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Mar Marina Josefa Jucimeri da Silveira Silvana Mara de Morais dos Santos Pda] ad) < » =| o cs © a ° ow a = o 7 * L Jose Paulo Nett o. Samya Rodrigues 70 Joaquina Barata Tei Paulo César Guimafr rf ra wv > uw 3 ret Ce de Servico Social REVISTA INS CRI Conselho Federal de Ser ‘Ano VII — N° X - Novembro de 2007 Inserita (ISSN 1415-0921) & uma publicagdo semestral do Conselho Federal de Servico Social (CFESS). Anigos enviados espontaneamente poderao ser publicados se aprovadlos pelo Conselho Editorial. As opinibes expressas ‘nos artigos S30 de responsabilidade de seus autores. AS ‘colaboracdes sero submetidas a eritérios ecltoriais ‘COMISSAO DE DIVULGACAO E IMPRENSA/,CONSELHO EDITORIAL = Simone de Almeida (coorclenadora), Wwanete Bosch, Silvana Ma ia Pedrosa de Almeid, “Tania Maria Ramos de Godai Diniz CONSELHO CONSULTIVO Alba Maria Pinho de Carvalho (CB), Aldaiza Sposa (SP), Ana ‘Amoroso (MG), Ana Cartaxo (SP), Ana Elizabete Mota (PE), Ana Ligia Gomes (OF), Beatriz Augusto de Paiva (SC), Berenice Rojas Couto (RSI, Claudla Patricia Diniz Cortela (BA), ‘Claudngia Ferreira Jacinto (MGI, Consuelo Quiroga (4G), Franci Gomes Cardoso (MA), Heloisa M, Jose de Olivera Iwate Simonatto (50, Jose Pa ‘Abramids (SP), Maria Carmelita Yazinek (SP), Maria do Socorro Reis Cabal (SP), Maria nds Bravo (R)), Mara Marita dos Santos Koike (PE), Maria Rosingela Batistone (SP), Marilda amamoto{R}, Marina Maciel Abreu (MA), Mione Apolinivio Sales IR), Ney Lua T. de Almeida (R), Ora Battin PR), Potyara Amazoneida P. Percira (DF), Raquel Raichelis (SP, Regina Gifoni (SP), Reinaldo Pontes (PA), Rosa Helena Staim (R), Rosemary Souza Serra (R), Sergio Antonio Carlos (RS), Svely Gomes Cosa (RD, Vaklete de Barros Martins (MS), Vera "Nogueira (SC, Vicente de Paula Faleitos (OF) EDICAO/ENFIM COMUNICACAO ‘Maria Celina Machado (re, prof. 2.7741MG) REDACRO/COPIDESQUE José Eudes AlencarfENFIM Comunicacio PROJETO GRAFICO, EDITORIAL E PROGRAMACAO VISUAL Mateia Carnaval COLABORADORES DESTA EDICAO Paulo César Guimaries, Comilla Valadares (Assesoria de CComunieagso do CFESS) eo iustradorJeferson Nepomiceno, Inserita¢editada em Brasilia, Correspandncias podem ser envindas para a sede do CFESS: SCS, qundra 2, bloco C, Ed. Serra Dourada, salas 312/310, CEP: 70300.902 ~ Brasilia ~DF Tels (61) 3223-1652 — Fan (6113223-2420 Emails: cess@cfess.ong.br, cfess@persocom, come Site: www.efess.org br CONSELHO FEDERAL DE SERVIGO SOCIAL CFESS Gestdo 2005-2008 “Defenelendo Direitos Radicalizando a Democracia” PRESIDENTE: Elisabete Borgianai VICE-PRESIDENTE: Ivanete Boschetti 1 SECRETARIA: Simone de Almeida 2° SECRETARIA: Jucimeri Isolda Silveira ‘TESOUREIRA: Ruth Ribeito Bittencourt 22 TESOUREIRA: Rosa Helena Stein Conselho Fiscal: Ana Cristina Muricy de Abreu Joaguina Barata Teixeira Silvana Mara de Moraes dos Santos Consetheiros Suplentes: Ronaldo José Sena Camargos Juliane Feix Peruzzo Laura Maria Pedrosa de Almeida ‘Marcelo Braz Moraes dos Reis, eile dOran Pinheiro Tania Maria Ramos de Godsi Diniz: Rosanilce Pinto Ribeiro Maria Helena de Souza Tavares Eutilia Barbosa Rodrigues CONSELHOS REGIONAIS DE SERVICO SOCIAL (CRESS) E SECCIONAIS DE BASE Venda aula: na sede do CFESS ¢ dos CRESS “ nts 7 nao Seco de Presient Proene- ones 51 GHKO SEER as ene Agta Saaeige AMOR ae Sema ae Sea Sane BEE rarer/aurersof Peeaeauithttek- — Reaatbaeet < Sapaee RoidtiePasin Seesccorbr a (daar by neff (1) 3221-6510, fecronal de Rina 15" Reto > enamine Secs dentin a: tepio Pe a er ied a fecal ncomgce 7+tate Sewireandeonas foe feeesatt! = ESIASAIE uN Sher coe ane Sei germ FERTILE, ay, feuds emoue BG Raat nase foncton zi Sangeet | Seco do aucove, PS A Stare scemenarty seateate Canny eCcttam Ene baie Sencha faggot 7» Sy SS. nn isi Fetbeat anes Hess 17 IK EPS cnr siesizcices Manner Fee tals 5 007 i pena Cito pret Mere Bel, 452 Hue asseaay bs22 0203 Fen iP ane Pinter tae BOI aoe esa ae FARR Boom ey) 22204 Sertoli Fone a asaiaiy 0 Scere xs ecuio Seimeaes ness neko SRR rate Saco SEES. go nc. 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Canale Sena fore vee Soreeatats paca Reames Beane eect atss 1 echo Sueno Ses eon en ee $FScc cr smsuc ace Faget bettie re SERRA SUSE REM tau dso, sc Ee EES es Sa qe “Ro Branco" AC FE eaapelitilivceag igh ‘ oscar Fenoei7) 1233-7560, Foran 65) 3224-0005, Sco de Ula Ree grader ‘Soca ee Sal215 “Ed Exceut Secon de ga. epi Scoala 18 Re ae 1S lf ats Fomriassies 7 Race cas ug aR=ii-fo'"”Basgggspt Mas Fava) 33 fenetfas (8) 622-7003 Fontan: (88) 3321-736) Fone: 16) 3223-6063 Nectnnbetndsecwemgorehe SEES ath, eet comb Ey Moar ce ! o Bf a z A hegemoni@ em eq ue. Projeto ético-politico do Servigo Social eseus elementos constitu tivos Marina Maciel Abreu Josefa Batista Lopes Formagdo profissional e diretrizes curriculares Jucimeri Isolda Silveira Experiéncia histérica e cotidiano no trabalho Silvana Mara de Morais dos Santos Questées e desafios da luta por direitos Ivanete Boschetti Seguridade Social publica ainda é possivel! é Paulo Netto am e@ a ¢ ais a ¢ 1) a5 ¢ Samya Rodrigues Ramos A me dia¢éeaa=ad das Oreganizacoes politic as Joaquina Barata Teixeira Relagcoes Intern aei ona ics Editorial Dossié CFESS Desafio das entidades Cultura, Livros & Idéias Teses & Dissertacées Depoimento Revista INSCRITA 2 A hegemonia em xeque. Projeto ético-politico do Servigo Social e seus elementos constitutivos Formagao profissional e diretrizes curriculares Experiéncia histérica e cotidiano no trabalho Questées e desafios da luta por direitos Seguridade Social publica ainda é posstvell Das ameacas a crise ‘A mediacao das organizacées politicas Relacdes Internacionais CFESS prepara conferéncia mundial A geléia cultural brasileira na velha Lapa carioca 58 59 60 W 17 25 37 a1 47 52 54 Revista INSCRITA CChegamos 20 décimo nimero de Inscrta, justamente quando se passaram 10 anos do lancamento da primeira edigdo! E certo que devemos comemorar esse feito que expressa, a despeito das difculdades que marcaram a trajetéria da revista, a dsposiclo do CFESS ce manter avo um meio de veiculagio de idéias que animamn o debate da categoria. Podemos dizer, na tentatva de se fazer aqui um breve balango crtico, que tréstragos imprimem 2 Inscrta umia marca indelével: primeiro, ela se caracteriza por dar voz aos cstntos sujeitos que compéem o universo profssional, dando visibldade tanto as reflexdes de natureza académica, quanto aqueles oriundas do espaco estritamente profisional; segundo, pode-se afirmar que a revista consegue articular a publicacio de textos que conectam 0 Servo Social com as tendéncias societirias macrosc6picas,fazendo da revista, portanto, um elemento importante no debate que tenvolve 0 conjunto de atores sociais que almejam construir uma outra sociedade, distnta e mais Justa que a atual €, um terceiro traco a se restaltar 6 que a Revista Inscrta ndo descuida de um objetivo primordial: a defesa do projeto ético-politico da profissio. Forisso mesmo, porque esses tragos afirmam e consolidam o periédico entre nés, escolhemos © projeto ético-poltico como foco central para essa edicdo. Vivenciamos um momento crucial para a proposta e & precsamente sobre essa problematica que se debrugaram nossos autores, Marcelo Braz discute uma eventual perda de hegemonia: Marina Maciel Abreu © josefa Batista Lopes, @ partir da experiéncia da ABEPSS, pensam o lugar da formagio profisional; Jucimeri Silveira enfrenta a questéo da relago com a intervengio no cotidiano; Sivana Morais dos Santos problematiza a relacdo dos direitos com o projeto; Wvanete Boschetti o articula teérica e politicamente & Seguridade Social; José Paulo Netto — autor do texto referéncia de 1999 — discute as ameacas da atualdade ao projetoético-politco, assim como a saida organizatva; Samya Rodrigues, Ramos assnala papel das entidades representatvas do Servico Social e Joaquina Barata Teixeira tece consideracdes acerca dos canais internacionais de expressdo de nossa proposta profisional Inscrta traz também uma entrevista sobre a Conferéncia Mundial que © Brasil sediaré em 2008; urna matéria que trata da temiética cultural, mostrando a Lapa carioca e algumas de suas caracteristicas mais marcantes;informagdes sobre lvros, issertacBes eteses. A edicSo se completa com 0 depoimento de Marcelo Braz acerca do papel social dos conselhos prafssionas. Eis a Revista Inscrta ndmero 10! Pronta para ser ida, © discutida. Pronta e dvida por retornar a0 Universo da profissio devidameente revigorade, reanimada ¢ convicta do dever cumprido. Befarovwie cress vossie cress Marcelo Braz* A hegemonia em xeque. Projeto ético-politico do Servico Social e seus elementos constitutivos' E muito polémica a afrmagio de que o projeto ético-poltico que se construiu a partir do final dos anos 70 goza de hegemonia no Servico Social brasileiro, Mesmo entre seus defensores, no ha sequer consenso acerca da idéia de que isso tenha ocorrido em algun momento. Entre seus opositores e critcos, a tese &, por razdes Obvias,largamente refutada. Se buscarmos compreender o conceito de hegemonia, veremos que sva definiao & ampla o suficente para comportar diferentes interpretacoes. No entanto, ela é precisamente dara numa ‘questio: no se confunde com supremacia, nem tampouco com maioria, Além de pressupor dimens6es muito mais qualtatvas que quanttatvas. Em termos gramscianos?, a palavra significa a prevaléncia (ou 0 predorinio) de uma vontade coletiva (ou de um interesse pibico) — 0 que supde a necessira conexdo a um projeto societério — sobre as demais vontades coletivas (ou projetos coletivos), considerando a coexisténcia democratica entre elas, Ou seja, ocorre quando um determinado projeto coletivo se afirma sobre uma diversidade de outros que democraticariente disputam a direcio social da sociedade, 2 partir da consttuiglo de um bloco kist6rico (que vai além da consciéncia de classe, mas que sem ela nao se efetiva) que articula uma multipicidade de interesses. Gramsci pensava a hegemonia no conjunto da sociedade, no ambito das lutas de classes processadas na sociedade capitaista, A diusdo de suas idéias, inclusive no Servigo Soci, tornou © conceito de hegemonia “aplicivel” is vérias situag6es nas quals se verificam lutas soca, sejam elas mais amplas (as que envolver as classes socials fundamentais),sejam elas menos abrangentes ustamente aquelas que cizem respeito aos diversos grupos sociais exstentes na sociedade). ‘A.questio no Servigo Social - em referéncia ao tema que se quer discutir nesse artigo — tem aver, assim, coma direcéo socal e politica que um determinado projeto exerce sobre a profssSo em decorénca, sobre a categoria dos assstentes socais, Tl diregio implica 0 predominio de Luma concepgio que fomece um corpo de valores e principios a partir dos quais se constréi uma, Revista INSCRITA + Maro fine ote ca Sago Soda po ‘er ds Unvesace Feder do Ro de eto (UFR corecboro do GEES eco msor no Aagnngo mgr de oot Pb Neto Ett Sores jane Peuro © a Ripon © ‘esponsabiza com os steer de Caos Sprout dea de Geant. Conte fcpedaene Gos errant plc. Rio ec, Compu, 1989 Renvobnc cue Sindan re del Bod. deer ‘ret do ode hate Simorte Gamer 0 ‘dnc 0 Serge Seat Fovandpal EAUESC, io Fa Cone, 200.3. 1 eipcnete om Ciao 3 temo ‘esi prec de eorperacio ds is Aerpesto dd ost Po Nato (1999), Cepacogte em Seige Soe co Soe. edi | rad, Cena! ABESSICFES » O oto, tla “Notas ‘ebro peo sc ‘tne Seta rot Cotten de ot regs (CRESS ‘opio: Bo 6 ni, 20, conto CRASICRS (Conshon Feral e rejom bite CHESSICRESS (Cones Federale Ragjras de Seo Sogn da BESS (Bsc Baio do sat de Serco Sec) ‘urs ABS (essai Bator de rte @ Pesquisa an Seego Sod 63 SESSUNE Gusev te Eur do Serge Secs da UNE orgroe + ENESSO Greta ‘ergo Sc). 'Opperta neo rojo dca glico do Seno Soca Aoi Sang Scale Sociedade No 78, So Faia, Cone, isp ore ope, 9-60 App owsis cress ‘espécie de imagem ideal da profissao". Essa auto-imagem envolve aspectos teéricos, pol- ticos, organizativos ejuricicolegais com os queis se identifica a categoria, Forrmam, portanto, as ‘bases efetias do projeto, configurando-se em seus elementos constitutivos que, quando ¢ganham legtimidade, o tomam hegemSnico no seio profssional. A articulacio desses elementos, foi decisiva para a hegemoria do projeto ético- politico. Em texto publicado em 20018, identiiquei {és elementos (ou dimens6es) consttutivos do citado projeto que — construido no rastro do proceso de renovacSo inicio no final dos anos 70 conquistara hegemoria: a) uma dimenséo tedrica, que envolve 0 conjunto da producso de conhecimentos no Servigo Social; b) urna dimensio juridico-politica, identificada no mbito dos construtos legis da profissio (tanto as leis estritamente profsionais, quanto a le- _lacdo social mais ampla); ¢) e uma cimenszo politico-organizativa, ancorada nos féruns co- letivos das entidades representativas do Servigo Social Sustentei, entao, que @ hegemonia se afr mava na constatagéo de que © Servigo Social renovad se consolidou. a partir de conjunturas politica diferenciadas, Isto ocorreu porque foi capaz (por meio da acio consciente de suas ‘vanguard profsionais) de articular hegemonia te6rica ~ fortemente (mas néo exclusivamente) influenciada pela tradicao manssta —e poltica — estabelecida nas entidades da profissdo que se renovaram 20 longo dos anos 1980 © 1990 (fundamentalmente a ABESS, hoje ABEPSS, 0 conjunto CFAS/CRAS, atualmente CFESS/ CRESS, € 2 rearticulacéo do movimento estudantil com a SESSUNE, donde se originou a ENESSO)* ‘Arruptura teérica e politica com 0 conserva- dorismo e 0 tradicionalismo e as demandas 50- Cais colocadas 8 profissdo engendraram a re- construcio das bases ético-normativas @ ju- ridico-legas profissionas, resutando na refor- rmallagdo do Cédigp de fila e Ha Lei de Reg lamentagao da Profssio em 1993. Os desdo- bbramentos abjetivos daquelas trés dimensOes permitiram que se artculassem os elementos consttutivos do projeto que se tomou hegemd- rico ao longo dos anos 1980 e 1990 no Servigo Social brasileiro. Na década atual, tal projeto se viu forte- ‘mente tensionado pela conjuntura que se abrit com 0 governo Lula iniciado em 2003. Em artigo de 2004”, argumentei que as pecular- dades da gestio lulsiapetista atacavam 0 pro- jeto em suas bases efetivas, colocando-0 & beira de uma crise, precisamente por duas razées principais: a continuidade da poltica econémica neoliberal e 0 revsionismo te6rico-poltico que poderia absorver os segmentos progressistas ‘Com 05 quais 0s assistentes soca se identiica- vvam, especialmente aqueles igados 20 PT. A- tente-se para o trecho a seguir: (..) se persistrem as politicas neolberais postes na diregio da (contra-) reforma do Estado, teremos uma reducio/ degradacéo dos servigos pitblicos que podem indicar, mais uma vez, um avitamento das condigées de trabalho dos assistentes socais nestes espacos e, artculadamente, progressivas difculdades para a efetivacio de principios histéricos (..) drunscritos na defesa das polticas piblicas de responsablidade esiaal, tanto na satide, ra previdéncia, na assisténcia social € nas demais polticas soca.” A persisncia e até mesmo o aprofunda- mento dessas condicbes poem a hegemonia conquistada em grave risco. A (POSSIVEL) DISSOLUCAO DA HEGEMONIA CONQUISTADA ‘A vineulagio histérica de nosso projeto & proposta de sociedade das classes trabalhadoras colocou-nos, 20 longo das décadas de 1980 € 1990, em frontal oposigao& concepcio das cas- ses dominantes, que nos titimos quinze anos atendeu as exigéncias do neolberaismo mun- dial, derado elas forcas do capital fnanceiro, Talvinculagio estabeleceu fortes aticulagbes das «demandas politco-profisionais com os setores corganizados dos trabalhacores, fundamental- Revista INSCRITA ‘mente com os movimentos operério e popular © com suas expressées particrias mis sigri- ficativas, assentadas no Partido dos Trabalha- dores, ‘Aascensio de Lula e do PT ao poder central —¢, junto a eles, de setores significativos do ‘movimento papular e do movimento operirio- sindical — embaralhou as correlagGes de forcas. Abriram-se possibiidades para afirmar, numa equivocada supasiclo, que o projeto societirio hhegeménico atual, que tem como represen- tantes politicos 0 PT, Lula e as forcas a eles art- culadas, expressa, de alguma maneira, o projeto profissional do Servigo Social aqui dscutido € Que, assim, ndo haveria necessariamente uma relacio de antagonismo entre eles. A diver- sidade ideopolitica que caracteriza todo € qualquer projeto profisional ea particpacio de sues expressivasliderancas no governo central podem ser vetores analticos para entender esse quadro. Mas, o mais importante néo parece es- tar neles © que pbeo projeto ético-poltico do Ser 0 Social brasieiro em crise & a articulacio de dois problemas centrais. O primeira diz respeito auséncia de uma proposta altermativa A do capital na sociedede brasileira, capaz de uniicar interesses sociais dstntos relativos ao trabalho, Ustrapasse osliites ca realidade brasileira, uma vez que tem antecedentes histéricos, que remetem a propria cise do socialsmo mundial, desencadeada a partir do final dos anos 1980 € do inicio dos 1990. A repercusséo tarda entre 1és deveu-se & forte efervescncia sociopoltica dos anos 1980. A lutas pela redemocratizagio deixaram 0 legado de fortes movimentos socials. que du= rante a década de 1990 adiaram, ou pelo menos amenizaram, a plena realiza¢ao do neolibe- ralismo entre nés, Teceu-se af um projeto so- etério democratico- popular de corte anti-capi- talista que, dada a sua heterogeneidade, conse- ‘Buu articular amplos estratos das clases traba- lhadoras, Mas sua exaustio comeca ji no pleito presidencial de 1994, demonstrando forte crise no de 1998. As eleigdes de 2002 represen- taram, entéo, a crstalzagéo do processo, ex- pressando praticamente seu esgotarmento’, Dessie Cressi ‘Ainda que Lula tena sido eleto a partir de um forte sentimento ani-neoliberal, como uma forma de repulsa ao legado desastroso para as massas trabalhadoras deixedo por FHC, seu Governo esteve longe de se colocar como alter- rativa. Ao contrério, deu continuidade e, em ‘alguns aspectos, até mesmo aprofundou a acéo neoliberal no Brasil. Consumou-se, assim, © empobrecimento de um projeto societério - temato a0 do capital na realdade brasileira. Isso signicou, no s6 para 0 Servico Social, mas. para os mais variados grupos sociaise categorias Profissionas, a instalagéo de uma verdadeira rise Em poucas patavras: a crise de projet socie- tério dos classes trabalhodoras impde uma crise <0 nosso projeto projssional. E a sua hegemonia também depende da natureza da relacio que se estabelecerd com esse estado de coisas. Man- {er-se-40 05 principios, 05 valores e os compro- rmissos firmados numa conjuntura de crise/au- séncia de projeto societério das classes trabalha- cdoras? Eles poderio ser reproduzidos ainda que ro encontrem repercussio nas lutas mais am- plas do trabalho? Ou o projeto protissional sera relativizado, flxibilizado ou revisado para se ajustar a proposta hegernénica? Essas 580 ques- ‘Bes crucais que atingem em cheio o debate acerca do projeto ético-poltco e de sua hege- monia, (segundo problema esta centrado em fa- tores objetivos que incidem sobre as bases ma- teriais do projeto profissional. Refiro-me as condigées atuais sobre as quais se efetivam 0 proceso de formacéo profisional e © proprio exerckcio da profissio no Brasil, Se 0 projeto &tico-palico indica um dever ser do profissdo (ou seu vir a ser possivl), as condicées cbjeti- vas do trabalho e da formagéo profisionais exp- ressam 0 seu ser conereto. Anda que o projeto se plasme na realidad como uma forma de ser daprofssio, ele s6 se materaliza, se se objetivar ra existéncia efetiva, a partir de diversas me- diagbes socioprofissionais e das variadas de- ‘mandas contraditorias que determinam o Ser- vigo Socal ‘Aqui o projeto profissional corre sérioriso. ‘Outras expressdes politicas da profissio ~ de Revista INSCRITA Adm Cota co Fs ‘rave pls corpo de {Gis em agosto de 2002, puree notre mn ‘estent pes ‘taeren enone, cefoenimo qe, como © rota panies, pote 32 Tecres eps © tosntmeno igo fc stead pelo CTESS ‘cpl recor! votnes Gpecarare pre teens tera ita do ipa dese dado pee ‘nner de cot resect do pti, "cs 80, ero 30 Iongo de oe cad de ‘ergo Socal ne Bra ‘mae chm de Aofpoorsie ceess variados tons neoconservadores ~ mais ou menos organizadas podem ganhar espaco € terreno em meio a degradagio das condicées de trabalho profissional. Poclem se tornar atra- enles os segmentos mais corporativistas da categoria que se evidenciam, ndo exclusiva- mente", em algumas associacbes sindicais dos assstentes socials € nas diversas organizacbes especticas (divididas em sub-éreas de atuacio) que puluiam no Servico Social. Ainda que muito diferenciadas entre els, se particuarizam pela bbusca de respostas imediatas e fragmentadas as demandas profissionais que se apresentam determinadas, dentre tantos fatores, por um rau intenso de avitamento das condigées de trabalho dos assistentes soca —salétios, formas de vinculos empregatcos, jornada de trabalho etc Numa expressio: as condigées objetvas da profissio tendem a fragmentar € a tornar cor- poratvistas as demandas poltco-profssionais dos assistentes sociais. Comisso, 0 projeto pode ter mais difculdades de exercer sua diregio sociale pode ser cobrado pela prépria categoria a flexiblizar seus principios e a adaptar suas diretrizes para atendé-la em suas demandes mais imedietas, correndo o sério risco de rebaixa- mento de sua agenda poltica.Inci-se aqui, por cexemplo, a problematizacio da manutencio da atual PNF (Poltica Nacional de Fiscakzacao do ‘exercicio profissional) do conjunto CFESS/ CRESS, sintonizada que esta com 0 projeto éti- o-politico, concebendo a fscalzacio para além da natureza normativa, desdobrandoa sua capa- cidade regulatoria em agbes socio-educatvas e &tico-politicas. Mas as bases materais do projeto também se assentam nas condicBes de formagio dos assistentes socais. Nesse plano, o quadro é ex- ‘vemamente preocupante. Refiro-me &inciscri- rminada mercantlizacéo do ensino superior no Brasil, que ver se efetivando desde aera FHC, ‘mas que ganhou impulso inaucito ra era Lula, que esta a se observar no momento néo diz respeito apenas & abertura nada crteriosa de cursos presenciais privados em universidades, centros e faculdades de ensino superior, © que estamos verficando, como que a nos atropelar, € o crescimentoincontrokivel de grandes grupos Privados de ensino de graduacéo a dsténcia que, segundo levantamento parcial do conjunto CFESS ICRESS'', jd atingern cerca de S00 municipios ro pals! vagas. “Trata-se de uma expanso que se deu a partir de dezembro de 2005 quando, de manei- raantidemocrética, por meio de decreto, 0 Pre- sidente Lula autorizou 0 funcionamento dessa ‘modalidade de ensino no Pais, como parte dia recém-anunciada meta do Governo de abran- ger, em mela década, 30% da poptlacio entre 18 € 24 anos, no ensino superior. AS ag6es g0- vernamentais tém sido levianas nesse sentido, jé que além de estimular a mencionada abertura indiscriminada, praticamente no impe ne- nhum critério de qualidade, abstendo-se de qualquer fungao regulatéria como Estado. © iineditsmo do momento para o Servigo Social esta na constatagao de que assstinos a Revista INSCRITA A saida esta na defesa radical dos principios ena criagéo de formas mecanismos politicos adequados ao tamanho do desafio que temos pela frente ‘uma acelerada massiicagio e desqualifcagio da formacio, com evidentes repercussdes futuras no exercicio da profissio, Em breve, haverd um perfil profssiona radicalmente alterado: quan: titativamente — a categoria pode dobrar seu contingente no Pais” em aproximadamente uma década ~ e qualtativarnente ~6 no minimo dwvi- dosa a qualidade da formacio que se oferece nessas redes de ensino de graduacio & distancia, INio pela modalidade em si (dscutivel, no am: bito da graduacéo), mas pelo fato de que parece no haver qualquer critério de controle, a no Dossie cressiZlah, sero atendimento is necessidades de mercado que regem a5 empresas que estéo vendendo 0 cursos. ‘Aripida modticacio do perfil dos assistentes socials no Brasil repercute no projeto ético-po- ltico em dois planos. Primeiro no ambito do exercicio profissional que, quando desquali- ficado, vulnerabilza a imagem da profissio no sentido de sua desvalorizacio na sociedade, além de pressionar para bao as jd destavoriveis condigSes salariais". Noutro plano, pode-se dizer que esse mesmo perfil ~ praduzido por Luma formagio profssional pouco qualficada, em ambientes nada académicos, despoliizados, que 1no propiciam uma necessriavivéncia universi- taria aos estudantes (vivéncia absolutamente inviével nos cursos de graduacio & distancia!) ~tende aifcutara formagio de navos quadros te6ricos e politicos para o projeto profissional E-queo seu surgimento ocorre, em grande par- te, da artculagio de uma sélida formagiio e de Revista INSCRITA ‘Sap for ect CHES ha caren (74500 aster sos contr oepsnco mice {elégo prtssond do gercrar um econ * Een vindr spt, poles au pode ar eb ceniro al. Be rhea oni de ‘covpesncs Geo, poten etcens) chon abdoa,Ts Porna vet aancogert una praca ees ‘es do ete (sind e pop pe 201 coma pein ee em 106 com 38. rece Ocenin de elo, copa @ sad "Derr das. present se rent nada “are Soci ebjao de poles "or CRESS odo CESS. Ness bcs porroves cpl ca por sve, To 5 poos dia Sea apresando 8 Ses em tarcermar sonigor oe clue) ‘om merc, comms ‘Mote Marl em O capicna to, S0 ado, le Cara, 182 * Ovamo de Mees, presto fro Par ean (so Pa, oy Agfpoorrie cress Luma vivéncia pottca”, que tém na universidade um locus privilegiado. “Tudo isso requer um debate aprofundado, de maneira que se possa pensar em formas eficazes de enfrentamento'* e de preparagio pparaum futuro breve, que promete ater signi- ficatvamente as bases da profisséo no Brasi Fenso que as saldas para superar o adverso qua dro atual se encontram no péprio projeta é- tico-poltco, A defesa radical de seus principios nos coloca na diantera da resisténcia&s polticas neolbberais. No entanto, nfo nos basta apenas ‘a intransigéncia de princpios, se ndo formos ca- pazes de criar formas e mecarismos politicos adequados ao tamanho do desaio que temos pela frente, sob pena de cairmos nurma mera peticio de princiios. Ainiciatvas polticas, §undamentalmente to- cadas por nossas entidades representatvas, de- vem articular dois vetores de aco: a) procurar transcender nosso campo espectico de atuacko, ccompreendendo 0 quadro que nos alge como parte da dinfimica de reproducéo amplada do ‘pital, que envolve os varios segmentos do mundo do trabalho que se véem acuados e na defensva,ciante da ofensiva do governo central em favor das forcas do grande capital”. Para tan to, nossa tarefa deve se concentrar no esforgo de identifcar os setores mais avancados e comba- tivos da luia social para com eles estabelecer {rentes comuns de resistencia; b) exercer nossas possiblidades regulatérias, no sentido de assu- rmimos nossas responsabilidades ético-polticas com a profissio, no que tange & preservacio de suas principais conquistas historias. Exigi-se-a de nés a coragem de, no plano juridico-poltico, valermo-nos de instrumentos legais e legtimos de luta contra as forgas do capital, em defesa da valotizaglo da profissso. Nido se trata de uma forma de juriscicizacao das luias socais, mas de encontrar no ambito juvidico-egal as contradigSes que possam nos favorecer. Nossa tarefa esté na capacidade de icentiicar formas de viabilzacio prético-poitica para o projeto profssional que, como todo pro- jeto coletvo, depende de sustentabiidade his- ‘rico para se reproduzir como tal no movi- mento da sociedade, 1a INSCRITA Dosste cressigiay Marina Maciel Abreu’ Josefa Batista Lopes” Formacao profissional e diretrizes curriculares INTRODUCAO "Neste trabalho, abordamos a formagéo profissional do assistente social, enfatizando os desafios das direttizes curriculares aprovadas em 1996'(Associagdo Brasileira de Ensino e Pesquisa em Servico SociaVABEPSS, 1997) na relacéo com 0 denominado projeto ético-poltico da categoria (LOPES, 1998; NETTO, | 999). Esse projeto traduz uma dlrecéo social estratégica © hegeménica na profssdo desde 1979, fundada no compromisso com as lutas democriticas e emancipatorias da classe trabalhadora e de toda a sociedade. Sob essa direcfo, afrma-se como perspectivaética, poltica e profsional aternativa & tradigio que marca a origem e o desenvolvimento da profssio no Pais, vinculada, predominantemente, & obtencio da adesio do conjunto da sociedade aos processos de produgdo e reproducéo social consubstanciados na exploragao econémica e na dominacio poltico-ideoligica sobre o trabalho, ‘A formacio é, pois, parte de um projeto profssional que se define e redefine no movimento contraditSrio da sociedade a parti de uma direcdo social estratégica, Nesta discussao, consideramos, Portanto, a incidéncia das contradigdes engendradas pela atualreestruturacéo econémica, politica €¢ socal do capital, sob a orientacao neoliberal, na reforma do ensino superior orquestrada pelos ‘organismos financeiros internacionais (FMI ¢ Banco Mundial), e que direcionam para a mercantiizagio da educacio — base da precarizaglo e da flexiblizaglo da formacio profissional ‘Assim como, temnos presente a influéncia dos processos de resisténdia, que apontam para uma Revista INSCRITA nna Mac brew & sitet wal rose ( Deparerta de Servo Sol edo Progra de Ps (GFF. Doss om Fever, bia do (Chify, pestered ‘seca Blea de Erin e Psa em ‘Soro Sxl ABEPSY ete 2007208) orl ait Lopes & do Departamento de Seong Sos edo Frog de Ps Gago em Flee Paes cn Unvrsade Fever do aro (US) Dowers em Eig corded coal de Pe Pets em Sra Socal (een 200772000, Servgo Soc orm robs coorenio dt Serge Sc (BESS. sprit rambo dt proto em 196, eno vec (CNE) em Fe untae ft tore om steamer is ence dovansire de Bago {HEC}. pol Comisodo Eton om Eno om Sonago Ss (ESHA), Couto Nadoral de aug (NE) 197 poripcia ABUTS, gpa osi6 cress formacéo ético-humanista comprometida com a5 lutas sociais e conquistas democraticas e e- mancipatérias dos trabalhadores e de toda aso- cedade, ENTRE A FLEXIBILIZACAO E A RESISTENCIA (Os dads do censo do INEP/MEC (de 1994 ‘© 2006) evidenciam na area do Senco Social, tem 2006, um aumento de 201% dos cursos de graduacio presencizis (SESu/MEC, 1994), Houve uma ampliaglo progressiva desses cur- S05 eminsituicées rivadas. Dos 217 existentes em 2006, 44 deles, ou 20%, estio em insttugBes piblicas e |73, ou 60 %, estio em insltuigbes partculres. Em 1994, dos 72 cursos cexistentes, 25, ou 34%, estavam no setor pa blico € 47 correspondendo a 6696 no privado. Isto representa urn aumento de 268% dos cur- 0s no setor privado e de 76% no setor pablo. (http:sAmww.educacaosuperior.inep.gov.br/), Essa realdade & syncs com a proliferacéo de cursos de graduacio & distancia, de cardter meramente mercantil ~ tradugo acabada de uma modalidade de ensino precarizada € flexibiizada, que contraditoriamente, *habilta seus egressos a requerer registro profssional junto ao seu Conselho, sem que tenham re- cebido uma formacio condizente com as ex sgéncias do exercico profissional comprometido com a qualidade na prestagdo de servos para sociedade” (wwvw.cfess.org.br). Trata-se aqui, principalmente, de um tipo de formacao in- ‘compativel com a direco social defendida pelo projeto ético-politica do Servigo Socal © cuadro institucional 6, asim, adverso a0 avango do processo de superaglo das fragi- lidades, inconsisténcias e da consolidacio das rnovas ciretrizes curriculares nas unidades de en- sino sob a orientagdo do projeto ético:poltico do Servico Social, considerando-se principal- mente dois aspectos: a) a desconfiguracio das dietrizes curricu- lares no processo de aprovacio pelo Conselho Nacional de Educagio (CNE/ BRASIL, 2001) em relacio a0 perfil profissional, competéncia habliladlese principios pedagdgicos~alteracbes que induzem a esvaziamenios, reducionismos « cistorg6es do projeto de formacio, colocando a possibilidade de um cistanciamento dos novos cursos do contetido e da direcio socal pro: posta; ') © aprofundamento da poltica privatista responsivel pelo predominio do cunho mer- cantista da formacao nas esferas privada e pa biicae, ainda, pela dréstca redugio dos recursos para a manutenglo e desenvolvimento das ins- tituigdes piiblicas express, principalmente, na crescente exploracéo do trabalho docente, na diminuigio dos incentivos & pesquisa e & ca- pacitagao, na deterioracéo das instalacbes fisicas €edos equipamentos, na estagnagao do nimero cde vagas para 05 cursos de graduacio nesse se- tor ena cobranca de taxas e mensalidades, den- tre outros. A formulacao coordenada pela ABEPSS mantém-se como referéncia, na defesa de uma educacao apoiada no fortalecimento dos movimentos sociais emancipatérios ‘ambiente & hoje agravado coma ofensiva do Plano de Apoio a Planos de Reestruturacio fe Expansio das Universidades Federais (REU- IN), assentado no aprofundamento da precari- zagio do trabalho docente e rebaixarnento da ‘qualidade da formacGo, na medida em que pre~ vé, como meta gobal, ao final de cinco anos, a celevacEo gradual da taxa de condusio média dos cursos presenciais para 90% e a relacéo de alunos de graduacio em curso presenciais por professor para dezoito; assim como, dentre as iretrizes, esta o aumento de vagas, es- pedialmente no periodo noturno, sem garantia da ampliagéo da estrutura fisica e de recursos humanos. ‘Aproposta de formacio profissional em Ser- Vigo Social formulada sob a coordenagio da ‘ABEPSS — embora enquadrada no formato das ciretrizes currcuares’, de acordo com o pre~ conizado pela Lei de Diretrzes ¢ Bases da Edu- ‘ago Nacional (LDB/ n, 9.394 de 20 de de- Revista INSCRITA ‘zembro de 1996) sob a légica da flexbilizagdo para responder a demandas do mercado — reafirma, contraditoriamente, a diregéo social incorporada pelo curriculo de 1982, Busca a superacio das defasagens tedrico-metodo- l6gicas € fragiidades operativas da formacao, sobretudo no que diz respeito a organicidade do curriculo no movimento da sociedade brasileira, Todavia, os principios presentes nas diretrizes aprovacas pelo CNE — a0 contrério do que preconiza a proposta defendida pela ‘ABEPSS — so reduzidos e esvaziados do con- tetido ético-poltico, Afirmam uma formagéo por competéncia, isto €, pragmstica, flexivel, polivalente, orientada para o atendimento de cexigéndas imeciatas, em detrimento da cons tituigao de profssionas rticos, com capacidacle de adaptacao e de transformacio da realdade, com a explicitagio clara do horizonte societirio norteador dessa atuagio. pessie cressiath Anda assim, profundamente afetadas pelas estratégias de lexibilizagio da formacéo profs- sional para o mercado, as diretrizes curriculares sob a direcio do projeto ético-politico do Servigo Social mantém-se como referéncia de luta e de resist8ncia, na defesa de urna educacio referenciada nas demandas das casses subal- termas e na perspectiva do fortalecimento das lutas socais emancipatérias da sodedade, acima assinalade. A UNIDADE NA TEORIA E NA PRATICA COMO DESAFIO € na istorcdade da constigfo e da agfo pratica do projeto ético-politico do Servigo Social que se encontram as princpaspolémicas, tas, também, a respostas em tomo da forma- G40 profisiona sob a orientacgo das auas di- rebizes cuviclares, precsamente, quando se consoldao projeto neoberal no Pa. Revista INSCRITA > Dave seeds 3 pose pots rides ABEPSS, FESS SENESIO conta 3 gio pn aroma ds 3000, Fos pr eaagio doeuno (coma report 89 EC oe take Ley tonal coed 2400 hors) Tamia imperte incn PRETSS nto 3 Cameo fret de Serv Sct (GRD) cs oes ‘Ssonsro lindas ror ‘ecto: aaascloor Preeti peta do Serago Socal 2 poscio oda taste, "Na reapenagio de um Senso Soc no Brat “hse dan, crt emoe pronto ou etce de orgmienga dh etepors So cbpte esto cs xara prt este pido, ram orci inte Tw Encode ereaces culo de 1983, pair is Como Nacorl cca da ricer Sin de Arto Soa (CENEAS) css (Congesso em io “Cone Fede de sires Soca (CS), ue coordenna oF ceogison dn ep (Nas, 1900) “Elnora ear» relontaehngo ected patie eae siden odo oe 197921998, ainda eroren 3 ein or sts de Serco Socal eds ANAS, orm rece qe coriou com siedeor Agen. Cons in Gand do Sle Coie ‘meet, pst, as cloeein d cea ma Asami (GAN, reskns gm sxtorbvo de 1994; Rode brcha, qu hot fecha or 190 resis em 1995 Seba riesgo do "Now sede 3 ‘ANAS opera pra peep deer de ta ent ac Senigo Soca 0 ue ara rf correo. Com ‘eto a ANAS. © FESS rouse como 3 cri represen 0 ‘etc profs I4 grows cress Desse ponto de vista, importante reafirmar a contradigao na qual se moveu a construcso das Giretrizes, nos marcos da reforrna da edu- cacZo segundo os preceitos da ideologia neo- liberal, mas sob a orientacéo de um projeto profisional que vem sendo consttuido no Brasil, ‘em um movimento articulado e coordenado pelas instituigées ou entidades de organizacio do Servigo Social’, a partir de dois nicleos: a formagio académica que mobiliza, fundamen talmente, professores e estudantes, aticulados e coordenados, respectivamente, pela ABEPSS a Executiva Nacional dos Estudantes de Ser- vigo Social (ENESSO); e o nuiceo do exerciio profissional que mobiiza os profissionis. hoje articulado e coordenado pelo Conselho Federal de Servico Social (CFESS). Neste aspecto € considerando as profundas transformacées cccorridas no periodo, cabe destacar que as con- digGes objetivas de consituicéo e acéo pritica do projetoético-poltico no Pals devem ser pen sadas em dois momentos bastante dife- renciados: =O primeiro vai do final da dcada de 1970 até 0 final dos anos de 1980 e corresponde a0 periodo recente de ascensio das lutas sociais no Brasil (LOPES, 2005). €. pois, bastante favoravel ao processo histérico de constituigdo cde.um projeto ético-politco a partir de um pen- samento critico € des lutas econémicas € po- litcas dos trabalhadores, Merece destaque par- ticular a Associacio Nacional de Assistentes So- Ciais (ANAS), entidade sinccal da categoria, que em sua curta exsténcia (1978-1994) protago- rnizou uma ampla e intensa mobilizacéo dos assistentes sociais em todo o Pals, destacando- se na ‘virada’ ocorrida no Ill Congresso Bra- silo de assistentes sociais', em seternibro de 1979, em artculagéo com os processos organi- zativos provocados e infuenciados pelas greves cdo ABC pauista, no mesmo ano (ABRAMIDES ce CABRAL, 1995). - O segundo momento ~ concemente 8s con- dicbes cbjetvas de consitvigao e acto priica do projeto tico-paltico do Servigo Socal ereferéncia imedita deste trabalho — corresponde & entrada cdo Brasi, em 1990, na era daideologia neoliberal iniciada para o mundo em 1979, ‘Todo um processo vivido, como que na con- trasmio do movimento que se desenhava no mundo, foi surpreencido pela guinada conser- Pluralista e com determinacao crescente para a investigacao, 0 Servico Social identifica a atuacao das correntes conservadoras dominantes na sociedade. Ao mesmo tempo, mantém a resisténcia a partir de suas entidades vadora mundial, aceleradae fortalecida com a pllena derrocada da experiéncia sociasta da Unio da Repablca Socalista Sovitca (URSS), due fora a mais importante referéncia de um projto alterativo para além do capita até entio construida. Enquanto esse processo conser- vadior contou com a adesio ou desinimo de grande parte dos intelectuals de esquerda, os intelecuais do Servigo Socal no Bras -ou pelo menos os setores mais infuentes desses no meio profssional, na academia ou fora dela — resistiram & onda conservadora, tendo nas entidades organizatvas da categoria? uma me- diagio fundamental, Por esta via manteve-se ra profissdo a perspectiva de que uma outra sociedade é possivel enecesséra, conforme de- frido na “campana nacional do Dia do Asis- tente Social 2006 '70 anos de Servgo Social no Brasil: construindo a histria na luta por uma nova sociedade”(CFESS, 2006); assim como 2 forte a infuércia do pensamento de Marx € do manismo. Nesta mediagio, os principasinstrumentos de ressténcia da profisdo no Bras continuaram sendo: 0 curriculo dos Cursos de Servigo Social (que a flexbiizagio da nova era chamou apenas de Diretrizes); 0 Cédigo de Etica que, sob a coordenagio do CFESS, em 1993, passa por tum processo de avango em relagio & constru- fo de 1986 (BONETTI, SILVA, SALES E GO- NELLI, 1996); a regulamentacio da profssio pela lei 8662 de 7 de junho de 1993, ainda vi- gente, apesar de todo © processo de trans- formagio’ que revogou a lei 3.252 de 27 de Revista INSCRITA vossie cressighh agosto de 1957; & a producio intelectual resutante de um sigificatvo avanco na pesquisa. A tearerco os € importante verifcar que 0 processo da (contra) Reforma do Estado, em que direitos Imperane nsrumeno ce conquistados pelos trabalhadores brasliros — a0 longo da hstéria e amplados na Consitugio fale oa de 1988 — vém sendo retrados, atinglu, sobremaneira, a Previdéncia, que com a Sade € a fuxo ace do CESS Asistncia consttuem a Seguridade Socal; e, como politica, foi fortalecido 0 eixo da asisténdia, Nemoto em a atualmente o principal espago de pratica da profissio no Brasi. Nesta relagEo, enquanto aassisténcia isis dor avin: social cresceu cama espaco do e-xerccio profsional, diminuiu e até foi ameacado de extingio 0 campo de atvacio na Previdéncia, Aqui esté talvez 0 exo problemstico mais importante hoje para se confrontar © projeto ético-poltco, pautado pela perspectiva de emancipagio humana lem relacgo a pratica dos assistentes sociais no mercado de trabalho (centrada na assisténcia), como estratégia de enfrentamento das desigualdades sociais. Tem crescido entre os profssionas, a partir da Lei Orginica da Assisténcia (LOAS) e agora do Sistema Unico da Assisténcia Social (GUAS), 2 perspectiva da iuta pela assisténcia como cireto, cuja centralidade pode obstruir a perspective da luta fundamental na sociedade capitalist, que € o direito ao trabalho. CONSIDERACOES FINAIS Reafirmamos 0 entencimento de que a formacio profissional ern Servico Social sob as diretrizes curticulares, mas orientada pelo projeto ético-poltico, move-se entre a fexbilzagio posta pela poitica privatista da educagio superior para atender &s exigéncias do mercado e a resisténcia a esta tendénca, a partir da afrmacio do compromisso profssional com as lutas democritcas e cemancipatéras da sociedade Estas tendéncias inscrevemse no atual debate do Servigo Social, demonstrando que hé mais questdes que respostas,seja no campo da andlse teérica,seja no da acio pritica. A profis0, no seu pluralsmo, € com a determinacdo crescente para ainvestigagSo, 20 mesmo tempo em que identfica a penetracio das correntes conservadoras hoje dominantes na sociedade, mantém a perspectiva de resisténcia, a partir das entidades da organizacéo académico-poltco da profisao. E esta resisténcia que sustenta © projeto ético-politico profissional alternativo na perspectiva da temancipagio humana e de que uma outra sociedade, para além do capital, & possivel; mas, implica uma luta permanente com as forgas do retrocesso. BIeBLIOGRAFIA CONSELHO FEDERAL DE ASSISTENTES SOCIAL (CFAS). "Anais Il. Congresso Braslero de Aesistentes Sociis. 1980, ‘ABRAMIDES, M. Beatriz C. e CABRAL, M. do Socorro Rels. “O novo sidealsmo e o Servo Soca", Sio Palo: Cortez, 1995. ‘ASSOCIACAO BRASILEIRA DE ENSINO DE SERVICO SOCAL (ABESS). “Diretrzes gerais para 0 curso de Servgo Soci’. ns __. Farmaco pofssonal: trajtéres e des. (Cadernos ABESS 1°7). So Paulo: Corer, 1997. 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Ix Gise contemporénea, questéo socal e Servico Social, Braslia: CFESS, ABEPSS, UnBV/CEAD, 1999, Revista INSCRITA Jucimert Isolda Silveira® “biel thsheiné Experiéncia histérica e 2%. cotidiano no trabalho ©." serene O proceso de ruptura com o lstto conservadore 0 tradionaismo no Service Social de- Tae Ears ppendeu, essencalmente, da armacso de princpioséico-palticos do campo democritico-popular Que, dentre outros resultados, desconstruiu © mito da neutraldade ideolégica na atuagio dos Profssionas,impulsionando a isiblidade da cimensio s6cio-poltica de uma profssio que intervém Nos processos sociais, tendo como substrato a prépria realidade. Revista INSCRITA "0 carter conenader do ioaases norco ces itn dot rural" as eapatner 9 eko ao ead, rte dis elces envi de dase © is rspnas s dands bl, com tae ‘nar Se reer de dees 9 apchimerto repro pt > nantes ta do ‘cnsenadoroct lemma (1992)¢ Nese ‘am, Or aoa tacos ‘eee ra peso vide cane ‘dein expo pa onto pa bse tricia do Serco seein conto protgoname poten ‘elon de qoraments db socabiade buries © situs + Stree Mownento aces ot Neto (1990), Sha = Sha (Coos) (1995) oS Soc & Sse (io Pade, Cones. 2005) O Servigo Social é produto da dindmica so- ietéria, dos determinantes macro-sociais, das requisigdes sécio-insitucionais, das respostas ‘tEcrico-poiticas dos profisionais, do protago- rismo coletivo capitaneado pelas entidades or- sganizativas e expresso ra intervene politica dda categoria nos espagos de particpacdo, es- pecialmente no ambito das poltcas publicas. As- sim, com a ampliaggo do entendimento 2 respeito do chamado projeto ético-poltico no exercicio profissional, hé um reconhecimento da sua concretizacio no cotidiano em movi- mento e com todas as suas contradigSes, no cabendo respostas mégicas, iusées e pessimis: mos, ‘Aandlise sobre a relagdo entre os processos ‘que materialzam 0 projeto no exercicio pro- fssional eas exigncias e implcacoes para a sua cletivagio, considerando as tendéncias postas no bojo da reforma universiria em curso, da precarizagio das condcGes e relacbes de tra: balho, sob a égide da ofensiva neoliberal impe- Fialsta, e do perfil do conjunto dos assistentes socias, quer algumas consideragées sobre seu significado histérico.' Neste sentido, este texto reiine algumas consideragdes que valorizam os embates co- ticianos dos profisionais na concretizagio do projeto ético-politco, na diregio do fortale- ‘mento de sua intencionaiidade fundamental: sua consolidacio potencializada pelas forgas de resistnca, TRAJETORIA DA CONSTRUCAO DE UMA OPCAO PROFISSIONAL © Servo Social - considerando os marcos historicos dos primérdios até a contempo- raneidade — tem seu significado delineado a partir das particularidades do capitalismo bra- sileiro na relagio com os processos de do- tminacéo internacional, da incidénca de referen- ais te6rico-metadologicos € de fundamentos floséficos, e da forma de organizagio da ca- ‘tegoria. Signfcado social que, de forma abre- vada, revelatendléncias preddominantes que par ticularizaram a profssdo na realdade brasileira, Nos marcos sécio-hstéricos entre a génese, institucionalzagéo € consolidagio do Servico Social no Brasil, 0 profissionalassumit 0 “papel” de promotor do bem-comum, paraa correcso de desajustamentos socais, no bojo da reforma moral, visando a “integracio” dos indivicuos 3s mudangas ocorridas na légica de producéo. Colocando-se como facitador do ajustamento dos individuos ao pacrao estabelecido, na administragio dos confitos socais, exercia uma “Tungio" de equacionar os contfltos, com préticas fundamentadas em referéncias doutri- nérias pragmaticas e postvstas, com tratamen- to moralizante conservador da questio socal.” Precominou uma atvacio profissional fun- ional aos mecanismos coercitvos e de orga rizacio do poder e da cutura instiida, De for- ima geral, 0 profisional se colocou como me- diador da elevacéo de nivels de “bem-estar so- dal’, fortalecendo “papéis sociais" dos sujeitos inseridos nos programas. A diregfo moder- rizadora da renovacéo do Servigo Social trouxe ‘aprimoramentos "formais’, relacionados, sobre- tudo, & planifcacéo das "aces", com amplaco de espacos de atuacéo que foram refuncio- nalizados pelas perspectivas desenvoWimentista, participacionista e integradora.? ‘A Renovacao artica do Servico Social (Ne tto, 1998), no bojo do Movimento de Recon ‘ete Soc ere (erro a pote. © ede de 1650 1998. capt a represdorsoie terrence, Pama 1 Eke no Seago Sooa ct reco 2001, Acq xtirica pans reorgea fermagio e wero proto, tore Prien, enor com fntses puso ste eng ren {serio paar, ‘memo que poset ‘ater nr pins ‘co patient Com, ‘ear ebce etgeo Taka proteins. steed solve rag cir ar vamormagdes, seein oo Sono ‘Soe Neto om Serigo Seiad Sead (0 Po, Cones 0 50. 1986) * A Reso 38209, por ‘eco do 35° Eero Nicene FESSERESS 2005, em vera (ES) ‘perorad, com at. do diPotca Nac ee Fecaaaioe do Mo Ne olde Feces, Penira Arpad Dale ‘ai, abl de 2007. nine ds cago so comnts CFESSICRESS ‘ia el pers pl i So peeps ares ela gles ro ander da ret Gocamasewaegar de mooie ie rergom 3 ‘levine pies ds pr Tb d oie, fm deze de 20, "= CRES repr 61.000 sets Sodas ‘rola pra as F000 ue vera ecsidae de dogo rage de orto e Tues prefs ' secant wesc fecmnsserimeais apt ot Paro flr ce ad de Cort Oreo gio os ‘CRESS endo como feta oreo 1205.0 7pesrecsro (cor rea ness 18 odes 207, aces ro partes debs sce nop doc sepers.a cep do VS. tno Neon de Cpa ‘go Cori feraxe Feaago= coun abd de 207, cerns cobs ie Hot eon (JEN) ¢ eae ar (CFS5)-€ (CFESSRESS reads em erbro de 207 ie oot co estab de rgb (UP) we Teper CCOMITAS, NTER SINDICAL UE CONFIGURACAO E DIRECAO. ETICO-POLITICA ‘A observacio da implementagéo da Politica Nacional de Fscalizacio do exercicio profisio- nal, realizada pelos Conselhos Regionais de Ser- vigo Social (CRESS) e acompanhtada pelo Con selho Federal de Servico Social (CFESS), permite co reconhecimento da, ainda, dg cancretizacao do projeto ética-poltico ©, ao mesmo tempo, de potencialidaces reconhecidas na relagdo en twe os entidedes @ os profsionais.® ‘A andlse da sistematizagio das soiitacées por orientacio, ea ulizacio de estratgias cons- iruidas pelas Comissées de Orientacio e Fisca- lizagio (COFIs) dos CRESS, especialmente nas

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