Você está na página 1de 46
‘apitulo Equilibrio acido—base Os acidos ¢ bases sio importantes em insimeros processos guémicos que ocorrem ao nosso redor, desde processes industriais até processos biolégicos, desde reagées no laboratério até aquelas em nosso Embionte. © tempo necessrio para um objeto metalic imerso em agua se corroer, a habilidade do ambiente aquético dar suporte a vida de pei- es ¢ plantas, o destino de poluentes removidos do ar pela chuva e até mesmo as velocidadles de reacbes que mantém nossa vida, todos depen- dem de maneira critica da acidez e basicidade das solugdes, Uma gran- departeda quimica pode ser entendida em termes de reagbescido- base ‘Ja encontramos dcidos e bases muitas vezes em abordagens anterio- res, Por exemplo, uma parte do Capitulo 4 se deteve em suas reagées. Mas o que faz utha substancia comportarse como um dcido ou como uma base? Neste capitulo reexaminaremos os Acidos ¢ as bases, obser- yando como eles sao identificados e caracterizados. Ao fazermos isso, consideraremos seus comportamentos ndo apenas em termos de estru- frase ligacdes, mas também de equilibrios quimicos nos quais eles par- tsipam. 1 Acidos e bases: uma breve revisao Desde os tempos primordiais da quimica experimental, os cientistas identificam os dcidos e as bases por suas propriedades caracteristicas. Os acidos tém sabor azedo (por exemplo, 0 dcido citrico no sco de li- mao) e fazem com que determinados corantes mudem de cor (por exemplo, 0 tomassol fica vermelho no contato com écidos). A palavra fcido vem da palavra latina acids, que significa azedo ou adstringente. ‘Asbases, por outro lado, tém sabor amargo e dao a impressao de ser es- corregadias (0 sabio € um bom exemplo). A palavra base vem do in- @ ANIMAGOES: glés arcaico ‘rebaixar’. (A palavra em Introdugto aos acco, inglés debase ainda é utilizada nesse Introdugio &s bases aquosas sentido, significando abaixar o valor de alguma coisa.) Quando as bases so misturadas em determinadas pro- porées, suas propriedades caracteristicas desaparecem simultaneamente. se (Seqio 4.3) > O que est por vir < + Comegamos revisando as definigses de dco tnseapresentadas.n0 Capitulo 4 aaprendemes que estas si0 as definigdes ae Arrhenius. + A seguicaprenderemes as defines mais sgerals de Bronsted. Lonry para Sides © bases. Um dcido de Bronsted-Lowry ¢ tun dary dene ura base do Bosc avy um rr din, © A lee cong de um fd de Brose Lowy 6.0 que pernanece depois que © 4eido doott um proton. Analogamente, 0 tid conjugedo de urna base de Bronsted Loviny 68 espécieresultante de quando a ‘paso recebe um prt. Duss espacesdes- tipo, que difere entre apenas pola presenga ou ausdaca de wm proton juntas io conecidas como par deido-se cn do + A vtoionzagio da sea produ peque- ras concentragoes de fons hidrénio © ‘hidrovido em agua pura, A costa de quire para a auto-ionizacto da dan K; define a relagao entre as concent ‘Bescle HO" e OH em solugsesaquosa *# Acscala depH é usada para descrever a aciceze a basicidade cle uma solugto. Ob is bases fres 0 08 que se ont 7am ou se dissocam, completamente em Soligto aquose,enquanto dcidose bases frac \onizannse apenas parcakent. + Aprendemos que aionizagio de um écido fraco-em dgua & um proceso em equll- brio com sma constante de equilbrio K, aque pode ser usada para calcularo pH de dima solugio de dco faco. ‘ Igualmente,aionizagio de uma base fra cavem dua € um proceso em equilbrio com uma constant de equllbio Ky que ‘podemos ssarparacaloularopH de uma Solugdo de base fraca 1 uma eto KK «Keio K, de qualquer par dctdo-twse Conjugndd. Ba relacho pode ser sada para deter rina o pH de uma solicdo de sal ‘ Continuamos explorando a relagao en- fie a estratara quimica ¢ 0 comport. mento aeido-base, ‘+ Finalmente, aprendemos as definigoes de dcido ¢ base de Lewis. Um dcido de Lewis € um receptor de eléton, sma base de Lewis um doudor de elton. As definigdes de Lewis 860 mais gerais © abrangentes que as definigoes de Arshe- nis ot de Bronsted: Lowry. 566 (Quimica: a eigncia central Historicamente, os quimicos tém procurado relacionar as propriedades de écidos e bases as suas composictes ‘eestruturas moleculares. Por volta de 1830, estava evidente que todos os écidos continham hidrogénio, mas nem todas as substiincias que continham hidrogénio eram dcidos. Na década de 1880, 0 quimico sueco Svante Arrhenius (1859-1927) ligou o comportamento écido com a presenca de fons H’ eo comportamento de base com a presenga de ions OH em soluco aquosa. Ele definiu 4cidos como subbstancias que produzem fons H' em agua, e bases comp substincias que produzem ions OH em gua. As propriedades das solugGes aquosas de acidos, como sabor azedo, devenr-se a H'(aq), enquanto as propriedades de solucdes aquosas de bases clevem-se a OH (aq). Mais tarde o con. ceito de Arrhenius de dcido e base veio a ser expresso da seguinte maneira: 0s dcidos so substincins que, quando dis. sofvidas em dgua, aumentam a concentragao de fons H’. De forma semelhante, as bases sao substincias que, quando dissolvidas em Agua, aumentam a concentracio de ions OH Odloreto de hidrogénio é um écido de Arrhenius. O gés cloreto de hidrogénio € altamente sokivel em gua por causa de sta reacdo quimica com H,O, que produz.fons hidratados He Cl HCI(g) 2°, (aq) + Crag) [16.1] A solugdo aquosa de HC1é conhecida como écido cloridrico. O écido cloridrico concentrado possui aptoxima- damente 37% de HCl em massa e 12 mols de HCl em um litto de soluséo, ‘O hidr6xido de sédio 6 uma base de Arthenius. Como NaOH é um com- posto idnico, ele dissocia-se em fons Na’ e OH quando se dissolve em agua, com isso liberando fons OFT em solusgo, 16.2 Acidos e bases de Bronsted-Lowry O conceito de dcidos ¢ bases de Arthenius, embora titil, tem limitacbes, Porque é restrito a solugdes aquosas. Fim 1923, 0 quimico dinamarqués Johan- nes Bransted (1879-1947) e o quimico inglés Thomas Lowry (1874-1936) pro- puseram uma definicéo mais geral de Acidos e bases. O conceito deles é baseado no fato de que as reagdes écido-base envolvem transferéncia de fons HY de uma substancia para outra. O fon Hem agua Na Equagao 16.1 o cloreto de hidrogénio é mostrado ionizando-se em agua para formar H'(aq). Um ion H' é simplesmente un préton sem neni elgtron de ‘aléncia en sua vizinhongn, Essa pequena particula carregada positivamente in- terage fortemente com os pares de elétrons ndo-ligantes das moléculas de dgua para formar os fons hidrogénio hidratados. Por exemplo, a interacdo de tm proton com uma molécula de égua forma o fon hidrénio, H,0"(aq) [16.2] A formacio dos fons hidrénio é um dos aspectos complexos da interacio do fon H’ com agua iquida. De fato, 0 fon H,0" pode formar ligagdes de hidro- génio com moléculas adicionais de agua para gerar aglomerados maiores de ons hidrogénio hidratados, como H.O," e H,0,' (Figura 16.1). ‘Os quiimicos tusam H(aq) ¢ H,0 (aq) de maneita intercambiavel para repre- sentar a mesma coisa, ou seja, o proton hidratado responsdvel pelas proprieda- H des caracteristicas das solugies aquosas de dcidos. Geralmente usamos 0 fon HO," H’(aq) por simplicidade e conveniéncia, como fizemos na Equacio 16.1. Ente a tanto, o fon H,O"(aq) representa melhor a realidade. Figura 16.1 Estruturas de Lewis e Rages de transferéncia de préton modelos moteculares para H,0;" € ‘Quando examinamos mais de perto a reagdo que ocorre quando Hel se dis HO, Existe boa evidéncia solve em égua, descobrimos que a molécula de HCL transfere um fon H” (um experimental para a existéncia proton) para uma molécula de Agua, como representado na Figura 16.2. Por dessas duas espécies. tar for ace ar & ba ap do ee o1 16 pe na a Fi cc Capitulo 16 Equilibrio écido-base 567 tanto, podemos representar a reacio como ocorrendo entre uma molécula de HCI ¢ uma molécula de dgua para formar 0s fons hidronio e cloreto: HCI) +H,0() —> H,0'(a9) + Cr(aq) 1163] Bronsted ¢ Lowry propuseram definir écidos e bases em termos de suas habilidades de transferir protons. De acordo coma definigao deles, um dcido é una substincia (molécula ou fon) que pode doar um préton para outra substdncia. Analogamente, 1a base é uma substincia que pode receber um préton, Portanto, quando o HCI se dissolve em Agua (Equacao 16.3), HCl atua como um écido de Bronsted-Lowry (ele doa um proton para H,0),eH,O age comouma base de Bronsted-Lowry (ela recebe um proton de HC). Em virtude de a énfase no conceito de Bransted-Lowry ser na transferéncia de proton, o conceito também se aplica as reagdes que ocorrem em solugao aquosa. Na reacao entre HC e NH,, por exemplo, um proton ¢ transferido do Acido HCl para a base NH, +| H-N—H [16.4] Essa reagio pode ocorrer na fase gasosa.O filme nebuloso que se forma nas janelas de laboratérios de quimica geral e nas vidrarias do laboratério é em grande parte NH,CI sélido formado pela reagao na fase gasosa de HCL com NH, (Figura 16.3). ‘Vamos considerar outro exemplo que compara a relagio entre as definigoes de dcidos e bases de Arrheniuse as definigies de Bronsted-Lowry — uma solugao aquosa de aménia, na qual ocorre o seguinte equilil NH,(aq) + H,0() = NH, (aq) + OF (aq) [16.5) A amOnia é uma base de Arrhenius porque adicionando-a a 4gua hé um aumento da concentragao de (OH (ag). Ela é uma base de Bronsted-Lowry porque recebe um proton da H,O. A molécula de H,O na Equacao 16.5 atua como um dcido de Bronsted-Lowry porque doa um proton para a molécula de NH, ‘Um dcidoe uma base sempre atuam juntos na transferéncia de um proton. Em outras palavras, uma substancia pode funcionar como um écido apenas se outra substancia comportar-se simultaneamente como uma base. Para ser um Acido de Bransted-Lowry, uma molécula ou fon deve ter um stomo de hidrogénio que ela possa perder como um ion H’. Para ser uma base de Bronsted-Lowry, uma molécula ou fon deve ter um par de elétrons no-ligante que possa ser usado para ligar o ion H’. Algumas substincias podem agir como um dcido em certa reagao e como uma base em outras. Por exemplo, HO 6 uma base de Bransted-Lowzy na reagio com HCl (Equacio 16.3) e um acido de Bronsted-Lowry na reagdo com NH, (Equagao 16.5). Uma substincia capaz de agir como écido ou como base é chamada anfétera. Uma substincia anfétera age como base quando combinada com algo bem mais dcido que ela prépria e como Acido quando combina- da com algo bem mais basico que ela o-« y e@ Figura 16.2 Quando um proton é transferido de HCI para HO, HCI atua como lum dcido de Bronsted-Lowry e H,O atua como uma base de Bransted-Lowiy. Figura 16.3 HCIg), escapando do acid cloridrico concentrado, e NH(@), escapando de uma solugao aquosa de aménia (aqui rotulada como hidréxido de aménio), combinam-se para formar uma fumaga branca de NH CUS) 568 Quimica: a ciéncia central Pares acido-base conjugados Em qualquer equilibrio 4cido-base tanto a reagao direta (para a dieita) quanto a reagao inversa (para a esquer. da) envolvem transferéncias de proton. Por exemplo, considere a reagio de um Acido, que denominamos HX, com a gua. HX(aq) + H,O() == X (aq) + H,0"(aq) 16.6) Na reagio direta FIX doa um préton para H,O. Conseqiientemente, HX 6 um écido de Bronsted-Lowry, eH, uma base de Bronsted-Lowry. Na reagao inversa 0 fon HO" doa um proton para o fon X°, logo H,0" €0 dcidoe X Ga base. Quando 0 écido HX doa um priton, ele deixa para trés uma substancia, X”, que pode atuar como uma base, Semelhantemente, quando H,O age como uma base, ela gera H,0", que pode atuar como um écido ‘Um dcido e uma base como HX eX’, que diferem apenas na presenga ou auséncia de um pr6ton, so chamados par cido-base conjugado. Cada écido tem uma base conjugada, formada pela remocao de um proton de seu éci- do. Por exemplo, OH’ 6a base conjugada de H,O, eX” éa base conjugada de HX. Analogamente, cada base tem as- sociada a ela um acide conjugado, formado pela adigao de um proton a base. Assim, HO” € 0 écido conjugado de H,O, e HX 6 0 dcido conjugado de X. Em muitas reagbes Acido-base (transferéncia de proton), podemos identificar dois conjuntos de pares fci- do-base conjugado. Por exemplo, considere a reacio entre o Acido nitroso (HNO,) ¢ a égua: remover Ht HINO,(aq) + Hy) NOS (aq) + HO*(eq) Acido Ba: Base conjugada cor 67] Igualmente, para a reagao entre NH, ¢ HO (Equacio 16.5), temos: NH,(aq) + H,0()—=* NH (aq) + OH(aq) [16.8] Base Acido " Base wnxigado conjugada remover H COMO FAZER 16.1 (a) Qual é a base conjugada de cada um dos seguintes écidos: HCI, HS; PH,"; HCO? (©) Qual é0 écido conjugado de cada uma das seguintes bases: CN; SO," H,0; HCO,? Solugio ‘Anélise:pede-se dara base conjugadia para cada uma das espéces na série 0 Scido conjugado para cada uma dases- pécies em outa série. Planejamento: a base conjugada de uma substancta ésimplesmente a substincia de origem menos um proton, e0 Sc do conjugado de uma substancia 6 a substéncia de origem mais um préton. Resolu¢éo: (a) CIO, menos um préton (H") &C10;- As outras bases conjugadas sio HS, PH, e CO; (b) CN” mais ‘um proton (H') é HCN. Os outros acidos conjugados sio HS0, , H,0" e H,CO, ‘Observe que 0 fon hidrogenocarbonato FICO,” éanf6tero: pode agie como &cido ou como base PRATIQUE screva a férmula para o Acido conjugado de cada um dos tens seguintes: HSO,-;F;PO."; CO, Respostas: H,S0,; HF; HPO," HCO" For ton qua hab afo pre des age. 1 3. Forcas relativas de Alguns dcidos sio melhores doadores de protons que outros; algumas bases so melhores receptoras de pr6- ton que outras, Se ordenarmos os dcidos em ordem de habilidades em doar préton, descobriremos que quanto ‘mais facilmente uma substéncia doa um préton, menos facilmente sua base conjugada o aceita. Analogamente, quanto mais facilmente uma base aceita um proton, menos facilmente seu cido conjugado 0 doa. Em outras pala- vas, quanto mais forte o dco, mais fraca sua base conjugnda; quanto mais fortea base, mais fraco é seu écido conjugado, Des- sa forma, se sabemos algo sobre a forga de um Acido (sua habilidade em doar prétons), também sabemos algo sobre a forca de sua base conjugada (sua habilidade em receber prétons). A relagio inversa entre as forgas dos dcidos e as forcas de suas bases conjugadas ¢ ilustrada na Figura 16.4. Aqui agrupamos 0s dcidos e bases em trés categorias abrangentes ‘com base em seus comportamentos em agua. Capitulo 16 Equilibrio dcido-base 569 COMO FAZER 16.2 (O fon hidrogenossulfto (HSO, ) é anfétero. (a) Escreva uma equagio para a reago de SO," com agua, na quel o fon atua como um deido. (b) Escreva uma equacio para a reacio de HSO, com agua, na qual o fon atua como uma base. ‘Em ambos os casos ielentifique os pares dciclo-base conjugados. Solus Anélise e Planejamento: pede-se escrever duas equacies representando as reagdes entre HSO, e Agua, na qual HSO= deve doar um préton a ela, conseqtlentemente atuando como um dcido de Bronsted-Lowry, e uma outra na qual SO, deve receber um proton de gua, em conseqiiéncia agindo como base. Pede-se também identifiar os pares con- jugados em cada equacao. Resolucao: (a) SO; (a) + H,0() == 0," (aq) + H,0"(an) ‘Os pares conjugaclos nessa equagio so HSO,; (écido) e SO,” (base conjugada); e H,O (base) e H,0" (écido conjugado). ) HSO; (oq) + H,O() = H,O,(o9) + OH (aq) ‘Os pares conjugados nessa equagio sto H,0 (cdo) e OHT (base conjugada)je HSO;” (base) ¢H.SO, (Acido conjugado). PRATIQUE Quando dxido de litio (Li,O) é dissolvido em agua, a solugdo torna-se basica pela reagdo do fon éxido (O*) com agua. Escreva a reacio que ocorre e identfique os pares Scido-base conjugados. Resposta: 0" (aq) + H,0() ==" OH (aq) + OF (ay). OFF 60 Seido conjugaco da base O™. OFF 6 também abase conju ‘gada do deido FLO. los e bases AcIDO BASE HS, (Os dcidos fortes transferem completamente seus prd- HPO, tons para a 4gua, nfo delxando nenhuma molécula ine no dissociada, «= (Secio 4.3) Suas bases conjuga- RoeotGnot das t8m tendéncia desprezivel para ser protonadas Waco poor (abstrair protons) em solugdo aquosa. : i Os cides fracos dissociam-se apenas parcialmente ae fem solugio aquosa e, conseqiientemente, existem HpOr —HPOS fem solucio como uma mistura de moléculas de éci- NH NH do e fons constituintes. As bases conjugadas de Aci- dos fracos mostram ligeira habilidade para remover rotons da égua. (As bases conjugadas de Acidos fra- os so bases fracas.) HCO," Hog On As substincias com acidez desprezfvel stio aquelas Sa s ea como CH, que contém hidrogénio, mas nao de- iE s a Emi -monstram qualquer comportamento dcidoem 4gua. Jom s Suas bases conjugadas sdo fortes, reagindo comple- tamente, abstraindo prétons das moléculas de égua para formar fons OH. Figura 16.4. Forcas relativas de alguns pares ‘cido-base conjugados, listados um do lado oposto do, ‘outro, em duas colunas. 570 ‘Quimica: a ciéncia central Podemos pensar nas reagoes de transferéncia de prétons como sendo governadas pelas habiliciades relativas de duas bases para abstrair protons, Por exemplo, considere a transferéncia de proton que ocorre quando um écidg HX se dissolve em agua: HX(aq) + HO) = H,0"(aq) +X (aq) [16.9] Se HO (a base na reagdo direta) 6 uma base mais forte que X”(a base conjugada do HX), H,O abstraird o proton de HX para produzir H,O" eX”. Como resultado, o equilibrio se localizara & direita. Isso descreve o comportamen. tode um dcido forte em agua. Por exemplo, quando HCI se dissolve em gua, a solugdo consiste quase inteiramen- teem fons H,O" e CI com uma concentragao desprezivel de moléculas de HCl HCI) + H,0() —> ,0"(ag) + Cag) {16.19} H,0 6 uma base mais forte que CI’ (Figura 16.4), logo H,O adquire o préton para tornar-se 0 fon hidranio, Quando X"é uma base mais forte que H,O, o equilibrio estaré a esquerda. Essa situagdo ocorre quando HX é ‘um Acido fraco, Por exemplo, uma solucdo aquosa de dcido acético (HC,H,0,) consiste principalmente em molécu- las de HC,H,O, com apenas relativamente poucos fons H,0" ¢ C,H.O; HC,H,O,(a9) + H,O() = H,0"(ag) + C,H,O, (a9) f6.13] GH,O, 6 uma base mais forte que H,0 (Figura 16.4) e, conseqiientemente, abstrai o proton de HO”. A partir desses exemplos concluimos que em qualquer reagio dcido-base a posigto de equiltbrio favorece a transferéncia do préton para a base mais forte. COMO FAZER 16.3 Para aseguinte seagio de transferéncia de préton, use a Figura 16.4 para determinar se o equillbri se localiza predo- rminantemente& esquerda ou A direite: HO, (aq) + CO,* (ag) = 80," (ag) + HCO, (aq) Solugio ‘Anélise: pede-sedeterminar se oequilbrio mostrado se localiza dirita,favorecendo os produtos, ou esquerda,fa- vvorecendo os reagentes. Planejamento: essa uma reagio de transferéncia de préton a posigfo do equilbrofavorecerto peton ir para a ‘mais forte das duas bases. As duas bases na equagio sfoCO,",abase na reagdo direta como escrita, eS0,”,abasecon- jugada de HSO, .Poclemos encontrar as posigBes relativascessas duas bases na Figura 164 para determinar qual 6a ‘base mais forte, Resolugio: CO,” aparece mais baixo na coluna da direta na Figura 16.4, conseqitentemente, € uma base mais forte ‘queSO,”. CO,” portanto, preferencialmente conseguir o proton para tomar-se HCO, enquanto SO,” permanecers «em sua maior parte ndo-protonado. O esuilibrio resullante se localizaré& direita, favorecendo os produtos. HSO, (aq) +CO,*(aq) = SO," (aq) + HCO, (aq) Acido: Base Base, Acido conjugada conjugado Comentario: os dois écidos na equagéo, HSO,-eH1CO,, o mais forte doaré um préton enquanto o mais fraco reterso seu. Portanto,o equilbrio favorece o sentido no qual o préton sai do dcido mais forte e passa aestarligado a base mais forte. Em outras palavras,areasio favorece oconstimo do dcido mais fortee da base mais forte, bem como a formaio do dcido e da base mais fracas PRATIQUE ‘Para cada uma das soguintes reagves, use a Figura 16.4 para determinar se o equilibrio se localiza predominantemente A esquerda ou a direita: (a) HPO; (aq) + H,0() = HPO, (aq) + OF (aq) (b) NH, (aq) + OF (aq) = NH(ag) + HO) Respostas: (a) esquerday (b) direita. 16 Brov cula zada apen siste auto Opr press came const AD quersc dosen trabalt aquose Un Orne nuir, d Em sol as Jo oy fe 4 on Capitulo 16 Equilforio éeido-base S71 16.3 Auto-ionizagao da agua ‘Uma das mais importantes propriedades quimicas da 4gua é sua habilidade em agir tanto como dcido de Bronsted quanto como base de Bronsted, dependendo das circunstancias. Na presenca de um écido, a gua age como um receptor de proton; na presenca de uma base, a égua age como um doador de proton, Assim, uma molé- cula de Agua pode doar préton para outra molécula de égua: [16.12] Chamamos esse processo de auto-ionizagao da agua. Nenhuma molécula individual de égua permanece ioni- zada por muito tempo; as reagdes so extremamente répidas em ambos os sentidos. A temperatura ambiente apenas em torno de duas de cada 10” moléculas estao ionizadas a qualquer momento, Assim, a gua pura con- siste quase inteiramente em moléculas de H,O e é um condutor de eletricidade extremamente ruim. Todavia, a auto-ionizacéo da agua é muito importante, como veremos em breve. produto iénico da agua Como a auto-ionizagao da 4gua (Equacéo 16.12) é um processo em equilibrio, podemos escrever a seguiinte ex- pressfio da constante de equilibrio para ela K,=[H,0°]OHT [16.13] ‘Uma ver que a expressio da constante de equilibrio refere-se especifi- ee camente A auto-ionizagao da égua, usamos o simbolo K, para representar a ‘Aividede de K, constante de equilibrio, que chamamos constante do produto idnico da égua. A25°C, oK, € igual a 1,0 10", Assim, temos: K, = [H,0'] [OH] = 1,0x 10% (@ 25°C) [16.14] ‘Como usamos H(aj) ¢ H,0"(aq) de maneira intercambivel para representar o proton hidratado, a reagao de auto-ionizagio da 4gua pode também ser escrita como: HO) = Haq) + OH (a9) [16.15] Analogamente, a expresso para K, pode ser escrita em termos de H,O" ou H',e K,, tem omesmo valor emam- bos os casos: K, = 1H,0' [OH] = [H'] [OFT] = 1,0 10 (@ 25°C) [16.16] Essa expresso da constante de equilibrio eo valor de K,, a 25°C sdo extremamente importantes; vocé deve me- morizé-los. ‘O que faz.a Equacdo 16.16 particularmente itil ¢ que ela néio ¢ apenas aplicavel 4 4gua pura, mas também a qual- quer solugao aquosa. Apesar deo eq ‘entre H’(aq) e OH (aq), bem como outros equilibrios iénicos, serem afeta- dos em alguma extensao pela presenga de fons adicionais em solucao, é de costume ignorar esses efeitos exceto nos trabalhos que necessitam de extrema exatidao, Portanto, a Equagio 16.16 ¢ tida como valida para qualquer solucaio aquosa dilufda, e pode ser usada para caleular [H'] (se [OH] for conhecida) ou [OFT] (se [H’] for conhecida). Uma solucdo na qual [H'] = [OH] é conhecida como nteutra, Na maioria das solugdes as concentracées de H” e (OFT nao sao iguais. A medida que a concentracio de um desses fons aumenta,a concentragao do outro deve dimi- nnir, de forma que o produto de suas concentragdes seja igual a 1,0x 10", Em solugdes dcidas [H"] supera [OH]. Em Solugdes basicas [OF] supera [H']. ‘COMO FAZER 16.4 Caleule os valores de [H'] e [OFT] em uma solugao neutra a 25°C. Solugio Analise: pede-se determinar as concentragées dos fons hidrOnio ¢ hidréxido em uma solugdo neutra a 25°C, S72 (Quimica: a eiéncia central Planejamento: usaremos a Equagio 16.16 ¢o fato de que, por definigao, [H"] = [OH] em uma soludo neutra, Resolugdo: representaremos a concentragéo de H’ e OH em uma solugo neutra com x. []}OHT] = @)e) = 1910" Fa10%10" 010 mol/L.= [H'] = [OH] Em uma solugio écida [1] maior que 1,0 x10" mol/L;e em uma solugto bésica [11"] menor que 10x10” mol/L. PRATIQUE Indique se as solugBes com cada tuma das seguintes concentrag6es ionicas 6 neutra, cia ou basica: @) [H"] =4 x10? ‘mol/L; (b) [OH] =1 x10" mol/L; (e) [OH] =7 x10 mol/L, Respostas: (a) bisica; (b) neutra; () dcida, COMO FAZER 16.5 Calcule a concentragao de H’(aq) em (a) uma solucdo na qual [OH] é 0,010 mol/L; (b) uma solucio na qual [OH] é 1x0 e/L- Osea nese problema com odo qucosepuen upon, menos suandodtoocoirs,que a temperatura 625 Solusio Analise: pede-se calcular a concentragio de fon hidrOnio em uma soluglo aquosa onde a concentracio de fon hidréxi- do 6 conhecida. Planejamento: podemos usar a expresséo da constante de equilibrio para a auto-ionizagio da agua e o valor de K, para achar cada uma das concentracées desconhecidas, Resolugio: (a) Usando a Equagio 16.16, temos: DY J(OH] = 10x10 0x10 10x10" [oH] ~~ 0,010 ii =1,0x10" mol/L, ssa solugio 6 bésica porque [OH] > [H' (b) Nessa instincia 19 x10" _ 10x10 [OH] 18x40" HT 5,0 x10* mol/L. Esta solugio € dcida porque [H'] > [OH]. PRATIQUE Calcule a concentragio de OH (ag) em uma solugao na qual (a) [H']=2%10- mol/L; (b) [H"] = [OE]; (e) [H']= 100 «{OH] Respostas: a) 5 «10 mol/L; (b) 1,0 x10” mol/L; (€)1,0 x10* mol/L. 16.4 Aescala de pH A concentracao molar de Haq) em uma solugto aquosa é geralmente muito pequena. Por conveniéncia, em geral usamos [H'] em termos de pH, que é 0 cologaritmo na base 10 de [H"]-" pH =-log [1°] 16.7] ‘Se voeé precisar rever o uso de logaritmo, vejao Apéndice A. 7 Podemos usar a Equacao 16.17 para calcular o pH de uma solugdo neutra a 25°C (isto &, na qual [H"] = 1,010" mol/L): 1 pH = log (10x 10" 7,00) = 7,00 ‘Como [H']¢ F,0"] sio usados de modo intercambiavel, voce poderi definir 0 pH como ~log [H,0"]. qual Pore 20x aro bela i QO riagac tragic Figur cinéti prime ‘mera depr fluid faixa Figurs valore comu poder Capitulo 16 Equilfrioécido-base «573 O pH de uma solugdo neutra é7,00 a 25°C. (O que acontece ao pH de uma solucio a medida que tornamos a solucio acida? Uma solucio dcida é aquela na qual [H'] > 1,010” mol/L. Por causa do sinal negativo na Equacio 16.17, 0 pH diminui a proporgto que ET | aumenta. Por exemplo, o pH de uma solucao acida na qual [H']= 1,0 x 10° mol/L & (-3,00) = 3,00 pH = log (1,0 107°) 425°C 0 pH de uma solugao écida é menor que 7,00. ‘Podemos também calcular o pH de uma solugao basica, na qual [OH] > 1,0% 107 mol/L. Suponha que [OH] = 2,0x 10 mol/L. Podemos usar a Equacao 16.16 para calcular [H'] para essa solugdo, e a Equacdo 16.17 para calcu- aro pH: Ky 10x10" [OH] 2,0«10° (HI= 5,0x 10" mol/L pH = log (6,0% 10") = 11,30 'A25°Co pH de uma solugao basica é maior que 7,00. As relagdes entre [H'], [OH] epH estio resumidas na Ta- bela 16.1 (Os valores de pH caracteristicos de varias solugées familiares so mostrados na Figura 16.5, Observe quea va- riagio em [1] por um fator de 10 faz.com que o pH varie de 1. Assim, uma solucio de pH 6 tem 10 vezes a concen- tracao de Hi(aq) de uma solugdo de pH 7. ‘Vocé poderia pensar que quando [H’] fosse muito pequena, como € para alguns dos exemplos mostrados na Figura 16.5, cla nao seria importante, Nada estd mais longe da verdade. Se [H']é parte de uma lei de velocidade cinética, variando sua concentracio variaré sua velocidade. == (Seco 14.3) Portanto, se a lei de velocidade ¢ de primeira ordem [H'], dobrando-se em sua concentracéo dobra também a velocidade mesmo que a variacio seja meramente de 1x 10” mol/L para 2 10” mol/L. Em sistemas biolégicos, muitas reages envolvem transferéncias de proton e tém velocidades que dependem de [H’]. Como as velocidades dessas reacdes sao cruciais, o pH dos fluidos biolégicos deve ser mantido dentro de limites estreitos. Por exemplo, o sangue humano tem pHnormal na faixa de 7,35 a 7,45. Doengas e até a morte podem ser resultantes de variagdes muito além dessa faixa estreita Figura 16.5 Concentragbes de He [H"] (mol/L) pH pOH [OH] (mol/L) valores de pH de algumas substancias ‘comuns a 25 °C. O pH eo pOH podem ser estimados ao se usar Concentracoes de referéncla de He on, Suco géstrico — Sucode imo ~ peti vindgre Yinho . arwipave mathe dept Senguehuman,Kgrimas Sa roves Suto mar Bicarbonato de sédio ~ Borax Leite de magnésia Agua de cal: Aménia doméstica “Alvejante doméstico NaOH, 0,1 mol/L. 574 ‘Quimica: a ciéncia central Tipo de solugéo {HT (mo) [01 (molt) Valor do pit ‘Keida’ > 10x10 <1 0x10" <7,00 le Neutra = 19x10" =10x10" =70 Bisica <10x10" > 10.10" >7,00 Uma mancira conveniente de estimar o pH ¢ usar as concentragdes de H’ de referéncia da Figura 16.5, para as quais [H'] é igual a 1x 10", ondex é um mimero inteiro de 0 a 14. Quando [H’] for uma dessas concentracbey de referéncia, o pH € simplesmente o valor correspondente de pH, x. Quando [H"] = 110", por exemplo,o pHi 6simplesmente 4, Quando [H'] cai entre duas concentracies de referéncia, o pH cairé entre os dois valores cor. respondentes de pH. Considere uma solugao que é 0,050 mol/L de H". Uma vez. que 0,050 (isto é, 5,0 x 10°) ¢ maior que 1,0x 10 *emenor que 1,010", estimamos que 0 valor do pH estaré entre 2,00 ¢ 1,00, Usandoa Equa- @o 16.17 para caleular 0 pH obtém-se 1,30, COMO FAZER 16.6 | Calcule os valores de pH para as duas solugdes descritas em “Como fazer 16.5" Solugio Anélise: pede-se determinar 0 pH de solugSes aquosas para as quaisjcaleulamos [1] Planejamento: podemos usar as marcas de referéncia na Figura 16 para determinar o pH para o item (a) e estimaro pH do item (b) Podemos a seguir usar a Equagio 16.17 para calculat 0 pH para o item (b) Resolugao: (a) Lm primeira instincia encontramos que [HT] 61,0 x10" mol/L. Apesar de podermos usar a Equacao 16.17 para determinaro pH, 1,010" é uma das mascas de referéncia na Figua 16.5, logo o pH pode ser determinad sem qualquer eéleulo formal. pH =-og (1,0 x10") =-(-12,00) = 12,00 A regra para usar os algarismos significativos com logaritmo é de que o ninero de ensas decimals nos logaritmos dee ser igual ao rutmero de algarismssignifcativos no mimera original (veja o Apéndice A). Como 1,0 x10 tem dois algarismos significativos, o pHT tem duas casas decimais, 12,0, () Paraasegunda solucio, [H']=5,6 «10 mol/L:Antes de fazer qualquer célculo, 6 til estimar o pH. Para fazerisso, observamos que [H’] localiza-se entre 1 x10 e 110", Lxd0* <5 x10* <1 x10" Portanto, esperamos que o pH encontre-se entre 6,0 €5,0. Usamos a Equacio 16.17 para calcular 0 pH. pl = log 5,6 x10 mol/L = 5,25 Conferéncla: depois de calcular um pH, é itil comparé-lo sua estimativa. Nesse caso, pH, como previmos, fica entre 65. Se tivéssemos calculado o pH ea estimativa nao estivesse de acordo, teriamos de econsiderar os célculos ou esti- mativas, ou ambos. Observe que apesar de [H'] estar no meio das duas concentragdes de referéncia, o pH calculado nao est no meio dos dois valores corresponclentes de referéncia. Isso 6 porque a escala de pH é logaritmica em vezde linear. PRATIQUE (a) Em uma amostra de stico de imo [H1'] 63,8 x10 mol/L. Qual 60 pH? (b) Uma solucio para limpar janelas com ‘mente disponivel tem [H"] de 5,3 x10” mol/L. Qual 6 0 pH? Respostas: (a) 342; (b) 8,28, ‘COMO FAZER 16.7 {Uma amostra de suco de maga que foi espremico recentemente tem pH de 376, Calcule [#"] Solugio Anélise e Planejamento: procisamas calcular [Ha partir do pH. Usaremos a Equagio 16.17 para os céleulos, mas, primeiro, usaremos as marcas de referencia na Figura 16.5 para estimar [| Resolusio: como o pHesté entre 3,0.e 40, sabemos que [HT] estard entre 1x10 e 1 <10“mol/L. A partir da Equacéo 16.7, temos: 6 pH =-log [H) | out nas. des obte Mec assu rect opr brad G para ols: agric para ode difer base Capitulo 16 Equilrio scido-base «575 Assim, log [H']=-3,76 Para encontrar [HI precisamos determinaro ntilog de~3,76. Ascalculadoras cientificas tm uma fungo antilog (al- _gumas vezes rotuladas INV log ou 10") que permite fazer 0 calcula: IEC] ~ antlog (-376) = 10°" =1,7 10 mol/L Consultee manual de sua caleuladora para descabrir como fazer a operagio de antilog, O-niimeco de algarismossig- nifcativos em [H'] & dois porque o nimero de casas decimais no ptt € dos. Conferéncia: [HJ calculada cai dentro da faixaestimacla PRATIQUE ‘Uma solucio formada pela dissolugio ce um comprimico anticido tem pH de 9,18. Caleule [H') Resposta:[H'] = 66x10” mol/L Outras escalas de ‘p’ (0 uso do cologaritmo é também uma maneira conveniente de expressar valores de outras grandezas peque- nas, Usamos a convencao de que o cologaritmo de uma grandeza é designado por p (grandeza). Por exemplo, po- de-se expressar a concentragao de OH como pOH: pOH =-log [OH] [16.18] Tomando-se o cologaritmo dos dois lados da Equacdo 16.16 “log [H'] +(-1og (OFT) = “log K, [16.19] obtemos a seguinte expressao titil: pH + pOH = 14 (a 25°C) [16.20] Veremos na Seco 16.8 que as escalas p so também titeis quando trabalhamos com constantes de equilibrio. Medindo o pH O pH de uma solucdo pode ser medido rapiclamente e com exatido com um medtidor de pH (Figura 16.6). Um. completo entendimento de como esse importante aparelho funciona requer um conhecimento de eletroquiimica, assunto que abordaremos no Capitulo 20. De forma breve, o medidor de pH consiste em um par de eletrodos co- nectadosa um medidor capaz dle medir pequenas voltagens, na ordem de milivolts. Uma voltagem, que varia com ‘pH, é gerada quando os eletrodos sio colocados em certa solugao. Essa voltagem ¢ lida pelo medlidor, que é cali- brado para fornecer o pH. (Os eletrodos usados nos medidores de pH possuem varias formas tamanhos, dependendo da finalidade para a qual eles so usados. Os eletrodos tém sido desenvolvidos de forma que sejam tao pequenos que possam ser inseridos dentro de uma tinica célula viva para que se monitore o pH do meio da célula, Medidores de pH de bolso também esto disponiveis para estudos ambientais, na monitoracao dos efluentes industriais e no trabalho agricola. ‘Apesar de menos precisos, os indicadores acido-base podem ser usados para medir o pH. Um indicador écido-base é uma substancia colorida que pode por si mesma existir na forma écida ou basica, As dutas formas tém cores diferentes. Assim, 0 indicador fica de uma cor em um Acido e de outra em uma base. Se voce conhece o pH no qual o indicador passa de uma cor para outra, pode determinar se uma solucao tem pH maior ou menor que set valor, O tor- nassol, por exemplo, muda de cor na vizinhanga do pH 7. Entretanto, a mu- danga de cor nao é muito exata. © tomassol vermelho indica um pH de aproximadamente 5 ou mais baixo, e 0 azul indica um pH de aproximadamente 8 ou maior, Alguns dos indicadores mais comuns esto relacionados na Figura 16.7. Oalaranjado de metila, por exemplo, muda de cor em um intervalo de pH de 3,1a 4,4, Abaixo do pH 3,1 ele est na forma dcida, que é vermelha. No inter- alo entre 3,1 ¢ 44 ele é gradualmente convertido para sua forma basica, que tem coramarela, No pH 44a conversao esté completa ea solucéoé amarela. A 576 ‘Quimica: a ciéncia central i Figura 16.7 Falxas de pH para as Fahad pH para a variagio de cor acbes de corde alguns indicadores o9 gree ew ‘cido-base comuns, A maioria dos Toe | TY] incicadores tem faixa ci de Violetade — [Amarclo gM Violen | | aprosimadamente 2 unidades de pH. tlt | | | Azuldetimol | Vermel IBE Amarcto Amareto Marat | Alaranjado \ ee | ae Vere E Amajelo | | Vermetho 1 al ; | FILME cde metila Vermetto ME Ama i; | | Indeadores naturals jas | ‘| bromotimol al } Fenolftaleina Wron | Amarelo de | \ 1 | alizarina R | yrarelo i fermel | | | Base je og | nice fitade papelimpregnada com vériosindicadorese que vem completa com uma escala comparadoradecorémuito | Eases utilizada para determinagoes aproximadas de pH. 12 mol/ nio-e 16.5 Acidos e bases fortes Aas A quimica de uma solucio aquosa geralmente depende do pH da solugio. Portanto, é importante examinar como o pH das solugées se relaciona com as concentragdes de dcidos bases for- ATIVIDADE tes. Os dcidos e as bases fortes sao eletrdlitos fortes, existindo em solucao aquosa Acidos e bases inteiramente como fons. Existem relativamente poucos Acidos e bases fortes co- ‘uns, e relacionamos essas substancias na Tabela 4.2, Acidos fortes | ‘Os sete Acidos fortes mais comuns incluem seis 4cidos monopréticos (HCI, HBr, HI, HNO,, HCIO, e HCIO,)e | tum diprético (H,SO,). O acidonitrico (FINO, exemplifica 0 comportamento dos écidos monopréticos fortes. Para | todas as propostas priticas, uma solucdo aquosa de HNO, consiste inteiramente em fons H,O" e NO, | HINO ,(aq) + ,0() —+ H,0 (aq) + NO, (aq) (ionizacao completa) (1621) | i ‘Nao usamos seta dupla para a Equagao 16.21 porque a reacao localiza-se completamente para adireita,olado | com 0s fons, sao (Segio 4.1) Como observado na Secko 16.3, usamos H,0"(ag) e Hag) de maneira intercambidvel para representar o prdton hidratado na égua. Assim, geralmente simplificamos as equacoes para as reacoes de | ionizagio de acids como segue: | HNO,(ag) —+ (ag) + NO, (aq) | Em uma solugao aquosa de écido forte, o écido normalmente é a tinica fonte significativa de fons H'.? Comore- sultado, 0 célculo do pH de uma solucao de écido monoprético forte é direto porque [H']é igual a concentracio original de acido. Em uma solugao de 0,20 mol/L de HNO,(aq), por exemplo, [H"] = [NO] = 0,20 mol/L. A situa 0 com 0 écido diprético H,SO, é mais complexa, como veremos na Se¢a0 16.6. ae A 2 Se a concentracio do deido for igual a 10 mol/L ou menor, pecesaremes também considerar os fons H” que resultam dt no's auto-jonizagio de H,O. Normalmente, a concentrasso de H’ de HO 6 tao pequena que pode ser desprezadk © a Capitulo 16 Equilibrio dcico-base 377 COMO FAZER 16.8 Qual éo pH de uma solugao de 0,040 mol/L de HCI, Solugao Anélise e Planejamento: pede-secalcular 0 pH de uma solugfo de 0,040 mol/L de FICIO,, Uma vez que HClO, 6 um Scido forte, ee esté completamente ionizado, famecendo [21] = (C10, = 0,040 mol/L. Como [H"]encontra-se entre as ‘marcas de refencia 1 x10" e 1 10" na Figura 165, estimamos que o pH estar entre 2.0 €10. Resolugio: o pH da solugio & dado por pH =-log (0,040) = 140. Conferéncla: © pH calculado encontra-se dentro da faixa estimada. PRATIQUE ‘Uma solugio aquosa de HINO, tem pH de 2:34. Qual 6a concentragio do dcido? Resposta:0,0046 mol/L Bases fortes Existem relativamente poucas bases fortes comuns. As bases fortes soltiveis mais comuns so os hidr6xidos inicos dos metais alcalinos (grupo 1A) e os metais alcalinos terrosos (grupo 2A), como NaOH, KOH e Ca(OH). Fsses compostos dissociam-se completamente em fons em solugio aquosa. Portanto, uma solucio rotulada de 0,30 mol/L de NaOH consiste em 0,30 mol/L de Na"(aq) e 0,30 mol/L de OH (ag); praticamente nao existe N0OH nio-dissociado. ‘Como as bases fortes dissociam-se inteiramente em fons em solugio aquosa, 0 célculo do pH de suas solugdes é também direto, como mostrado em "Como fazer 16.9". COMO FAZER 16.9 Qual é 0 pH de (a) uma solugio de 0/028 mol/L de NaOH; (b) uma solugao de 0,011 mol/L de Ca(OH)? Solugio “Anélise: pede-se calcular o pH de duas solug6es, dadas as concentragbes da base forte para cada uma, Planejamento: podemos calcular cada pH por dois métodos equivalentes. Primeiro, poderiamos usar a Bquago 16.16 para calcular "Je usar aEquaco 16.17 para calcula o pH. Allernativamente, poderiamos usar OH] para cal- cular pOH e usar a Equagio 1620 para calcula o pH. Resolusao: (a) NaOH dissocia-se em égua para forecer um fon OFT por formula unitéia. Conseqiientemente, a com- centragio de OFT no item () igual concentragao declarada de NaOH, ou se 0,028 mol/L. Método 1: ery =20*10% 557 10° mol/L og(3,57 « 10") =1245 0.028 Método? OH =-og (0028) = 155 pH=14,00—pOH =1245 (b) Ca(OH), é uma base forte que se dissocia em égua para fornecer 2 fons OHF por f6rmula unitéria. Assim, a concen- tracdo de OH (ag) para a solugio do item (b) €2 «(0,011 mol/L) = 0,002 mol/L, Método 1: 1010" =e 455% 10" mol/L pH =-log(4.55 x 10%) = 11,34 Método 2: POH = -log (0,0022) = 2,66 pH = 14,00- pOH = 11,34 PRATIQUE ‘Qual é a concentragdo de uma solucio de (a) KOH para a qual o pH 6 11,89; (b) Ca(OH), para a quel o pH € 11,687 -Respostas: (a) 78 «10° mol/L; (b) 2, «10° mol/L. [Apesar de todos os hidréxidos dos metais alcalinos (grupo 1A) serem eletrélitos fortes, LOH, RbOH e CsOH nao s4o comumente encontrados em laboratério. Os hidréxidos dos metais alcalinos terrosos mais pesados 578 ‘Quimica: a ciéncia central Ca(OH), St(OH), ¢ Ba(OH), também sfo eletrélitos fortes. Entretanto, eles tém solubilidades limitadas, logo sig usados apenas quando a alta solubilidade nao for critica. Solugdes fortemente basicas também sao formadas por determinadas suibstancias que reagem coma gua para formar OFT(ag). A mais comum destas contém o fon dxico. Os éxidos metélicos iénicos, especialmente Na,O ¢ CaQ, sao geralmente usados na indtistria quando uma base forte é necesséria. Cada mol de O” reage com a égua para formar 2 mol de OH, virtualmente nao deixando O* em solugao: (aq) + HOD —> 201 (an) {16.23} Assim, uma solugao formada pela dissolugio de 0,010 mol de Na,O(s) em agua suficiente para perfazer 1,0L.de solucao tera [OH] = 0,020 mol/L e um pH de 12,30. Os hidretos e nitretos iénicos também reagem com HO para formar OH? H (ag) + H,O() —+ H,{g) + OH (aq) [16.23] N° (aq) + 3H,O() —+ NH,(aq) + 301g) 106.24] Em virtude dos anions O*, He N* serem bases mais fortes que OH (a base conjugada de HO), eles sao capa- zes de remover um préton de H,0. 16.6 Acidos fracos A maioria das substancias écidas ¢ écido fraco e, conseqtientemente, ioniza-se apenas parcialmente em solu- «es aquosas. Podemos usar a constante de equilibrio para a reagao de ionizagao para expressar a extensio na qual um Acido fraco ioniza-se. Se representarmos um écido fraco geral como HA, podemos escrever a equacio para sua reacao de ionizagio de um dos seguintes modos, dependendo se o proton hidratado é representado como H,O"(aq) ou H (aq): HA(ag) + H,O@) = H,0'(aq) +A (aq) (1625] ou HA (aq) == H'(aq) + A'(ag) [16.26] Como [H,O] ¢ 0 solvente, ele é omitido da expresso da constante de equilibrio, que pode ser escrita como: (H,O"IIA] [He yIA~ Ke x, «At [HA] [HA] ‘Como fizemos com a constante do produto iGnico para a auto-ionizacao da égua, trocamos o indice inferior nessa constante de equilibrio para denominar o tipo de equacao & qual ela correspond. (H,0°01A7] IA] may ay O indice inferior a em K, denota que ela é uma constante de equilibrio para a ionizagao de um acido, logo K,é chamada constante de dissociacao acida. A Tabela 6.2 mostra os nomes, as estruturas ¢ os valores de K, para varios éciios fracos, Uma relagdo mais com- pleta é dada no Apéndice D. Muitos dcidos fracos so compostos organicos constituidos inteiramente de carbono, hidrogenio e oxigénio, Esses compostos geralmente contém alguns étomos de hidrogénio ligaclos aos dtomos de carbono e outros ligados aos dtomos de oxigénio. Em quase todos os casos os dtomos de hidrogénio ligados ao car- bono nao se ionizam em agua; em vez disso, o comportamento Acido desses compostos deve-se aos étomos de hi- drogénio ligados aos étomos de oxigénio. ‘A ordem de grandeza de K, indica a tendéncia de o Acido ionizar em Agua: quanto maior o valor de K,, mais forte o cit. O écido fluoridrico (HF), por exemplo, é0 mais forte relacionado na Tabela 16.2, eo fenol (HOC,H,) 6 0 mais, fraco. Observe que K, é normalmente menor que 10°. K, 1627] Hip ac Cian (ac Fen) (ac *opr Cale emr gran recor ouce 2 Capitulo 16 Equilbrio scido-base «$79 BELA 16, Acido Formulaesteutural Base Reagio de equilibrio K, = a conjugada Fluoridrico F HF@q) + H,00) = 1,0) + Fe) 6810" oP Nitroso No, HINO ,ag) + H,0() == H,0 (ea) + NOx (an) 45x10" (BNO), 1-0—N=O OU NC yn (CHO on : Acético I 1 Geo, HCHO (0g) + H,00) = H,0"(aq) ++ QH,Os(ay) 18 «10% CHO) H-O—C—c—H H Hipocloroso, H—O—CI co HCIO(e9) + H,0() = H,0"(ay) + COT) 30 x10" (CIO) Cianidtico je cw HCN(aq) + H,0() = 1,0 "aq + CNCaq) 4910” (CN) Fenol i Cu HCH,O(ag) + 1,00) = 1,09) + CHO) 13x10" CHO) *O préton que se iniza esti mostrado em azul Célculo de K, a partir do pH Para se calcular o valor de K, para um écido fraco ou o pH de suas solugdes, usaremos muitas das habilidades em resolver problemas de equilibrio que desenvolvemos na Segio 15.5. Em muitos casos a pequena ordem de grandeza de K, permite-nos usar aproximagées para simplificar 0 problema, Ao fazer esses célculos, 6 importante Teconhecer que as reagées de transferéncia de proton geralmente sdo muito répidas. Como resultado, o pH medido ou calculado de uma solusio sempre representa uma condicao de equilibrio. COMO FAZER 16.10 ‘Um estudante preparou uma solugio de 0,10 mol/L de éeido f6rmico (HCHO,) e mediu seu pH usando um medidor de pH do tipo ilustrado na Figura 16.6. Constaton que o pHa 25 °C é2,38, (a) Calcule K, para o dcido formico nessa temperatura. (b) Qual a porcentagem de dcido ionizada nessa solugdo de 0,10 mol/L? Solucio Analise: dados a concentraglo molar de uma solucio aquosa de fcido fraco e o pH da solugio a 25°C, pede-se deter :inar 0 valor de K, para o écido e a porcentagem do fcido ionizada. Planejamento: apesar de estarmos lidando especificamente com a jonizagio de um dcido fraco, esse problema émui- to similar aos problemas de equilibrio que encontramos no Capitulo 15. Podemos resolvé-Lo usando primeiro méto- do descrito em “Como fazer 15.8”, comegando com a reagdio quimica e fazendo uma tabela de concentragdes iniciais € no equilibro. Resolucio: (a) O primeiro paso na resalugio de qualquer problema éescrever a equagio para a reagio em equilibrio. O equilibrio de ionizacio para 0 dcido férmico pode ser escrito como segue: HCHO,(aq) 1 (aq) + CHO; (eq) “Acexpressio da constante de equilibrio é ‘A partir do pH medido, podemos calcular [H') Hy 580 (Quimica: a ciéncia central Podemos fazer uma pequena contabilidade para determinar as concentragées das espécies envolvidas no equi. brio, Imagine que a sohiggo inicialmente seja de 0,10 mol/L. de moléculas de HCHO, Em seguida consideramosq ionizagdo do écido em H' e CHO,,, Para cada motécula de HCHO, gue ioniza, um {on He um fon CHO, 80 pro. duzidos em solugao. Como o pH medido indica que [H'] = 4,3 x10" mol/Lno equilfbrio, podemos construir ase- guintetabela: HCHO) ==) + HO, (an) inca O10mol/I. 0 a Vatiagio “210° mol/L $4210" mol/L E210" mol/L Equilibrio (@10=42 10°) molt 42x10 mol/L. 42x10 mol/L. ‘Observe que desprezamos a concentracio muito pequena de H(ag) devido & aute-ionizagio de H,O. Observe tam- ‘bém que a quantidade de HCHO, que se ioniza € muito pequena comparada a concentragio inicial do dcido. Parag _niimero de algarismos significativos que estamos usando, a subtragSo produziré 0,10 mol/L: (010-42 x10") mol/L~ 0,10 mol/L. Podemos agora inserir as concentrades no equilibrio na expresso para K; 12x10°)(42x10") 5g K wt 218.104 ordem de grandeza da resposta ¢ razodvel porque K, para um écido fraco geralmente esté entre Conferéncia: 107 e10", (©) A porcentagem de écido que ioniza é dada pela concentragdo de H* ou CHO; no equilirio, dividida pela concen- {ragio inicial do Scido, multiplicada por 100%: rorcentagem de ionizagio = FV aime 19994 = 4210” 19994 2 Porcenlagem de ionizaio = pycygiys ™100% = py * TO =A PRATIQUE Avniacina, uma das vitaminas B, tem a seguinte estrutura molecular: bow or N’ ‘Uma solugto de0,020 mol/L de niacina tem pH de3,26. a) Qual 6a porcentagem de ido ionizada nessa solu?) Qual é constante de dissociagao Acid, K, para aniacina? Respostas (2) 2.7% 6) 16 «10°. Usando K, para calcular 0 pH Sabendo o valor de K, ¢ a concentracio inicial do Acido fraco, podemos calcular a concentracdo de Ha) em uma solucdo de dcido fraco. Vamos calcular o pH de uma solugao de 0,30 mol/L de éeido acético (FIC,H,O,),0 éci- do fraco responsvel pelo odor e a acidez caracteristicos do vinagre, a 25°C. primeiro passo 6 escrever 0 equilibrio de ionizagao para 0 Acido acético: HC,H,O,(ag) = H'(aq) + CHO, (ag) [16.28] Deacordo coma férmula estrutural do écido acético, mostrada na Tabela 16.2, o hidrogénio que ioniza é 0 liga- do ao tomo de oxigénio, Escrevemos esse hidrogénio separado dos outros na formula para enfatizar que apenasé facilmente ionizado. (O segundo passo € escrever a expressdo e 0 valor para a constante de equilibrio. A partir da Tabela 162, temos que K, = 18x 10", Portanto, podemas escrever o seguinte: OFIICHO, 7} _ 1 4. “THC,HO,1 "7" (1629) | | 1 feit equ 030 CH tro « gen sole prol ali: tot Usa det da, cule seg pro) ma Capitulo 16 Equilibrio écido-base 581 Como ferceiro passo, precisamos expressar as concentracdes envolvidas na reagao de equilibrio. Isso pode ser feito com um pouco de contabilidade, como descrito em “Como fazer 16.10”. Como queremos encontrar 0 valor no equilibrio para [H'], vamos chamé-la de x. A concentragao do dcido acético antes que haja qualquer ionizagio é 0,30 mol/L. A equagao quimica nos diz que para cada molécula de HC,H,O, que ioniza, um H'(aq) ¢ um GH,O, (aq) sao formados. Conseqiientemente, se x mols por litto de Hi'(aq) formam-se no equilibrio, x mols pot li tro de C,H,O, (aq) devem também ser formados, e x mols por litro de HC,H,O, devem ser ionizados. Isso da ori- gem A seguinte tabela com as concentragées no equilibrio mostradas na tiltima linha: HCHO) = Had + _ CHO) Tnicial (030mol/L_ oO a Vatiagéo emol/L, tx mol/L ‘4x mol/L. Equilforio, (030 =x) mol/L. xmol/L zmol/L, Como 0 quarto passo do problema, precisamos substituir as concentragées no equilibrio na expresso da cons- tante de equilibrio. As substituigdes fornecem a seguinte equacao: ITICHO,71_ @@) THC,H,O,]~0,30-x K, 810° (1630) Essa expresstio leva a uma equagio de segundo grau de x, que pode ser resolvida com uma calculadora para re- solugo de equacdes ou com a formula para equacées de segundo grat. Todavia, podemos também simplificar 0 problema, observando que o valor de K, é bastante pequeno. Como resultado, antecipamos que 0 equilibtio se lo- ‘alizaré bem a esquerda e que x ser muito pequeno se comparado a concentracdo inicial de acido acético. Portan- to, vamos supor que x seja desprezivel em comparacao a 0,30, logo 0,30 — x é praticamente igual a 0,3. 030-x = 030 ‘Como veremos, podemos (e devemos!) confetir a validade dessa suposigao quando terminamos o problema. Usando essa suposigao, a Equacao 16.30 se torna agora: /8x 10° 0,30 Resolvendo para x, temos: x = (0,301.8 10%) = 54x 10° (5AxI0 =2,3% 10" [H'] =x =2,3x 10" mol/L. pH = log (2.3% 10") = 2,64 Devemos agora voltar e conferira validade da suposicio simplificadora de que 0,30—x ~ 0,30. Ovalor dex que determinamos é tio pequeno que, para esse niimero de algarismos significativos, a suposicao é inteiramente vali da, Como x representa a quantidade de matéria por litro de acido acético que ioniza, vemos que, nesse caso parti cular, menos de 1% das moléculas de Acido acético ioniza-se: 0,0023 mol/L Porcentagem de ionizagio de HCHO, = orcentagem agio de HCHO.» To, 100% = 0,77% ‘Como regra geral, sea grandeza x for maior que 5% do valor inicial, émelhor usar a formula para a equagoes de segundo grau. Vocé deve sempre conferir a validade de quaisquer suposig6es simplificadoras depois de resolver 0 problema. Finalmente, podemos comparar o valor do pH desse écido fraco com uma solucio de um dcido forte de mes- ma concentragio. O pH da soluigao de 0,30 mol/L de acido acético ¢2,64, Por comparagao, opH de uma solucao de ica: a ciéncia central 582 Qui 0,30 mol/L de um écido forte como HCl é-log (0,30) = 0,52. Como esperado,o pH de uma soltgao de um Acido fry. co é maior que o de uma solucao de dcido forte de mesma concentragio em quantidade de matéria. COMO FAZER 16.11 Calcule o pH de uma solugéo de 0,20 mol/L de HCN. (Recorra 4 Tabela 16.2 ouao Apéndice D para acharovalor de K,) Solugao ‘Anilise e Planejamento: dada a concentracio em quantidade de matéria de um écido fraco, pede-se o pH. A partic da ‘Tabela 162, 0K, para HCN £49 x10, Prosseguimos como no exemplo que acabamos de fazer no text, eserevendog ‘equagio quimica e construindo uma tabela das concentrades no equilibri e iniciais na qual a concentracio de H 10 equilibrio éa inedgnita Resolugdo: escrevemos tanto a equagéo quimica para a reacio de ionizagio que forma Ha) quanto a expressio da cconstante de equilfbrio(K,) para a reagao: HCN(aq) = 1F(ag) + CN (ag) Em seguida tabulamos as concentragdes das espécies envolvidas na reagfo de equilibrio, fazendo x = [F'] no equilibrio: HONG) =) + cre) Inicial 020 mol/L o 0 Variagao ~xmol/L mol/L semol/L Equilibrio (20-2) mol/L mol/l. mol/L ‘A substituigao das concentragbies no equilibrio a partir da tabela na expressio da constante de equilbrio pro =O) 9 scar k= 0 4p sa0" [Em seguida fazemos a aproximacio de simplificacio de que x, quantidade de dcido que dissocia,é pequena se com- prada & concentragao inicial, ato 6,020 = 0,20, am 7810 (0,20) (4,9 x10") = 0,98 x10" = J098 x10" =9,9 10 mol/L = [HI 9.9 x10 é muito menor que 5% de 0,20, a concentraio inicial de HCN. A aproximagio de simplificagdo 6, portanto, apropriada. Agora calculamos o pH da solucio: DH =-og {H'} log (99 «10 = 5,00 PRATIQUE K, para a nlacina ("Pratique 1610") 61,6 10°, Qual 60 pH¥ de uma sou de 0,010 mol/L de niacina? Resposta:340 O resultado obtido em “Como fazer 16.11” 6 tipico do comportamento dos Acids fracos; a concentragao de Haq) 6 apenas uma pequena fracdo da concentracao do dcido na solugio. As propriedades das solugbes dcidas re" lacionadas diretamente com a concentragio de H (aq), como a condutividade elétrica ea velocidade de reagio com ‘um metal ativo, sao muito menos evidentes para uma solucio de Acido fraco do que para uma solugao de acide forte. A Figura 16.8 apresenta um experimento que demonstra a diferenca na concentragao de H'(aq) em solt- ‘sGes de dcido fraco e forte de mesma concentragdo. A velocidade da reagao com o metal é muito maior para as" lugao de dcido forte, Para determinar o pH de uma solucao de Acido fraco, voc’ poderia pensar que a porcentagem de ionizacio do 4cido seria mais simples de usar que a constante de dissociacio dcida. Entretanto, a porcentagem de ionizagao e™ ‘temperatura especifica depende nao apenas da identidade do Acido, mas também de sua concentracio. Como m0 trado na Figura 16.9, a porcentagem de ionizacio de um écido fraco diminui i medida que a concentragio aumter ta, Esse fato é demonstrado de forma mais clara em “Como fazer 16.12”. Figur esque de solug. Capitulo 16 Equilibrio écido-base 583 at aed @ o | igure 168. Demons das loads dee elias de ds sous as com Mg metic. © fac 2 | esquerda contém 1 mol/L de HC,H,O,; 0 frasco a direita contém 1 mol/L de HCI. Cada balgo contém a mesma quantidade de Mg metilico. (b) Quando o Mg metalico é jogado no dcido, forma-se HA elocidade de formagio de H, é maior para a solusio de 1 mol/L de HCL diteta, como evidenciado pela presenca de mals gés no balfo. ; Figura 16.9 A porcentagem de 60 ionizagio de um sido fraco diminui com 0 aumento da concentrasao, $ 50 Os dados mostrados s80 para 9 écido 3 5 acétco. 2 2 4p g § - 2 ao] £ E 20 10) o O08 on 08 Concentragio de deido (mol/L) COMO FAZER 16.12 Calcule a porcentagem de moléculas de HF ionizadas em (a) uma solugo de 0,10 mol/L de HE; (b) uma solugao de (0,010 mol/L de HF. Solugio Analise: pede-se calcular a porcentagem de fonizagio de duas solugdes de HF de diferentes concentragdes Planejamento: abordamos esse problema como abordariamos os problemas de equillbrio anteriores. Comegamos es- crevendo a equacto quimica para o equilibrio e tabelando as concentragées conhecidas e desconhecidas de todas as espécies. A seguir substituimos as concentragSes no equilibrio na expressio da constante de equilfbrio e achamos a concentragao dlesconhecida, a de H*. Resolucdo: (a) A reacio de equilibrio e as concentragées no equilibrio so como seguem: ye e - HF) = rw t Fon m (Tinie : 0 mol/i. I 0 0 io Variagio — x mol/L | sxmol/L mol/L S Eula (@10-») moe e mol/L “mol/l. ‘A expresso da constante de equilori & to KHL OO) 6s 104 m THF] ~ 0,0-x = Quando tentamos resolver essa equacZo usando a aproximagio 0,10—x = 0,10 (isto 6, desprezando a concentrasio de eido que ioniza em relagio a concentragio inicial), obtemos: 584 (Quimica: a ciéncia central 2x10*mol/L. ‘Uma ver que esse valor é maior que5% de 0,10 mol/L, devemos trabalhar o problema sem aproximacio, usando uma calculadora para a resolucdo de equagées ou a formula para equagdes de segundo grau. Reordenando a equacio.ees. crevenclo-a na forma-padrdo de uma equagio de segundo grau, temos: 010-1) (68 x10") = 68 x10°= (68 x107)}x 2+ (68 «10x68 «10° =0 ssa equasto pode ser resolvida usando a formula-padio para equagoes de segundo grav bt iF dae 2a A substituigéo dos niimeros apropriados fornece: 6,8 x10 + (68 x10} + 4(68 x10") 2 68x10 £1,6 «107 2 ‘Das duas solugées, apenas aquela que fornece um valor positivo para x é quimicamente razoavel Assim, x= [H'] = [F]=7,9%10° mol/L A partir desse resultado, podemos calcular a porcentagem de moléculas ionizadas: Porcentagem de fonizacto de HIE ~ Soncenttacto fonizada vagem de onizagio de HE =e entragio original “1” 9310 mol/L 0,10 mol/l. (b) Procedendo de maneira semelhante para a solucio de 0,010 mol/L, temos: 58 x10" 100% = 7,9% Resolvendo a equagio de segundo grau resultante, obtem« x= [H']=[F]=23 «10° mol/L A porcentagem de moléculas ionizadas 6: 2.0023 10005 = 23% 010 Observe que ao diluira solugko por um fatorde 10,a porcentagem de moléculasionizadas aumentou de um fator de3, Esse resultado esta de acordo com o que vimos na Figura 159. £ também o que esperarlamos a partir do principio de LeChatelier. «i> (Secio 15.6) Bxistem mais partculas’ ox componentes de reacao no lade direto da equacio do ie no lado esquerdo. dluigio faz.com que a reacio se deslogue no sentido do maior miimero de particulas porque isso se contrapse ao efeito de diminuir a concentragao dela. PRATIQUE Caleule a porcentagem de motéculas de niacina ionizadas (a) na solugao de "Pratique 16.11”; (b) em uma solugao de 1,0 x10 mol/L de niacina. Respostas: (a) 39%; (b) 12% Acidos polipréticos ‘Muitos 4cidos tém mais de um tomo de Hioniz4vel. Bles io conhecidos como deidos polipréticos. Por exe plo, cada um dos étomos de H no Acido sulfuroso (H,SO,) pode ionizar-se em etapas sucessivas: HSOag) = H"(ag) + HSO; (aq) Ky = 1,7 107 [16.31] SO, (aq) = H"(aq) +$0"(aq) Ky =6Ax 10° [1622] As constantes de dissociagdo dcida para esses equilibrios sao chamadas K,, ¢ K,- Os niimeros nas constants referem-se ao proton em particular do dcido que esté ionizando. Assim, K,, sempre se refere ao equilibrio envo vendo a remogiio do segundo proton de um Acido poliprético. frost: faci done proto, com tence’ quec esto ceD. mary, desse tamby como meitc comp a os Hi fator ¢ rando Nome ‘Asc6i Carbs Citric oxa Fosfé Sulfu Sui Tarts:

Você também pode gostar