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560 § inico. O Pando Especial de Transportes Terrestres, reembolsars a Junta Anténoma de Estradas da parte que lhe cabe nas despesas, & medida que estas venham a ser redlizadas. Art, 3." A Administragio-Geral do Porto de Lisboa © a Direccio-Geral dos Servigos Hidréulicos facultario, dentro das suas disponibilidades, o material © possoal especializado que Ihes for solieitado pela comissio para ser utilizado nos estudos @ seu cargo, suportande do conta das suas dotagdos orcamentais of respectivos en- cargos. “Art. 4* A Direosio-Gral de Minas ¢ Servig Jogicos ¢ 0 Laboratério Nacional de Engenha prestario, nas condigdes estabelecidas nos seus orgiinicos, a assisténcia técnica que for necessiria para a boa realizagio dos trabalhos a que se refere 0 pre- sente diploma, Publique-se © cumpra-se como nele ge contém. Pagos do Governo da Repiblica, 20 de Maio de 1954. — Franctsco Hro1No Onaverno Loves — Anté- nio de Oliveira Salazar—Jodo Pinto da Costa Leite— Fernando dot Sanice Costa — Joaquim Trigo de Ne- greiros — Manuel Goncalves Cavaleiro de Ferreira — Artur Aguedo de Oliveira — Américo Deus Rodrigues Thomas—Paulo Arsénio Virissimo Cunha— Eduardo de Arantes ¢ Oliveira — Manuel Maria Sarmento Ro- drigues — Fernando Andrade Pires de Lima — Utisses Cruz de Aguiar Cortés — Manuel Gomes de Araiijo — José Soares da Fonseca. deevoseseseesssssossosossoossssoosoooootost MINISTERIO DO ULTRAMAR Decreto-Lel n° 39 666 A Lei Organica do Ultramar (Lei n.* 2 066, de 27 de Julho de 1953) contém varios preceitos relativos a populacées indigenas das provincias da Guiné, Angola ‘ogambique. Além das bases componentes da seogio especialmente epigrafada «Das populagies indigenass, encontramse, nomeadamente, o n.° v da base 1xv, sobre © julgamento das questdes gentilicas, e 0 n.°'m da base rx1x, sobre a extenstio dos sistemas penal e peni- tenoléso. a 7 A. regulamentagiio dos frincipios gerais contidos estas bases exige que sejax altaladen Clguns doe pros ceitos dos chamados «Estatuto Politico Civil e Criminal dos Indigenas» e «Diploma Orginico das Relagdes de Direito Privado entre Indigenas e nfo Indigenas» (De- cretos 1." 16 478 16 474, de 6 de Fevereiro de 1929), que, por outro lado, haveria jé anteriormente conve- nigncia em modificar e aditar em parte, a fim de uni- formirar procedimentar, extinguir rogimes locals ina- dequados e alargar o ambito das reformas, Com efeito, em leis gerais de cardcter fundamental, como o Acto Colonial, a Carta Orginica do Império Colonial Portugués e a propria Constituigtio Politica, algumas das régras contidas no estatuto ¢ no diploma orgénico foram gradualmente aperfeigoadas, ao mesmo tempo que outzos diplomas — como o Decreto n.° 35 461, de 22 de Janeiro de 1946, sobre o casamento — enun- ciavam preceitos que bem caberiam no estatuto. Acresco que certas matérias importantes, entre as quais a aqui- sigdo da cidadania por antigos indigenas, eram regu. Indas apenas om textos locais, falhos de homogeneidade. © presente decretoaplica os prinefpios fundamental hoje consignados na Uonstituigio Politica e na Lei Or. ginica, ¢ deseuvolve-os, na extensiio compativel com a sua nafuresa, devendo seguir-se-Ihe outros diplomas que especialmente se ocupem de certos aspectos que exigen regulamentagio pormenorizada. I SERIE—NOMERO 110 Deseja-se acentuar ter havido agora a preocupagio do, sem enfraquecer a protecgfo legal dispensada ao in- digena, considerar situagdes especiais em que ele pode encontrar-se no caminko da civilizagio, para que 0 He- tado tem o dever de o impelir. Neites termos: Usando da faculdade conferida pela 1.* parte do n° 2° do artigo 109.° da Constituigio, 0 Governo de- ereta e en promulgo, para valer como lei, o seguinte: CAPITULO 1 Dos indigenas portugueses © do seu estatuto Antigo L° Gozam de estatuto especial, de harmonia som » Gonstituipia Politica, a Lei Organica do Ultre mare 0 presente diploma, os indigenas das provincl da Guing, Angola @ Mogembiquee” a § sinico. O estatuto do indigena portugués 6 pessoal, devendo ser respeitado em qualquer parte do territorio Portugués onde so ache o individuo que dele goze, indigenas das referidas pro- Ant. 2.° Consideram. vineias os individuos di 8 portigueses, _§ nico. Consideramse igualmente’ indigenas os in- dividuos nascidos de pai e mie indigena em local es. tranho aqulas provineias, para onde os pais se tenham temporariamente deslocado Act 8 Salvo quando a Tei dispuser doutra maneira, os indigenas regem-se pelos usos e costumes préprios das rospeotivaswociedadea! aco 31° A contemporizagio com os usos e costumes in- digenas é limitada pela moral, pelos ditames da huma- nidade e pelos interesses superiores do livre exercicio da soberania portugue § 2.* Ao aplicarem os usos e costumes indigenas as au- toridades procurardo, sempro quo possivel, harmonizé-los + -Com os prineipios fundémentais do direito pubblico ¢ pri vado portugués, buscando promover a evolugao cau ddas instituigdes nativas no sentido indicado por prinefpios. 5,3.” A medida de aplicagto dos usos e costumes in- digenas sera regulada tondo em conta o grau de evo- Ingo, an qualidades morais, a aptidéo profissional do indigena ¢ 0 afastamento ou integragto deste na socie dade teibal. aie “ Att. 4° 0 Estado promoveré por todos os meios 0 melhoramento das condig&es materiais e morais da vida, ‘dos indigenas, o desenvolvimento das suas aptiddes ¢ faculdades naturais e, de maneira geral, a sua educagho pelo ensino ¢ pelo trabalho para a transformagiio dos seus usos e costumes primitivos, valorizagio da sua acti. vidade e inte ‘activa na comunidade, mediante acesso i cidadania, Art, 5.° 0 Estado prestaré a ascisténcia necessiria 9 melhoramento da sanidade das populagGes o seu cres- cimento demogréfico, e bem assim i introdugdo de novas ffenieas de produgio na economia das sociedades ‘na- vas, __ Art. 6.* O ensino que for especialmente destinado aos indigenas deve visar aos fins gerais de educagio moral, civiea, intelectual e fisica, estabelecidos nas leis ¢ tam. bém & aquisigio de habitos ¢ aptiddes de trabalho, de harmonia com os sexos, as condigdes sociais eas con. veniGnoias das economias regionais. § 1* 0 ensino a que este artigo se refero procuraré sempre difundir a Nngua portugues trumento dele, poderé ser autorizado mas nativos, 20 DE MAIO DE 1954 § 2° Aos indigenas habilitados com o ensino de adaptagio ow que mostrem, pele forma que a lei pre- vir, desnecessidade dele, & garantida a admissio ao ensino publico, nos termos aplicéveis aos outros por- fugu CAPITULO IL Da situagéo juridica dos indigenas seopio x Da organizacao politica Art. 7° Ae instituigies de natureza politica tradi- cionais dos indigenas sfo transitdriamente mantidas conjugam-se com as instituigdes administrativas do Es- tado Portugués pela forma declarada na lei. ‘Axt, 8. Os agregados politicos tradicionais so ge- néricamente considerados regedorias indigenas, consen- tindo-se embora a designagio estabelecida pelo uso re- gional (sobado, regulado, reino, ete.). § tinico. Quando a sua extensio o justifique as re- gedorias podem ser divididas em grupos de povoagées e em povoagies. Art. 9.° A cada regedoria pertencem todos os indi- s que no seu territério habitam permanentemente js que nele apenas residam transitdriamente, ainda que por sfeito de contrain de trabalho, #6 para efeitos ae policia dependem das autoridades gentilicas locais. § nico. A mudanga de residéncia de um indigena de uma para outra regedoria, dentro de mesma circunscri- fio, depende de autorizagio da entidade administrativa cal; a mudanga para regedoria situada noutra circuns- erigio depende de autorizagio dos administradores in- teressados. ‘Art. 10.° Em cada regedoria indigena exerce autori- dade sobre as populagées gentilicas um regedor indigena. Em cada grupo de povoagdes ou povoagiio seré essa nu- toridade confiada a um chefe de grupo de povoagées ou de poroagio. $1. O exercieio das fungdes de autoridade gentilica 6 qormalmente eamunersdo, § 2.° Os rogedotes e chefes de grupo de povoagdes ou de'povoagia esemponhom es fensben atzbuidse pelo ‘uso local, com as limitagGes estabelecidas neste diploma. ‘A obedigncia que as populagdes Ihes devem 6 a resul- tante da tradigio e seré mantida enquanto tespeitar 08 principios @ interesses da administragio, a contento do Governo. ‘Art. 11.° Os regedores sf eleitos ou de sucessio di recta ou colateral, conforme os ueos © costumes local § tinico, A investidura dos regedores que a eleigio ou a cucessiio designarem fica dependente de homologagio plo governador da provincia ou do istrit, que podem igualmente destitui-los quando no desempenhem con- venientemento as fungies do car ‘Art. 12.° Os chefes de grupos de povoagées 08 chefos, de povoagio serio escolhides, conforme os us0s, pelos dores, com aprovagio das entidades administra- tivas locais "Art. 18.° As mulheres podem ser investidas no cargo de chefe de povoagio quando esta for formada por uma 56 familia © se derem as hipdteses de auséncia tempo- réria do chefe ou da menoridade deste, seu tutor, ow quando essa for a tradigio local. Art, 14° As populagdes no podem depor os chefes gentilicos investidos em exercicio de fung6es por auto- ridade administrativa, nem reintegrar quem delas legi- timamente tonha eido destitufdo. ‘Art, 15.° Os chefes gentilicos tém os privilégios que wos o costumes indigenae Thee confenirem, podendo ser-Ihes recusados aqueles cujo exercicio se mosize in- conveniente ou imoral. Bel Act, 16.° Junto de cada regedor poderé haver um con- celho de sua esoolha, formado pelos indigenas de maior respeitabilidade da regedoria ou povoagdo, tendo por dover auxiliar o chefe no exereicio das suas fungbes. § 1 Os regedores deverfo apresentar & autoridade administrativa os ind{genas que fizerem parte do con- elho referido no presente artigo © nfo poderdo substi- tuielos sem conhecimento dela. § 2° Os ind{genas que fagam parte do conselho terio a designagio que, por uso antigo, Ihes pertencer @ 03 re- gedores poderio confiar-Ihes a direogio de determinados negécios indfgena proibido aos chefes gentilicos, sob pena de prisio ot de trabalhos piiblieos de quinze dias a dex meses, aplicada mos termos da lei 1! Cobrar impostos em seu proveito; 2= Aplicar multe; , .° Servir-se do nome da autoridade administrativa ‘ou dos seus dolegados, sem seu prévio conhe- ‘cimento, para conseougio de qualquer fim; 4.2 Sair da drea da sua oirounserigo sem prévia li- conga da autonidade administrativa compe- tonto; 5.° Opor resisténcia 20 cumprimento das ordens das ‘autoridades administrativas ou incitar a ela; 6. Proteger ou deixar de reprimir 0 fabrico ou a ‘venda ilegal de bebidas aleodlicas ou téxicas ou outros actos imorais e eriminosos; 7 Manter enearcerado algum indigena, sem dar imediato conhecimento & autoridade adminis- trative. Art. 18 Os chefes de grupos de povoagées ou de po- voagio esto directamente subordinados as regedorias indigenas; estes ficam na dependéneia do administra dor da cirounserigio, § tinico. As ordens ¢ instrugdes serio transmitidas as autoridades gentilicas, quer directamente pelo adm nistrador, quer pelos chefes dos postos administrativos as suas atribuigies legais relativamonte aos indfgenas que vivam em regime tribal com a coadjuvagio dos (dos politicos formados segundo os ‘Art. 20." Os chefes gentilicos procurario desempe- nharse das fungdes que Ihes incumbem, tanto, quanto possivel, os usos, costumes ou tradigdes permi- fidos pelo artigo 8.° © seus pardgrafos deste diploma; & autoridade administrativa cumpre dirigi-los por forma a, com reconheoimento priblico, integrar @ sua acgio na obra civilizadora. ‘Art. 21." As autoridades administrativas exercerio por si a68 jurisdigio © polfcia sobre os indigenas que doixarem de estar integrados nas organizagles politicas tradicionais, ‘Art. 22° Quando se tenham formado aglomerados po- pulacionais constitufdos exclusivamente por indigenas nas condigSes do artigo anterior, poderio as autoridades administrativas nomear, de entre os habitantes, rege- dores administrativos a cabos de ordens, aos quais serko atribuidas fungdes policiais e de auxiliares da admi- nistragio civil. § tinico. A competéncia destes auxiliares ¢ as demai regras necessérias & administragio dos referidos aglo- merados populacionais serdo-estabelecidas em diploma especial. ‘Art. 23.° Nao so concodidos aos indigenas direitos politicos em relagio a instituigbes nfo indigenas. § nico. Os indigenas tero representantes, escolhidos pela forma legal, nos conselhos legislativos ou de Go- ‘verno de cida provincia.

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