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MARIO FERREIRA DOS SANTOS Sociologia Fundamental € Frica Fundamental Livarta Eprtora LOGOS Lapa. Rua 15 de Novembro, 137 — 8. ‘Telefone: 95-6080 — SKO PAUL ndar 1 ediedo em outubro de 1957 2 edi¢do em novembro de 1959 TODOS OS DIREITOS RESERVADOS OBRAS DO AUTOR = "Filosofia ¢ Coamovielo”™ — 4 ed. = "Liglea e Diatietien” — 4" et, "Psicologia" — 4 ed. — "Teoria do Conhesimento” — (Gnoseologia © Critirilogia) — 3.¢ ed. = *Ontologia ¢ Cosmologia” — (As Cidnelas do Ser ¢ do Cosmos) — 42 ed. 70 Homtem que foi um Campo de Batatha" — (Pxélogo de “Vontade de Poténcia”, do Nietesche”) — Bsgotad = "Curse de Oratéria e Retérien” — 1 e 0 Homem gue Nascan Péstumo” — 2 vols. — 28 ed. "Assim Falava Zavatustra” — (Texto do Nietzsche, com and len) — 3° of. ~ "Teenie do Discurso Moderne” — 4." ed. — “Sea Bafinge Palazse..." — (Com o psondinimo de Dan Andersen) = Bsgotada. = *Realiiade do Hemem” — (Com @ paediniano de Dan Andersen) — Bsgotada, = "Anal = ‘Curso de Integragio Pessoal” — 8.8 ed. — "Tratsdo de Eeonomia” — (@d. mimcomrafada) —~ Easotada, T *Arlsiteles @ as Mutactes” — ( eaten do tex 7A Ante e 8 Vide” ygumnento” — 2. ed, = "Gortas Subsileens Homanas” — 2° ef, = *A Late dos Contrivios” — 28 ed, losofias da Afirmagio ¢ da Negacio". “— "Métodos Légicos ¢ Dialécticoa” — 2 vole x loofia © x “0s Versos Aureos de Pitéoras x *Tratado de Estética’ x “Filosofia ¢ Histéria da Cultura”. X "Tratado Decadialéetieo de Economia" , INDICE comentadan — 12 vols, X “Obras Competas de Antattelos” — comentadas — 10 vol. TRADUGOES: Preféecio n “Ventade de Pot de Nictaehe Alée do Bem ¢ do Mal” — de Nietsche, SOCIOLOGIA FUNDAMENTAL ‘Aurosa” — de Nietaashe “Didrio fatima” — do Amiel Tema I “Saudagdo a0 Mundo” — de Walt Whitman Art. 1 — Facto Social e Sociedade ww Art, ses Sociais € Grupos Sociais 37 Art, 8 — Graus de Inter Extensidadi Art. 4 — A Sociologia 49 Tema II Art. 1 — ‘Téeniea Social — Grupos & base de forca, 35 Art. 2 — Grupos A Base de Persuasio a Art. 8 —- Bxame das Relagées Sociais Positivas Negativas, nos Grupos Soeiais 67 Tema TIT Art. 1 — Da Autoridade Social 83 Art, 2 — 0 Estado na Simbiose Social 99 w MARIO FURREIRA DOS SANTOS #TICA FUNDAMENTAL TeMwa I Art, Unico — A Btiea como Giéneia Concreta . Tema IT Art. 1 — Historia da Btiea Art. 2 — Origem da Conseféncia Moral Art. 8 — As Concepcées Morais segundo o Fim Humano Pema IIL ‘Art, 1 — Caracteristieas do Dever-Ser Art. 2 —- Dos Fins e dos Meios - Art. 8 — O Dever-Ser Humanamente Btico Tema Iv Art. Unico — Teses Fundamentais da Filosofia Conereta da Etiea TESES SUBORDINADAS Argumentos de Tomas de Aquino sdbre o livre- -arbitrio Algumas normas éticas Tema V Art. Unico — Do Direito ¢ outros conceitas morais 109 121 1st aa 159 165 169 181 215 2a 23a PREFACIO Com esta obra, damos “Enciclopédia de Ciéncias cerrada ap reduzimos a teses apor des 76 adi 2 segunda parte de nossa icas © Sociais", tendo sido en- losofia Conereta", na qual ind de ponto de partida € também de apoio para novas especulagées no terreno de oi tras diseiplinas. Ao exartinarmos, neste livro, a Sociologia ¢ a Btica fun- ‘por esta diseipli= ie, corn 0 que hi, de fundamen- nae mais {dell adaptagdo , to faikos de er fg entutos, to deseurndos na épace. m tum verdadeire (ratamonto especulative 0 a Btica com a Moral, 0, e por ter a Moral srgido oo énieo, como extrema. ferais'¢ nas diversas rregides do mundo, jolgaram muitos, 6, entre éles grandes pene 12 MARIO PERREIRA DOS SANTOS sadores, que a Btica nada. mais seria que a diseiplina que estu- da 08 costumes estabelecidos na sociedade por influéncias de factores de ordem religiosa, ow econémicn, ou apenas histbrico~ ssociais, Negavam-the, assim, qualquer fundanento ontotégieo. Reduzida a religido, perdia eta, ante o8 othos do homem ineré- aula da nossa épocd, 0 seu verdadeiro valor. Cotocamo-nos nume posiedo, por déste livro, de que « distinct entre Bien ¢ Moral é mais Etica, como diseiplina dedica-se a revelagito das normas invariantes, das lets eternas ‘que presidem ao dever.sor do homer, 7 ‘montos ao estudo da Etica exe Ygico. Para més, os factos cthikoi, 08 quais extda para a para simboto. Para toilo abstractismo moderno, que viswaliza 0 mundo ico ou do biolégico, como procedem. jas mecanicistas e o8 biologistas, ou ima apresenta. , em grande parte predominante no pen- um factor de confusto e de prejuizo para porque éxle, desviado da visto nitida. dos imperativos dticos, passon a compreender 0 dever-ser ante si ‘mesmo, ante o sew semethante ¢ ante o Ser Suprema, como upenas’ regulado por normas morais, por preceitos estabeleck- dos, ¢ muttas vézes arbitrérias, B todos deses que se sectari- zaram em jace de tais temas, deizaram de recomhecer quo @ verdaieiro problema do horem continua senio o que nce penuinamente humano: 0 problema do dever-ser frustavel pela Sua vontade. Se olkarmos para os temas que constituem a questo so- cial, veremos que « solucio nav poderd dar-se pelo arbitrio, nem pelo emprégo da forge, que faca dominar a ético, profundamente ética, e é s6 fundado no que hé de inva riante naguela diseiplina que poderé encontrar az verdadeiras SoctoLOGIA FUNDAMENTAL B SICA FUNDAMENTAL 1) normas que deverko regular as relagies dos homens consign mesmios, con seus semelhantes, como pore, quanto esta além déle, sem o qual E 0 descazo dox estudos éticos ‘MAmio PERRETRA DOS SANTOS SOCIOLOGIA FUNDAMENTAL TEMA T ARTIGO 1 FACTO SOCIAL B SOCIEDADE Podemos estudar a Natureza que nos cevea, divi em quatro esferas a Diolégica, em que a quantidade existencial vida, o 0 eatudo que Ihe eorresponde ¢ 0 da das cigneias afins} Logica, em que @ vida manifesta sensi 0, € que cabe & Paeologia estudar, e, ‘a antropolésica, qu dam as relagses humanas, objesto material Sociologia e das ciéneias afins, como veremos. Vive 0 homem em scciedade (socius, 0 que acompanha, companhelro). Para surgir um ser huméno, nocessita dle de luma parelha ‘de séres de sexos diferentes (homer her), para que o gestem e Ine déem a vida, E Jl ainda que o amparem, até idade que Ihe permita ov precisa ser eduendo (e, fora e ducere, conduair para ta forma, para surgit im ser bhumano, impdem-so relagées entre séres semelhantes, necessiriamente anteriores a éle, com 03 ‘quais mantém relagies. Foi baseado em hhomem 6 um ser soeial Aristételes dizia que 0 is aspectos qu Ao observarmos uma ‘200m politito © di como so correlacionam com outros, © guais as leis que os reger. 18 MARIO FERREIRA DOS SANTOS tolalidade, notamos as relagées entre as partes € 0 todo, e da- quelas entre si, a0 que chamamos ordem. Ora, em tds a na turoza hi relagdes das partes entre si, por isso hd sempre cordem. Mas a ordem nao é sempre a mesma, pois hé tolali- artes funeet at interbase penas ao proprio. Verificamos, aqui, uma or- ria, porque forma uma unidade de per si, uma estruc- tura organizada (de Grgéo), porque cada parte jé tem uma funceao determinada, delimitada, que Ihe 6 tipica: Na_parelnn humana, e nos seus descendentes, forma-se uma ordem (relagao das partes com o todo e das partes entre si). E’ uma ordem organizada, porque ha um todo em que cada parte tem uma funcgdo, determinada em certo sentido pelo interésse do todo, Forma-s 1» uma coeso, uma coeréncia hacrens, de todo). "Ess de as partes, diversos, de cum e mmido como com filhos nfo 6 apenas a soma de ma- rid 08, mas uma estructura coerente, uma totu lidade, cujo grau de’coeréncia € maior ou menor, solidifieada afectivos, ete. ir, apenas para argumentar e esclarecer, em. hordas, estiivel de’ marido, mulher © fundamental da sociedade humana jé ci caso, ainda haveria ordem, pois, na horda, as partes eompo- nentes funceionavam no interésse do todo, como se pode veri- fiear entre as hordas animais. nos posteriores estudos © grupo social, pertence o uma soma dos elementos componentes, nem apenas wma sfntese, SOCIOLOGIA FUNDAMENTAL BTICA FUNDAMENTAL — 19 mas uma ordem nova, com qualidades novas, que The séo pré- prias. Chamamos fenado a essa cocréncia, egea coesio que co- ordena muitos numa unidade, e que tem estructura propria. el examinar em que co tensio, enquanto tal, pois ¢ matéria de trabalhos posteriores, sabemos, eontudo, se manifesta naquelas total em gue as partes funccionam, nfo para atender suas finalidades, mas também as do todo, que 6 qualitativamente diferente da soma quantitativa das partes. Uma familia, por exemplo, 6 uma soma de individuos, mas funceiona como um todo vente das partes componentes. Numa familia, iferente do que & tomado isc” ladamente. Ha restrigGes quanto aos interésses pessoais, mo- ‘cago de atitudes, ¢ um proceder que obedece de certo modo a0 interésse do todo tensional. Apesar de nio ser i sociedade, os individuos mantém rela- 60s com seus semelhantes, entre as quais algumas nfio podem ser modificadas sem por em risco a ordem da totalidade, Nao se podem considerar as relagoes nom explicar 3 factos sociais, como apenas factos psicolégieos, O facto so- é qualitativamente diferente do facto psicolégieo, Chama- -se de psicologismo a tendéncia para reduzir os factos sociais 20 palcolégico. ‘Tom a Sociologia uma ordem diferente, ¢ para compreen- déa precisamos clarear algumas das suas Categorias, io justos, on ni se podemos criar ordens meliores que outras e substitulr as h ‘es pelas superiores, © quais meios que empregar empregar para al- cancar tais modifieags ante temas que inte- ressam, s sobretudo éticas, e, consegliente- mente, E como as discussdes travadas agui nfo se ativeram ape- po das idéias, mas foram levadas aos 1 adar tais problemas, sem que préviamente se pontos fundamentais’? 20 MARIO FERREIRA DOS SANTOS RELAGKO SOCIAL. Tédas as coisas do mundo do existir podem ser eonside- radas sob quatro aspectos: 1) Segundo a direeho que exercom, so positieus ou opo as, © sio chamadas negutivas aquelas que provoea de una perfeie ym. grupo Social, ene positive. Um grupo social, que @ outro se negative, quando prejudiea aquéle, 2) Poem ser aetivas ou passivas. Activas, quando exercem luma actividades passives, quando sofrem uma actividade exercida por outro. Desta forma sio: ae quanto tal, opie, é positiv positives: — activas jpassivas opositivas: — activas passivas € puramente aetivo nem pa- se opdem, se poem ob, contra outro. E nessa oposi¢ho exercem, ont nic, uma actividade s0- bre o outro, que sofre, ou ndo, essa actividade, Uma drvore € activa ¢ passiva, positiva e opositiva, pois cla exeree uma actividade © sofre as exeteidas por outros séres. © térmo relagio vem de re latum, trazer outra ver, eolo- car ante, Ora, o5 séres humanos se colocam uns em face do outros e actnam uns sébre os outros, influindo sens actos sobre 08 actos ou 05 eatados psieoldgicos doa outros, ‘HA uma influéneia reciproca entre @es. A presenga de uns e a sla actuagho sObre os outros provoeam sentimentos, afectos, eomheeimentos, manifestagies volitivas, © temos os actos psicolégicos, constituintes de tima relagdo social, Essa influéncia sdbre os actos ou sdbre os estados psieo- lbgi¢os dos outros pode exereer-se de varias formas: 2) pelo emprégo active de uma forge, de um eonstrangimento; 1b) pelo emprégo da persuasio no sentido mais amplo;, ©) pela troca de vantagens, Como om téda relacdo social ha, pelo menos, dois térmos, entre dois séres humanos, um pode obrigar o outro a fazer ou nfo, pole persuadi-lo a isto ou aguilo, ou pode conseguir que SOCIOLOGIA FUNDAMENTAL B ETICA FUNDAMBNTAL — 21 ou no, algo, dando-The em troca alguma coisa. Estas trés maneiras podem combinar-se em imimeras formas. forga social quem € eapaz de agi sobre outrem, quer constrangimento, ou pela persuasao, ou pela troea de vane tagens. Toda pessoa que tem tais meios, um ou mais ou todos, tem uma /érce social. Esta, portanto, pode ser maior ou menor, 0 Estado é uma forea social, mas 0 6 também 0 sibio "0 rico ante © pobre, o mais vigoroso ante 0 CONTORNO SOCIAL "r humano, que vive em soeiedade, nflo vive em ‘bstracta, mas numa sociedade eoncreta. Pois, ide, nao ha apenas homens, j4 que ela se de- num meio ambiente, emprega meios para aleangar fins. © homem nfo é um gor abstracto, mas conereto. E os séres humanos constroem instrumentos, uten: guirem com mais eficiéneia os bens que necessitam para apla~ car as suas necess pois melas contribui o contdeno com os elementos que 0 com poem, os quais tim do ser considerados para se compreetiderem as relagdes que se formam entre os séres humanos, No estudo sociolégico, além da Psicologia, quanto se refere aos pl i citados, ravilo por que apa 4 Sociologia como uma ciéncia conerela, ou, methor, de maior ‘eoneteedo quanto ao objecto tomado, ‘Temos de considerar a sociedade humana como humana, © © homem como homem, pois, como tal, eonstréi uma téeniea, 22 MARIO FERREIRA DOS SANTOS sua sogiedade funda-se naquela, pois nao hA sociedade sem ica. ‘Técnica € todo processo sistemitieo que permite a uti- 18 para realizar um fim determinado, ‘ca emprega meios para aleangar fins. Mas os em- fa sistematicamente, coordenados em esquemas, regras, que mnteligéncia, as quais podem ser ensinadas a ou ela nos meios de trabalhar as coisas, mas tam- mas a palavra, como meio de transmisso de idéias, opi sentimentos, efe., também 6 uma téenica. Chama-se téeniea social aguela que emprega meios para influir sobre os homens. lustrial aquela que se emprega sobre as cosas. pereeber-se que esta sobretudo porque o homem nio mantém pois eria novos meios, eoordens-os entre si, @ deseobre novos, ANALISE DA MATEIUA TRATADA A palavra gociedaie inclui idéia de pluralidade de séres, exel ser, 0 qual nfo formaria sociedade sem a presenga di provenga dos outros ‘Mas nfio inclui, em seu coneeito, apenas pois no basta haver pluralidade para haver exige-se também agregaedo, unio, ou, em nossas palav) covrtneia, uma tensao unitiva. Numa soviedade, ha convivévicia de séres, que vivem uni- tivamente, numa coeréneia tensional. Nesse sentido amplo, poder mais, come um rebanho de carneiros, uma que distin- animais, 6 ‘que, naquela, além da convivéneia, da cocrdncia tensional, ha ‘um’ tender dos elementos componentes para algo que deve ser, SOCIOLOGIA FUNDAMENTAL B STICA FUNDAMENTAL — 23, pata um fim geral que 60 bem comum para o qual tend, fim ie humana é, portanto, uma pluralidade de indi- ‘coerentemente estructurada, que tende para um que escapam & mera es- fera da biologia, porque, melas, revelaase constiéneia, escolha, valores, portanto. 0 transitério, mas algo per- ile. E quando séres huma~ em para a exeeuho de um fim, transitdriamente 1 nao se considera soeiedade humana, mas apenas ‘suas modalidades de associagio, como ‘mais adiante ‘veremos. Assim, na sociedade humana, hé a revelacdo da conseidn- ‘cin e da vontade, da eseolha e do arbitrio, portanto a revelacso inteligéneia num grau elevado, que tende a conseguir, pela cooperagao dos individuos, a consecucdo de um fim, que € um ‘bem comum. Se examinarmos a sociedade humana do Angulo aristoté- a forma, a harmonizacao, dessa assoriagio, que ¥é ‘co e dos meids empregatos para dar uma unidade étita © moral, e que aponta ao fim que essa conjuncéo tende. © que dé unidade, portanto, a ésse conjunto so a forma eo fim para o qual tende a colectividade formada. Uma so- ‘edlade humana implica, portanto, a eooperagio clos esforgos ys que tendem para um fim eomur. ‘das, assim, dentro da concepeio avistotélica, as fundamentais da sociedade, restasnos procurar a ente, 0 que faremos em breve. Se tomamos 0 método aristotélico para exame da sociolo- Luar 0 mais concretamente o nosso estudo, szemos debalxo de outros ponios de vista, formas. pensamentais, que tém sido. os pontos altos do pensamento humano. Assim, considera do dnguto da matéria socal a socio. dade pode’ ser simples ou composta, se de simples individuos ou de estructuras colectivas ja antoriormente exis- 24 MARIO FERREIRA DOS SANTOS tentes. Uma assoclagio de individuos, para um fim determi. nado, 6 0 exemplo de uma sociedade simples. Um cartel, for- riado de diversas emprésas, com um fim determinado (cconé- rico, por exemplo) é uma Sociedade composta. Quanto ao fim, a norma que o ordena ou 6 espontiineamen- te dada pelos componentes ou por elemento estranho. No pri- meiro caso, temos a autonomid, e, no segundo, a heteronomia indo, posteriormente, & pro- ‘dade com que se manifes- porgdo que exami tam as relagdes sociais. METODO DESTA ORA Seguimos aqui o método que temos exposto em todos os nossos trabalhos: partimos éa sintese prévia, para uma andlise, terminando com a concregdo de tudo quanto fol estudado. Lem- bramos, para exemplo de quem vai ® pereorrer suas ruas ¢ bairros, analisa-a. Depois, \ &, a0 véla novamente como ‘um todo, nilo oF gomo a vira pela primeira 4 esta enriquecida pel A visio sintética fi reine, numa , eaptados an- Ademals, sendo a Sociologia uma eiénei ética, pois esta fundamentalmente detert que é 6 que caracteriza a Etica. e subordinada essa’ cla. Oportundmente, € no decorrer deste trabalho, teremos 0 ensejo de demonstrar m ’ ,, mas incompleta, por examinar ape- nas 0 aspecto material e esquecer o formal e 0 cia da evolugiio social” (Spencer). Hivado do mes- grupos humanos” dera o aspects material lentemente incompleta, pois a ¢ dade humana aleanca, ¢ no 0} idade. DEFINICAO DA SOCIOLOGIA Nilo vamos citar as imimeras definigées que tém sido ofe- reeidas, mas queremos apenas estabelecer @ nossa, a qual ser demonstvada no decorrer desta obra. "A Sociologia € a ciéncia ordem, o processamento, e 2s mii e 0 contdrno natural, co sae meamnoss Laetos. de Montesquien ¢ Sa valem apenas pelas pr Iéetico-conereto, le Marx e seus adeptos, 08 quais lades que captam do método dia- 26 MARIO FERREIRA DOS SANTOS A ORIGEM DA SOCTEDADE Sobre a origem da sociedade humana, tédas as doutrinas 1) @ uma orig: natural, ou 2) a uma origem convencional. Ou a societiade humana surgiu das dos entes que a eompiem, Yontades, de uma intuito de constit mos a linha aristot cia natural dos seus elementos a formarem uma colectividade, mas ak edrdo” ao esta Ji. Déste modo, os séres humas Essa parte inteligente, que ¢ uma re- seu arbitrio, dar-lhe-ia, portanto, a sua caracteri ea humana, © exame que faremos das diversas posigdes, tomando por ponto de partida seus mais earacterizados estudiosos, permitir- Snos-d coneluir om m: ‘a uma sintese conereta, que ‘obedeverd, désse modo, ao nosso metodo. A POSIGAO DE ROUSSEAU F ROBES Comecemos, portanto, com a teoria dos autores acima ci tados, Para a teoria do Contraeto Social, de J. J. Rousseau, tida a ordem social sana livre convenedo dos homens. © estado social é, portanto, um facto convencional. Como precedentes histén joutrina, notamos que os princi- pais elementos do se contém em germe em alguns trabalhos da antigtidade, em Cicero, Hordcio, Platao, SOCIOLOGIA FUNDAMENTAL © ETICA FUNDAMENTAL 27 1r0, Didgenes de Laéreio, Marsilio de Padua, e muitos ssta teoria se deve principalmen- ad, J. Rousseau, na Franca. para Hobbes, para a elaboracio de yrimitive antinsoetal do homem. ra Rousseau foi o estado etre rig, partindo desta tese que al nao provem da natu- tea Hobbes, © ponto de partida teoria, era 0 estado (0 ponto de partida Rousseau explica a sa 0 seu pensamento: reza funda-ce na Se 0 direito so tar que certos Y ia om autoridade, nfo se concebe a seciedade. deve ter uma ilimitada Tiberdade. Para isto apresenta éle a seguin A existincia de um estado primitivo, anterior 20 estado a esta hipétese, nflo com factos e sim com razies Estuda 0 homem como um ser perfeito, o qual apre- com os da s0¢ algo que € convencion |, evia ‘entre os homens. Para evita agrogngio de ua goma, de forces io que defenda ¢ proteja, contra 1s 08 outros, a pessoa € bens de cada associado, e, pela qual, tnindo-se aos outros, nfo obedega, apesar disto, mais mo © permaneca to livre como antes", diz Rous seau ser © que os homens contractam ao se constituirem em sociedade. Entroga-se a um poder (que ird substituir as pessoas par tieulares dos contratantes), um cor Le colactivo, um: pessoa pl “desigada antigamente com o nome de cidade; 28 MARIO FERREIRA DOS SANTOS jen (nagio, veino) ow © individuo entrega @ ira recebor 0 cedeu. © do aque eRirica __Compeniando a eritica de vros autores, podemos sint- tiaila ddste motos a forma que Rousseau deu sua vorla € fais pelassepuintessaybeas ‘Dis sfo os fondamentes da teosia do Contrssto Social: nom tampoueo ume sentido especifico, os homens Por um lado, essa, ila governagio; ou, por cute’ Estado, ao despatismo do Contraeto jos Estados reallzados octal JIA FUNDAMENTAL B BTICA FUNDAMENTAL — 29 ao Bstado pertence estalelever as Jeis fundamentais da a de associngio, porque a forma- gio de sociedades lade do Estado; °) ico proprietario absoluto de todos os be dividual € mera concessio sua} 1) 5 “Quando © prin inte que morras, deve ‘9 doutrina favoreee 0 nias espantosas, (Podemos ay ‘Tende para o contractismo prepoté maiorias, para a negagio dos dire’ uo, da fan 'S grupos socials maiores, para w absorgie da liberdads ‘dual pelo Estado, para o Bstadoxleus; para a estatolate snegho no so: suas eonsed fea no poder fatal do Hstado. Em qualquer caso, 0 termina por realizar a “negagio da sociedade”. A TEORIA NATURALISTA, ‘glo & teoria de Rousseau, temos a naturalivta, ‘2 sociedade humana como win fase mais elevada tivo, «qual marea, Esta concepefi, encontramo-la em germe nos estudos de Aristételes ¢ até de gregos anteriores, e, posteriormente, em Vieo, Pascal, Condoreet, ete. Ji pereebiam a muito profunda entre os factos soctais © os processos orginicos. novas contribuigdes a esau vt Kant, pela escola hegelians, vel e fatal, que governa 0 mundo e ‘mo, 0 eterno fier (devir) da idéia absoluta, MARIO FERREIRA DOS SANTOS Em Comte, a sociedade humana 6 um verdadeiro organis- ‘mo vivo, como também a viu Spencer. Para éste, a maléria da sociedade forma um organismo, que esti sujeito & lei da evaligdo, Na evolugdo da matéria, observam-se trés fases: a i a oll social. A primei- ra rege a dos planétas, a segunda a dos animais ¢ do homem, a terceira, a do estado soci Nao hé uma solupdo de continuidade, pois a tereei apenas um estégio mais evoluido das anteriores, © homem surge com o instinto de soviab nstinto gue conhece um desenvolvimento, que parte do confuso e ho- mogéneo para 0 heterogdne0, para o diferenciante, para 0 come ploxo. A sociedade é, assim, um grande organismo, tm macro- organismo, que se analoga’ ao organismo biolégies, com sua ‘com os seus sistema: linguagem dessa igiea 6 tirada da Bi Desse modo, , parasitismo soci posigaio soci em clementos histéricos, eélulas s iene, terapeuticn, cirurgia social, ete, Funda-se essa posigdo nos seguintes argumentos 0 humano nunca se apresenta como um sua vida decenv a) obediente As exigen- rgimento e desenvolvimento as leis, que regem essa 0- lade, tém a sia origem nessas exigt b) observada na sociedade, é quia do organismo vivo; ha uma subordinagan das partes ao todo, e as sociedades conhecem um i os eared vi cs organismos mais perfeitos revelam essa hetero essa unidade superior que preside e subordina ° resultado de uma lade, que 6 © desen- volvimento fatal de uma tondéneia hereditavia, CRITICA DESSA DOWTRINA trina, Ime ida bioléuica, @ quela, ndo pode separar-se totalmente SOCIOLOGIA FUNDAMENTAL © ETICA FUNDAMENTAL SI Assim como nfo se pode considerar a posigho de Rousseau como absotutamente individualista, como 34 vimos, 6 um exa- sero considerar-se a formago da sociedade humana como ape nas biologica, Keaimente 0 homem nase do homem. No se conhece contudo, pela experiéncia que foi sempre assim, pois um ho: inom deve ter sid ‘Mesmo que partamos da evo. ugio animal, deve ter havido um instante em que surgi o Eomem coma sua forma humana. Examinamas éste ponto ‘bastantes pormencres ontologicos, em nossa “Noologia Ge- ‘A. indueeho, a que leva o ni a ada, pois fun ima observacio parcial’ dos factos-¢ am- plia demasiadamente as suas conclu Realmente, na ordem dos factos socials, podemos considerar ie invariante daguoles que se fundam no biolé- io naturalista), mas hi, ademais, es to na vontade humana’ (posit dae da posigfo rousseauniana). Ambas as posigées so abs- tractas, por virtualizarem o que ia de positive na outea, actua- lizando apenas 0 que afirmam. Se a sociedade humana tem a origem numa inclutavel tendéncia natural, é ela, contudo, modelada pela vontade. A colectividade & at \deria aleangar até a acra itarismo. logia nfio pode ser outra senfo en- nde estabelecer fim nao pode di ‘vos dessas doutrinas, para, losofica bem dirigida, “ Impie-se, portanto examinar ainda outras posigdes. 82 MARIO FERREIRA DOS SANTOS A TRORIA CRISTA DA NATUREZA SOCIAL Para essa teoria, a sociedade humana tem uma origem divina. Fundamenta-se nos seguintes postulados: 8) Todas as socledades humanas, por mais simples que se- Jam, revelam um certo grau de perfeigio nas relagdes $0- E? uma constante, independentemente do. temp, wos, e das ragas, a vida em sociedade. Essa co provir da natureza humana. Examinada a natureza humana, nela eneontramos um ins- ypensfo inata a vida social. O homem € como ») como a sen- 1 a poss Gade de mover-se para afastar-se do que Ihe 6 noch prejudicial, também a razao lhe seria imitil se nfio pudesse comunicar aos outros 0 que sente, 0 que pensa, por meio ino, que o homem é formado para viver em comu- ihantes, Gs animasy mostra omés de, Aquino, esto providos de meios naturais de defe razlo que 0 a al a para conseguir os meios que The tornem a is segura. da revelagdo, nao poderia o homem resolver as, ¢ sem ela nfo alcancaria as formas mais complexas da vida e da organizagio social. Conseqiiente- mente, o fundador da vida social € a natureza humana ¢ esta depende de Deus. Para essa concepedo, sobretudo a dos escolisticos moder- sociedade humana é uma forma evolutiva da familiar. Partindo do instinto de procriar, dade humana lo par, ¢ dai a fami a origem histdriea natural da sociedade, e a seria dada pelo consentimento técito das diversas fi formarem 05 mrupos sociais mais eomplexos. SOCIOLOGIA FUNDAMENTAL B BTICA FUNDAMENTAL — 33 wwiea da Tgreja parte do prinetpio pos- lativo primordi ‘téncia de Dous, como ordenador das is edsmieas, A sociedade humana surge, portanto, da pro- a formacao para que tal tecimento for- lo, 0 spastos na ordem, 1 sociedade, disponde os factores 3 ke desse, Nao ¢ a sociedade humana um 2c tuito, obra do aeaso, mas de algo ja plane; riamos, algo que 3@ eneontra seus factores natural das eoises, A sociedade no 6 um estéstiv de evolucio da matéria, nio um degrau da transformac: 3 passer para a fase biolégien aleangasse a fase soc © homer & uma eriaturs, um soe er apenas de um corpo, mas de um espitito. fio € uma perfeicao animal, perfeigdo da bésta, mas da to. O espfrito fem das faculdade ter a0 bem, Se 0 homem ora escolhe © que nao consta liggncia e a vontade na deve tender pat OA pH o extreiio da el marl ‘ersas doutrinas que tornam o homem ea quem negam, Por ter wma alma, o destino do homem é i 1a nio peréee com 6 corpo. Apesar de ter cone ‘Po homem pode erguer-se, pela restauragao ein sobrenatural Nab diseutimos nesta obra g,ponetracao em temas de Teolog 20 Ta teoria, porque ela implica ipam ao dabito des- tudado os factOres que consti- wsee0s ¢ 08 extrinsecos, Como 34 MARIO FERREIRA DOS SANTOS Silo factéres imtrinsecos do homem: © 0 eonjunto dos esquemas biondmicos; le humana sob todos os seus aspectos. AAs primeiros chamamos factéres emergentes, porque iio @les que emergem do homem; ¢ aos segundos, factores prodis ponentes, que o antecedem e 0 aco ‘J4 demonstramos na "Filosofia Conereta” que nenhum ser € factorado pelos factores emergentes, pois se tal se desse um ente existiria existir; 0 que & absurdo, Déste modo, os factdves predisponentes antecedem sempre aos factOres emergentes, pois antes de um ente ser outro ou outros antecedem, dos quais éle depende, pendéncia proxima no nega u a ‘Assim, se 0 homem, como individuo, depende de uma so- ntal, éstes, por sua vez, ue so panham. € entve os grupos. De a antecedéncia désses is humanas, so im- ‘com seus factores emergentes e pre- fan plow tact como entende 0 hiologismo, ou pelos factores ps ‘entende o psicologismo, ou pelos mitende naturalismo eo eeologismsa. em SOCIOLOGIA FUNDAMENTAL © TIGA FUNDAMENTAL — 35 ou pelo histérieo-social como o entende o historieismo, \bém seria Grro palmar abstractista considerar as relacées is apenas por um désses Angulos ou por dois, esquecendo, de ser rectamente eompreendido, quan- jiderado como um resultade da inter- emergentes e predisponentes presentes, Nie se poderiam explicar as relagées entre mie e filho apenas pelo biologismo, pois hé af entructuragdes também de eardcter histérico-sacial, como sejam a presenca de normas éticas, que presidem sempre tOda actividade humana, embora niio estejam elas sempre presentes na conscidneia désces séres. Assim como a paicologia humana ndo pode ser compreen- dida sem a actuacio dos outros factores, reduzir a relagio social a0 psieclogico seria outro érro palmar. © grau de intensidade, que nas 1s factores emergentes © predi la pelo grau de intensidade de exclui 0 papel que os outros exereom. A Sociologia, portanto, néo se afasta totalmente das on- disciplings, que tém por objecto outros factores, mas delas ontra, nfio s6 elementos para 0 seu como também suas bases mais sélidas. Jesse falar numa psicologia social, que se en- ‘trosa mals divectamente com 0 psiedlogico e com 9 histirieo- “Social; nima ceologia social, por razbes semelhantes, numa soctologia histéri ica, numa soviologia econdmiea, como ntima économie soe%al e, assim, sueessivamen- te, pois {ais diseiplinas representam os pontos intermédios de contacto de todas essas disciplinas, ARTIGO 2 RELACOES SOCIAIS E GRUPOS SOCTAIS B? a Sociologia uma ciéneia eonereta, porque examina o pela vida hu- ig semelhantes, como Por sua vez, para aplacar as necessidades, 0 ser humane tem de imbiente bens, E essa actividade eco- nomiea implica uma técnica, Portanto, no fucto socialégico ral, ete.s iluindo a téeniea social para aplacar as necessidades; 5) 0 meio ambiente (natureza, com suas com Portanto, toda relagdo social inclui ¢ exige a concrecio geral, 0 conjtnto dos elementos que crescem juntos (concres- ‘¢ interaetuantes, Numa fai por exemplo, n apresentar tais caraeteres, 38 MARIO FERREIRA pos SANTOS Mas, numa relacio so duos, por isso ela pode ser div a) podem intervir diversos indivi- Tago social singular, quando apenas se a4 entre dois individuos; ) colectiva, quando nela tomam parte numerosos individuos; ©) miata, quando um dos térmos & um individuo © 0 outro Scomposto de uma colectividade; por exemplo: a relagdo entre um individuo e um grupo social ‘As relagdes soelals duram no tempo, e por isso pollem ser: 8) ofémeras, quando sucedem répidas, como a entro um pas sageiro ¢ 0 cobrador de um onibus; b) durdveis, como a entro um operdrio © © patrio; ©) pormanentes, como a entre pai e fitho, Como em t8da relagio social bi sempre, pelo menos, dois térmos (as partes que se relacionam entre a!) pode ela ser? 2) bilateral, quando hé influéncia reciproca entre as duas partes; b) unilateral, quando apenas um dos tlrmos é influenctado. Nas relagées sociais podem dar-se ainda dois aspect nos do nota, os mais importantes para os estudos que varios empreender: ou essa relagio apresenta cordialidade entre as partes ou deixa um germe de discordia, ‘Temos entio: a) relagiio social ambas as parte 1b) relagio social negativa, quando apenas uma das partes tem fk vantagem total ou entio uma muito maior que a outra, Quando a vantazem de uma parte é A custa da outra, quan- do a que a primeira obtém & em de receba. uma sui rrelacdo social ne; partes aumentam a sua fdr¢a, vantagem ou tem a melhor. relagio social positiva negativa traz 0 germe da discérdia e provoca ressentimentos a parte prejudicada, Ora, nao esquecamos 0 que ja foi assi- nalado sobre a fOrga social. Se essa relacao se labora por constrangimento, ou por persuasio, ou por troca temos situagdes diferentes. A discordia, © ressentimento po: sitive, aquela em que hé vantagens para SOCIOLOGIA FUNDAMENTAL E STICA FUNDAMENTAL — 89 erescer segundo a férga social empregada. Sempre as relacoes socials negativas tiveram um papel destraidor na cons tituiedo das sociedades humanas. E em tédas as eras houve homens que sentiram a injusti- ‘ga dessas velagées sociais negativas, sobretudo quando a forea, ‘ue as dirigia, era a da persuasio, aproveitando-se da ignoran- cia ou da fraqueza ¢, muito mais odienta, quando era a do constrangimento, da coaccao. Por iaso surgiram sempre aquéles que desejaram evitar as relagées sociais negatives e propuseram para os homens, cada vez mais ow apenas, relagdes soviais positives. Esta a razlo por que surgem idéias que podemos sinte- tizar neste esquema: 1) os que desejam abolir as relagdes sociais nezativas; 2) os que desejam reduzir o nimero de relagdes so gativas; 8) os que procuram justi ‘essas relagies Nestas trée grandes divisées, podemos idéias poltticas. is resultados, impde-se 0 emprégo stes & imensa, as idéias politieas se a) pela intencionalidade, o fim desejade: aboligio total, re- ou juistificagao; rem empregados. Siio tais aspectos que nos permitem comp: licidade de idéias politieas, bem b) os meios a onder, de ‘a variedade dos fim de evitar a repe- s.. Muitas vézes os 40 MARIO FERREIRA DOS SANTOS © GRUPO SOCIAL A interpenetragdo das relacdes soci senga de um térmo comum. Assim, nias relagies entre si, Bles pore dar-se pela pre- dois irmios e a mae, netram-se pela -e sire os filhos gran- Ge influéneia, Chamam-se tais relacdes relaedes soviais eomple~ ‘mentares, porque séo complementadas pela presenga de um ‘ermo comum, 8 socidlogos essas relagdes complementares da relagdes sociais esto ligadas por um térmo ima dessas relagdes 6 complementar da ou- eondiciona quer a sua existéneia, quer a sua na- tureza”, As relacoes sociais, de qualquer espécie que sejam, podem influir sobre outras, quer sobre a sua existéneia, quer sobre a sua natureza. E observadas, sob éste aspecto, elas so eom- plementares. Essa complementariedade pode 12) positiva — ¢ se assim fr, seré fortalecedora; b) nesrativa — e nesse caso pode ser smens vio calebr ‘de modo a tornar positiva a relagho, e descabidas, Siio as relagies soviais complementares quo nos dio uma Juz sobre a formagio dos grupos sociats, Definem os sociblo- nutros individuos por re Para qite um grupo is ¢ complomentares, quando uma ati- seus intorésses entram em jOx0, unem-se para to! ‘tude em defesa dos mesmo’. Quando as relagdes sociais negativas se dio dentro de um grupo social, elas netuam como forex desintegradora, desagre- gadora. Sucedem como accidentals e nfio como necessirias, seus componentes relagées sociais positivas, podem sofrer 0 ane SOCIOLOGIA FUNDAMENTAL B BTICA FUNDAMENTAL — 41 tagonismo de outros grupos, ou também tornur-se antagénicos a outros. Antes de examinarmos éste ponto, classifiquemos os gru- pos socials, que podem ser: a) numerosos; Dé-se com os grupos, na sua constituigio, © que ja vimos com as relagées sociais. "Um grupo social @ formado de mui- tas relates socials positivas e complementares, mas unido por uma coeténeia, que the dt maior ou menor eoesio, Todo grupo social, portanto, forma uma tensa, Oferecem os grupos sociais uma variedade imensa e graus de existéneia também diversos. E ésses graus dependem da tensdo. Quanto mais forte a tensio, maior coeréncia entre os componente, as condigdes, ou espontiineamen- ias, © chamam-se: ot sho intencionalmente realizados, por deliberacio e preme- ditagdo dos componentes, e temos: solhem quem néles quer entrar; Wem condiedes formas para que A. coestlo dos grupos sociais pode dar-se, segundo forea: a) A base de constrangimento; 1b) A base de persuasio. Os primeiros empressam a forga material, os segundos fun- dam-se no consentimento dos componentes. E quanto a actividade, ante a sociedade, podem ainda ser: a) ostensivos, quando actuam aos olhos de todos; yeoretos, quando sua act a2 MARIO FERREIRA DOS SANTOS Quanto A sua composicao, isto 6, quanto aos elementos que © formam, podem ser: a) simples, quando nfo tém subdivisées; ) complexes, quando contém subdivisies de grupos in- ternos mais ou menos consistentes. Nas suas relagées com outros grupos podem ser: 4) independentes, quando nip se subordinam a nenhum outre grupo; b) coordenados, quando sua ordem actua numa ordem de conjunto de’ outros grupos; ©) subordinados, quando sua actuagdo depende de outros grupos hierdrquicamente superiores, que sio os 4) subordinantes. Por isso, podem ainda sor classificados, segundo os graus de eoordenagao e subordinagao, em: a) superiores; b) inferiores; ©) iguais. Os grupos independentes néo conhecem esta classificagio. Os coordenados so igueis; o3 subordinados eo inferiores & 08 subordinentes so 0s superiores. TEMA T ARTIGO 3 GRAUS DE INTENSIDADE EB EXTENSIDADE, DOS GRUPOS SOCIAIS ‘Quanto A cooréncla, podem os grupos sociais ser last eados em: a) grupos consistent b) grupos néo-consistentes ou efémeros. Estes grupos efémeros sto verdadeiras nebulosas sociais, desprezados muitas Vézes pelos socidlogos. Ha leo da propaganda dirigida. Os seus pouco definidos, les surgem na vida social e se caracterizam por girar em timo de algumas pessoas (A base ¢ por exemplo) Nos grupos formados ¢ ios pela opinido As véues, mas que facilmente se 108 consistentes, podemos observar uma série de la propaganda 4 ica, prupes apaixonados inogivelmente as relagdes complementares positivas que fundamentam tais grupos, que é importante. SIDADE DOS GRUPOS Podemos eonsiderar o8 grupos sob dois angulos — 0 grau de coeréncia de sua estruc- tura, mais ou menoe coer a4 MARIO FERREIRA DOS SANTOS 2) 0 da extensidade — 0 mimero de elementos componen- tes © a exiensto que abrange, maior ow menor, Em ambos 0s casos, os grupos podem sofrer modificacdes (de grau e de extensio), sem deixar de existir. wr coordenada pela a que formem'o micleo de coe- de intensidade, existencia de um grupo social, a sua coeréncia ) revela a tensdo, de que jé falamos. Essa ten- estructura, FE aumenta ou diminui sesrundo as relagées soci positivas sejam maiores ov menores, e, nos grupos numerosos, segundo 0 grau das relacdes socinis complementares Un grupo social coeso, ao erescer, ao aumentar de exten- sidade, tem sempre o perigo de sofrer mudangas ma intensida- de, que ora pode aumentar, ora diminuir. HA casos em que os grupos que se estendom se i HG casos em que os grupos que se estendem intensidade, ‘Pambé aumento d h& casos inversos, Diminuigdo de extensidade, intensidade, portanto, pode ser Uma multidao, que forma um grupo trueturada em mieleos wel. Eo que vemos com a formagao de grupos de opinisio pitblica, que so estructurados, com um nticleo, em grupos par- tidirios de eonsisténeia maior. As grandes sociedades vivem intensamente nos momentos de perigo e de agitagdo (guerras, revolucdes, ante dissid: internas, ete.) porém nao oferecem 2 constaneia das socieda- SOCIOLOGIA FUNDAMENTAL 8 STICA FUNDAMENTAL — 45 's pequenas. Uma sociedade grande oferece vantagens, 00 rnianto: ha mais facilidade de dissipar ou conter os dissen- timentos, Os graus de uma tensao social so dados elementos, enja cooperaeso oferece maior & casos fortuitos, nos grupos momentinecs, nao estes aleancem tim rad elevado: a sua preser ladle — um grupo tom perdurabilidade quando ten- ‘a realizar algo, isto é quan \eionalidade, quando se organiza para atingir um fim acedo — 08 grupos soc i quanto, na actividade, temos maiores po iagio de um grau'de consistineia (tensio) mai 1g — a presenea de tals ou gui pode aectuar em proveito de cia — who 48 deve um grupo social, 0 cont jente historieo ent oe Podemos agora di mentos positives, os que cooperam para mai e negativos, os que cooperem para reduzir o seu gran de tensio, 46 MARIO FERREIRA DOS SANTOS Na classificagio acima, podemos considerar como conslan- temente posit positividade, conscléncia, lidade, coordenagio. Como ora positives, ora x ividuos, sue As sociedades podem ser: a) de facto; 1b) de inteneao, ie se forma para aleancar um ve, 6 uma soc ‘upo de mereadores, que equipam ‘para editar apen a data, te, Baaas oc também uma sociedade cujo fundamento principal é de facto. A SIMBIOSE SOCIAL Os individuos, componentes de um grupo social, podem ser, ‘componentes de muitos outros grupos.” Dessa for rentes portanto, podem ser constitufdos por grande parte dos mesmos individuos. Bstamos agui em faco de um aspecto importante, tantas vézes deseurado pelos socidlogos: a interpenetragio désses ele- Na vi , a simples obsy ‘acho Togo. nos mostra quanto influi numa sociedade recreativa a um nGmero capaz de influir na sociedade. E’ £4 rem-se exemplos de interpenetragao dos grapos em outros, pela acgila dos elementos que os compéem, Se tals aspectos sfo convenientes ou nfo, é diseussio que a Sociologia pode registrar; mas o que é importante & serem tais factos normais na esfera sociolégica, Assim, na vida so- cial, o8 individuos se separam ou se unem. nas formagoes dos’ grupos sociais, aumentam ou diminuem a separabilidade dos individuos. Os'cogumelos ¢ 0 rusgo cooperam, isto é, aju- dam-se mittuamente, E’ 0 que se chama simbiose. Nao se SOCIOLOGIA FUNDAMENTAL © ETICA FUNDAMENTAL — 47 deve confundir a simbiose com 0 parasitismo. O parasitism 6 opasitivo e negative, A planta, que é parasita, tira para si ad. A simbloge @ postiva, poraue ambas eioperam. Ha Os trupos sociais podem ser parasitirios ou simbidticos, om rola: eGo a outros. Na divistio do trabalho, hi simbiose, como Bé também entre os grupos sociais; ¢ se esta 6 necessdria, 0 pa- rasitismo, por ser opositivo e negativo, € reprovavel. TEMA 1 ARTIGO 4 A SOCIOLOGIA, A Sociologia, como se vé ante o que examinamos, 6 0 est natureza das a mamas © nas Tela goes, entre sie com o contre bio-césmico, ecoléfica, posi- ‘gue exereem sobre 3s individuos e dos grupos (realizagées materiis, ete.) e seus extados psi pectos Como se formam os grupos sociai ? ceo grau de sua intensistas ex! os tensiio (coeréneia) ‘Tais aspectos, j4 05 estudamos, Mas o facto social se at no mundo, im contdrno ecclégico. O homem vive em sociedade, no As condlig6es, nao 86 da natureza, como ea, edo importantes para gue se com- preendam o8 factos sociais, que so também, de certo modo, js se dio entre sfrea vivos. Nfio se dio coisas que compoem 0 ¢o) (geoe! etc,), Essas relagdes entre os Indiv: so positivas on opesitivas e negativ sas relagées c lizagées humanas ‘Uma forma de produgao soci Beles eonaldes gongratens, stabe- lecer onde ‘as condicées geogriticas sejam favoraveis. $6 posteriorments, gragas A téeniea, pode o homem eriar con goes de contorno favordveis a uma forma de producio. Por tanto, a forma de produedo é condicionada também pelas con- Aigoes geogrdticas, $6 pede haver pesca onde ha peixes. Nao 6 possivel a agricultura na zona Arctica, nem a tentariam os 60 MARIO FERREIRA DOS SANTOS esquimés. As relagdes sociais, portanto, so dependentes tam- bém dessas condicdes ambientais. las actuam nas realizagoes humanas materiais e, consegiientemente, nas eulturais, que se processam fundadas nestas, A arte é uma formegao cultural, por exemplo, Convém distinguir, aqui, o mundo da natureza de o mune do da cultura. io da natureza 6 0 mundo de tudo quanto surge no exterior edsmico, mas o mundo da cultura é eriaedo do homem. Jm corpo pertence no mundo da natureza, porgue éle é por ela causado. Mas quando 0 homem mares’ nease objecto um traco da sua vontade, do seu pensamento, quer intolectu: ‘vel, quer afectivo, éle 0 coloca no mundo Ia cultura 6 aquéle que traz a marea do e: hhumano. Uma pedra, na montanha, pertence ao mundo da naturezi. ‘Transformada paralolepipedo pertence tam- bem ao mundo da cultura. © homem € natureaa e € cultura. atureza, 6 estudado pelas eléneias naturais; como estudade pelas ciénetas eulturais. , mas no pode desinteressar-se do mundo da yatureza, sob pena de tornar-se numa ciéneia nbs. tracta € nfo conereta como deve ser. As relae’ influem eObre a psi mas a psicol influi sobre essas relagées, do home, 0 INSTINTOS SOCIAIS Consideram-se como énstinios soeinis as propensdes trans- lativas & vida em sociedade, como 0 instinto de conservacio, ete. Podemos observar nesses instintos: orga e direcgia (veetor) estuda tais instintos, entiio de Neo-saeiolog idade social e a dis ido quanto decorre désses, ia da paleo-sociologia, como os Muitos y que seguem as correntes do biologismo ¢ do psicologismo, isto fam a pri SOCIOLOGIA FUNDAMENTAL # HTICA FUNDAMENTAL — 51 4, que explicam os factos sociolégicos como simples factos bio Jégicos, ou entao psicoligico: ‘Os que proclamam a primazia da Neo-sociologia tender a cair na forma viciosa do socislogiemo, © ser humano esté ligado aos antepassados por um elo ancestral e sobrevive gragas & presenga dos instintos parentais (instinto de mae, de pai) Mas pode di & tdda tendéncia do individuo « reagir de mancira determinarla determinada (con: porém, em sua ra igica; em suma, é a légiea dos orgios, da vida bioléarica), Costumam os socidlogos considerar duas ordens de ins- tintos: 2) os instintos tndividuais ou egoistas ¢ b) instintos sociaie, aitrutatae. Enlretanto, o ser humano, ao julgar a si mesmo, ou se considera totalmente bom, como 0 fazer ‘mau, tornado bom, quando 0 é, pela acc&o social, como os pes- simistas em geral, entre les Freud, etc. 0 optimismo do primeiro grupo e o pessimismo do segun- do pecar pelo unilateralismo, que os revela como posigies abstractas, Hi, no homem, impulsos benevolentes e malevolentes. possivel que muitos neguem os primeiros e queiram expli pelos sestundos. Dé-se com essas e3 3 fa quase tolalidade detas: nao exp! qual gesta, para éles, a simpatia, E? éste instinto que per! te a formacdo da coesdo social (tensio), por isso é éle tema de tanta importa ra a Sociologia, ‘Mas as atragées variam no Ambito social. Uma assem- biéia, ama reuniao de homens, pode atrair uns ao seu ambito, mas também afastar outros, Os ti troverti de uma assembiéia. Gos e estimulados, ou a permanecer ini 2. MARIO FERREIRA DOS SANTOS A simpatia € um sentimento ges giea vem de Pathos, em stego), € tipatia, Tado que intufmos no undo, at tem suas ressondncias na nossa ale pathéncias (estados afeetives), conse E podem ser elas de atracto, objecto, como 6 a simpatia (se ou de repulsa, como o é a antipatia (sentir aversio por...). ‘Tanto a simpatia como a antipatia tém graus, Desde 2 simples congratulacio ao gesto de apoio, de apro- vagho, de clogio, até as manifestacdes simpatétices mais fortes, 0 amor como manifestacao méxims, vemos uma escala de graus variados. © mesmo se poderia’ dizer da antipatia, que nuja origem etimol6- We-se polarmente & an- és clos nossos sentidos, fusfio com 0 fer com. ), niimero imenso de teorias © Na verdade nad se ox porque parcialmente queremos referi-los ao que julgamos mais Proxim, como as causas, factores, cle, Na verdade, essa explicagdo apenas muda de posi que 0 expli explique, portanto, de metafisica, quer queiram comprecnder, ow nao, 08 ‘gue niio be dedicaram ao seu estudo. © problema da Psieotogia, aplicado & Sociologia, ¢ de uma comploxidade tal que hé uma’ diseiplina especial para estudé- slo: a Psicologia Social SOCIOLOGIA FUNDAMENTAL & ETICA FUNDAMENTAL — 53 sta nic pode, por sua vex, desligarse de outras Nom no Oeidente, constr agarmos (como jé jum mar de idéins 1pde-se examinarmos al- guns agpoctas importantes. Ha um instinto de conservagiio da espécie, que se chama comimente de instinto sexual, o qual se manifesta na atragio \ividuos de sexos diferentes. la-se, ainda, em instingy de grupo, sobre o qual ha ine is discussées, geralmente abstractas e falhas de boa ia dialéetiea, Os grupos tendem # conservar a sua coeréncia, ‘Mas tendem também o3 grupos, para naturalmente obterem segiientemente, maior forga social. ‘Tal tendéneia é observaivel nas hordas dos simios e, pos- sivelmente, 0 homem primitivo manifestava plenamente este stinto, que ainda sobrovive entre nés, com periodos de maior intensidade, ou nio. ‘© homem nfo pode viver fora da sociedade, Dela pre- cisa desde a sua origem, e também para 0 seu desenvolvimento. ‘Toda assoeiagdo humana vevela duas propriedades funda mentais: 1) # ordem especifica; 2) 9 forea especitien, A ordem especifiea 6 revelada pela origem peculiar ao tipo de grupo, ¢ a fOrea é uma decorréneia desta, 19s a apregarem-se em yr eonsisténcia e, con- xpos tendem a,dusar, a permanecer, e seu grau de spende do * "de grupo que o redne, que ia. The dit coe TEMA 11 ARTIGO 1 TECNICA SOCIAL — GRUPOS A BASE DE FORCA TG trés modos de aplicagio da. téenica social: 1) a forge 2) a persu de vantagens, Quando modificamos a atitude ¢ os sentimentos de outros, ando do constrangimento brutal, isto 6 de fOrgx material izamos uma violéncia, Ha o exemplo do roubo, do assassini 08 actos de defesa, quando alguém defesa. Bm geral lizmente, ese incuem ainda mas ge domonstra, de modo patente, wregila, é um désses meios. forte, sem necessidade déste empregar a violéncia em acto, ‘Mas hé ai violéneia, pelo menos potoncial. Entio, podemos considerar a violéncia de dois modos: 2) poteneial - de que pode es de farca, ‘paradas militares de organ a muitos, ‘Bm toda a historia humana, essas exibigdes de forea fo- yam usadas das maneiras mais diversas: suardas especiais, parades, realizagdes até de violéneias menores para indicar as maiores possibilidades, otc. se costumam fazer, através de ico policial, cte., podem intimidar 56 MARIO. FERREIRA DOS SANTOS Contra tais violéneias ou suas amencas, na ordem social, hd 0 recurso do as éste precisa estar amparado numa forea para que se possa impor, pois ainda nao se instaurou na Vida humana a nitida compreensao do que ¢ justica. A foren, manifestada como violéneia, usa também metos, jeiro, com 0 qual se podem manejar poderes dis- storia humana registra o emprégo da violeneia sob todos os matizes, A persuasio também 6 usada, mas quando esta fala, ten- a recorrer a violencia. Quando nao s i ia, ou quando eats implien ou admite pos taaiores, prefere-se a persuasio. jsmo & bem patente. Os pov io. Mas, logo que en defeitos nesta, nio titabearam em empregar a vi um meio de impor a sua ordem © a superio interésses s6bre’os povos dominades. ‘Mas 0 coloniatismo tem varias formas de manifestar-ce. Ora 6 active, impondo aos povos mais fracos 0 sex po como o fizeram 4 Inglaterra, Franga, ete. ou entio € pass nem sempre é comeca a persuasio propriamente dita, ia justificam-na em face de eir- de persuasio so incapazes de evitar males maiores. Todos os poyos que vao 2 guerra jus i . No entanto, é ela geradora sempre de relagoes sociais negativas (e opositivas). ‘A forca empregada provoca uma forea oposta de resis- ‘téncia. Tudo o que € imposto, sem 0 assentimento dos outros, nfo pode durar. Por isso nao duraram as grandes violencias SOCIOLOGIA FUNDAMENTAL E ETICA FUNDAMENTAL 57 jas na histévin, © constrangimento pela forga gera a obstinagdo do que a sofre. O emprego da violéneia, por ser Cestrutiva © provoeadar de oposigdes, nilo pode perdurar, nem perseveran. A persuasiio, no entanto, tem humana, ‘porque 4 es convergentes, n papel mais solido na lah um acdtdo, e provoca espon- se manifestam numa acgdo com- Ia apresenta modalidades: seduefio, quando explora, certos prestiggios Tigados aos istintos, encantamento da graga e da belexa, do amor; wr demonstragio, quando usa argumentos contra as Onjecedes; ©) por ensinamento, quando se oferecem explicacées que abrem novas perspeetivas. Embora a persuasio oferega tantas vantagens na vida so- cial, a lentidlio de seu processo e as limitagSes que ofereee, ica suas desvantagens e a erguer panegizi- » foren para fi populagio a vacinar-se. A-ameaca dos perigas decorrentes é suficiente para levar muitos a persvadirem-se dos argumentos da eiéneia. Mas, nesses casos, ainda vemos @ emprégo de uma amesca potencial. Os grandes recursos da propaganda trabalho da persuasdo. Mas hé veladames reeitrso & ameaca ed coaegio mor Envontra-se, também, nas relagdes vantagens ou de servigos, Consiste esta acto em troea de outros. Neste caso, estam c ncerais. Essas tvoens se processam de diversas mane Jas levam implieitas a persuasiio © alé a vi fal. Por exemplo, no caso de remuneracio por serv prestados, pode aetuar, como na verdade actua, uma necessi- fade, ou a zmesea de um prejuizo maior. Muitos que traba- Thar ¢ empregam seus servigos fazem-no sob o constrangimen- to de uma necessidade, e se accitam uma determinada remu- 58. MARIO FERREIRA DOS SANTOS neragéo a tal so levados por se sentirom ameagados de um ‘mal maior, se se negarem aceité-la. A actividade ndo remunerada s6 se realiza sob fendamene tos afectivos ou de indole ideal, como entre os rel "Também hd exempios de actividades efectuadas ape- de abnegacio, em eortas cireunstan de situagoes nao Justas nem convenientes, E podemos dizer que tédas as Politicas fundam-se numa visao gera! do caracter © do valor peetos, que so tio importantes, e que desperiam os ‘© mais apaixonados debates entre os homens. , também, nas relagdes humanas, 08 actos desintresaos, como ‘os presentes, as trocas de gentiloras, tém um papel muito grande no aumento da Sorea soci tanto do individuo como dos grupos socials. OS GRUPOS A BASE DE FORGA © primeiro impulso, e © mais natural do homem, 6 empre- gar a forea. A sociedade mostra-nos como se formar 98 gru- pos que a empregam sdbre outros, ¢ como muitas instituigdes soeiais siio apenas “Orga organizada” A maior organizagio de férga, que a sociedade actual co- nhece, € 0 Estado. E” éste o principal e até o que tonts, por dor da forca. de um conjunto de grupos so. & forca, em aasumem a maior forga de uma socledade, estudo que né Deria fazer aqui. s partidos politicos aspiram em geral a fazer-se domi- nadores sdbre os outros. Nada mais fi poder do que apossando-se do organismio @o Estado, que é a Aspiragdo natural de todos os partidos politicos, Por ser o Estado 0 poder que tende a monopolizar todos 08 poderes, & éle um redo de manuteneao da ordem estabelo- ida entre’os grupos de uma sociedade humana, Por isso, 0 Estado 6 sempre um Grgdo conservador, € assim se torna até SOCIOLOGIA FUNDAMENTAL 3! BTICA PUNDAMENTAL — 59 quando déle se apossa um grupo politico, que desposa idéias reyoluciondrias. O Estado foi, 6, ¢ sera um orgdo de conser- vacio, mais intensamente conservador, ou menos, porém, con- servador sempre. Por usar a forga, sua aegio persuasiva 6 mi mens, quando ocupam uma posigio de mando estatal, naturalmente, no emprégo da forga em ver da persuasao. ser o Estado um 6reao abstracto e permitir aos detentores social, os malogros tein sido mais pronunciados ee 6s bons resultados. Vejam-se os exemplos de Pedro o Grande, de Frederico TI e José II 6, no decorrer do séeulo XVILL, nos governos mediterranoes da Huropa, em que os malogros foram ‘muito maiores que os bons resultados. Em nossos dias, vemos os exemplos da Alemania e da Italia faseistas ¢ da’ Russia marxista, que nfo puderam realizar o que pretendiam os seus anteriores defensores, 0 caso russo 6 de uma evide lela a to previa setuais com 0 que alegam as eireunsti cunstinelas ndo fe previstas por seus sores, o que revela a falta de uma visio clara da realidade. Entre os marxistas antes da revolueho, era heres, ad que o Estado se tornaria uma . Ristes provam que as sung idéias nfo correspon- diam aos mesmos, consegiientemente evidenciam a fraqueza de ‘sou método de interpretar e de realizar a historia. A tendéneia natural do Estado, quando organizado, é am- pliar seu poder de interferéncia na ordem social e nas relagdes © Estado legisla, governa, intervém, dirige. TEMA 11 ARTIGO 2 GRUPOS A BASE DE PERSUASAO 0 estudo sociolégico dos grupos & base de persuastio exige um exame prévio dos valores, Os valores, na filosofia moder- com um grande campo para investigagdes filoséfiens. ‘tem por om, Noon dove contundis.o valor com a gialldade, Bate {vom e mau sio valores), o livro em nada é modifieado, nem se Ihe acrescenta nem se the tira nada. Os grupos, & base de persuasio, formam-se quando ha va- ss comuns, ¢ quando hé relacies sociais positivas, as quais implicam algo eonforme ais conveniéneias das partes. E” que ambas as partes querom ser e sdo favorecidas, H& nm valor comum que interessa e determina a eoncor- daneia dos actos e dos sentimentos de ambas as partes. ésve valor comum que dé unidade 20 grupo. Ja vimos que, na sociedade, podemos distinguir duas tée- nicas: a téenica sociat e a técnica industrial, A. e-8e aos meios sisteméticos empregados para aleancar, como , rolagdes humanas, tais como a transmissiia de idéias ¢ es, tomores © esperancas (palavras, sestos, ete.) industrial € aquela que consiste nos’meios sistematieos de transformar os bens da natureza, a fim de satisfazerem ne- eessidades humanas. Entre as téenicas sociais, temos uma que merece a maior atengiio: a téeniea da pereuasio. Em que consiste ela? Con siste em uma das partes usar meios capazes de eonvencer a outra de que ndo hi razées de oposigio nem de separagio, e 2 ‘MARIO FERREIRA DOS SANTOS ‘que 0 desejado por uma das partes deve, por sua ver, ser de- sejado pela outra. Sto variados os meios de persuastio, Entre éles podem citar argumentos, gestos, palaveas, atitudes, observaces, ‘posigées simpaticas na apresentagao do desejado (propagandi ete). Nessa persuastio, entra o intuito de fazer ver & outra parte que hi vantagens em troca (como o “eamelot oa as grandes virtudes do que vende), que hé posstbil de bens futuros a serem aleangados (como procedem as reli~ ides, et Inegivelmente, 6 a persuastio o modo mais comumente uusado. Quando um partido politico oferece um programa ob presenta homens eapazes de exeeutar os desejos das multi- does, quer persuadir os eleitores. A habilidade da propaganda poderé aumentar a confinnga de que realmente o partido 6 0 ue corresponile aos valores apreciados pelos eleitores, Entre os valores capazes de promover a formac&o dos gru- os seguintes: Exereem éstes um poder extraordinirio para in sentimentos e as opinides dos outros, 2) Os valores estéticos. ‘Tém estes um poder menor, contudo importante em tas relagdes humanas. Os valoi sublime, ete.), influem em smuitas io que se formam, ¢ que tém tHo gran- imana, sf realizados através da eonver= ia dos esforgos de certos elementos. Nao tém muita con- fa, porque lhes falta @ unidade interior. 'Também nao isdio em seus contornos, em seus sélida) Nesses grupos eneontramas: 8) valores ideoldgicos. Estes so fundam em concopeses do mundo, ou em idéias, illo 86 politicas, come cientificas, filosdficas, ete. 4) Os valores veligiosos. Merecem um estudo especial, pois a historia nos mostra © grande © eminente papel que exerceram as religides na his- téoria da humanidade. SOCIOLOGIA FUNDAMENTAL E ETICA FUNDAMENTAL — 63 escalhidos. Por outro rem as outras falsas, da verdade, Sio as sar de usarem tamber se em crencas, em Ge um ultra-mundo, que répresentam uma série de valores co- wreciados e desejados pelos elementos componentes. des encontramos ainda grupos de persuasao que se jas religioses, @ que se hostilizam por todos os meios, julgando-se, eada um, como o melhor ine térprete das verdades religiosas, e acusando-se mituamente de heréticos, ete, Fo mesmo espetéculo que tambéin se assiste dentro dos partidos politieos, que so, em geral, grupos & base de trocas de vantagens, Nas relagées sociais religiosas, temos a complementarie. dade dada pela divindade, que actua nessas relagdes, marcan- doxthes caracteristicas préprias © especificas. GRUPOS A BASE DE TROCAS Na vida econdmica, é onde melhor se apresenta a forma- Ho de grupos a base de trocas de vantagens. Encontramos também, nos grupos religgiosos, trocas do vantagens, como, por exemplo, as que 08 sacordotes recebem para atender As suns necessidades, ete. ‘Tal facto niio carac- feriza propriamente os grupos religiosos, que se formam sob a base de persuasio. Numa familia, grupo social importante, 4 néo assistimos. esea troca de gens, pols so grupos fundados sobre outros valores, como os fat que incluem 0s éticos, afectivos, ete. Entre os grupos econdmicos, que so os correspondentes a esta terceira classificacio, eneontramos: 1a) emprésas que tém um ganho co: verificamos numa exploracdo agi dust b) os sindicatos profission: dos, que surgem das acti le patrdos ¢ de assalaria- fades econdmicas, e sf es- ot ‘MARIO FERREIRA DOS SANTOS timulados por estas, bem como corporagies, os partidos politicos com programas nitidamente econdmicos e até classes sociais, mais ou menos estructuradas © com cer= ta eoeréneia tensional, Sfo Gsses grupos fundados sobretudo em valores econd- mieos. Se, ndles, a perstiasdo tem um grande papel, ndo & esta suficiente para caracteriza-los, pois os fins almejados sfio sem- pre. ganho em sentido econdmico. HIERARQUIA SOCTAL, © funcionamento désses grupos © a especializagio. dos clomentos que néles tomam parte, permitem, wos poucos, se estructurem, na sociedade, classes, eastas, que se di iam segundo éesas mesmas relagoes. ‘Assim, encontramos em ted ‘tructuracio, além da base da ff ral que nela se forma entre pai, hem de ordem zeligiosa, ¢ as politicas no funcionamento dos grupos & base de trocas de vantagrens (classes econdmicas). ‘Todas essas hierarguias tém um papel importante no desen: ‘pois dos ehoques ue provo- jos antagonismos que despertam, em funefo das velagdes , econdmicos, ete. Surgem assim ideologias (@ consegtientemente valores ideolégicos), que procuram justifiear o grau mais elevado da hierarquia, bem como outras que procuram justifiear 0 anseio jerarquia menor 2 ascenc&o dos altos postos, as que negam os direitos ou os valores através de valores de todas as espécies. 6a ordem da graduagéo das autoridades, quer Jitares, buroeratieas, ete, exige sompre trés ordens a) superiores; »b) igus ©) inferiores, Os grupos soviais so miltiplos. E segundo a graduagio de autoridade, conhecem éles hierarquias diferentes. Quando SOCIOLOGIA FUNDAMENTAL B fHTICA FUNDAMENTAL — 65 2 coortlenacio dos grupos se faz horizontalmente, temos a clas- se, como € freqtientemente considerado, As classes sio compostas de individuos que se reconhecem como pares (iguais), ¢ constituem uma tensio social, mais ou ‘menos cocrente, segtindo o grau de conseiéncia que tém de sua ssituagdo soefal. As classes formam, por sua vez, uma hierarquia de classes, havendo classes superiores e inferiores, O enelassamento nao se faz, como se sabe, por disposigio voluntéria dos indiviénos, senfio raramente, Poucos podem escolher a su i ‘em geral se nasce numa classe. Quando hé possibilidades de passar de uma para outra, estamos nas sociedades de enclas- samento aberto, como a sociedade actual no Oeidente. Outras, porém, como a hindu, tornam quase impossivel a passagem de ima else inferier para ums superior. Sto de enclasumento ‘echado. HA em tOdas as classes uma tendéncia ascensional, ten- déncia que se verifiea nos individuos, que nem sempre se con- formam com a situagéo inferior de sua classe. uma classe, e desejam nivel-tas, ou até liquidar com elas, cons- truindo ura sociedade sem classes, como pretendem muitos soeialistas, TEMA Ir ARTIGO 3 EXAME DE RELAQGES SOCIAIS POSITIVAS E NEGATIVAS, NOS GRUPOS SOCIAIS Assim como hha relagdes sociais positivas e negativas ifica-se que hé grupos que se asso- mituamente, como os hé que se antago- chegando até a destrui ‘Na simbiose ‘ages positivas ¢ negativas. sociais, formados & base de forea, como Oeste das partes podem antagor : como se ve! jentemente, Em grupos sociais, formados & jer désses grupos, encontram, no lo que ora os limita, ora os destréi, Tals mos revelam-se desde as Iutas de grupos, até & guer- & guerra entre Estados. Os conflitos, que surgem, ‘aleangam toda 2 gama da uta. ‘Assim como se deve considerar presentes, no facto so- cial, todos os facldres que eooperam para formé-lo, também se deve considerar tais factéres como presentes no antago que ee provessa, Edo mesmo mod © facto social apenas pelos facts colégicos, nem pelos ecologicos, nem pelos se pode explicar o antagonismo apenas por um ‘em graus menores ou maiores de re todos éles, Assim, nat nio se pode ex} 68, MARIO FERREIRA DOS SANTOS seu acto nfo é explicado apenas pelo factor social, por do factor téenico, que é wm rest Jos outros factres. Pode-se até ‘esté sempre presente toda a gama No antagonismo, ora h4 uma relagio soci lateral, como no que ataca a vitima, ora bi ‘A fimalidade da luta é ani regativa bilateral, finalidade para a qual tendem os gru- ‘agonistas, que cneontram, um no outro, um abstieul No gntagonismo, podem surgir relagdes sociais positivas apés @ Victoria de um grupo sobre outro, como podem d: também entre antagonistas, quando em face de um te) grupo que Thes € rival, como o caso de uma nagio, divi por uma luta interna, ém que os grupos se retimem para imigo comum, exterior. instituem na sociedade, tendem normal- itagonismos, ou, pelo menos, minorar o8 tempo, tais antagonismos podem ser per- durantes ou passageiros, Quanto 4 infensidade, sio mais ou menos intensos, agudos ou atenuados. Nos he maior difieuldaile de estabelecimento de relagées socials po- sitivas, enquanto 0 eontrério se dé no segundo caso. rode ser Intonte ou manifesto. No primeiro, ago da luta, como se dé no segundo. ito de condigdes, que propor- cionam © Quando um pequend facto preci- pita acontecimentos maioves, como a demissio de um operdrio fo precipitar uma grove geral, é preciso considerar que 0s factores de tal acontecimento estavam Jatentes, pois nito se poderia compreender a extensio de um antagonismo désses, apenas pelo primeiro facto, Antagoniemos manifestos podem ser nainimos, mas, pare que aleancem uma extensio maior, impde-se um antagonismo latente, prolongado ou no. Onde hi sociedade humana, hé, de certo modo, antago- nisino nas diversas formas que se manifestam, pois éles se revelam na vida familiar, entre pais e filhos, entre eonjuges, entre individuos, entre’ grupos sociais. SOCIOLOGIA FUNDAMENTAL B HTICA FUNDAMENTAL — 69 aleangasse {que minore tals antagoniamos e que os reduza sensivelmente. Basta que se atente para os sentimentos humanos, para as emogdes transeuntes por que passa o individuo, para que se compreenda que os antagonismos sio ini embora diminuiveis, Sendo o homem sujeito patia e 2 antipatia, ao amor e ao desdém, etc., compreende-se que os antagonismos acompanham-no sempre, A oposigao dos interésses (questo varios e gera os antagonismos. 0 estudo dos factdres dos cor tagonistas merece exame especial, o que faremos maia adiante. Desta forma compreende-se que as relagdes sociais negativas, sendo normalmente presentes na soeiedade humana, pelo que 34 verificamos, podem ser elas prolongadas ou di ‘agudizadas ou atenuadas. ‘Tais antagonismos geram efeitos divectos e efeitos rectos, Directos aio os que ce reduzom ao campo dos elemen- tos antastinicos, Indirectos, os que actuam sobre os restantes ‘grupos socinis, nflo antagonizados nos eonflitos. como éstes itas vozes projudi 38 grupos no partieipantes dos conilitos, intervém estes, muitas vézes, ora para minorar o§ para cixeunserevé-os, oxa para al na hita entre faegdes ‘na sociedade, nagoes, ete, Ademais, como a ordem social tende, em sua finalidade Stiea, nto 6 a0 bem do individuo, eomo ao do grupo e da hu- ranking, 6 nataral que o home se tena preoeupado sempre com os antagonismos, € que seja ura ideal Nao se realiza sempre a vietétia apenas em detrimento do veneido, pois hé casos em que vencedor sofre também dos males da luta. As guerras destruetivas, que vimos assistindo, dio-nos um exemplo disso. FE como as socledades humanas sho naturalmente egoistas, ¢ os conflitos sociais j nfo se cireuns- erovern ao ambito dos antagonistas, 6 eompreensivel, em parte, um interésse maior daqueles que procuram empregar meios para evité-los, sem que, com isso, se negue a acgao que sire de um fmpeto ideatistico, ou até religioso, buscando evité-los. 70 MARIO FERREIRA. DOS SANTOS ‘Tondem of conflitos dessa espéeie a gerar outros, propa- sar-se e transformar-se em antagonismos de aspectos diferen- tes, ‘Tendom os antagonistas a associar- de um antagonismo comum, como j& ext c, entiio, allangns, eoalizdea, 0 que ‘ambos 0s lados antagonicos, como verificamos nas guerras de religiio. As vézes, 0 antagonism dos grupos é tio intenso ‘que éles permanecem separados durante o conflito, embora en- frentando um antagonista externo comum, como se viu na guerra civil espanhola, no eéreo de Jerusalém por Tito, em age as facg6es Judias, que lutavam contra os romanos, lutavam internamente umas contra as outras, Portanto, na reunifo, na coalizao, na alianga de grupos antaznicos contra um inimigo comum, essa pode dar-se ape- nnas ‘ia ivfa, como se dava entre anarduistas e comunistas na yevolugio espanhola, unidos apenas na luta contra os franquis- tas, mas mantendo aeeso 0 conflito que surgi, internamente, do seu antagonism, Observa-se, ademais, que, quando hé antagonismos de mais de dois térmos, como a luta entre trés antagonistas, hi uma tendéncia a unirem-se dois, limitando o conflito entre dois t@rmos. Tais antagonismos podem desaparecer no tocan- ifesto, mas pode per- manecer latente, como sucedeu, nesta gitima guerra, em que a Riissia e os aliadoy oeidentais ‘uniram-se para combater o na- zismo, mas virtualizaram o antagonismo latente, que eclodiu, depois, da derrota do faseisio, Por outro lado, um eonflito entre grupos antagonistas pode provocar outros antagonismos entre grupos que nao so térmo do primeiro conflito. Assim, a luta entre duas faeces pode proporcionar pretextos para 0s grupos ov i centes a grupos, que ndo so térmos do cont vos de antagonismo manifesto, eomo a rev pode provocar moditicagdes politieas importantes em outro, & também conflitos entre faccdes partidarias, diferentes, quanto as suas ideologias, das que se acham em luta naquele outro pats. HA casos de conflitos seneralizados entre antagonistas, como num naufrésio, em que todos procaram apenas salvar-se e entram em Inta uns com os outros. Mas, nesses ea20s, so possiveis e se dio répidas aliancas titieas, manifestagd antaneas de apoio mittuo, no intuito de se’salvarem as partes, pelo auxilio que uma pode prostar & oubra, Na sociedade SOCIOLOGIA FUNDAMENTAL B HTICA FUNDAMENTAL = TL ‘humana, tais conflitos so passageiros, pois se féssem perma- nentes haveria a possibilidade da extinggo da mesma. Por outro lado, um antagonism atenuado pode agravar-se ©, de passageiro que poderia ser, tornar-se permanente, Mas, nesses ea2os, hd sempre a presenea de outros factores, que s¢ achavam virtualizados, E? que ja havia um antagonismo la- tente, aue se desabrocha devido & eclosio do conflito que, em si, é atenuado, mas que, pelo acrescentamento de outras eausas, pode tornar-se agudo ¢ permanente, BE? & presenga de tais factos que provaca os desejos de 1 permanente ¢ profunda, ¢ do desaparecimento de tives de antagonismo, E como entre ésses esta os interésses de classe, os Wstados, as nagdes, as linguas, ete., deseja-se aniquilar tais diferenciagtes no intuito de aleangar aquéle estado em que a paz, por falta de motivos antagonizantes, poder-se-ia instaurar na socledade. A paz surge quando os posstvels antagonistas se encon- tram num instante de equilibrio. Entre nagées, a pax surge pelo equilibrio das oposigées, devido & auséneia de motivos de perturbacdo. Dé-so a con- tenciio das foreas opostas que nao se antagonizam porta paz, gerada pelo amor, com: ou colectividades, como as procurado pelos possiveis sigéo, por um motivo mais elevado, por um amor me © que desejamos ressaltar de modo inequivoeo & 0 papel da oposicio na vida soc ‘Na oposigfio, hé duas positividades que se enfrentam: posigao —ob_——_—posiggo uma A outra. Mas, nesse enfren- meramente relativa, como ha uma oposto e até o actuar contrério de f um ao outro, Na oposigéo, em que as posigoes, além de se dofrontarem, procuram exereer uma ou ambas um poder su- jor sébre @ outra, temos uum antagonism. E quando este a ponto de prejudiear uma das partes, a ponto ‘valores de uma das partes, ou de ambas, temos lade, que apresenta uma gradacdo variada, até ao encarnigamento, tendendo & destrui¢io da parte oposta. 2 ‘MAMIO FERREIRA DOS SANTOS Examinado bem éste aspecto, vese que, em tdda a vida social, nae relagées sociais, hd a presenca da oposig’o. “Pode= até dizer que téda relagio social surge de uma oposicio, a a antecedéncia da categoria da oposigio. Na relagho so imprescindiveis, pelo menos, dois 4érmos opostos, postos ob um a0 oulro. Mas essas oposigdes sio antagénicas, quando um dos tér- ‘mos da relagio social tende @ impor um’ poder adbre 0 out jo ou resistindo, Ora, nas relagdes humanas posit é oposiefo sem antagonismo. Nas relagées soviais ne- gativas, 0 antagonismo eonseqientemente se evidencia. Nas relagies sociais negativas, hé, desde a restrigfio ao desenvolvimento normal do pracesso de uma das partes, devido 4 actuagio ou resistencia da outra, até a dostruigao de uma das paries pela acco aniquiladora ‘da outra, Désse modo, vé-se que as relagées soeiais negatives estao sempre presentes ma ordem social e sfo inevitdveis, embora se possam minorar e até fazer desaparecer seus graus inten- sistas mais exagerados. © egoismo humano, as fraquezas naturais do ser humano, nig impedem que até nas manifestacdes da amizade, do amor « da eooperagao haja relagdes socinis negativas, haja antago- Por isso, a politica, quando tomada em seu tido, como arte de conduzir as coisas humanas, néo anular, para sempre, os antagonii qui mas pode pelo menos atent Os antagonismos, quando se agra pois o8 térmos antag __No antagonismo & impreseindivel que os térmos antago- nizantes tenhat um ponto comum, pois do contrario aqule seria impossivel, ? Impreseindtvel que os termos se encon- trem numa determinada vias Nao haverd antagonismo entre Gois individuos, um na medicina outro no esporte, se néo for © médico esportista ou o esportista médieo, ou em allo que sea comum @ ambos, por exemplo, na fama, no renome, no apiauso Popular, ‘Tem de haver, sempre, algo em comum para que 08 termos se antagonizem, SOCIOLOGIA FUNDAMENTAL E BTCA FUNDAMENTAL — 73 No antagonismo hostil, deve-se considerar o que ataca © © que se defende, pois um’é hostilizado pelo outro ou ambos se hostilizam, No antagonismo hostil manifesto, trava-se 0 conto, Se no antagonismo exportivo sfo dadas &s partes as mosmas con digdes, j4 0 mesma nao se di nos conflitos socials, em que as partes podem estar em condigies muito diversas. Se hi x das partes em de a realizar a mudanca de algo, enquanto 0 que se defende tende a permanecer no estado €m que esta. Mas, no decorrer do conflito, as posigdes podem modificar- -se, pois 0 que se defende ataca, como 0 que ataca, defende-se. © ponto de encontro, as condigies e os fins iio podem ser diversos, 0 que eface, ton- antagonismos socials so inevitéveis, como sio taveis as reledes sociais negativas, mas 0 que é possivel e belecer-se, © em grau cada vez maior, so as relagdes socials, positivas, Nio poteria s Sociologia ter por fim apenas um estudo das yolacdes sociais. Sendo, como deve ser, nfo apenas uma cigneia tedrica, mas também prétiea, e tendo como finalidade dar ao homem o conhecimento do facto social, deve tender tam bom para o aumento constante das relagoes positivas e para & reducgao maxima possivel das relagées sociais negativas. No campo das idéits politics, verifieamos que os partidos pretendem estabelecer ou propor normas eapazes de assegurar fais fins. O mesmo papel coube e cabe também fis religides. quanto aquéles permanecem apenas no campo da ima- néneia social, as religides penetram no transcendental. Como 0 uso da forga constrange mais ripidamente aquéles que a sofrem a obediéncia, os grupos socisis ©, sobretudo, as sociedadles humanas, em todos os teinpos, procuraram empregar todos os meios que as habilitassem a atmentar a féxga social Mas se a fdtea 6, em cortos casos, to habil para demover, ‘ende ela muitas vézes a dexenerar-ve e enfraquever-se pelo uso constanie, bem como 0 de provocar, por parte de outros, 0 fnumento de sua forga para enfrentar o poder do adversévio, Ademaig a forea, emprogada nas relagses sociais, facilita a formagio de relagées sociais negativas, enquanto a persuasio tende a formar relagoes sociais positivas. 4 MARIO FEREEIRA DOS SANTOS A persuasiio, como j4 vimos, consiste em move cotar de aobrdo com cerias ruslugoes om sentimontae& era 1za todos os meios que Ihe sfio adequados, como % demons tragdo, a sedusao, 0 ensino, combinando ésses aspectos. com outros, como a graca, a beleza, a eloaiiéncia, ett, Na persuasio, nfo hé 0 uso da violdnela (da ia) e, ine- cave, seria'a mebtor forma dus se podonte deseae pare justo dos homens. Mas, oferece ela certas deficion- 5 que 0 individuo ¢ os grupos a empregar tanias vézes a fOrca para obter 0 que desejam. © progresso da téeniea e da eléneia, a cultura mais de- sfio meios de persuasto, © tém favoreeide 0 seu to, embora certas resistencias, que ainda per- Guram, néo tenfam permitido a obtengéo de melhores frutos, Nem todos eso apios a recehor os argumentas 0 compreen. jé-los. Um certo irracionalismo sempre domina, e mui vontade humana. more demingy @ mutiny Ademais, & proporeio que 0 progresso da ciéneia e do saber aumenta os meios de persuasio, aumentam também argumentos opostos, que podem ser esgrimidos para evitar aguela, ¢ favorecer posicio de resisténcia, A troca de vantagens e de servigos tem um papel impor- tante na vida social, Essa forma € mais bilateral, poraue, nea, hha trocas entre as partes, e uma delas pode recusar 0 que a outra oferece. Se nio hé essa possibilidade, estamos em face fs predominariament&o as relagdos socials positive agho da perauasio com a troca seria a esohavel, Real” Imenlo reprerentaria um grande progresso do homtem 6 aban: fiono da Zorea o-0 aumento da persuasio e das trocas, due ito € impossivel, pois os facts historios eo exame das de wersas coleotividades sovials, mostram-no scr aleangavel ‘A téeniea da persunsbo tem um papel importantiasimo na ica toi “0 prio tad tha mule ves, ebretade nos regimes democraticos. E poder-se-ia dizer que é na apli- eaggo dexaa teen e na das toeas, quo estaria 8 forms mais tlevadh de uma organizagio socal, SOCIOLOGIA FUNDAMENTAL E VICA FUNDAMENTAL — 75 Na persuasio, os térmos, que a factoram, funeionam do seguinte modo: um tem o papel de proponente e 0 outro de aeeitante. BE hi persuasio quando 0 segundo aceita © querer do outro, como seu préprio querer. Ha combinacbes da téeni- fea da persuaséo com a téenica da troca. Quem oferece algo fem troea de algo, persuade ao que aceita, que éle dard com justiga algo que é seu para obter algo que deseja, Na troca, é mister que ambas as partes se persuadam de que 6 cla vantajosa; do eontrario, se se emprega a forga, ha- vera constrangimento ou iio. O que page um preco demasiadamente elevado por algo, forgado pela nceassidade, experimenta um constrangimento, E, em tals casos, ° exemplo da forga instaurada, pois uma das partes é’obrigada @ aceltar o que propde a outra, sem ser persuadida, ‘A persuasio se realiza através da argumentagio, da de- mmonstragdo, da apresentagao de vantagens, ete, Consegiien- Temenio, toda porsuasio exige a presenga de valores accitos por ambas as partes, Esses valores podem ser éticos, l6gieos, Feligiosos, utilitarios, estéticos, misticos, ete. Km face désses valores, a persuasio se processa segundo graus. As multidoes, por exemplo, so mais facilmente per- Suadidas pelos valores Utilitérios do que pelos étieos. Em tirno désses valores, formam-se os grupos de opinidéo, gropos de uma tensio muitas vézes bem intensa, e, apesar de Paskagelros, exereem, nalguns momentos, uma actuagao inten- sista muito grande. Apesar de nao apresentarem limites bem nitidos, e serem de duragao precéria, so, no entanto, de grande intensidade nas suas actuagoes. Observa-se facilmente 0 gmipos durante os periodos de agitagao intelectual ow politica, Ee vesperas de eleigdes, cuja actuagao é intensa, mas que de- Saparecem logo que passam 08 totivos que os geraram. rrupos que se formam em torno de idéias, de cos e iWleoldgivos, politicos ou sociais, eatéti- bos, esportives, éticos e religiosos, quie muitas vozes se entro= sam, formando corventes de opi jue exereem um papel importante em certos momentos histérieos Entre os grupos de opinifio, fundados & base de persua- sio, ha os de maior © menor duragiio, de maior ou menor in fensidade, Pode-se observar que tais grupos encontram forea social na proporgio em que se fundam em valores x ‘ou menos estabelecides, mais ou menos aceitos. 6 MARIO FERREIRA DOS SANTOS As soviedades fundadas sobre 0 consensus religioso sfio jedades a base de persuasio mais sélidas. 4 eoesto * sociedades € © eonjunto dos 0 mesmo pode-se observar em én e qualquer sociedade ou grapo, fndadoe A base de perguasio. "que 9 gray da ness € dado pelos valores accitos, e segundo a inten em que so éles © segundo a Inensidade ade de erupos adversos pode ex cerbar 4 £6 nos valores aceitos, «a Tate pode ser ih estint ‘igo, com tambérm do seu entrague- iy'sem vida, a inflwencia de ara le sous elementos componentes. Se se trata joso, em que predominam elementos hiera- Essa mesma re#ra pode-se aplicar em outros sectores, poi Y a ‘0s, seetores, pois uum grupo a base de persuasio sob valores wtlitatios & Coe- rente ¢ forte na proporcéo do cardcter uti dios elementos eomponentes. KE, na adversidade, poder’ coe renciar-se muito mais, 0 que nfo se dard se earacterolbgiea- mente os elementos componentes forem levemente mercadores ou empreendedores (tips de empresirl pode assumir as feigses dew zropo sctivisrino dominadon, gue exereerd stu (poder e I= fluira sobre outros. ae r& sou poder @ in sre camer

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