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Alucinaes Hipnaggicas

No intervalo do incessante
Para l do perceptvel
emaranhado numa zona incerta
quando a noite mais de trevas
E um quarto bem estreito
exageradamente infindo
ora ali o oniromante

De outrora letargo
de outro nome alcunhado
que agora desperto
aprende a dormir

recnditos respiros
rebulios arredores
vasos sanguneos
colricas vozes
vislumbra o enfermo
sem remdio
sem cura
Um quadro preto
um naufrgio

II

Jaz adormecido
em cama de pedras
com colcha de espinhos

L dentro avenidas movimentadas sussurram verdades


cheias de agudos
ngulos, retos, obtusos
com vrtices nas curvas semicirculares

Um rompante inaudvel
turbilhes de incertezas
de vozes cegas
emergindo da fresta tenebrosa
que brilha o sexo cobiado
de seios
de coxas
de longos cabelos loiros
de pele negra
de pele vermelha
de pele amarela
peles to alvas quanto a neve
Uma avalanche de inseguranas
Correntes de ferro
enferrujadas
que rasgam a carne
com ttano
e o sangue escorre
num rio plcido
repleto de peixes e tartarugas
de ondinas e sereias
onde banham as musas
que cantam o canto de Morfeu
como elia lira
que entorpece e inspira
o oniromante
que ali adormeceu

III

No sonho de um sonho
h um sonho esquecido
guardado a sete fechos
no fundo inflexvel

de imagens arquetpicas
de desejos obscuros
de vises aterradoras
de um jovem bem febril

devagar vai adentrando


nessa estranha entrelinha
qual razo do desconexo
desconstri o findo dia

tenazes vozes em seus ouvidos


reproduzidas como brados
brotam atroadas
de estrondosas trovejadas
Neste tempo sem um tempo
h tempos transcorrido
inesperados fragmentos
reprimidos e esquecidos

Por fraes de um instante


trafegando entre a memria
dos dias das noites do futuro
do passado e das histrias

Clareiam-se como cruz


como carga no caminho
Cultuando a culpa a luz
jaz oculta na cova deslembrada

Marcus Faustino

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