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  • Comunicação Animal e Linguagem Humana - Émile Benveniste

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    [EMILE BENVENISTE PROBLEMAS DE LINGUISTICA GERAL | 5+ EDIGAO CAPITULO 5 comunicagao animal e linguagem humana‘ Aplicada ac mundo animal, a nogio de linguagem s6 tem ‘rédito por um abuso de termes. Sabemos que foi impossivel Ste aqui estabeleer que os animais disponham, mesmo sob uma forma rudimentar, de um modo de expressio que tenha os carac- teres ¢ as fungdes da linguagem humana. Falharam todas as fobservagies sérias pratcadas sobre as comunidades animais, todas as tentativas postas em pritica mediante téenicas variadas para provocar ou controlar uma forma qualquer de linguagem ‘que se assemelhasse & dos homens. Nao parece que os animals {Que emitem gritos variados manifestem, no momento dessas emissdes voeas, comportamentos dos quais possamos infer que Se transmitem mensagens “faladas". As condigBes fundamentais dd uma comunicagdo propriamentelingistca parevem faltar no ‘mundo dos animais, mesmo superiores. ‘A questi apresentarse de forma diferente para as abelhas, fou, pelo menos, devemos encararo fato de que possa vi @apre- ‘sentar-se. Tudo leva a erer ~ e ofato se observa hi muito tempo que as abelhas tém um modo de comunicar-se. A organizagio prodigiosa das suas colinias, as suas atividades diferenciadas © foordenadas, a sua capacidade de reagir coletivamente diante de situagbes imprevistas, fazem supor que tém aptiddes para trocar verdadeiras mensagens. A atengdo dos observadores diri- tse paricularmente para a maneira pela qual as abelhas sio avisadas quando uma dentre clas descobre uma fonte dealimento. 1B Digi, 1982, “o ‘Uma abelha operiria colhedora, encontrando, por exemple, du ante 0 vOo uma soluglo agucarada por meio da qual cai numa armadilha, imediatamente se alimenta, Enguanto se alimenta, 0 experimentador cuida em marci-la, A abelha volta depois i sua colmeia. Alguns instantes mais tarde, vése chegar ao mesmo lugar um grupo de abelhas entre as quais no se encontra a abelha mareada e que vém todas da. mesma colmeia. Esta deve hhaver prevenido as companbeiras, E realmente necessirio. que estas hajam sido informadas com preciso, pois chegam sem guia ao Toca, que se encontra, freqientemente, grande distin- cia da colmeiae sempre fora da sua vista. Ndo hi erro nem hesi- tagdo na localizagio: se a primeira escolheu uma for entre outres ‘que poderiam igualmente atra-a, as abelhas que vém apis a sha volta se atirarlo a essa ¢ abandonario as outs, Aparen- temente, a abelha exploradora indicou ds companheiras o lugar de onde veio. Mas de que modo? Esse problema fasinante desafiou por muito tempo os obser- vadores. Devese a Karl von Frisch (professor de Zoologia. na Universidade de Munique) peas experincias que realiza hi uns ‘rinta anos, 0 haver estabeleco os principios de uma solucio, [As suas pesquisasfizeram conhecer © processo da comunicagio entre as abelhas. Observou, numa colmeia transparente, 0 com- portamento da abelha que volta depois de uma descoberta de alimento. E imediatamente rodeada pelas companheiras no meio de grande efervescineia, e essas estendem na sua diterdo as antenas para recohero pélen de que vem earregada, ov absorvem © néctar que vomita. Depois, seguida das companberas,executa dangas, E este 0 momento exsencial do processo e o prbiprio ato dda comunicacdo. A abelha entrepa-se, de acordo com 0 caso, ‘uma de duas dangas diferentes. Uma eonsiste em tragareiculos hhorizontais da diteta & esquerda, depois da esquerda a dircta sucessivamente. A outra, acompanhada por uma vibragio con- tinua do abdémen (wagging-dance, “danca do vente") imita mais fou menos a figura de um 8: a abelha Yoa reto, depois descreve ‘uma volta completa para a esquerda, novamente voa reo, 80 ‘mega uma volta completa para a direita, e assim por diante ‘Apes as danga, uma ou mais abelhas deisam a colmeiae partem diretamente para a fonte que primeira hava visitado, e depois 61 de saciar-se, voltam & colmeia onde, por sua vez, se entregam ‘As mesmas dangas, 0 que provca novas partis, de modo que depois de algumas idas e vindas, centenas de abelhas j& acorte ram ao local onde a primeira descobriu o alimento. A dana ‘em cireulos ¢ a danga em oito evidenciam-se, pos, como verds diras mensagens pelas quai a descoberta&assinalada & colmeia Faltava encontrar a diferena entre as duas dangas. K. von Frisch Pensou que versasse sobre a natureza do allmento: a danga Circular anunciaria © néctar, a danga em oito, o pOlen. Esses

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