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PODER JUDICIARIO ‘usta Federal AGAO ORDINARIA. PROCESSO N.° 2004.61.14.000919-5, AUTOR: ACRILEX TINTAS ESPECIAIS S/A. ASSISTENTE: CONSELHO REGIONAL DE QUIMICA - CRQ. REU: CONSELHO REGIONAL DE ENGENHARIA, ARQUITETURA E AGRONOMIA - CREAA/SP. 13a. VARA FEDERAL. JUIZ FEDERAL: DR. WILSON ZAUHY FILHO. A autora promove agao visando declaragdo de inexisténcia de relago juridica em face do Conselho Regional de Engenharia, Arquitetura e Agronomia - CREAA, para que se veja desobrigada de registro perante o referido érgao, bem como o afastamento da multa que Ihe foi imposta. Alega ser industria quimica, dedicada & fabricagéo de tintas, vernizes e material escolar. Sustenta que tais atividades demandam a manipulagao de substancias e produtos quimicos, razo pela qual mantém um quimico responsavel pela empresa, possuindo, ainda, registro junto ao Conselho Regional de Quimica. Assevera ter sido autuado pelo réu, com a decorrente imposigo de multa, a0 argumento de necessidade de contratagdo de engenheiro responsdvel e respectiva inscrigéo no CREAA. Insurge-se contra tal exigéncia, vez Sentenga Tipo A PODER JUDICIARIO ‘Justia Federal Conselho Regional de Quimica em razéo da atividade basica desempenhada Efetuado 0 depésito do valor da multa exigida pelo réu. Em sua contestagdo, 0 Conselho Regional de Engenharia, Arquitetura e Agronomia — CREAAVSP, alega, em preliminar, a impossibilidade juridica do pedido, considerando que hd previsdo legal que obriga a autora a registra-se no érgao. No mérito, sustenta que o registro das empresas nos Conselhos de fiscalizagao 6 regido pela Lei 6.838/80, sendo que a obrigatoriedade do registro da autora junto ao réu esta prevista nos art. 59 © 60 da Lei 5.194/66, regulamentado pela Resolucao n° 417 baixada pelo Conselho Federal de Engenharia, Arquitetura e Agronomia; que a atividade desenvolvida pela autora esta prevista nos artigos 7°, alinea “h’ e 8° da Lei 5.194/66; que a autora exerce atividades de produgao técnica especializada, privativas de engenheiro, que exigem conhecimento de carater profissional especifico, de tecnologia, abrangendo processos e operagées de planejamento e projeto de equipamentos. Por fim, 0 réu pugnou pela improcedéncia da agao. A ago inicialmente foi distribuida na 1° Vara Federal de Sao Bernardo do Campo e, posteriormente, com o acolhimento da Excegao de Incompeténcia interposta pelo Conselho Regional de Engenharia, Arquitetura e Agronomia - CREAN/SP, os autos foram remetidos para esta Subsegao Judiciéria de Sdo Paulo e distribuidos a este juizo. Instadas a especificarem provas, a autora Tequereu 0 julgamento antecipado da lide e o réu, a produgo de prova pericial, que restou deferida, As partes indicaram assistente técnico e apresentaram quesitos. Admitido 0 ingresso do Conselho Regjénat de Quimica na condigao de assistente técnico da autora. PODER JUDICIARIO; ‘Jstiga Federal © perito apresentou laude, sobre o qual, posteriormente, as partes se manifestaram. E O RELATORIO. DECIDO: © ceme da controvérsia diz com a obrigatoriedade de insctigéo da autora no Conselho Regional de Engenharia, Arquitetura e Agronomia - CREAA/SP, tendo em vista a atividade empresarial por ela desenvolvida. A preliminar levantada pelo réu diz com 0 mérito da ago e sera com ele analisado. Passo ao exame da questo de fundo. © ‘registro das empresas nos Conselhos de Fiscalizagao esta previsto no art. 1° da Lei 6.838/80, que dispée in verbis: “Art. 1° © registro de empresas @ a anotagao dos profissionais habilitados, delas encarregados sero obrigatérios nas entidades competentes para a fiscalizagéo do exercicio das diversas profissdes, em razio da alividade basica ou em relagéio aquela ativi pela qual prestam servicos a terceiros.” réu argumenta que a obrigatoriedade resulta do fato da autora utilizar-se de procedimento especializado, pautado em nica, para a realizacao de seu objeto social, invocando 0 artigo 7° da Lei n° §.194/66 como supedaneo de sua argumentagao. Confira o que diz tal dispositivo: “Art. 7° As atividades e atribuigées profissionais do engenheirg, do arquiteto © do engenheiro-agrénomo consistem em: a) desempenho de cargos, fungdes e comissdes em entidad ‘estatais, paraestatais, autarquicas, de economia mista e privad: PODER JUDICLARIO “Justiga Federal b) planejamento ou projeto, em geral, de regides, zonas, cidades, obras, estruturas, transportes, exploragdes de recursos natur e desenvolvimento da produgao industrial e agropecuaria; ©) estudos, projetos, analises, avaliagées, vistorias, pericias, pareceres divulgagao técni d) ensino, pesquisas, experimentagdo e ensaios; e) fiscalizagao de obras e servigos técnicos; f) direcdo de obras e servigos técnicos; {g) execugio de obras e servigos técnicos; h) produgao técnica especializada, industrial ou agro- pecudria. “ © objeto social da autora consiste em: “(i) industria, 0 comércio, a importagéo, exportagao, representagao por conta propria e de terceiro, fabricagéo de tintas, vernizes @ resinas em geral, de produtos e transformagées de plasticos, de colas e adesivos, de gizes, massas de todos os tipos, crayons, aquarelas, canetas, pincéis, telas para pintura, emutsao de todos os tipos; (ii) fabricagao e embalagem de produtos em aerosol; (il) edi¢éo e distribuigado de material didatico, livros, revistas, cursos em video, através dos veiculos de comunicagéo, mala direta." (fl. 13) © perito judicial, ao tratar do tema relative & atividade basica da empresa autora, assim se manifestou: “a produgao da autora se compdem de mistura © homogeneizagéo de matérias-primas simples, algumas inclusive com aquecimento, onde ocorrem reagées quimicas dirigidas. Ademais, a autora no tem como atividade basica, nem tampouco presta servigos para terosiros na area de engenharia. Assim, fica descaracterizado que a autora realize atividades tipicas de engenharia” (fl. 243) processo de fabricacao dos produtos é tratado pelo perito ao responder aos quesitos formulados pelo réu: 8.8) “Os produtos por ela fabricados pdderia ser clasificados como “produgdo técnica especializada"? Por qué?" B33 PODER JUDICLARIO Sustga Federal Resposta: “Nao, absolutamente os produtos fabricados pela autora podem ser classificados como produgao técnica especializada, eis que apesar da produgdo em série, tais produtos séo singelos © com pequeno valor agregado, a exemplo da tinta guache que custa R$ 0,15 a unidade” 8.10) *O trabalho desenvolvido na indistria implica em conhecimento @ aplicagao de quais modalidades de engenharia"? Resposta: “A rigor implica em conhecimentos de quimica’. (fl. 245) 9.17) "Pode o Sr. Perito informar se a empresa ACRILEX desenvolve para terceiros ou comercializa projetos de fabricas de tintas © vernizes? Que tipo de projeto de engenhana quimica ou de outras, engenharias a empresa desenvolve, comercializa ou presta servigo"? Resposta: “Nao, a autora nao realiza tais atividades, inclusive para terceiros, se dedicando somente as suas préprias necessidades." (251) Como se vé, restou cabalmente comprovado que a autora nao tem como objeto a exploragdo de servigos de engenharia, arquitetura ou agronomia, sendo desnecessaria mao de obra especifica de engenheiro para o desenvolvimento de sua atividade produtiva. ‘Assim sendo, desnecessaria se faz a inscrigao da empresa nos quadros do conselho-réu, bem como a contratagado de profissional engenheiro para a pratica de suas atividades sociais. Face a todo 0 exposto, JULGO PROCEDENTE 0 pedido, para o efeito de DECLARAR a nao existéncia de relac&o juridica que obrigue a autora a registrar-se no Conselho Regional de Engephayia, Arquitetura e Agronomia - CREAA/SP, bem como a pagar anuidade bo referido Conselho.

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