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CTT IT e- Se tC ag A OMA) VM aT OS lp rir oR A FICHA CATALOGRAFICA ELABORADA PELO SISTEMA DE BIBLIOTECAS DA UNICAMP DIRETORIA DE TRATAMENTO DA LNFORMAGAO Orlandi, Eni Puccinelli, 1942- Orsf As formas do siléncio: no movimento dos sentidos / Eni Puccinelli Orlandi, - 6 ed, - Campinas, st: Editorada Unicamp, 2007. 1. Linguagem ~ Filosofia. 2, Silencio. 3. Sentidos ¢ sensagoes. L Titulo. CDD 401 001.56 ISBN 978-85-268-075 5-6 T5260 fndices para catdlogo sistematico: 1. Linguagem—Filosofia 4or 2. Siléncio 001.56 3. Sentidos e sensagées 152.1 Copyright © by Eni Puccinelli Orlandi Copyright © 2007 by Editora da Unicamp 2 reimpresséo, 2011 Nenhuma parte desta publicagio pode ser gravada, armazenada em sistema elettdnico, fotocopiada, reproduzida por meios mecAnicos om outros quaisquer sem autorizagio prévia do editor, Editora da Unicamp Rua Caio Graco Prado, 50 - Campus Unicamp CEP 13083-892 — Campinas - sp — Brasil ‘Tel./Fax: (19) 3521-7718/7728 wwweditoraunicamp-br - vendas@editoraunicamp.br Nao hd, 6 gente, 6 nao, luar como este do sertéo... CaTUuLo DA PalxA0 CEARENSE, “Luar do Serta SuMARIO InTRoDUGAO SILENCIO E SENTIDO Os Limites po Métopo & DA OBSERVAGAO. SILENCIO, SUJEITO, HISTORIA SIGNIFICANDO NAS MARGENS .......sssssssssscscsesesstsenseseseeeessensee SILencios E REsisTENCIA Un ESTUDO DA CENSURA..csesssssessssssseesssssscesecassnserectseeeeon SILENCIO, COPIA E REFLEXAO .asssesssssssssssssssstensessseseeess BIBLIOGRAFIA ssvessccassrerovsrevnpssoravsisnvnsrexuvcnescenveies InTRODUGAO I'screver um livro sobre o siléncio apresenta suas di- liculdades. Porque toma-lo como objeto de reflex4o, ¢ colocarmo-nos na relagao do dizivel com o indizi- vel, nos faz correr o risco mesmo de seus efeitos: o de iio saber caminhar entre o dizer e o nao-dizer. De todo moda, ¢ interessante lembrar aqui que, se meu primeiro livro publicado tinha como sub- titulo “As formas do discurso” (Brasiliense, 1983), nao é por acaso que, feito um percurso de reflexdo ¢ escrita, eu tenha chegado a este que, de direito, tem como titulo.As formas do siléncio. O fio condutor deste livro ¢ a apresentagio dos sentidos do siléncio e¢ isso que o estudioso da lingua- gem encontrard aqui desenvolvido com a cautela de quem cuida de explorar os entremeios tanto das disci- plinas como das diferentes teorias da linguagem, procurando no entanto uma especificidade. Acredito que o mais importante ¢ compreender que: 1. hé um modo de estar em siléncio que corres- ponde a um modo de estar no sentido e, de certa ma- neira, as proprias palavras transpiram siléncio. Hd siléncio nas palavras; 2. 0 estudo do silenciamento (que ja nao é siléncio mas “pdr em siléncio”) nos mostra que hé um processo de produgio de sentidos silenciados que nos faz entender uma dimensio do nio-dito absolutamente distinta da que se tem ¢s- tudado sob a rubrica do “implicito”. Vale lembrar que a significagio implicita, segundo O. Ducrot (1972), “aparece — e algumas vezes se da — como sobreposta a uma outra significacao”. Essa distingao que fazemos entre implicito e siléncio estard dita de muitos modos neste nosso trabalho, j4 que, para nds, o sentido do siléncio nao é algo juntado, sobre- posto pela intengao do locutor: hé um sentido no siléncio, O siléncio foi relegado a uma posigio se- cundaria como excrescéncia, como o “resto” da lin- guagem. Nosso trabalho o erige em fator essencial como condicio do significar, como veremos. Se uma dessas caracteristicas (a 1) livra o siléncio do sentido “passive” e“negativo” que lhe foi atribuido nas formas sociais da nossa cultura, a outra (a2) liga o nao-dizer a histéria ¢ a ideologia. Por outro lado, h4 uma dimensao do siléncio que remete ao cardter de incompletude da linguagera: todo dizer é uma relagio fundamental com 0 nao- dizer. Essa dimensfo nos leva a apreciar a errancia dos sentidos (a sua migragio), a vontade do “um” (da unidade, do sentido fixo), o lugar do non sense, o equivoco, a incompletude (lugar dos muitos sentidos, do fugaz, do nao-apreensfyel), nado como meros acidentes da linguagem, mas como © cerne mesmo de seu funcionamento. 12. | As FORMAS 00 SLENCIO Movimento, mas também relagao incerta entre inudangae permanénciase cruzam indistintamente iio silencio. Nem um sujeito tao visivel, nem um wentido tao certo, eis o que nos fica 4 m&o quando \profundamos a compreensao do modo de signi- ficar do siléncio. E que chega a nos fazer com- Ee ees preender de modo interessante o que € plo, a censura, vista aqui por ndés nao como um ilaclo que tem sua sede na consciéncia que um i= dividuo tem de um sentido (proibido), ‘mas como um fato produzido pela historia. Pensada através ila nogao de siléncio, como veremos, a propria no- yao de censura se alarga para compreender qual- (uer processo de silenciamento que limite o su- jeito no percurso de sentidos. Mas mostra ao mesmo tempo a forga corrosiva do siléncio que faz significar em outros lugares 0 que nao “vinga” em um lugar determinado. O sentido nao para; ele muda de caminho. O siléncio é assim a “tespiragao” (0 fdlego) da sig- nificagao; um lugar de recuo necessdrio para que se possa significar, para que o sentido faca sentido. Re- duto do posstvel, do multiplo, 0 siléncio abre espago para o que nao é “um”, para o que permite 0 movi- mento do sujeito. O real da linguagem — o discreto, o um — en- contra sua contraparte no siléncio. - O siléncio como horizonte, como iminéncia do sentido, tal como expressamos no corpo de nosso trabalho, aponta-nos que o fora da linguagem nao é o nada mas ainda sentido. ntroougao | 13 Siléncio que atravessa as palavras, que existe en- tre elas, ou que indica que o sentido pode sempre ser outro, ou ainda que aquilo que ¢ mais impor- tante nunca se diz, todos esses modos de existir dos sentidos e do siléncio nos levam a colocar que o siléncio é “fundante”. Desse modo, nesta nossa reflexio, procuramos indicar as varias pistas pelas quais alcangamos esse principio da significagao: o siléncio como fundador. Paralelamente, aprofunda- mos a andlise dos modos de apagar sentidos, de si- lenciar e de produzir o nao-sentido onde ele mostra algo que ¢ ameaga. Assim, quando dizemos que ha siléncio nas pa- lavras, estamos dizendo que elas sao atravessadas de siléncio; elas produzem siléncio; o siléncio “fala” por clas; elas silenciam. As palavras sao cheias de sentidos a nao dizer e, além disso, colocamos no siléncio muitas delas. Mas hd também um outro aspecto da reflexao so- bre o siléncio que consideramos bastante relevante. Trata-se do fato de que, pela exploragao mesma da capacidade de compreender o siléncio com nossos procedimentos reflexivos, fizemos um percurso pe- la andlise de discurso que nos mostra, por sua;Vvez, ° a fungio e o alcance de alguns de seus conceitos, assim como nos permite avaliar melhor seu espago tedrico ea historia de seu desenvolvimento. Isso se deve talvez ao fato de que, procurando entender a materialidade simbdlica espectfica do silencio, pudemos alargar a compreensao da nossa relagdo com as palavras. Esse lago, assim compreen- 1 | as FoRtas 00 SILENCIO ilido, indica-nos que nao estamos nas palavras para lular delas, ou de seus “contetidos”, mas para falar ‘om elas, Se assim podemos passar de palavras para \ Imagens (relagio do verbal com a metéfora), fa- vemos ainda outra passagem mais radical, passan- ilo das palavras para o “jogo”. E nessa dimensao do \iynilicar, como jogo de palavras, em que importa jiuis a remissao das palavras para as palavras — des- inontando a nogao de linearidade e a que centra o wentido nos “contetidos” —, que o siléncio faz sua entrada. © nao-um (os muitos sentidos), o efeito ilo um (0 sentido literal) ¢ o (in)definir-se na re- lagiio das muitas formacées discursivas tém no si- léncio © seu ponto de sustentagio. Desse modo é que se pode considerar que todo discurso j4 é uma (ala que fala com outras palavras, através de outras palavras.’ Com efeito, através da reflexao sobre o siléncio, rellexdo que tem como base a formulagao de ques- \6cs que pensassem o “nao-dito” discursivamente, para que se tornasscm visiveis aspectos deste que nao aparecem no tratamento lingitistico ou prag- matico dado a ele, também alguns aspectos da ana- lise de discurso se tornaram mais claros. Uma observacao se imp6e para situar um ponto essencial dessa relacéo de meu trabalho sobre o si- léncio ¢ a compreensio de certo percurso tedrico da andlise de discurso. Embora a condigao do significar 1 Sem esquecer que, da perspectiva discursiva, as palavras jé sio sempre discursos, na sua relagao com os sentidos. wiropucao | 15 seja o imaginatio — do sujeito e do sentido —, paraa andlise de discurso hé real (mesmo que para isso seja preciso distinguir diferentes tipos de “real”, segun- do Paécheux, 1983). E nessa relacio do imagindrio com o real que podemos apreender a especificidade da materialidade do siléncio, sua opacidade, seu tra- balho no processo de significacao. Ea partir desse ponto de vista que gostariamos de situar algumas questdes fundamentais para quem trabalha com o discursivo. Nao devemos, por outro lado, esquecer que, embora as nogdes de imagindrio, real e sim- bélico estejam definidas como tal no campo da psicandlise, o modo como a andlise de discurso vai articular essas trés nodes é proprio de seu campo especifico. Essa especificidade esta em que a articula- gio dessas trés nogdes se da, na andlise de discurso, em relagao a ideologia ¢ 4 determinagao historica ¢ nfo ao inconsciente, como é 0 caso da psicandlise. Isso produz um certo deslocamento no modo de pensar essas nogdes em suas posigdes relativas, pars ticularmente em relagao ao que a andlise de dis- curso trata no dominio do imagindrio e dos efeitos da evidéncia, produzidos pelos mecanismos ide as légicos. Tomando Pécheux como referéncia basica para entender a andlise de discurso da escola francesa, podemos dizer que o que singulariza 0 pensamento desse autor, c estabelece conseqiientementea susten- tacio fundamental da andlise de discurso, ¢ 0 lugar particular que ele daa lingua, de um lado, em rela- cio aideologia, que ele trata no dominio conceptual 16 | AS FoRMAS 00 siLencio ‘lo “interdiscurso’, e, de outro, ao inconsciente, na iehijio da lingua com o que seria a alangue (Lacan) : (le que Pécheux nao trata especificamente* em seu \iabatho, j& que ele visa justamente o outro lado des- 1 1elagdo: o discurso como lugar de contato entre linpuae ideologia. Isso Ihe permite conccber, diferentemente das cién- ‘lav sociais, o que é e como funciona a ideologia (pela jvo-transparéncia da linguagem: leia-se pela tomada vin consideragao da materialidade lingitistica), ao iiesmo tempo em que desloca 0 conceito de lingua ei sua autonomia absoluta (como ¢ vista na lingitis- \iea) para a autonomia relativa (pensando a mate- i\alidade histérica). Daf sera andlise de discurso por tle proposta distinta da andlise de contetido e da initlise lingiifstica, O funcionamento do siléncio atesta o movimen- io do discurso que se faz na contradigio entre o ium” eo “multiplo”, o mesmo e o diferente, entre purdfrase e polissemia. Esse movimento, por sua vez, mostra o movimento contraditério, tanto do wujcico quanto do sentido, fazendo-se no entremeio entre a ilusao de um sentido sé (cfeito da relagao com o interdiscurso) ¢ 0 equivoco de todos os sen- tidos (efeito da relagao com a /alangue). Embora iio trabalhasse, como trabalhamos, com 0 siléncio, Pécheux conduziu com maestria, ao longo de sua M, Pécheux (2969, p. 110): “Nous soulignons encore une fois que la ildorie du discours ne peut en aucune fagon se substituer A une théorie le Pidéologie, pas plus qu’a une théorie de Finconscient, mais quelle peut initervenir dans le champ de ces théories’. wiroougao | 17 teflexdo, a consideragao da regularidade e do equi- voco. Nao como observador onisciente, que, com seu esboco de teoria, tudo pudesse controlar, mas como quem sofria teoricamente os embates do jogo dos sentidos (no observado e no observador). Palavras com palavras, palavras com conceitos, pa- lavras com coisas, interioridade com exterioridade, descrigio e interpretagao, csses foram os pares que nao deixaram de se colocar em sua movéncia no pré- prio modo de esse autor pensar a teoria do discurso. No entanto, se algo fica como alvo fixo nessa cons- tante movéncia, é sem ditvida o reconhecimento de que se tem necessidade da “unidade” para pensar a diferenga, ou melhor, ha necessidade desse “um na construgio da relagao com © miltiplo. Nao a “unidade” dada mas 0 fato da unidade, ou seja, a “uni- dade? construida imaginariamente. Ai est4.a grande contribuicio da andlise de discurso: observar os modos de construgio do imaginario necessario na produgao dos sentidos. Por nao negar a eficdcia ma- terial do imagindrio, cla torna visiveis os processos da construgao desse “um” que, ainda que imaginaria, necessdria e nos indica os modos de existéncia e.d relagdo com 0 miultiplo, pois, como diz Pécheux (1975, pp. 83-84), “a forma unitaria € meio essen- cial da divisao e da contradigio’. Ou, dito de outra maneita, a diferenga precisa da construgao imagina- ria da “unidade”. Os que negam a eficdcia do imagi- nario em geral o reduzem seja ao “irveal’, seja a um. ‘ulcmos que a dispersao dos sentidos e do sujei- jd condigao de existéncia do discurso (Orlandi ¢ (uimaries, 1988), mas para que funcione ele toma \ aparéncia da unidade. Essa ilusio de unidade é tivity ideoldgico, é construgdo necessdria do ima- ylitvio discursivo. Logo, tanto a dispersio como a iliwao da unidade sao igualmente constitutivas. listas nossas consideragdes vao na diregio de peusar a lingua como “base comum de todos os jacessos discursivos’, ou seja, de pensar a necessi- ‘hide de manter a nogao de lingua (enquanto estru- \va) como pré-requisito indispensdvel para pensar 14 processos discursivos. Entretanto, no se trata de pensar a lingua enquanto forma abstrata mas em ia materialidade. Isso tudo pode ser observado, no pensamento ile Pécheux, quando ele considera que a ideologia ‘ao funciona como um mecanismo fechado (e sem lulhas) nem a lingua como um sistema homo- }Cnco, Mais precisamente, como tivemos a ocasiao de afirmar muitas vezes em nosso trabalho (Or- landi, 1983, p. 162), a relagao entre lingua e dis- curso se faz por reconhecimento, ¢ suas fronteiras ao colocadas em causa constantemente. A lingua iio existe pois na “forma de um bloco homogé- neo de regras organizado 4 maneira de uma ma- quina Idgica” (Pécheux, idem). Dai o vai-e-vem incessante entre a ordem das coisas, a do pen- samento ¢ a do discurso, e que mostra a decalagem constante entre pensamento e forma gramatical na constituigio discursiva dos referentes. Ha, em su- iad? “efeito psicolégico individual, de natureza poetica. Nao véem assim sua necessidade ¢ sua eficacia. INTRODUGAO 18 | _ AS FORMAS DO SILENCIO wwiropucao | 19 ma, uma separagao irremedidvel entre a ordem das coisas ¢ a do discurso. £ nesse Ingar tedrico que aparece a necessida- de da ideologia na relacao com a produgio de sen- tidos. A ideologia se produz justamente no ponto de encontro da materialidade da lingua com a ma- terialidade da histéria, Como o discurso € 0 lugar desse encontro, é no discurso (materialidade espe- cifica da ideologia) que melhor podemos obser- var esse ponto de articulacéo. Para isso 7 preciso compreender o estatuto tedrico e metodoldgico do conceito de formagio discursiva na andlise de dis- curso, As diferentes formulagoes de enunciados se retmem em pontos do dizer, em regides historica- mente determinadas de relagées de forga ¢ de sen- tidos: as formacées discursivas. Expliquemo-nos. Para Pécheux, o discurso € efeito de sentidos entre locutores. Compreender o que € efeito de sentidos écompreender que o sentido nao est (alocado) em jugar nenhum mas se produz nas relagGes: dos su- jeitos, dos sentidos, ¢ isso sé posstvel, ja que suj eito e sentido se constituem mutuamente, pela sua ins- crigio no jogo das multiplas formages discursivas (que constituem as distintas regides do diztvel para os sujeitos). As formagées discursivas sio diferen- tes regides que recortam 0 interdiscurso (0 .dizivel, a meméria do dizer) ¢ que refletem as diferengas ideoldgicas, o modo como as posigdes dos sujeitos, seus lugares sociais ai representados, constituem sentidos diferentes. © dizivel (o interdiscurso) se parte em diferentes regiocs (as diferentes formagées 20. | As FORIAS 00 SILENCIO lincunsivas) desigualmente acessiveis aos diferentes lctitores, Quando se concebe a lingua — como os linpulistas — enquanto sistema de formas abstratas (e mo material), tem-se a transparéncia e o efei- to de literalidade. Porém, se a concebemos — na perspectiva discursiva — como materialidade, essa mutcrialidade lingitistica € o lugar da manifestacao thus relagdes de forgas e de sentidos que refletem os -ontrontos ideolégicos. Essa perspectiva devolve a upacidade do texto ao olhar do leitor. Compreender 0 que € efeito de sentidos, em su- ma, é compreender a necessidade da ideologia na constituigdo dos sentidos ¢ dos sujeitos. E da telacio icputlada historicamente entre as muitas formagées dliscursivas (com seus muitos sentidos possiveis que se limitam reciprocamente) que se constituem os iliferentes efeitos de sentidos entre locutores. Sem esquecer que os préprios locutores (posi¢des do su- jcito) no sdo anteriores 4 constituicao desses efeitos mas se produzem com cles. Importa ainda lembrar uc o limite de uma formagao discursiva é 0 que a distingue de outra (logo, 60 mesmo limite da outra), 0 que permite pensar (como Courtine, 1982) que a lormagio discursiva ¢ heterogénea em relagao a ela mesma, pois j4 evoca por si o “outro” sentido que cla nao significa. Ora, a relacdo com as miltiplas for- mag6es discursivas nos mostra que nao hd coincidén- cia entre a ordem do discurso e a ordem das coisas. Uma mesma coisa pode ter diferentes sentidos para os sujeitos, E é af que se manifestam a relagao contra- ditéria da materialidade da lingua e a da histéria. itroDugKO |

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