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Subitamente, compreendi meu perigo: deixara-me soterrar por um louco, depois de tomar um

veneno. As bravatas de Carlos evidenciavam o ntimo terror de que eu no visse o prodgio;


Carlos, para defender seu delrio, para no saber que estava louco, tinha de matar-me. Senti um
confuso mal-estar, que tentei atribuir rigidez e no ao efeito de um narctico. Fechei os olhos,
abri-os. Ento vi o Aleph.

O Aleph, de Jorge Luis Borges

Embora a corrente evoluo de muitas artes parea nos distanciar da ideia de que uma obra de
arte fundamentalmente seu contedo, essa ideia continua exercendo uma extraordinria
hegemonia. Quero sugerir que isso se d porque a ideia se perpetua agora sob ao aspecto de
uma certa maneira de encarar a obra de arte profundamente arraigada na maioria das pessoas
que encaram com seriedade qualquer uma das artes. O que implica a excessiva nfase na ideia
do contedo o eterno projeto da interpretao, nunca consumado. E, vice-versa o hbito de
abordar a obra de arte para interpret-la que refora a iluso de que algo chamado contedo de
uma obra de arte realmente existe.

Contra a interpretao, Susan Sontag

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