, houve wma certa trea: of saenfl- ios fetes no presente eram tocados pela promessa de um furuzo melhor. A moro de progresso, elaboradh pehs filosofias ilaministas da historia € pelas teorias socials, 4a evoliueio, foi sendo experimentada no dia-a-dia da vida como 0 enarme hiato en: te a experiéncia pissada © presente, de um lado, ¢ os horizontes coatiquamente mu- tiveis das expectativas associadas ao futuro, de outro”. A experiencia do flaxo do tempo pode estar mudando hoje A miediea que o pas so da vida se aceera, a tera prometida para 0 futuro no se torma mais proxima. Os hhorizontes dis expectaivas sempre ingeras comegam 3 desmoronar, i medida que ‘vio se exconirand> com urn futuro que vontinuameate fea aque das expecaivas do passado ¢ do presente: Torna-se cada vez mais eicil persistir ouma concepgao U near ch hisénia como progresioy A idéin de progresso é wim mado de cokoniaa o fe tura, € uma mancica de subeedimat © futwo aos nossos planes e expecativas presertes. Mas medica que 38 defies desta estatégi se tomam mnis clans dia an6s di © 0 fiwuro cepetidamente confunde nossos planes e expecativas, a idéia de progresso comesa a perder fora entee nos E muito cedo para diverse esta mudance continuard e, se assim for, quais a8 seqiiéneias, Nio hi dkivida de que, gragas em parte ao desenvolvimento de nova mas de comunicagdo ¢ transporte, nossa experiéncia do espago ¢ do tempo mudot profurdamente, Isto seri um tema centr nos capitulos que seguem. Mas até que onto os desenvolvimentos discutides aqui remodelaram nossa experiéncia do flux da historia e do nosso lugar dentro dela, nossa compreensio do futuro e nossa ortene lagdo para ele: estas to questoes que deixarei, quase inteiramente, abertas. Comunicasdo, proprio vide catdiona Em vérios pontos deste capiculo enfatizel a importinda de persar nos meios de comunicagio em relagio aos contextos sociis praticos nos quals os individuos pros dduzem e receber as formas simbdlicas mediadas. O exquecimento destes contextos socisis & uma tendéncia que pode ser encontrada 20 longo da histéria das relaxes tebricas € dis andlises prévieas sobre a midia, Por exemplo, sob a influgncia do estrus turaismo, da semidtica © orientgoes afins, wm grande nimero de criticas culture niestes ttimos ans se tem preocupado com as questdes relatvas aos “textos” ~ mio somente no sentido mait exteito de tabalhos literérios, mas também no sentida: ‘mais amplo de formas culturaissignificativas, desde os filmes e programas de televi s20, a0s aniincios de civersSes e gratites"”. Hi muito a se lucrar com wma rigoross analise das quesiéiesreltivas a estes “textos” Mas cada uma destas andlises&, quando frwito, uma mancira asa parcial de se debrugar sobre os fendmenos eulkuras (it luindo 0s teates literdnos).& parcial porque os fendmenos em pauta séo geralmente aralisados sem uma considerasao sistemitica © detalhada das condigBes sob as qualt cles foram produridos e recehidas. Os textos sio analitadas em si mesmos ® por ‘mesmes, sem referds Jado, ¢ as maneiras em que sao usados ¢ entendidos por aqueles que os recebem, POF outro lado, Os produtcres e receptores nes escapam de vista, enquanto o analista critico se detém ma forma cultural que é, um tanto artificalmente, abstaida de se contexto social de produgio, ereulagdo e ree dds de pesquisa tém sido empregades para estudar fatores ‘ais como o tamanho ea com> posicio do piblico, os graus de ato e de compreensio revelados pelos eceptores, of ‘elccos” a curto ou a longo prazo de expenigio as mensagens de mila, as “necesidae des" socks pcokighas sass pelos produtos de consimo da mica, e asim por cliame". tas pesquiss t8m produzide material importante ¢ interessante. Mas hi cota deficéncias em muitas destas pesquisas mais antiges. Uma deficigncla é esa ao promis rar sobcetudo mech e quaniifica: © pblico © suas respostas, elas tenclem a negligen> clar 0 que poderfimos descrever como » carter munlan da etividnde neti. Por ele

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