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FICHA CLINICA a A TT Teoria dos germes do queijo suicgo teoria dos germes e doengas A tsi -organismos causam deter- mninadas doengas. Esses micro- -organismos também produzem alguns queijos, Por exemplo, 0 Propionibacterium produz 0 queiio 0, e sem ele nto seria possivel fazer esse quetjo. Propionibacterium cresce em queijos nfo maturados pela fermentagio do dcido Kitico. 0 feido ltico necessécio esté presente (© Propionibacterium & 0 micro- organismo usado para fazer uelo sulgo. nesses queijos devido as sempre existentes bactérias do cide lético, sclecionadas 2 partir da lactose do Ieite Os produtos fina da fermenta- 0 do Propionibacterium — écido Aacético,dcido propiénieo e CO, — ‘convertem 0 suave queijo nfo mati- ado em queio suigo, Esses dois ‘cides, untamente com pequenas «quantidades ce muitos outros produ- tos da fermentacio, do a0 queijo saga 0 bor especial. O produto ga 030, COs, fa 0s buracos que carae- terizam este que. Fazer queijo suigo € ficil. Fazer ‘um bom queijo suigo & um pouco mais dificil. As cepas de Propiont- Dracterium devem ser cuidadosa- ‘mente selecionadas, e o equlibrio de seus produtos de fermentacio deve serexato, Se houver muito eu pouco dcido propidnico ou acéteo, 0 queiio nfo teri 0 sabor de nozes inconfun- divel. Deve haver wis carbénico sufleiente para produzir buracos, ‘mas no © suiciente para dividir 0 queijo. A cepa de Propionibacterium deve produzir a quantidade sufi- ciente de aminodcido prolina para dar ao queijo um sabor doce, ¢ diagetl suficiente para dar um sabor amanteigado. 0s produtos de Propionibacte- ‘um fazem mais que apenas adicio~ nar sabor. O fcido propidnico é um excelente conservante, adicionado ha tempos a0 pao para prevenir 0 eres clmento de mofos. Porém, @ mistura de produtos da fermentacao de Pro- pionibacterium & melhor. Esse con- servante natural pode ser produzido cultivando-se P, shermanit em leite ‘agro e secando a cultura até virar 16. O produto, chamado Mierogard, €usado para conservar queijo cot- tage. Ele inibe as bactérias gram- -negativas e algumas leveduras, como também mofos, Outras preparagies ‘de Propionibacterium podem set usadas para conservar eros ¢ pio. [Antes mesmo de os seres humanos saberem da existéneia dos micro-organismos, eles j os utilizavam para fazer ali- ‘mentos (0 queijo suigo é um dos muitos exemplos), me- Ihorar 0 rendimento da colheita e descarte de residuos. A medida que 0 conhecimento sobre micro-organismos ceresceu, 0s seres humanos melhoraram ¢ expandiram suas utilizagdes, As primeiras tentativas se desenvolveram em tecnologias que coletivamente chamamos de microbiolo- ‘gia industrial. A aplicagdio dos micro-organisms tomou- -se uma eiéneia que mudou profundamente as vidas das pessoas, proporeionando a capacidade de procduzir ant bidticos, vitaminas, suplementos alimentates ¢ substin- cias quimieas industriais, ‘A microbiologia industrial tradicional produziu os mesmos produtos que 0s micrbios produzem normal- ‘mente no ambiente natural, fabricando-os com eficiéneia em larga escala. Porém, ocorreu uma mudanea nos tiltimos. 30 anos, Com o aparecimento da tecnologia do DNA re- ‘combinante, os miero-organismos agora podem set mani- pulados para fabricar novos produtos que eles niio produ- zem normalmente. Essa capacidade levou a criagio de ‘uma nova indistria chamada biotecnologia (Capitulo 7). ‘Ao longo dos anos, 0 uso do termo se expandiu. Agora se aplica a todos 05 usos priticos dos onganismos, inclusive ‘0s tradieionais, Embora o termo biotecnologia englobe to- dos os organismos, os micro-organismos sio e provavel- mente continuario a ser seu enfoque basico. Neste capitulo discutiremos 0s aspectos microbianos da biotecnologia. Comegaremos a discussfo sobre microbioteenologia com a8 utilizagdes tradicionais dos micro-organismos para fazer e conservar alimentos para os seres humanos € ‘animais, Depois, consideraremos a utilizagio dos micro- organismos como fibrieas quimicas para produzir subs- ‘neias quimicas ¢ firmacos. Por fim, veremos as utiliza- {ges dos micrébios criados geneticamente para fazer pprodutos codificados por genes de outros organismos. rr UTILIZAGOES TRADICIONAIS DOS MICRO-ORGANISMOS A primeira utilizagdo de micro-onganismos foi, provavel- ‘mente, na produgao ¢ conservagdo de alimentos e bebidas. Embora nossos antepassados no soubessem disso, cles usavam prineipalmente bactérias produtoras de dcido lie tico e loveduras, ¢ n6s continuamos a utilizi-las. Vamos ‘eonsiderar por que esses organismos eram e continua & ser importantes para nds. Bactérias do Acido latico [As bactérias do dcido lético so importantes porque pro- duzem uma grande quantidade de acido, fermentam vi- ios agiicares para formar dcido litico © suficiente para inibir ou matar a maioria dos outros miero-organismos no microambiente (Capitulo 11). Quando seu ambiente € um alimento, ele fica protegido do ataque de outros mieto-or- ‘ganismos e, entéo, conservado, Além disso, acido lético & otras bactérias que produzem esse dicido com sabor s30 adicionados para realgar 0 gosto do alimento, e, com ‘muito poucas excegdes, as bactérias do dcido litico, in- cluindo alguns estreptococos, siio inofensivas para os se- es humanos, Essas propriedades fazem que as bactétias do Gcido litico sejam agentes quase ideais para conservat alimentos. Existem algumas limitagSes: 0 alimento deve conter agiicares suficientes para que as bactérias produ- zam quantidades inibidoras de deido latico, mas a maioria {dos materiais vegetais ¢ laticinios contém as quantidades adequadas. Ainda hd a necessidade de exclusio do ar. Se ele nio for retirado, micro-organismos aerdbios metaboli- zatdo 0 agiicar ¢ alguns metabolizardo o dcido latico. Ge- ralmente nflo é necessirio adicionar bactérias do acido litieo a0 alimento, A maioria dos materiais vegetais ¢ la- ticinios contém uma populago natural adequada para co- megar 0 processo de conservagao, Alimentos vegetais. Fazer chucrute(repolho azedo, em alemo)ilustra como as bactérias do Acido ltico po- ddem ser usadas para conservar alimentos. S6 & preciso cortaro repotho em tra, coloeé-lo em um recipiente que no seja de metal, como uma vasilha de cerdmica, ¢ adi- cionar égua o suficiente para encher os espagos remanes- centes, As bactrias do deido ltico naturalmente presente no repolho se multiplicam e eonvertem os agtares nele existentes em deido lético, © chuerue fia to Acido que dura quase que indefinidamente se o ar for excluido. Os resmos prineipios sto usados para preparar azcitonas verdes do tipo espanol. Grandes quantidades de pastagem para gado sto con- servadas de manera semelhante todos 0s anos através da silagem. As plantas cortadas, principalmente 0 milho, sio ‘depositadas em silos ou reipientes revestidos com plis- tico cilindricos e herméticos. As bactérias do dcido litico, principalmente a Lactobacillus plantarum, fermentam 03 agfeares no material vegetal eo conservam (Figura 29.1). FIGURA 29.1 Baciéries do Acido latico Lactobacillus plantarum na superficie de um pepino. Queljo © outros laticinios. Assim como os ali- ‘menos veuetais, 0s laticinios fermentados mais tradicio- nis foram feitos usando as bacéras do deido lito que testavam presents, As bactéras geralmente vm em ferra- mentasevaslhames usados. As vezes, uma porgo de um Tote anterior éusada como indculo, Hoje em dia, eulturas altamente selecionadas so usadas como indoulo, As pro- priedades esabors distintivos de vris produtosorigini- Tios do lete azedo — incluindo soro do Tete, leit fermeniado ¢ iogurte — dependem do tip de bactéra do fcidolitioo que foi usado. Diferents espécies produzem diferentes produtos (Tabela 29.1) Até mesmo cepa dife- rentes da mesma espécie aftam a qualidade e o sabor do produto, Grande parte das pesquisas 6 realiznda para que Se produzam cepas superiores para produtos espevais. ‘A fibricagio de queijo também é, em grande parte, um processo microbiolégico (Figura 29.2), que consiste mt duas etapas — coagulaglo e maturagio, A coagula~ glo 6 eonversio do lete em uma massa slid, 0 coa- iho. A fragio proteica — a cascina — & precipitada, trazendo consigo a gordur. © soro (a fngH0 liquida) € drenado e a coagulayio ¢ completada deixando que as bactérias do Acido latico se desenvolvam (0 acido latico resultante desnatura a easeina,fazendo que ela precipite) ¢ adicionando-se renina (também chamada quimosina). ‘A renina & uma enzima extraida antigamente do est0- ‘ago de um bezerro, mas agora produzida por teenologia. do DNA recombinante, Fla adere a uma forma de caseina, fizendo que ela precipite, O resultado da fer- mentagio por dcido lito depende do tipo de queijo pro- duzide. Por exemplo, 0 queijo cottage, que nto é deido,& feito somente com renina. ‘Apos a coagulagio, a agua é retrada do coalho por pressdo, ea massa sblida & deixada para maturar (desen- ‘olver 6 sabor ea textura caracteritcos). As espécies de (se eR ei get eS ae ccc Capitulo 29 Biotecnologia microbiana 707 ore enn ir Gln St bony 708 Parte V Beneficios e Usos dos Micro-organismos TABELA 29.1 Microbiologia dos laticinios queljos SE Produto __Micro-organisme _Atividade microbiana Lele fementado Lectobacilus __-Fermentago ‘acidophiis 0 dcido ltico Manteiga ‘Streptococcus Fermentagao_ siscetlacts do acid lic Leuconostoc cromoris Creme azedo Steptococcus _-Fermentago dhacetiacts do digo ltico Streplococcus lactis, Leuconostoc eremonis Soro delete Lectobaciius —_—Fermentacdo bulgarious 0 dei ltico Kotir Streptococcus Fermentagéo lactis, Lactobacilus alcodica com- bulgaricus binada com leveduras que acidoltico fermentam lactose logue —Lactobaciius ——_-Fermentago bulgaricus, do Acido latico Streptococcus thermophilus Queijos. Cheddar Baciérias do. ——-Fermentago cdo latico do deido ltico Roguetort Peni Produgéo de roquetorti pigmento azul Suigo -Bactéias do Fermontagao Acido lato, da dcido lati! Propionibacterium — propiénico 5p ‘micro-organismos envolvidos na maturagio dependem do tipo de queijo a ser fabricado (Tabela 29.1), Na fabrica- 40 tradicional do queijo, os micro-organismos de matu- racdo provém dos utensilios ou ferramentas usadas para preparar lotes anteriores. Mesmo assim, os queijos produ- idos na mesma regio pelos mesmos produtores diferem ‘um pouco de lote para lote. Hoje em dia, micro-organis- ‘mos selecionados sao geralmente adicionados. ‘A maturacdo & um proceso complexo que muda 0 queijo. Algumas das mudancas ocorrem devido aos com- postos que dio sabor produzidos pelos micro-organisms. Outras vém das proteinas hidrolisadas do leite em uma mistura de pequenos peptideos soliiveis ¢ aminoécides. Em geral, quanto mais hidrolise, mais mole © queijo. So- mente cerca de um quarto da proteina em queijos duros, ‘como cheddar e suigo, € hidrolisado. Quase todas as pro- teinas encontradas nos queijos moles, como Camembert e Limburger, so hidrolisadas. FIGURA 292 Leite coalhado sendo mexido no processo de fabricacao do queij. Leveduras As leveduras sto tio importantes quanto 0 éeido latico no preparo e conservagdo dos alimentos, Blas esto extensa- mente distribuidas na natureza, aparecendo naturalmente em quase todas as frutas e flores e nas seereges das plan- tas,’A maioria das leveduras fermenta agiicares para pro- duzir CO, © etanol. Essas leveduras so usadas para fazer vinho, cerveja, uisque e pio. Sio empregadas quase sem- pre cepas de Saccharomyces cerevisiae e espécies relacio- nadas. Provavelmente, a utilizagio mais antiga da levedura foi na produgio do vinho. Vinho. As origens da enologia (fabricagio de vinhos) devem ser tio antigas quanto a viticultura (cultivo de vas), e a viticultura & quase tio antiga quanto a propria agricultura. O vinho era um artigo de comércio comu- mente usado no século III a.C. O método tradicional de fazer vinho & simples, quase inevitivel. As uvas sio e5- magadas e deixadas em um recipiente com contato restrito do ar. A enologia modema tomou-se uma cincia alta- mente sofisticada (Figura 29.3), ensinada como um ‘campo distinto em algumas universidades, prego do vinho depende muito da variedade e qua lidade das uvas usadas. Variedades saborosas de alta Er FIGURA 28.3 Uma vinicola, Grandes tanques de aco 880 usados para fermentar e armazenar o vinha. Os barris| de madeira sao usados para envelhecer 0 vinho. Eles também podem ser usados como fermentadores. qualidade so muitas vezes 0 produto de colheitas peque- nas, jé que praticas de agricultura que realgam a qualidade frequentemente reduzem o resultado, Porém, os aspectos microbiolégicos da fabricagio do vinho também Ao ctiticos. Tradicionalmente, e ainda em algumas 1 iGe8, 0 mosto (uvas esmagadas) nao ¢ inoculado, Em vez disso, a biota de leveduras naturais pode entrar na fer- mentagdo, Porém, atualmente, na maioria das regides do mundo, o indeulo natural é praticamente eliminado atra- vés do tratamento do mosto com bissulfito, Entio, adi- TABELA 29.2 Microbiologia do vinho EEE Papéis desempenhados na fabricacao do vinho Organismos Capitulo 29. Biotecnologia microtiana 709 FIGURA 29.4 Saccharomyces cerevisiae. ciona-se uma cultura pura de uma cepa de levedura de vi- tho confiével (Figura 29.4) As vezes, diferentes tipos de leveduras e outros micro organismos so usados para fazer diferentes tipos de vi- tho (Tabela 29.2), porém a distingo mais importante — tinto ou branco — depende das uvas e da pritica de fabri- cagio do vinho. Somente o vinho branco pode ser feito com uvas-brancas, mas tanto o vinho branco como 0 vi- Tho tinto pode ser feito com uvas-tintas. A cor vermelha vem da casca das uvas. Se forem deixadas cascas no ‘mosto em fermentagio, a cor vermelha ali contida sera ex- traida (pelo alcool) para o vinko. xerez espanhol (0 nome em inglés, sherry, & uma corruptela britinica do nome da cidade espanhola Jerez, Saccharomyces cerevisiae Saccharomyces bayanus Fermentagéo alcodlica priméria — glicose frutose no mosto sao fermentadas em tanol @ didxido de carrono, Fermentacao alcodiica secundaria — em um tanque ou garrafa pressurizada, o agicar agicionado 6 fermentado em etanol e diéxido de carbono, produzindo vinhos frisantes eomo o champanhe. Turvagio — a levedura cresce no vinho doce finalizado, produzindo turbidez indesejavet. Torulaspora delbrueckit Flor do xerez — a levedura cresce © oxida um pauco do etanol em acetaldeido, (pfoduzindo um tipico sabor de xerez. Botrlis cinerea Produgéo de vinhos naturalmente doces e saborosas — a levedura aumenta 0 contetido de agticar, dissecando as uvas; diminul a acidez, oxidando Acido malico em diéxido de ‘carbono e agua @ adiciona sabor e cox, onococcus cent ‘Fermentagdo malolactica — 0 acido malico no vinho é canvertido em acid lético € i6xido de carbono, reduzindo a acidez ¢ aumentando a complexidade do sabor. Acetobacter spp. Decomposigéo aerdbia — oxida um pouco de etanol em acido acética, proporcio- ‘nando um sabor indesejavel de vinagre 20 vinho. 710 Parle. Beneficios e Usos dos Micro-organismos. ‘onde muito xerez é produzido) € feito em duas etapas mi- crobianas. Primeito, a Saccharomyces cerevisiae fermenta todo 0 agiicar no mosto, Entio, depois de adicionar conhaque (vinho destilado) para aumentar 0 contetido de ‘Alcool para aproximadamente 15%, uma camada da leve- dura Saccharomyces fermentatt se descnvolve na superfi- cic do vinho, armazenado em barris preenchidos pela ‘metade. Essa camada fica mais espessa e enrugada, asse- ‘melhando-se a pétalas de flor. Os produtos metabélicos da S fermentati, imcluindo grandes quantidades de acetal- deido, do ao xerez o sabor distinto ‘Alguns vinhos doces provenientes do distrito de Sau- temes, na Franca, e regides da Alemanha so produtos de ‘process0s mierobiolgicos ainda mais complicados. Nessas rogifes relativamente timidas, as uvas sio infectadas pelo fungo Botrytis cinerea, que entra na fruta por meio de hifas ccurtas chamadas haust6rios. Os haustérios agem como pe- quenos pavios que secam a uva, concentrando os agécares cde maneira que elas nfo podem ser fermentadas completa mente pelas leveduras quando o mosto é transformado em vinho. O fungo produz uma cor e sabor distintos e um pouco de glicerol, que contribui com textura e riqueza para ‘vinho. O Boirytisnio metaboliza o agicar necessério para a levedura, mas usa Acido malico (um acido organico en- ccontrado em todas as uvas), tornando o vinho menos deido. Essa infecgao fimgica — chamada de “postrido nobre” pe- los produtores de vinho — produz vinhos que acompanham sobremesas € que so altamente valorizados pelo sabor doce suave e distinto, em tom dourado claro. AAs bactérias também contribuem para a fabrieagio do vinho, Na maioria das regides produtoras de-vinho, 0 ‘icido mélico do vinho tinto premium é removido por uma fermentaglo maloléctica tradicionalmente espontinea (agora inoculada) — mediada pela bactéria do dcido latico Oenococeus ven. Essa fermentacdo secundaria converte Jddo malico, que contém dois grupos de écidos, em deido lético, que contém apenas um grupo acido. HCOOH—CH,—CHOH—COoH—> Acido milico CH,—CHOH—COOH + Acido latico Didxido de carbono resultado é um vinho menos iicido e mais saboroso, (Os micro-organismos também podem deteriorar 0 vi- ho. Algumas bactérias do Acido latico crescem em vvinhos doces, proporeionando um gosto ruim. As bacté- rias do fcido acético encontradas no vinho so expostas a0 ar, oxidando o dlcool em écido acético e dando ao vi- sho um sabor avinagrado. Outras bebidas alcodlicas. A maior parte das le- veduras fermenta apenas agicares. Nao se trata de uma complicagio para fermentar sucos de fruta que contém agticar, incluindo suco de uva (que contém uma mistura de alicose e frutose), mas produtos de gros que contém ami- dos que as leveduras no conseguem fermentar. Primeiro, ‘amido deve ser saearificado (hidrolisado em monémeto de agicar, glivose) e, eno, fermentado pelas leveduras. No mundo Ocidental, a amilase (uma enzimna que hidro- lisa amido) de malte (gros germinados de cevada secos sob calor) € usada para sacarificar grios de cereais Accerveja é feita pela levedura que fermenta um grio de cereal sacarificado, Tradicionalmente, ust-se cevada. ‘Agora o arroz. & muitas vezes adicionado, Os gros de cereal silo cozidos e sacarificados com malte. O produto sacarificado, chamado wort, é fermentado em tinas ‘grandes (Figura 29.5). Por fim, a cerveja é flavorizada e conservada, adicionando-se Idpulo, flores da vinha Humulus tupulus uisque € destilado ou extraido de gros de cereal fermentados. As batatas, usadas para fazer vodea, contém muito amido, entio precisam ser muito sacarificadas, ‘Na Asia, a amilase de fungos é usada para sacarificar arroz antes de ser fermentado para prosluzir o saqué japo- nse 0 vinho de arroz chinés. O arroz umedecido é amon- toado no cho € inoculado com um pouco de arroz anterior que contém uma mistura de fungos, Dentro de al- ‘guns dias os fungos crescem na plha de arroz, produzindo amilase suficiente para sacarificar todo o amido. Vinagre. 0 vinagre é uma solusdo de acido acético feta ‘em um processo de dus etapes.Primeito s leveduras fer- mentam o agicar em um suco de frtas, gralmente magi (para fazer vinagre de cidra) ou wva (para fazer vinagre de vino), em etanol, A levedura usada_geralmente & a Saccharomyces. cerevisiae, Entto a Acetobacter spp.. bactéra aerbia obrigara, oxida o etanol nio completa: mente em écido acético e gua, em ver de oxidar comple- tamente em CO, e gua, como @ maioria dos micro- -organismos fara Ci, CHOH + 0,CH,—Coon + 1,0 Btanol Acido acstico FIGURA 29,5. Uma tina de fermentagdo onde gréios de cereal e malte esto sendo cozidos para fazer wort Existem vérias maneiras de fazer vinagre, todas de- senvolvidas para fornecer oxigénio suficiente para oxidar Alcool em dcido acético. O modo mais antigo e mais lento defendido como sendo o melhor por alguns — ¢ encher ‘um barril até @ metade com a solugdo aleodlica. Um filme de Acetobacter se desenvolve na superficie, oxidando ctanol a uma taxa estabelecida pela difuslo de oxigénio na solugo. Um modo mais répido é a utilizagio de um gera- dor de vinagre (Figura 29.6). Geradores de vinagre so grandes colunas, geralmente cheias de lascas de madeira de faia, cobertos por uma camada de células de Acetobac- tor. A solugdo alcodlica é fornecida pela parte de cima e passa pelas lascas, enquanto o ar & forgado na parte infe- rior da coluna, PAO. As leveduras sho usadas para fazer o pio “crescer (ou fermentar, um termo que vem de uma palavra antiga para levedura). Fermentar 0 pio antes de assar & uma ino- vagio relativamente recente, Primeiramente se utilizou a levedura da cerveja, um subproduto da fermentagio da cerveja, mas agora cepas especialmente selecionadas cha madas levedura de pio sio usadas. Tanto a levedura da cerveja como a levedura de pio slo cepas de Saccharo- imyeces cerevisiae. ‘Alevedura de pio ¢ produzida comercialmente ¢ seca sob condigées que mantém a viabilidade ea atividade da en- ima (ver Campo maior — Pio no deserto, no Capitulo 2). Pode ser armazenada por longos periodos a temperatura ambiente sem que haja perda de aividade. © COs &0 pro- duto da fermentagio necessirio ao cozimento. 0 COs pro- duzido na massa eria pequenas bolhas que realgam a textura, Geralmente o agiicar natural da farinha produz CO, sufciente para “Ievantar” a massa, As vezes, auiciona-se uma pequena quantidade de apicar & masse, __ oar sem axgtnio pores \efaere ene \ DN ced rate BOL) ie UPNEERT A) Shonvacen LOLS LSA AAG CIR __-o ar bombeado ASS ea, retese PISTON STAI rer ort epee ea, ous L vgs boabedo | Seta FIGURA 28.6 Gerador de vinagre. Capitulo 29 Biotecnologia microbiana 714 Culturas mistas Em algumas partes do mundo, culturas mistas so usadas para fazer 0s alimentos fermentarem, Na Europa, uma mis- tura de bactérias do acido litico e leveduras & usada para produzir bebidas licteas levemente alcoélicas, como 0 ke- fir. Na Asia, a produgdo de alimentos como molho de soja ce miss6 (feito de arroz e soja) a partir de culturas mistas de micto-organismos é uma industria enorme (Tabela 29.3). No Japio, indéstrias de alimentos feitos a partir de cultu- ras mistas produzem 20 vezes mais renda que o setor de 4lcoo! industrial. Geralmente, culturas iniciais contendo ‘isturas complexas de bactérias e fungos so usadas para inocular alimentos. Os métodos de produgdo de culturas iniciais permanecem os mesmos ha séculos; logo, essas misturas de micro-organismos so allamente adaptadas para coexistir ¢ produzir um produto uniforme. Alguns ‘micro-organismos existentes nessas culturas iniciais no sio encontrados em nenhuma outra parte e nfo sobrevive- iam na natureza. As culluras mistas estaveis t2m certas vantagens sobre culturas puras, Elas tém altas taxas de crescimento er dimento aprimorado. Sio altamente resistentes & contami- nagio e provocam transformagées simulténeas em diversas etapas nas misturas complexas de substratos. MICROBIOS USADOS COMO INSETICIDAS Certas espécies do género bacteriano Bacillus, formador de endosporos — incluindo Bacillus larvae, Bacillus po- TABELA 29.3 Misturas de culturas microbianas usadas em alimentos asiaticos Alimento Micro-organismos existentes na mistura Moth de Aspergillis oryzae soja Asperailus soyae Saccharomyces rouxit Candida etchelst Pediococcus halophius Lactobacillus delbruscki Miso Asperailus oryzae Aspergilus soyee Saccharomyces rouxit Candida etcheltst Peciococcus halophius Ne 712. Parte V Benoficios e Usos dos Micro-organismos pilliae, Bacillus thuringiensis —, sio patogenos de inse- tos. Essas espécies formam cristais de proteina, chamadas corpos parasporais, concomitantes a formagao dos endos- poros (Figura 29.7), Quando um inseto suscetivel come a proteina, ela é clivada no estmago alcalino do inseto em ‘um fragmento de proteina altamente destrutivo, que ulcera ‘a parede intestinal e mata o inseto. Por mais de 30 anos, 0 B. thuringiensis foi usado para produzir um bioinseticida ‘chamado Bt. O Bté pulverizado ou polvilhado sobre as fo- thas da planta para controlar lagartas e outros insetos. Uma hora depois de consumir os endosporos, as lagartas param de se alimentar e morrem virios dias mais tarde. (0 B. popilliae produz um bioinseticida chamado Bp, uusado para controlar besouros-japoneses. Distribuidos so- bre um gramado, os endosporos persistem na terrae con- trolam esses insetos durante 15 a 20 anos. ‘Os esporos do protozodrio Nasema locustae so vend dos comercialmente como isea para combater gafanhotos ¢ grilos. Eles agem lentamente, exigindo de quatro a seis semanas para controle, Os baculovirus estio sendo desen- volvidos como outro tipo de bioinseticida (Capitulo 13), Diferentemente de alguns inscticidas quimicos, o Bt, © Bp, 0 Nosema locustae eo baculovirus sio ecologica- ‘mente seguros. Eles matam somente determinados insetos eno tém nenhum efeito em plantas ou animais, inclusive ‘em seres humanos. MICROBIOS USADOS COMO FABRICAS QUIMICAS Com as ripidas taxas de metabolismo ¢ crescimento, 0s imiero-organismos sio capazes de sintetizar células ¢ pro- FIGURA 23.7. Corpes parasporais de Bacilus thuringiensis. Observe a forma bipiramidal destes cristais de proteina, dutos metabdlicos finais em taxas prodigiosas. Por essa raziio, 08 micro-organismos so usados industrialmente para fabricar muitos produtos comerciais, além de ali- mmentos, Aqueles incluem solventes orginicos, vitaminas, aminodcidos, antibidticos, enzimas, proteinas com usos ‘medicinais e os proprios micto-organismos. ‘0s primeiros produtos microbianos produzidos indus- trialmente foram fabricados anaerobiamente por fermen- tagio, De alguma maneira o termo pegou, de forma que hoje as transformagdes industriais so chamadas fermen- tagdes, independente se 0 provesso industrial & acrdbio ‘ou anacrébio, Os recipientes onde essas transformagoes acontecem sfio chamados fermentadores. Fermentagées anaerdobias [As fermentagSes (no sentido cientifico) geram somente pequenas quantidades de adenosina trifosfato. (ATP; Capitulo §); os micro-organismos anaetSbios processam grandes. quantidades de substrato © produzem grandes Gquantidades de produtos finais quando fermentados. Al- ‘guns produtos finais da fermentagdo tém valor comercial € slo relativamente faceis de produzir. E claro que a cul- tura nao tem que ser arejada, mas o mais importante & que nao sio necessirios procedimentos assépticos. 1850 acon fece porque a contaminagio por aerdbios & impossivel, © 0s aerébios mais competitives crescem muito lenta- ‘mente para substituira populagio estabelecida ‘Aviabilidade econdmica de um produto industrial pro- uzido anacrobiamente € determinada pelo prego do produto, 0 preso do substrato ¢ o custo de recuperagio do produto a partir da cultura, Os substratos mais comuns para fermentagses industrais so 0 melago negro (liquide residual escuro que sobra depois que o ager érecuperado da cana ou xarope de beterraba) e os gros de cereal ‘A margem de prego/custo & quase sempre estcita, porque a maioria dos produtos feitos anaerobiamente sio Substincias quimicas relativamente baratas. Eles tam- ‘bém podem ser fabricados por outros processos, por exemplo, quimicamente a partir do petréleo. O prego ou custo muda frequentemente, assim as fermentagdes in- dustriais que jé deram certo uma vez podem ser abando~ nadas e reiniciadas posteriormente. As fermentagbes de alimentos discutidas anteriormente continuam, apesar das flutuagdes econsimicas. Por lei, bebidas alcoslicas cido acético para produgio de vinagre devem ser pro- dutos micrabiol6gicos. Etanol. Como ja vimos, 0 etanol (Alcoa! etlco) é um componente das bebidas aleodlicas. Também & usado como solvente ¢ combustivel. Antes da Segunda Guerra Mundial, grandes quantidades de etanol eram produzides por fermentagio de levedura para fins industriais, Mais tarde, com a ascensto da indistria petroquimica, 0 prego do etanol ficou tio baixo que o produto da fermentagio nifo era mais econémico. Porém, na citima década, as perspectivas do etanol melhoraram novamente. © etanol produzido por fermentago & a maior fonte de combusti- EM FOCO Capitulo 29 Biotecnologia microbiana 713 ‘A tabricagao de solventes por fer- ‘mentagao tornou-se uma atividade indus- ‘tial na Inglaterra, Pr- meiramente, os ingleses fizeram 0 bu- ‘anol, material inicial para borracha sinté- tica, porque a borracha natural estava es- ‘cassa. Um dos produ- tos do processamento de butanol era a ace- tona, um solvente para ritrocelulose, um in= sgrediente de cordlte {um pé que nao emite fumaga). Com a Pri- ‘meira Guerra Mundial, ‘o mercado para 202- fona cresceu ea ma- nufatura de solvenite inglés expandiu rapide~ mente. Depois da ‘guerra, o setor cont- nnuou a crescer, porque © butanol era um in= ‘grediente empregado em tintas de nitrocelu- lose de secagem pida usadas pela crescente indistria au- tomobilistica, Um ter- MICROBIOS VERSUS PETROLEO cxiro produto do pro- ccesso era a riboflavina (vitamina B.), que se- tisfazia outra necessi- dade do mercado, No inicio dos anos 1980, 0 setor de sol- vventes praticamente

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