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DE TRAMAS E FIOS Um ensaio,sobre musica e educagao. Marisa Trench de Oliveira Fonterrada 2? edicao # LK ‘| 2 eae Bere: > ee funarte Educacao © 2008 Editora UNESP Direitos de publicagao reservados & Fundagio Editora da UNESP (FEU) Praca da Sé, 108 1001-900 - Séo Paulo - SP Tel: (Oxx11) 3242-7171 Faxs (Oxo 1) 3242-7172 wwieditoraunesp.com.br feu@editora.unesp.br Fundagdo Nacional de Artes ~ Funarte Rua da Imprensa, 16 ~ Centro 20030-120 - Rio de Janeiro - RJ Tel: (x21) 2279-8053 / (Oxx21) 2262-8070 promocao@funarte.gov.br www firnarte.gox.br CIP ~ Brasil. Catalogago na fonte Sindicato Nacional dos Editores de Livros, RJ F762 2 2ed. Fonterrada, Marise Trench de Olivera, 1939- De tramas ¢ fios: um ensaio sobre mésica educacio / Marisa Trench de Oliveira Fonterrada,- 2.ed,- So Paulo: Edtora UNESP; Rio de Janeiro: Funarte, 2008, il ~(Arte e educagio) Inelui bibliografia ISBN 978-85-7139.798-6 (Baltora UNESP) ISBN 978-85-7507-100-7 (Punarte) 1. Masiea - Instrugfo e estudo - Brasil, I, Funarte. Il Titulo, I, Série 8.0910, DD: 780.70981 DU: 78.0281) Esta publicagdo foi financiada com recursos do Tesouro Nacional, por meio do convénio 24/2007, celebrado entre « Pundagao Nacional de Artes ~ Punaite ¢ a Fundagio Edicora da Unesp Editora afilieda: ee - % asec fiZel) ~m: hoes imaeatitenee in smarieetiae | NOE ‘de Amértea Latina y el Caribe: ‘Editoras Universitaria ooo 1 Educagéo musical: tecendo a linha do tempo Tudo deu certo, mew velho Heréiclito, Porque eu sempre consigo ‘Atrayessar o teu outro rio Com o meu eu eternamente outro ... Mario Quintana A idéia de que o valor da mtisica e da educacao musical so- frem modificagées a cada periodo histérico mobiliza a necessida- de de refazer o percurso do pensamento em diferentes épocas em busca dessas transformagées, e é disso que trata o presente capf- tulo. Esse percurso considera apenas 0 mundo ocidental, herdei- ros diretos que somos dessa civilizagfo. Ver-se-4 que, em cada época, os valores, a visdo de mundo, os modos de conceber a cién- cia dao suporte a pratica musical, & ciéncia da masica e a educac&o musical; é importante que se reconhega esse fato para que se com- preenda a problemética do ensino da miisica hoje, e, assim, pos- sam surgir solugdes para ele. Parte-se, entdo, a procura desses valores, ¢ a primeira parada é na Antigiiidade classica. Antigilidade grega e romana Grécia A busca do valor da masca eda educigdo musi nica se na Géci, que sempre tem sido, para o Ocidente, uma forte referén. ‘ia. A cincia deve multo 20s pensdoresgregos, assim como a fantasia, pois os mits gregos consinuam ater significado para © hhomem contemperne. E mesmo acrteno que dis reapeto misica, desde Idace Média até agora, Desde o inicio da organi 0 sociale politica greg acreditavase que @ mista infula no hhumor eno espiro dos ease pores, no podia ser denada cexcusivamente por conta dos artistas executanes. Nas cdades. estado, la foi objeto de preocupatio dos govemantese cidade, ‘© responsabilidad por sua organiza e pela anita como se, ta apresentada a0 powoestava nas mos ds lgiladores. Em spars em seu sistema de educagiopara.o ovens «para pow, Lcurgo engi que a masa Rzesse pare da educa da inca dajuventuce, equ fossesupevislonada pelo Estado, Come ust Acativa para esse procedimento, evocava&experingia em Crta, fm que a pris da masa, recomendada por Mins, provocina la notivel devoso aos deusese orata os cetenses um pore bedente slis. Nenhum esparano, de qualquer ide, sexs on ‘lass social er excludo desse exerico, nun sistema em gue ‘ada indivduo tina que cumpritsut pate, pelo benefo mow, socal politico do Estado [Nessecontexo, era grande o valor atibudo & mises, pols screditava-se que ela claborava na formacio do carder © ddan As canes ado podiam ofendero espa da comnida de, mas devia exaltar tera natal. Os cantos confi aos. ‘ens am seni de orem, dgidade,obedtncla f alm da ‘apaciase para tomar decisbes. For esse motivo, © modo pre ido em Esparta er odérico, que evocara equiv, simplicda, de evemperancs, era Do mesino modo, em Atenas, ob legislature Son, espe rava-e promaver a morl ea cidadanis responsive, base do bem oun, do poder eda fina do Estado, por meio da educaco mo seal O aloe etibuido & misica era exramusial, isto eu exer elo conutbula para o desenvelvimento fico ea interac doo vem a socedade. No encanto, a riic da mica sera permitida os cidads lives, estando veda aos escravos. A inten, nese tipo de ao, era desevolver a ment, o coepo ea alma: 2 mente pea erica, o corp pla gindstca ea alma peas artes. Essa visio €coroborada por Patio que, em muitos de seus texto, desenvoive uma amp dscusso esta e ica arespeito (da mises, Para Plato todos os gregos, a ltrarura,amisicn ea fate tm grande ifloncia no carder, seu bjeivo € impsimir imo, harmonia tempera alma, Por isso devese preserva ‘come tazefa do Esta. Em Piao, como na flosofiagrga de modo geal a sca ‘cups uma posiiodelideranga em slaco ds outrasates,Aced tase que sea possvelestabelecerestreitas analogs entre os ‘avinentos da alma ak progresses musias. Assim, o propés- to da misica nfo podria ser apenas a dversio, mas "a ecario harmeonios, a perfeico da alma e o aquietamento das pastes (Lang, 1941, p13). ‘Armésica 6a mais imesiata expeesso de ees, uma pote entre aia fenémeno. Nesta concep, opeincial papel da sia & pedagigico, pos, endo responsive pala écica pela ett, est Impliada naconstragfo da moral edo carter da nario, o que a transforma em evento pili eno privado. Cada media, ala ritmo e cad nstramento ti um flo peculiar na natureza mo- ral dare pubic. Segundo a concep helénica, a boa miscapro= rove 0 bem-estr e deteamina as normas de conduta moral n= ‘quanto a msia de bisa qualidade a dest. Desse modo, na GGricia, a minca boa ¢ esuetamenterelaconada ¢ determina elas ormas da conduta mora, e que se mostra no uso da mesma pala ~nomor~ para designar a corretaharmonia elie ruse ‘sea es moras, sodas poltias do Estado ‘Alin da elo sponta acetate coneiponiica ene so «frome hae ea to lod do Sole tan honensmuihe nena ime, 0 ie alc em toda com magn oes a mis, compara com a gy penne noe to ald eaten. Ons sme wr Eucpac ating scien dei hn, ue epic ines da msm egies humat, tem cn opel domme qui a sem ecaconale pot sn ie encanta oe sen 2 au a mia ent cipao um lpr to nee a ‘iene spit eno quanto ms Cine os Pacer amine en ste ees txnbin poston epi, quer pe ces econ dos propramar ede Ne ena ora leant dite see ep, cones inte de Insist o cs humane por mo doce dn o.oo dan (Lang, 1941, p.18), . ae Nae ape, Patio ¢ Ariss conc econ, pois ambon sce oe amis mda carer dome deen ine ed endete a dune eon Ea sng ‘modo dérico sero preferido na educacio dos jovens, pols, segundo. save dou props eglioc ama nee 2 ornate dao foralcnans dps Aen tne do penimena de Pg qu cote nina 1 str de sons eto ee pels mamas eae que prom aca. itemene:nantnenaneen og 2 spel, mis lo emis. No ena aps ln pose sim que eno post mie ¢ va woes de dans macs ums qa come como et its elves e ots mee ss ees ‘lagen em ca ec sete sci rips inrmame os pegs alse i "hej pein camo sini ds ne matron (i Deans fa clonal: a msi dr: € «musi dos setimentos. Murray Schafer compositor eedveador musical anadense,em cu io A inao do mn (00), relma dos mits gregas que exp tam, cada gal «seu modo, rigem da msc. Num dele, a tndsca eri urgido quando Hermes, encontando uma carapra decararga na praia, extend sobre cla coras de ipa de cane *o, lvenando a lr, que dew de presente Apolo. Na verdad ecmesdesaia gue a earpaca da trarogs, utlzada como ‘comp resonant, podaproduzir som. A outa lend, contd por Pindar, di que 0 aulos foi cado par Palas Athena, quando, aps {Medusa ser decaptada por Perseu, viu,comovida, suas emis langarem gritos pongentes, que cirtegavam consigotedo seu sen tUnento de pesar diate ds more. A partir desse sentimento de ‘esta dr el rou um nanos especil em sua hone; estaa cra ‘daa msi O primetodestesmitos a vé em seu atpeto je ‘9, come resultado das propredadesronorss dot materasdounl- ‘verso; segundo a considera resultado da emoriosubjtiva, Como sever, no decorer dos sculos esas duastendEncns continu Ho acoexsr, ea das manera de compreander a misc serio ‘os alieres em que as subseaentesteodas da misca se fundam, A lr, instrumento de Apolo, indus & serena contemplaczo do tuniveso: 0 aulos, um sopro com ralhets, de orgem orientale antecessor do obog,éo instrament de Dionisio, da exatactoe da tragédl. Roma A scwagio na Gra & ference da vida em Roma. Noentan- 1 a pitica musical romana s6 pode ser compreandida & luz da ultra greg Haverdo-a asiilado, a misca em Roma forale ‘ceu-se eganfioucaractristicas propia, Essa pritcacaraterizou: ‘pelo acraci de elementos heterogéneos & mésia da nagio ‘congulstada,produzindo um misto de elements greo-romanos. [No entanto, as pouces, a inclinago plo grandiso e plo virtwo- Mei Yc in trae ste 5 mp, ea miscaadquirn fio prépia quate “sift ca, afstndorse da prévica musical geega etransformando con Pleamente os prinipos que aregiam. Hirelatos de grupos instrumentals imensos ede catores que elvan de tecnias visruositca bastante semelhantes as dos modernos arts dos sfculos XVI, XIX e XX. Os vos pre tiem voces e desenvotviam api avidade ei, smile res 808 modernos exerciciog de camo ede soli. Em Roms « vi sical era intensa eo razr pea pra se esplhou, apr seando um nimero cada ve malo de ditt, que fer sue, ‘no stant a desconfianga que a cultura grep despertav, em pov tempo housesse wm nlmero considerivel de escolas de ‘mica © danga em Roma, freqdenadss pelos fhos dos patti cis. No final da Ancgidade, sob ainfutnca dos neplatnicos¢ do Etec, a antiga estica musial se impes, aoe pow cog etando continua as espculgtesactitico-matemsticas dos predeessores gregos, estado das relaes miseriossente ne ‘eo € S085, a que ndo corespondia, no entant, a priia ari ‘ica Manecendo no erenoteéricoe especulavo. As ideas de ia continuavam a exerceriflncia,relaionand misica € maj falta de materia eobrevivents impede que se pene tno pando muse romano, to fasta das concepts sais © cajillguager musical totalmente estranka ao omen conten poreeo (Lang, 1841, 346) dale Média Alda Média sempre iscinou o hamem modem ¢, em nos- «3 00 sina se mantém Lames invstvels com o pensamento de ‘8 medievais came Agosnho, Boo, belardoe Tomés de ‘Aq Entel, poedm equ estado penetrane das for case tendéncas esplrtuals que caram uma nova concepro de ‘cic, embore nao se posa negara infudndla da Antigidsde fre anda perduara por muito tempo. emt fat (© mundo medieval era cristo e, quanto mas 2 misca © @ ura se desenolias, mals se seta que 0 nove co requis uma jstifcatva tela eum fundamentoflosco. No entato, io houve,reamene, uma revlugo na recs ques aliments ‘ranas fontes pgs da Gr ede Bizinco, xerctando um since ‘mo nem sempre el de ser compreenddo, Asin, Heres eros toledo bom pastor e Orfew represenado como Cristo. Poets modi, como Prado, asearam suas poesisem conceltos cis: ‘Sco. ino da Kade Média estabeleneu um contato diet com a ‘ca mused clissic, embora os timos grandes esrtresdesse erodo team produsio seus textos nara crs neoplatnios neopitagicoe coninaram a cslcar a misc dentro de um con- texto migico/cSio,desenvolvendo um imporantesimbolismo ‘speculative, Tebricscistos, com Boéeio eCassiodoroforecem 2 base do penaento musical da épeca, ainda excremamente in AAvenclado pelos pensadores gregos. O simbolsme numérico dos eoptagios contin nos estore cristo, ea mis desem- penhava importante papel nas exlicagiesalgéricas. A figura de Piigoas continua forte errnov-se um ds princi nomes da rmitologia music da Idade Mésia por sua conceprdo baeada 20 imbolismoe na especularo tei dos nlmeros, nfo em sons © melodia. Assim, uts€o primeio nimerocam ceo, melo efi, ‘representa soma doe valores dos dois nimeros precedes, i toliando perio manifesta esendo consider “Fonte de td 0 uo teprerentao quran e encores ns ements, stapes do ano, as cre e nas espces de sees (nj, demni- fs sere aimadoee plana). O nero sete est nos planes, nos tine da semana, nas cords ira, nas nots music, nas artes beri enas gras do Esplito Sant, enquanto 0 dex € 0 todo © ‘cupa «suprema psicio enze os nimeros, come tras, ist & 0 resultado da som 1+ 2+ 3+ 4 (Chevalier & Ghoerbrant, 1995). [Na eae Média, a mica passou a ser consderada parte do uri, ani ale vio das sete arts liberals, compartihan do seu espgo com rtmatc, a astronomia ea geomet es ‘organizaio também ela a inflaénca das esos greas de pe ri echt rere ‘snot Princ do neoplasm eae sci dh mis como pare de un et opts es smi nota Gennes amps infos desuamisio desert eanton pont henna Ilse sesompeco icodamiseac nisin wen ‘eau sms ms, nuns din ade ce en ‘pla atmos, ey amin oon sae fsa compen dvs omits Scancinenn ‘Sti Aono (excreta le rons seu gd ies me es mine eee ges, de act cm 0 preset dns scum imepasice Mee ‘ds repeat cain coc Nel a pie do ti dcp Feenenonee Sonam. Ox eaners hiss ees eee ‘ees, qn srs rn smd sen ae ‘ematedos ners cv gu omits as saci 4 chracn senor hn ams oietTchening ‘ates, spoons lg om fates heeds espe os esa esd se Sx penaneno ac Bae, pr quem as Ce spect ang 194 5 Diets ences come © 4 entan, ¢ padese ingen, ic eae tee soe ‘cas dear cm sn Again aan ane oe tes ecole moras co gue ponamentns uo sts pean Lag 191.0) as wager tina ds re erp ee cone ee ‘asda lo ena rie inp De es neo ‘rere com ah enn fer plo mundo Recs A ‘lade eal cs po eo dasaterdoee me ok soc qe nam ocamiaerads fae ne Dos, nl ever ida ey mu ogo do oe Eas concpa le ea nelgne de see tn ‘ara conics so Gano perma oko tl da crt eeu penne Semana aes een fr bow hava “masa dbs" a5 pessoas inham de se rote das de sous efios (Lang 1941, 58) Emboainfluenciados pels issis,Boio, Agostino, Cas slodoro Isidro de Seviha desenvoheram ori de citer ris Ho, compatvis com o esprto medieval. ses autores, porém, ‘que sofia sind sinluénca do peasamento musi elise, con tinaaran por mio tempo a lafuendar a ora da mis, foene- ‘eno materi prs 08 etudiosos das epocasseguntes. Bes re- presenta o final da antiga cna musical no Oeidente. Com ees, Inia toda ea cia medieval da mtsica. Baio (suo V), ‘em sea ata De stun: mas, reuiu edo 0 que fra esto a6 entdo a resp de mis, sistematizando diferentes tors. [Naabertua desse trabalho, Boia descrve os efeitos da msea no homem define seu dominios de acrdo com ee, exstem viros ‘pos de isi: masa andans, muss amas, maa cis insane, a primeira rferndo-se a0 movimento dos Planctas, 3 “GERAD dos elementos msca das esas a segunda, que tie a0 corpo o epite ern, incorpo, de modo semchante & Formac das consondacias de sons agudose graves, apart de de- rerminada orden numérica. hima, segundo el, nica forma de musica pecebia sensoialment (Lang, 1941.60), (© histriador Henry Lang diz ainda que, consderando-se a lassiicago de Bodcio eacescentando a ela msi vali, con luise qe ojasmentarion meacionado nio reer ainstrs- ‘mentos musiais, mas ds eramentas que permitem acbseracio entfa. Essa 6s concepeo de misca dominante nos periods ini central da dae Mee explica sua presena no guava (194, p60) adco no estat interesado a percep o dos son pelo cu- do nem nos efits emocionls que provocs no ser humano, mas no fendmeno fsic, mas proporges numércas como base da compreensio musica: ness sentido, & um cisco, Para ele, as roporgies numicas sio compreendidas pela rario © nlo pela escuta,que reqdentemente naz a eros; o poder alco da mente &considerdo superior &facldade de discemimento do ars th ln era sentido da audio, o que fx que 08 tedrcoe seam consderadoe superiors aos mises pros, Bofco mancém liga deta com Pitigoras ev a misea comp etna do como arte. Ses estodor «a respeit da ora musical da época serio de font referencia aos estudiosos durante muitos séulos, e sua teria permanece ‘excel até Spe de Guid D' Arezzo (aula XD. Final do periodo gético ‘A partic de D’Arezzo hi uma substancal ransformaso, que sponta pao fim de uma era inl de outa. O fil do period tio caracteriza se pelo desenvolvimento da polfnia, de que uma dhs piacipis formas & 0 moteto, Na composgo musical, seg pede Mari Ea Inder, eels ana pan huss Bane 74) can opr a Bl Msc, ‘oreonc, pot, por sis contemprineos (cole 178 000) Felecia caper st cl ep pas git Te isn om cna ‘Nav oben» sac de cols, vole nome informa et a edi no peso. A psa tu cir temas pelapiges nd un sins ttt ela jlenm bese tempo, coc poets «peas fain nus ra etc pti ae ej de ts eproaprt, ao ¢ praca qo eed clam sume de ited mgs dos gs se here pinta de noprar Oem da mise cameo Precursores dos métodos ativos em edueagio musical Jean-Jacques Rousseau ~ a natureza “bors virios tricot vessem se ocupado da questzope- gba oi Jean aeques Rousseau (1712-1778) quem de ex reso viva © concreia so “naturalism” pedagsiico ¢ marcou 0 fim da “lustagfo" na rang, a0 percober que a educa clea a rast nada contribu para melhorar a humanidade. Ao mate. rillsmo sensalsa prevalecenca, Rusted valvizou outros 4 ects, por el considera "mais humane" a natureza do aft, a personalidad, do culto vida interiog, de carder india Em seu tv fine (1762), defende a dda de que a cuca se ‘onsteaia partir da pacureza da cranga e que, portant, a ida ‘mora deveriaser um prlongamento da vida bolegica,Desse modo, del étconio pode ulrapassr a expresso das ecesidade, instintos ¢ tendéncas que formam a vantade de vver. Para ese flésfo, © mem é naturalmente bom; & sociedad sue 0 con, ‘omp, afirmario que se funda em su erenga de queapolica e4 ‘oral convencionis se opsem e detupam as cones bile o-natutis do comportamento humana, en que as tends, os Instincos a afeividade so primera Rousseau ¢o grande insiador da plcologia modem, por ue seu nacuralismo leva a ents as ference indvidvas a Psicologia do crescimentoe 2 adequatio dos process edvcacio ‘is as imteresesespontineos da crana,Elabora os curclos ‘scolares «pats de ua suposta organizagfo do desenvolvimen 'opsicolégic e abreesparo para oaprendzado ea pritica da ext ‘ca, ensino profissional, a educaio moral ea educayao paca, {ado as peiciposrvolcionsis dle Litt, Eat, Peat ‘Sa concep de sociedad €associconist, pare el, soa de €consruia pels ndvidves quea formamn. Em vez de adapta so do inlividuo & soiedade, & necessiioformarseindividvos ects, para que se constitu soxiedade pert Rousseau €o primeiro pensidor de edocaco a apresenar um ‘esquema pedagigicoespeciaimenc voltado para a educgao mus. «al. Deacordo com ele, as cases deve se simples emo dams tas, sou objetivo & assegurarLeabldade, sonoriade « igual. de ds vouts As agdespropostas por ele no inivem a letra svsical, que sé deveriaocater anos mas tarde ena Pestle HesbarteFrocbel-aprétea da misica na escola Pouco aps Rousse, surge outros pensadores, como Pest loos (1746-1827), Fiedech Herbar (1776-1841 ¢Frosbe (1782- 1852), que também abriram espago para a misica na escola. Pestaloes, educador sig, como Ruste, props um tpo de ‘educa que tnha por base a pits e experimentalo de cunho fei, Ea primeira tetativa de pedagogia experimental eis ‘dana stra. Ele desenvveu um grande nimero de expeiéncias ‘com ciangasdesampardss, ora com propio fants, ora ‘experiments, fundow una escola par professres, em qu pro- fuou concretear suas iis. A educa, de acordo com Seu en tendiniento, 9 desenvolvimento natura, simércoe hartonloso leds a fculdades da rian, Soa pedagoga& ura reago con tea os costumes birbaros de pani, to comuns nas escola de sua pce. Para cle, a eda base e mantic buseaa cons. ‘rugio ea expresso de ideas Pestalazelinfucnciou grandemente 1 chamada educagio “moderna”, a partir de sua “abordager ‘entrada na erie”. Em termos de educagio musical, eu Enfase& wiliagio de anges no proceso edveatvo,reconhecendo plenamente soa in- fludncia na formagio do carter. ara ele, a educaco devia partie. dos sentidos, dats importncs do cultve das artes. Os princiios do sistema Pestalozz de educago musical sto: + Ensinar sone anes deensnar signose fazer a crane aprender 2 cantar ants de aprender a esrever as aos ou pronuncar seus + Leva a observaraudilvamente emia 0 sons, sas seme- Thangase lferengas, seu efecoagradivel ou desagradivel, em ver de expicar esse coisas a0 aluno ~ em sua, tomar 0 aprendizado ative, eno pass + Ensinar uma cosa de ada ve: tm, meloda expresso, ames de laser a crag exeeuar a dif tata de praticar todas eas de uma ves, + abla tabalhar cada poss dessa dvsfo até que of domine ats de pasar paso préxime. + Ensinar os principios es tora ape a pda. + Analisar epaticaros elementos do sm artculado para aplick Jos na mise, + Fer que ot nomes ds nas comespondan ae da misc ine srumeneals Muios dese principio so, ands, pos par scuso 0s staais encontos de edveagio musa (Abele ea, 196, p11), erbart, apesa de alinharse & mesma tendéncia naturals, ‘pbs edie de Pesalzz e Rousse, a accra uma aide de ‘ompomiss coma nor rdem social que se apreseeava na Bro, «fazer da eucaio um precessoconservadex. Sua propst pedag sea apdin-e na rcina de aides, Tem, também, peceupepio featur com esprit Gente, apotando-s em dos frmeidos la pslcoisea e pea psioogin scenes © gue poe expicar @ tna aclhida de suas ida nos Estados Unidos, a hoje presentes rnaguee pas, ene osdfensores da educagio de bse sco, Para Herta vida mental um jogo de epesentgics, mt qe oconteo da consiénia tem dois aspect o fora (lp «eos materi (fsicos. Senda vida mental resultado do jogo de representastes,¢sendo ohomem, sobretudo, vida mena, d- igre forma vida mental € igre formar o omen. Evan portant, é instru O desevelvimenta ments fa por associ ode as ea moral pela elaboragso mental de conceit os. Pra que educacto tenha xt, é preciso despertaro interes do sian, que & de carter mena, mae ou manos rfeno,econsiste na atrao por detrminado objeto. Da reunite de tudo so rg ‘ométoohertarcano, que em quatoprincpis: partido conte io, essoiar0 novo a0 adguirde, beset a avid idtica na “Nespas ngo mates. manana pei de a de i odpm dna RC) ems ocame per evo experiénia mental do ana eobedecer’sfss ou pass da apen- Adagem (esclarelnento, arse, ssemniaqioe ariculgSo), mediante a aividades de mostrar, eelacionar, exc, filosoir (arouse, 1960, 5x, 2328) ‘De Herbst dersam as preocupagses com a metodologi de ‘ensin, gue se intensifcaram partir do século XIX, com os c= rinecimentos da picologae que, cin oj, ocupam Iga mper- ‘ame na organizaco esol (0 terctroeducador menconado,Froebel,iustre meste de crigem genie rspensitl pelo movimento dos jardins-de- infin, edvogava a incluso d cinta ede outa ares a esolas “tom a inten de assegurar ada ciana um ampo completo desenvolvimento de sia nturesa, na apreciagio da obra artistic (Gcholes, 1978, p316). "No pensamento dos tésprecurseres, aot-se a preocupaco comum com a exang e com 0 ensino, bem disante da concep- ‘fo medieval de wing da oe infanilaserig da misc, sem Telalo com qualquer eeferénia de ordem educa, Jean-Philippe Rameats musica e matemética Nos primeira denis do século XVI, aresena-se a Figura de Jean Phlpe Rameau qu, com su tora da harmon, impe- ‘miu uma ime diego a0 entendimenco da misia como clei a Epos, havia uma bursts ent are ero, sentiment ever ade, przer atv eimitaro racional da matureza,renos i Tinos Rea tou a mise de wm poato de visa iso emate ritico,cenueamene ‘A nisin 6 uma in ue deve tr era eis ss 1 tras detem se evs de um piepo een este eno Io pode er rane, cone, nm jt da ates io sufente ent sear de tela ou dare. Epes, fam, concer ese eto, poms iis (17, poo) Rameau € movido por uma exigtncs unica e pelo espito ‘aresiano. &miisica & cdi, com regrs estabelecias¢ basee. «dt em prncpios matemsticos. Nao é que Rameau abandone 8 dela de imicagao da nacuezs para ele, @natresa € um sistema eles matemétias. Desse modo, afastese da esttca de seu ten , pono o rigor de sua concepezo matemtica aos quads pa {ori da oes Seu conceito fundamental € que, entre rao e sen ‘iment, intelectoe sensbildade, naturea ematemitca, no hd contrast, mas perfeitaconcordnci, No basta sent a msg € Dreciso tom inteligvel dentro ds leis eer qu regem sua onstrugfo. Masa razio $6 tem autoridade se ndo se afte da ‘experince da audio, Como a misca&raionlidade para, € também a mais universal das linguagens. A diferencas ent mic seas de diversas ages esto no contorno melico que depen. «de do gosto, etando, portato gad as setimeatos. A harmo nia mals importance que 2 melodia, porgue representa oprincpio deal, acional, do qual derivam todas as outrasqualidades da perfodo romantico A complexidace do peiodoromsntco imped ques discorza extensamente a seu respeto no anbito deste Hi; por ese moti ey limitamo-nos a wagar, em lnbas bastante geri, algunas de suas contoversts caracteristieas, que convivem ou se suceemn Pidamente, urbilhonando, com sia mulipliciade de tendncan, 4 tenatvas de compreenderclaramenteo peiodo, sempre na ‘tcc queso fundamental deste trabalho ovale ca mist € «a edcapa0 musical, Costumeiramonc, vs omantsmo como lum sucessor do periedoclisieo, No entato o historador Henry tang alerta para o fio de, na verde, por th longo tempo, essay ‘endéncias terem conivido, como mostra as antecipaytes set! ‘ments dealgunsexpoentes de itera ou em movimentor como © Sturm und Drang, de um lado, ea basa de clarera epertegio, evan fer focal que se pode detctar em eros mésicos romdnccos, como Schuber, do oto (© sécuio DX encona-s epatdo entre tendéncias oposts ‘lest detec, em meio &ondem vgente, eas de resstncia _que se manfesam, em especial nas cincashumanase mas ares, € ‘alorzam a expressividade, 36 vivinas, as lla beri, 0 rmnccase realists. A outa tendéncla 6 representa plo posit- ‘ism que, com seus eas do dom e progreso,priviegi og hrco, 0 estvel, o mensurdvel, Nas artes, ssa tendéncia & representada pelo academic, A caneepo roma, embora tindaapesente resins loins, ost, tamblm,posicses que se evdenciam como germens de eooepaes futrs. Para 05 1o- rmintcos, a mica a revelacso do absolut, so forma de sent) mento la & caas de expressarsersimentos parculares, subj ‘os, mas tambim,o préprio sentimento em i 0 que Ihe coneré *upiaineriviade, Desa concen nasce a este hegeliana que, ‘num certo sentido, colaboranaorigem das das corente oposas do sécuo XIX estado sentiment ea esta formalist. ‘Masanes de mergulha no pensumento mantic, dstaquen- 05 fore que Ie deram origem e que no inicio do aslo XP, ‘munlam os sinzomas crise do lamin: a madara na post ‘lo social ena fancio da minicao deco da inflaéni italiana (Gera; a valvizago ds msi instrumental eo retorno& misi- aang (poadamente Bach ePlestia). dil enumear os moos que cntribuiram pra aemergin- a concep rominca de mids, que a cancuzis do sia peo prio ga na ierrquia ds artes. Maitas cones ax ‘inisas snd ermanscem no ssl XK em mutas dela, oque realmente muds no a conven em si, mas. ovalor ala strbuio, fesse mado, o que ea condenado passa a ser exaado. No pens ‘mento uminsa, a funeo da musica na sociedad 6 fundamental ‘ent, rcestia etl, O mvsico serve lj oben, ras no tem qualquer autoncmia. Asics prep oa ou ‘tag de ambienesfertivon Noten cmd racional, mea os ‘ducati oro, & considerada uma ane assert (© romantismo mantém os mesmospressupostos luminisas, mas 0s vé por our ngul. A misica€ tudo que fi aimado, ‘as, jastament por set asemsntic,conseue transit © ge io @ posivel inguger comum. Por esse motivo € superior a qualquer euro meio de comunicago. Ela expresso quea linus ‘gem nioconsegue porque vaialém dela. Mais doquea inguagem ‘vorbal capa a reaidade mais profunds, eséncis do mundo, 2 tao esplite,oinfinto.E quan mal afstada ever de qu ‘quer tipo de semantcidade e de compreensio (concetulidade), mas completamente consegue fares isso (Fun, 1971, 746). ‘A miésies instrumental € que mais aprosima desea iia ‘Mas mesmo ants, no perlodo dlssico, no melodrama, aps 36 reformas de Gluck (1714-1787), fixiam-se seni essa concep- es, pois, com ele, os aspects musiais eram bastante valorise as, sobrepondo- se & poesia Mozart (1756-1791), em sis épe ‘as, foo compositor que mas se aproximou dsse deal: para ele, a possia deveriasubordinar-se # misica, sua “ha obedient” enzo da gfe desma, que demonstra, amb, que ee 80 estava fariaizado com ala de musialidade da poesia, -Mais pra o final do sul, gana intensidade a aspiagio ro- minsca de convergtcia ds ares. Vio autores tora ila ‘ka origer comm da mincae da poesia. Ointeresteromnico el misia dos povos primis, palo canto popular e pela poesia ‘sconalista aula atengo para elementos muss da linguagern poli. Embora sind gaa fortemente ao afte, amis passa 4 ser elebeago, contendo elementos mites e religions. Difeen- tes pensudores defendem ills particulars 2 respelio do que é a isis para Herder (1744-1813), cla vice ds possibldades ‘sis do homes ars Rowsser, a prosécia eo canto das mae ‘nga linguagens proves do sentiments para alguns, a misc € revelgé diving, enquanto para outs, Inspirads nas cultaras ‘oni um ato natural, semehant a canto dos piss. ‘Asia rman poe se defini como aquela que se de- senvltes no sca XX, cntatand os pincpios compoiconst ulizades no classicism, eparclpando das crates, pos Derma fe turns visio de mundo do movimento romantic, nstalado na Tteratra. Na verdad, quase se podela falar em romans em ‘verde romani, anas soos tenis, imbricaese post ras que convivem lid a Ido, ous sacedem ums 48 outa, no culo XIX-O que une as vias eendéncls oven teria do movimento; 0 romantismo fi, em primero lug, um mov ‘mento ltririo, qu s depois encontrou expressions otras for ras de are. Os maioesexpoents do romantisms na mii fo ram também homens de grande conhecimenta terri eHloséico, muitos dels portadores de rau de doutor em Fiosof.E if nme de nstrumen tos de percusio. Dillane as roneiasenre ot ruidos eo on rusia. E como se tod praferia de aldo das maquina se ‘extendeste ao campo ds este eda composi musical. Aco Det for rente expressonstaantagoniavee com a impressionist, que buscava quasepctoralmente mostrar impresses em tas ri dose piilepaveoemocinal, of narra, o torturante, ‘Adestez tenon er prioritarlamentebascada ea guest fimavi-se como grande conjunc, como seu apeide “orquestra rmamute” se encrrega de mostrar Essa aacio pela desma, pelo colossal, pelo temendo& produto de uma épeeacuo maior tnstojeraexibiro poder da materi, O sistema capitalist prevale ene favoreceu instalago de megaindstias, com coreatos em Aivetsos ples, que se conronaram com as indstrias txts & metres ‘Um dos principals fendmenos do perodo fio enorme aumen- to populacional que masque dabrou na Esrops, apesar da in tensa migragio para a América. A énfase que o peiodo romani ‘2 coloara no indlviuo rapidamente precisavaadaparse nova ‘tua, prvilglando ocoletvo, Desse modo, a necessidae do homer passou 8 equialer & necessdade das massas, o que de» terminod uma reviravolta nas concpeses de idee mas tena € rmeis de preducio ‘Naseu, com is, ndstia madera ea conseqene mecs izagi da clr instr, por sua ves, reforgou colevimo ‘afston o individ da vida prvads A cendéncia gral deixou de ero nico, pequeno, individ, epassu a fvorecer 0 cole 0 ques evideniava na rag de sociaades, associa, en tidades de lass, sinicatos e carts. Abriram-se sala de con- ‘eto, que abrigirim um némero enorme de eventos artistas, {emborasomente uma infima pare da literatura musical dsponi- ‘ve fase execstada. Fl preisamente essa abundincla de concer- tos quedifaltow a deseminagSo da mica modema, pois, como ‘insta cular visa ao Tuer, nos concerts internacional ‘fo se podia investi em projetos que dessem margem a divides ‘qua 40 retorna do capital emprega; entre as preczucbes 0 ‘ads, vtava-seaprsentar misias uj soncridade pudesse af taro pblice, Conseqientemente @necessidade de satisfaer 0 soto do pblice,ofeecendo-Ihe o que gostava de ouvir, er cat sma epi de ilo de consume, eeguid por tes os pales ‘cena em qe a Inds curl prosper Eimeesanenotac qu a ste aponade& ope 9 que examines concerts, epoca de Beethoven em gue 6 pabcosra Ils recep is es nvas do gue a peas qua seule loss, porno, um paradat, pois «enorme guaniade do composes experimentas cone com Indi dos concer, 40s, qu prefer o concise esc nosing paso pa a bl avd compoiva do ful par sexpert Imani a parr de noves materia ‘Alin da questo do concert, hi, taba, ada atuago do imerpe edo ceo musi. Quanto a inte, o vituose Imosravese cada vez mais ga nia, saifazendo os a seis do pin, gue expereva dle moments de delete eas. dos pel Yerigem ds velosade, Inside upée slg nas. Acie, prt, mostav-e em deci, pia estes que feqientemente, se sobrepSem, comparithando procedimentos ‘que deveriam pertencer, no modo de ver reimeriano, um ow outro os dois campos opostos. Nio se pode descartar subjetiviade 4a vida, do mesmo modo que nto se pode dessa lingagem a propria condo humana, o que tena ambos o& process se rmelhantese interelacionades. Nese sentido, eles se destaariam um do outro peas qualidades esas, itrnsacas& bra de arte, ‘endo pelascénias de comunicasto. Reimer defende a educapo musical estétca, tendo por base as teorias de Langer e Meyer, que wlem a misica como facitadora da eucago dos sentimentos" por ser aloga a ees, aimagio que também susccaestranhera, pois os sentimentos, pel ao de nem ‘sempre pertencerem esfreconsclente, no se submetem fac mente a um proceso de “educate”. [io obstanteo que se levantou, Reimer desempenta impor- ‘ante papel na educario musical contemporinea, prncpalmente or enfatizara ncessidade de wabalhar os aspectosvlorativos da Iisicae da educapio musical. No enanto, embors suas ieias ‘tenham grande penetac, hi autoees que nfo endossn seus pon- {os de vista e apontam alteratvas pra a questo da esttica, em felagio @masicaeeducasio musical. Um desses autores & Keith Swanwick Keith warwick Professor de educaco musical no Inaituro de Educa d Un versidade de Londres, regen e, antes de ir pra a Universidade, lecionou para adolescentes em escolas de educaciogeral E autor de virios livos a respeito de educagio musical, entre os quas, Masi, mind and education (1988) € Musial knowledge (1994) Swanwick dt grande relevancia a conbecimento initivo que r= sulta da experiénia musicale relaio dindmica ene intugio © anise, questo que, segundo el, fo ocada por vis ators, emanate ‘mas permanece anda pouco explora. Fle fundamenta sua teotia no pensamento de Benedetto Croce, que, em sua Bsa, mostra ‘que oconhecimento pode ser intuitive ou gic, ebtido pela ima ‘sinago ou pelo intelecto individual on universal, ou destnado a comprender as coisas em si ov as relages que se estabelecer enue els. Ese 0 vids que Swanwick toma, aereitando quem _mscaeem educagio musical € preciso considera os dis lados ue Croce defend: 2ineuigio eo pensament logico Swanviek em seu text, dialoga com os pensadores conto porineos da edocagdo musical, enre os quais Bennett Reimer, de ‘quem discord quanto ao uso que este fa da pave “esti Para Swanwick nil ins (em dizer) queapalavra ‘esti’ pode ser wlzada como sinénimo de “rtitco" oo “inteinseco" [como faz Reimer)” (Reimer 1988, XI, apod Swanwick, 1994, 35). Para ee esse ponto de vista tendenciose le parece que ‘oso que Reimer fas da palavra sugere que cla pertence wo tereno ‘da hablidade. Segundo Swanwick, € melhor pens na estén 3 par de sua raz, que indica “conhecimento sido pelos sent os, a base senda a pantir da qual habildadee consciéncia de cexpressio e de forma sio postos a trabalhar arsstcamente” (Swanwick, 1994, p35). ‘Swanwick considera que Reimer neglgencia a qualidade do sentimento como resposta forma e se ulza de argumentos até «ato pono ingénsos quando polariza ini e lies como enti ades opostas, equecendo-se de que forma inilmente,&apre endidainutva eholisticamente. Noentato, esa apreciasio no € pertinence, pois o panto de vista adotado por Reimer & just ‘mente, oda concliagio entre expresso e forma, coloando-se em suilio em relagGo&escut referencil - externa a msica —e 8 logics pura dos formalstas. Mas talvez, em sua apreciagio, ‘Swanwick esejasendo purista ao arbi estétia uma quali ‘de “contemplatva’, ua no atividade, oposta, portant, & ado ‘que, pata el, caraceriza a atvidace artistes, Reimer, poré, no uullaa a palvea tea ness seid nem a enende assim. Desse modo, 0 que parece oposto entre os dois autores é, na verdad, ‘uma questo de nomenclatra, po Reimer néo exclu a aco ar- tistica da apeciaso esa, ano € que, nos limos capitulo de seu lvo,dedica-seespecicamente & educagio musical nos mais listintoscontextos, por exemplo, em esos de msi, em pro- ramas de performance, na escola comm, ou anda, em projetos ‘tansdiscplnares em que a misica se integra a ora inguagens express. © enrendimento de Swanwick & que “esttcae arte no so ,sindnimos". A eséia etd presente, peliminaemente, em qul- {quer respsta inca intuicva ante os materials sonoros. © lado ast chega depos, durante oprocesso musical quando o ouin | ov inérprev, estabeleceempatia com o significado express- voepasaa ruirasesruturasformaisvivas ecoerentes (Swanwick, \ 1994, p36) Havendo, a principio, centrado posigio na naturezacalica 4e intr nals, aproximande-se, nese sentido, do pense to de Hegel, Swanssck consti em seguidao que chama "um ‘modelo psicoligco", muito mals cmplexo do que sua di in- lal de dois pls — inwigi lgica-, mostrando pormenoviada mente "a natureza dialética do engajamento musical” (ibidem, P87). Depois de anos de eflexdo e busca das bases piclicas 4o conhecimento musical, ele chegs concusio de que oconhec- ‘mento artistico no ¢ um dominio searado das outs aividades ‘a mente, mas exis subetnca do mesmo material psiclég. ‘o.que cnc, a flosfiae outs formas dediscurs simbalco, ‘Swanwick deservolveu uma eeia da aprender de mis «a, confecida como Teoria da Espral, em que crtograf oconhe- ‘mento muscl do individu a parte das bases floss exlic- lads anteriormente,e de uma letra modifiada dis ides de Piaget, de quem utiliza s cnceites de ssimilacio e comodo, enomeando-0s, porém, com intuigio andl. int pogo € gue o escent do conhacinent, cm ga ue nivel emerge inulsemente e€ nid dona pene Ise. © conhecmento muse! ao ecole eobervre parte Devas efo o fazer musical ds canas nos ofrece curs descobeas quo ts sss estas e proses (idem, 9.35) "No modelo em expla clang passa, sucessvamene, pelos locos “material, “expresiio", Torna" e “valor” e, em cada um dels, experiments ca propos, atvidade ou as, de ini in tuitvamentee, depos, pela anise ‘Conelsndo, pose dizee que 0 modelo de Swanwick pace do ineitiv para chegar 0 lio, edo individual para char a0 ‘universal consituindose, portant, em um exerci de interpre Ron Aesgucde 3 ce pil (Sea 195 p87 td 0) Davi Eliot O tercreo nome a ser destacdo neste seymento & 0 do cane dense David Eliot. Professor da Universidade de Toonto Eliot tem se destacado entre os educadores musics por sua pesquisa cenesjada em quesbes socials. Exclu eex-olentanda de Bennett Reimer, & cle seu principal ineriocutor. So as idias de Reimer ‘ue, em cert meld, incomodam Ellet eo levam a dsc as a laloga com aquele auto. Eliot é um frre erldco da proposta de educagfo musical “estéca, que considera estar apoada em valores do século XIX e dstncada da realdade contemporinea, por coneeber a ate como dotida de “valor intrnseeo", desert. Filizads, descontextsalizada eno comprometida com a eldade hhumana. Ele no concorda com o que diz Reimer arespelto da similaridade e, mesmo, da igualdade que aponta ene mises enkimentos, o que o leve 2 considera educagfo musical una possbilidade de edueagio dos sentimentos,Eloe dicorda ta ‘bm da “visio idealist” de Reimer que, segundo ele no efatioa prea muse, masa experiencia de pstarse diane ds ob de arte para ut efi e estecamente~e, quant a ese pec. ‘0 alinhase a Swanwick, de quem se afta, porém, por conside. ‘ara pritica sociale no a estutura picldyea, determinante da pica musical. Para ee, alia que defende a imporncia da ‘sucagio esta apJlase em conecitos ultrapassados, que it bbuem valor apenas obras de arte consiradas “eter, va de regia representantes da culearaocdental Em seu lv Musi martes (1995, 296), Elie afma sere neo concer obras musicals comm objets auténomos, pois -ntsca€ uma pitca humana e, send assim, est Imersa num ontextohistcco, politic, econdmicoe cultural, decivande sa atureza seus sgnificados das cicunsténclas em que corre su uso sus prouo. Mest as propredades estruturas daa ‘obras musics nso so autGnomas, pos rellsem as ctacteist- cas de seu tempo ede sua cultura, As Obras de ate sto consenctos scstio-culeuras, © a masica, uma prétca humana multiforme, era ne conf de rots mane, sed enna Fe per vie, ia po ag (Glodqunda a ea citer & pec gw conndran {isco dmerte te com angen qu se ese Intec, na gue tocol paso ene Inet danatuen edo igi da misc i, 185, 16) Eos meld compendr emis coma to de ond ‘Seshstasesealsate camino plese sacherale eens, pode sc ep stamp esp dsgesde ‘ter aa provers de eres cones Su man fade comprenr seu mista pode, po io, omer Sion mom ene pron lca Sera equine ds conde adenas que a cea, ot int pr tnpunara es acre mac oca cto pnto daca pe Ello a ques da aie © dev detec ca ms a ea i Clic depend de un cnjno midmensaal decoabe- inet urd dene como “muse Ae se tives conto de informa enable de le insects erential porn do ult tonne enbemcto musta em st is ema Poa te parle, maid cpu conor dt lo ae teatnon plo oabecineno rion pana ena ce Sor cans ee Pe mnc le Cir Compa ov eeu (wea um ncn oct), a as lomas defect lin 4-28). No etn pode Sze uc soo verde ts ip ee el, como there porque test, en pode fer se, ito uc on avidade desi uve cona a sca Ieormcate. bests zee complet einen, tose chrosclines enema, poloqie ements tree eu dinero ete ntl sonra eer (cbr so ena nen ue msn bea procter stent Accented que lino asia ripe de is onan, der Petros, fo descartanenhum dele, dando lua, também, aos Fepertrios lssicoecontemporineo eaivizando-os como par tee um contewo asap jie ¢a propane de do fazer humano. Pepe Discussio Epona princess dopensament de Reiner, Sani li, et ceca ut ene Gano ese io cm decensout sages de Reimer septa ‘acacia eda tnbn eens cla Fale oconctoapeseta por Reimer cuts feu "24 reduconista~ pis ntende «mise somo une seg de bjs aos qn cute esponde pssvmente con oe lad opens fominti, qe aoe «mia ho op de uma hard ares No ent, adie de Eliot yee de Reiner no gue resp hea ese a cee tumbén snpiindor, pls ooo ure Rime nc li, Ao contro, nisi as iia formas de ue mac Get ator dss «poles de mses em aa ns fang excl geal xa expands suo de revformane como internte de carlee malin nos sua aide comet esti decade pas rin natu de aco Swank tam questions peenene de Rimes, discern de slguns de ua posses, carn, os enfucamere do que of lit Segundo le Reser een. 4 "est como sini de "arise -ane omer ode aba o qu ser eos Ve, pat gos Oss pontos de via rexpeto de eta aul npc stam que nese ares 60 epi conc de ee de ai) qu nto st sucenememedseain eno elude, res musa, pedo por esata ada un deses ates ten sito, A mis pode se cere cmo um miso de expo prsancne lpi ga dh Smanvck insistence todo concierto a ema for precedendo & lige, nfo est se colocando antagonicamente em "lag «Reimer, mas deparando 0 conc, isto 6, indo além do {que este havin delinead, Compeeender a misica como aividade a pique humans, por sua vez, do exclu a acstaio de que ela & ‘uma peta humans, dads de uma rede complera de inerrel ‘Ses com o panorama soil cultural, politico eecondmico. Em bors, primeira vista, possa parecer que os és autores situs fem campos oposts, na verdade seus pontos de vista nio si0, cexcudenes cau examina a misica por um angulo e, com jseo,contibu para 0 aprofundamento das questbes que ceream a ‘cago municale sua peti 'No Brasil, ¢ conhecimento do pensamento de Reimer, “Swanwick, Eliot e de outzos que se debraram sobre a quests ‘que ceream a educa musicale rita da misica em diferentes ‘expagote contests & crucial, pois, mora muito se tena feito ros titimos anos para tazer esse conhciment 20 pls, depois de ten exdo de quae rata anos, a maior parte dos educadores mus ‘alse art-educadoresbrasileiras ands do reve oportunidad de ‘confec-oe eno rele sstemadcamence arespeito do que f em e proper, O acesso a eses autores poderiaaulislos a pre- fncher esa lacuna, lém de dar suposte sua pita, ensinando 0s a compreender que a educagfo musical nfo é apenas uma ttividade desinada adverts e ener as pessoas, tampovco ut Conjunto de ténias, métodos aidades com 0 propésto de desenvoiverhabildades era competéncis, emboraesasej uma parte importante de sua tare. © mais sgnifatvo na edcarao ‘musical € que ea pode sero espaco de insreo da arena vida do Ser human, dand-Inepossiblidade de tinge outas dimensies ‘de i mesma ede ampliareaprofundar seus motos derelao con- ‘spo proprio, com o outro «com o mundo, Esa rel fang da ave ¢deveria estar na base de toda propose de educago musical

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