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2082017 Psicologia da educagdo: concsilos, sentidas @ contbuigses 05 ——— jeeeoie— i¢é SQE orcs aiden Bbnces em Peston Psicologia da Educacaéo Servigos Personalizados verso impressa ISSN 1414-6975 artigo Psicol. educ. no.31 Sao Paulo ago. 2010 1 Atigo em xML A) Roferéncias do artigo Psicologia da educaco: conceitos, sen contribuicées jose ] Como citar este artigo P Tredugio automata Indicadores Psychology of education: concepts, senses and ih Acess0s contributions Compartthar Mais Psicologia de la educacién: conceptos, sentidos y wis contribuciones i Permalink Bernardete A, Gatti Fundagéo Carlos Chagas. E-mail: gatti@fcc.ora.br RESUMO. © artigo procura discutir a questao dos conceitos nas investigacées cientificas, na conjuncao das questdes tedricas, epistemolégicas e histérico-sociais. Fatores de contexto sécio-cultural pesam na construcdo dos sentidos ¢ dos significados que se atribuem aos meios de articulacdo de conhecimentos. Os consensos sao importantes. Coloca trés perspectivas sob as quais essas questdes podem ser tratadas, levanta idéias sobre conceituagées e campo cientifico, conceitos e pré-conceitas, fazendo ao final uma retomada de alguns trabalhos que trataram dos problemas relativos & constituicao da area de Psicologia da Educacao enquanto area de investigacao especifica, trabalhos que tiveram impacto em seu tempo de producdo e até hoje. Palavras chave: Afetividade; contexto escolar; estado do conhecimento. ABSTRACT The article aims to discuss the subject of concepts on scientific investigations, in the conjunction of theoretical, epistemological and sociohistorical issues. Factors within the sociohistorical context must be considered on the construction of senses and meanings that can be attributed to ways of knowledge articulation. Consensus is very important. It places three different perspectives under which these matters can be treated, it brings ideas about conceptualizations and scientific field, concepts and pre-concepts - and at last, it recalls some works that deal with the problems related to the constitution of Psychology of Education area as a specific area of ivestigation - works that had impact from their time of production until nowadays. Keywords: Affectivity; scholar context; state of knowledge. RESUMEN hitp:/pepsicbvsalud orglscelo php ?serpt=sci_arttext8pid=S 1414-69752010000200002 18 2082017 Psicologia da educagao: concslos, sentidas @ contbuigBes El articulo busca discutir la cuestién de los conceptos en las investigaciones cientificas, en la conjuncién de las cuestiones tedricas, epistemolégicas e histérico-sociales. Los factores de contexto socio-cultural pesan en la construccién de los sentidos y de los significados que se atribuyen a los medios de articulacién de conocimientos. Los consensos son importantes, Pone tres perspectivas bajo las cuales esas cuestiones pueden ser tratadas, levanta ideas sobre conceptuaciones y campo cientifico, concepto y preconceptos, haciendo al final una retomada de algunos trabajos que trataron de los problemas relativos a la constitucién del drea de Psicologia de la Educacién en cuanto drea de investigacién especifica, trabajos que tuvieron impacto en su tiempo de produccién hasta hoy. Palabras clave: Afectividad; contexto escolar; estado del conocimiento, Ao tratar da questo de conceitos em drea cientifica, e seus sentidos, como também, ao discutir caracteristicas de um campo de conhecimentos, estamos diante ndo sé de uma questao tedrico-epistemolégica, mas de uma questo histérico-social. Muito do que se faz como ciéncia processa-se por "consensos", mesmo que referidos a certo recorte da empiria. Ciéncia é construcdo de interpretacdes. Construgio de interpretagdes é um proceso humano- social-histérico. A discusso sobre a “independéncia” do pensamento cientifico, da criacdo cientifica apenas como construgdo "intra-ciéncia", dentro de seus "muros" (uma cidada acima de qualquer suspeita), versus a posicao de que sua construgao € histérica e atravessada por condicées especificas de sociedades, comunidades e suas culturas, é uma discussao que por enquanto nao teve fim, Embora tenhamos, contemporaneamente, intérpretes dos caminhos da ciéncia que consideram a inter-relagao desses dois pélos como a saida mais vidvel para entender a histéria das ciéncias e 2 permanéncia de teorias e conceitos por periados longos de tempo, e também, as superacdes produzidas, as posicdes dicotémicas acima apontadas ainda predominam nos ambientes cientificos, polarizando de um lado as posicdes de fundo ldgico-abstrato, e, de outro, as posicdes de fundo sociolégico-cultural. Poderiamos, entdo, pensar em trés aspectos a considerar na discussao relativa 4 produgio cientifica 41. Os constructos cientificos, teorizacdes e conceitos, experimentos dados, considerados dentro de uma perspectiva predeterminada, destacados de seu "lécus" de producéo, constituinda-se como um "universal", em si. Exemplo: as teorias psicanaliticas, os comportamentalismos, teorias cognitivistas, etc., que buscam se tornar independentes de condigées externas & prépria teoria afirmando sua capacidade ampla (e as vezes Unica) de compreensao do real, Referimo-nos aqui aos arcaboucos conceituais. Claro que estes podem ser "recheados" com fatos, eventos, dados de condicdes especificas, mas para a compreensao destes eventos 0 arcabouco pré-elaborado ¢ o que comanda as interpretagies e suas decorréncias. Enquanto esses arcabougos mostram uma “efetividade" concreta, eles, de certa forma, passam a representar um tipo de "verdad 2. Os consensos de grupos cientificos que aderem ou ndo a determinados arcaboucos teéricos e que levam para um plano social - até de disputa de espacos/verbas - suas divergéncias, 3. A socializacdo mais ampla das teorias e seus conceitos nas estruturas formativas, as escolares, por exemplo, em que entram os processos de convencimento, canstrusio de adesées, de cooptacio, o que se associa a posigdes conquistadas pelos emissdrios da abordagem (doutrina?). Aqui, como nos demais pontos levantados, configura-se uma espécie de luta entre determinadas construcdes ¢ posicdes simbélicas, ou luta para manutenciio de uma sé perspectiva analitico-cientifica, Seria pretensioso tentarmos dar conta dessas questdes em um artigo. Por isso apenas as aponto como elementos para reflexdo, e, quem sabe, provocacao de futuros trabalhos para seu exame mais detalhado e fundamentado. Apenas quero ainda sinalizar que ndo podemos deixar de considerar que ha possibilidades, em certas circunstancias, que pesquisadores ou grupos de cientistas evidenciem construgées de pensares criticos - no sentido de desenvolverem uma atenco ampliada e diferenciada em relacio & sua particular posicao nos arcaboucos vigentes - cientificos e societarios. Aproximo-me aqui da ideia de Hanna Arendt (1999), de preservar nossa condigdo e possibilidade de PENSAR, Nossas dindmicas sociais, a pensar com Marx, nao favorecem a consciéncia aberta ou critica, dado que pracessos de alienacdo constituem a regra de nosso cotidiano em todos os setores de nossa vida societéria, seres humanos e agregativos que somos, na busca de nossa sobrevivéncia Teorias cientificas e conceitos fazem parte de nossa cultura histérica, transformaram-se em mercadorias e, assim podem ser negociadas em diferentes planos: nas formacGes, nos financiamentos, nas posicSes de governos, em posicdes institucionais, etc. Esta condigio de uso social ndo hes tira o valor como proposigées de luta dos homens para se compreender, compreender a Sociedade onde vivem e compreender a natureza. Nem tira a possibilidade, a poténcia, de virem a ser constructos libertadores da consciéncia humana de suas amarras e determinacdes socials ¢ histéricas. A contradigao envolvida no papel cientifico e social das teorias, e no sentido de seus conceitos, ai se revela, Lembremos, também, que elas integram modos de viver, introduzem substanciais mudangas nas condicbes de vida através da disseminago de novas légicas e das tecnologias que geram (0 uso da eletricidade, a informatica, 2 ressonancia magnética, o concreto protendido, as terapias psicolégicas, etc.). Sua natureza contraditéria, e suas contradigées na histéria, no social e no cotidiano institucional ou pessoal, é sua forca. A forca das revolucées culturais humanas que se gestam nos embates das concretudes da vida humana hitp:/pepsicbvsalud orglscelo php ?serpt=sci_arttext8pid=S 1414-69752010000200002, 218 2082017 Psicologia da educagdo: concsilos, sentidas @ conbuigses 1. Conceituacgées e campo Encontramos grande dificuldade em conceituar Psicologia da Educagdo como campo de conhecimento, dada a variedade de inclusdo/exclusdo de temas e enfoques na drea, conforme pontos de vista exarados nas producdes existentes. Entram esse processo as dificuldades de lidarmos com a interdisciplinaridade ou a transdisciplinaridade, as disputas de poder académico, disputas de projecdo e financiamentos, etc. Um exemplo ‘que podemos lembrar aqui fol o ocorrido na Universidade de S20 Paulo no final dos anos 1960 - inicio dos 70, periodo em que se processou a reforma universitéria, em que, na discussdo sobre a estruturaco das faculdades e institutos, departamentos e disciplinas, entrou a questo "o que é de quem”, Nesse momento consolida-se 2 separacio entre educacdo e psicologia, com a criagao da Faculdade de Educacao e do Instituto de Psicologia. E, velo a questo: onde fica a Psicologia da Educaco? A solugo no foi cientifica, mas, sim, sem&ntica: no Instituto de Psicologia a denominagao seria Psicologia Escolar (hoje esse departamento chama-se Psicologia da Aprendizagem, do Desenvolvimento e da Personalidade). Psicologia da Educacdo seria disciplina na area de Fundamentos da Faculdade de Educacéo. Qual a diferenca cientifica, conceitual e de pesquisa? Isso nunca ficou claro, Portanto, seara pouco neutra, Também interferem ai as classificacdes dos organismos educacionais € cientificos (ex. CAPES, CNPq), que colocam esses estudos ora na area de educacao, ora na area de psicologia, sendo a atribuigo mais ligada a origem institucional do que ao tipo conhecimento cienttifico propriamente dito. Ao adotarmos a expresso Psicologia da Educacao, temos trés problemas conceltuais como ponto de partida (além de outros associados a cada um deles): a) © que concebemos como "Educagao”, genericamente, e como campo de estudos @ pesquisas - 0 que 0 diferencia de outros campos? 'b) © que concebemos como Psicologia, seu campo € enfoque basico. O que a diferencia de outras ©) Como a interseccdo de psicologia com educagio pode ser qualificada? Enfim, no é tarefa confortavel examinar a constituicdo histérica de um campo de natureza inter/transdisciplinar, como tendencialmente parece ser algo requerido a Psicologia da Educagdo na direcdo de uma perspectiva identitéria prépria, Estamos ainda bem longe disso, e as analises do que tem sido feito como estudos e pesquisas nessa denominacdo mostram bem isso. Podemos adotar a perspectiva de que um campo de conhecimento constitul-se do que ele tem sido no Ambito das teorizagées, conceitos, trabalhos, experimentos, que historicamente 80 produzidos e colocados sob sua rubrica, mesmo com todas as suas diferencas epistémicas ¢ metodolégicas, Também podemos conceituar 0 campo no confronto com outros, a partir de sua base de enfoque. No caso das ciéncias humano-sociais questdes que podem ser colocadas: o estude do social, sem distingéo dos individuos que af tecem suas tramas. Seria o campo das sociologias? 0 estudo dos Individuos dentro dessa trama, como seus produtores/produto constituiriam o campo das psicologias? 2. Conceitos e Pré-conceitos Podemos fazer um exame Iégico-epistemolégico de teorias e conceitos, com certeza. Temos doutrina para tanto, quer nas vertentes légico-empiristas, pés-positivistas, quer nas vertentes fenomenolégico-dialéticas. Mas, & interessante colocar a questo numa perspectiva de dinamica social, considerando que a ciéncia é um produto social, geradora de instituintes ¢ instituigdes. Nesta perspectiva, os problemas relativos a andlise de conceitos, sentidos e contribuigdes de uma rea de conhecimento so de dificil abordagem, pois, além dos aspectos substantivos dos recortes de conhecimento adotados, envolvem aspectos nada triviais das relagdes humanas e de trabalho, de interesses ai gerados pelas relacdes e estruturas estabelecidas. Aspectos préprios das sociedades humanas, entre eles os ideolégicos, colocam nos grupos cientificos, nos vividos institucionais, ambiguidades e confundimentos préprios da dialética histérica, tipicos dos processos de alienacdo (dos quais raramente temos consciéncia) - alienacao em relagéo ao concreto material no que se refere & construcdo de conhecimentos e seus usos, o que traz anuviamentos de perspectivas, ou inverséo de perspectivas, ‘ou dominio de uma sé perspectiva (certas hegemonias) substituindo visdes esclarecidas vocacionadas & anélise de um tipo de objeto em sua constituigéo, Fica entao confundida a perspectiva prépria de determinados campos do conhecimento com derivacées claras para campos dominantes, social e academicamente falando. Por exemplo, @ impregnacdo quase total do campo da educac3o na década de 1960 e 1970 pela visdo economicista, e nas de 1980 € 1990 pela sociologia, processo que percebemos também estar sendo instaurado nas psicologias. As adjetivagées traduzem esse movimento e, em certos casos, ao invés de levar 8 constituico de objetos de estudo em perspectiva diferencial, jogam no campo da fragmentacdo para criar éreas de dominio, ou da homogeneizagio conformista/interessada no que se refere a enfoques de anélise. Um pouco do que se configura como submissao & moda; ou do que se configura como busca do estrelato em determinadas condicées de hegemonia deste ou daquele enfoque; ou como busca de legitimacao por prestigio de outros campos pelo processo de mimetizacao. hitp:/pepsicbvsalud orglscelo php ?scrpt=sci_arttext&pid=S 1414-69752010000200002, a8 2082017 Psicologia da educagdo: concsilos, sentidas @ conbuigses Encarando estas relagdes no real e seus consequentes a partir de andlises da sociologia do conhecimento - é que aparecem no cenério da histéria das ciéncias, nas discussdes epistemolégico-histéricas e metodolégicas, propostas de exame critico de posturas de “confundimento" nas areas cientificas, que tém menos a ver, na expresso de Charlot (1998), com a concepcéio que temos de cada uma das ciéncias, e particularmente de sua histéria, do que com a posiclo que se ocupa ou se quer ocupar no campo (cargos, fungées, vantagens, aliangas). Portanto, defesa de posicdes (que so confundidas com concepsées) parece ter mais a ver com o histérico e a posigo profissional dos que produzem no campo e menos a ver com os significados, a questo conceitual, em si. Certas ancoragens profissionais e disciplinares acabam por determinar a argumentacao nesta ou naquela direco de tipos de producdo Cientifica, 0 que acaba por descaracterizar campos de trabalho e perspectivas de abordagem do real. O que esta em questo nestas condigées, nao é, pois, a salvaguarda dos conhecimentos e suas construcdes, mas, sim, a salvaguarda de prestigios, influéncias, comodidades e prerrogativas. A sociologia do conhecimento nos fornece boas andlises sobre este processo, Por isso, é muito espinhoso entrar nessas questées, dada a multiplicidade de dngulos de abordagem e fatores intervenientes, epistemologias em conflito ¢ disputas com interesses diversos. So questdes que permelam a concretude do cotidiano da atividade cientifica - que n3o , de modo algum, neutra - e sobre as quais precisamos nos conscientizar a fim de podermos construir momentos em que a vivéncia da genericidade, nos termos de Agnes Heller, possa perdurar mais do que as vivéncias na particularidade, na dialética de nossa existéncia como pesquisadores/cientistas/professores, Retomando no tempo Por to espinhosa misao, optel, ento, por fazer uma retomada de alguns trabalhos que trataram da questo € que marcaram discussées entre nés. Eles foram reunidos na revista Psicologia da Educacao, nimero 9 (1999), do Programa de Estudos Pés-Graduados em Psicologia da Educacao da PUC-SP, Nessa Revista so reproduzidos alguns textos publicados anteriormente sobre o tema, O artigo de Maria Amélia Azevedo, que jé havia sido publicado em 1980, provoca com o titulo: Psicologia Educacional e Educagao: uma relagao teoricamente eficaz, porém, praticamente ineficiente?. Ai discute a pertinéncia de se ter como abordagem dominante nesse campo dois, enfoques: o da Psicologia da Aprendizagem ou a Psicologia do Ensino, mostrando suas decorréncias teérico- praticas, e também quanto a métodos de pesquisa. Estamos em momento de efervescéncia politica, com os movimentos para o retorno da democracia ao pais, e na educacao, com a entrada forte das teorias do conflito e a perspectiva marxista, portant, momento em que a sociologia e @ ciéncia politica ganham forca no escopo dos chamados fundamentos da educacéo, alijando outros enfoques como os da economia e os da psicologia. Uma forte reacao a0 chamado "tecnicicismo” em educagao, ao servilismo do campo educacional a disciplinas cientificas consideradas "maiores", rubrica na qual se enquadra a Psicologia da Educacdo, especialmente no que se refere as psicologias da cognicdo. Nesse embate € que o artigo de Azevedo & produzido. Essa autora, ao final de sua anélise, a partir de estudo com as producées cientificas da érea, traz a questo do polo dominante na relago Educaco-Psicologia: dominantes so os enfoques da psicologia, com a educago come polo ‘menor, como ponto de passagem. Considera-se "a Educago como seu objeto, encarando-a como fato psicolégico” © que acaba enriquecendo o cabedal teérico da Psicologia e no o da EducacS0. A Educagio é assim, um campo de aplicacdo, uma atividade reflexa, o que leva a conflitos histéricos diante desse tipo de relacdo, uma vez que "a relacZo entre Psicologia Educacional e Educacdo tenha servido muito mais aos propésitos de desenvolvimento cientifico da primeira que as necessidades urgentes da segunda e, que, portanto os educadores, mais do que os psicélogos educacionais, estejam insatisfeitos com essa relacdo" (op. cit.,1999, pp. 82-83). Os estudos em Psicologia da Educagéo, nessa direcSo, parecem nao ter contribuido com a superacéo da seletividade educacional e com a educacao das classes populares e sua luta. Ao contrario, seus estudos parecem reforcar as desigualdades de aprendizagem e a seletividade nos processos de ensino. Esta, @ perspectiva vigente no campo da Educagio, nesse momento, em que eriticas acirradas a Psicologia Educacional so feitas, e, esta esté comecando a perder espaco nos curriculos formadores de professores, por exemplo. Azevedo termina colocando: "... restaria indagar se educadores e psicélogos educacionais estariam dispostos a aceitar o desafio de colocar em novas bases a relago entre Psicologia Educacional e Educacao, de modo a torné-la to eficiente na prética quanto eficaz em teoria (sic)" Isso pressup6e, segundo a autora, "um didlogo critico e um ajuste de perspectivas entre psicélogos educacionais e educadores a fim de que ambos os campos do conhecimento e da ago humanas possam se fertlizar mutuamente." (op. cit, 1999, p. 84, p. 85) Termina dizendo que, como isso ainda no ocorreu, ela deixa o capitulo em aberto. Creio que 0 capitulo, 30 anos depois, ainda continua em aberto, Campos onde ha transvariacdo de areas de conhecimento, nas ciéncias humanas, tem mostrado dificuldade em sair da perspectiva de dominio de um sobre outro ¢ entrar na perspectiva de uma verdadeira transdisciplinaridade - constituindo realmente um novo campo. O que ocorre, em geral, a emergéncia de subareas, sem caracterizar inter ou transdisciplinaridade, Aqui também cabe evocar a necessidade de se superar a visdo tacita ou espontanefsta de "educacéo" que geralmente se observa no campo da pesquisa em Psicologia da Educacgo para se incorporar conceitualmente e trabalhar com uma visio mais esclarecida sobre seu significado social e suas formas institucionais, conforme bem lembra Regina Maluf, em artigo reproduzido na mesma revista acima citada (op. cit.,1999, p. 27). Educagio nao é "qualquer coisa’ A trajetéria dos trabalhos editados sob a rubrica Psicologia da Educaco ou Psicologia Educacional continuam privilegiando o enfoque das varias vertentes de abordagem da Psicologia tomando aspectos da Educacao como foco de andlise, ficando as interpretacées no dmbito das psicologias. Nao ha propriamente superacao dessa dicotomia, hitp:/pepsicbvsalud orglscelo php ?scrpt=sci_arttext&pid=S 1414-69752010000200002, 48 2082017 Psicologia da educagao: concslos, sentidas @ contbuigBes em propriamente uma possivel relacio epistemoldgica de inspiracéo dialética no ambito da producéo de conhecimentos no campo. Esté-se no ambito das Psicologias, uma, ou outra, ou outra, etc.. Isto em nada desmerece os estudos, apenas recolocamos essa questo porque as tenses entre educadores e psicdlogos ndo tém sido minoradas, o que acarreta flutuacdes e ambiguidades na compreensao e nas acées educacionais em que a interagéo com os conhecimentos da psicologia da educacao se coloca (claro, juntamente - e aqui temos uma palavra-chave - com conhecimentos de vérias outras areas que tém implicacées para os processos educacionais formais ou nao, como a antropologia, a sociologia, a comunicacéo, a semidtica, a tinguistica, etc.). Campos complexos exigem novas formas epistémicas e a construcdo de forma inédita de objetos de estudo, como ocorreu nos anos 1930 com a criacdo do campo da Cibernética. Isto s6 se dé pela exacerbacao de contradigées entre campos de estudo diante da empiria, chegando-se a insuportabilidade das limitagées interpretativas ante os fatos visados ou partes deles. Voluntarismo aqui talvez, realmente, ndo seja um caminho para novas formas do conhecer, mas resposta a necessidades inelutaveis para a compreensdo do real, sim. E isto s6 a temporalidade cientifico-histérica permite, em momentos que possibilitem a eclosdo de novas formas de pensar, com rupturas de amarras nos saberes cientificos consolidados e nos lugares académicos "conquistados” Seguindo a ideia de um rastro histérico das ciéncias, o artigo de Joel Martins (op. cit.,1999, p. 53), publicado originalmente em 1983, sobre os /imites da Psicologia da Educagao, em que destaca o processo de dissolucao das ‘grandes doutrinas cientificas, enfocando em particular a Psicologia. Atribui essa dissolucdo as excessivas especializagdes que se arvoram em subcampos auténomos e que se afirmam no por teorizacbes fortes, mas, por suas atividades diversas, gerando nomenclaturas intimeras (Psicologia experimental, psicologia clinica, social, educacional, psicologia fisiolégica, projetiva, politica, etc, etc.), com adjetivacées variadas, considerando 0 autor que este movimento se mostra como "uma Solugo desesperada de definir uma ciéncia segundo aquilo que os Pesquisadores fazem e os métodos que empregam nas suas buscas, mais do que o género de coisas pesquisadas que deve produzir 0 conhecimento", Propde-se a examinar historicamente como se colocou a Psicologia Educacional e traz a lembranga de que se associa o surgimento dessa rea a obra de Thorndike, publicada em 1903. Isso jé vinculou a Psicologia Educacional a um tipo de pensamento e método, na tradicao de legitimacéo cientificista, que, segundo ele, continuaria a dominar o pensamento dos pesquisadores da area, travestido de uma forma ou outra. Repassando no tempo a contribuisio de varios pensadores e pesquisadores, problematiza os limites epistemolégicos que envolvem os trabalhos nesse campo, mostrando como a atividade real, histérica, determina encaminhamentos diversos, porém, com mesmo pano de fundo, a saber: o querer fazer valer um campo como "cientifico", o que acaba por subjugé-lo a mimetismos, a critérios externos e vicissitudes de momentos. Ao lembrar a contribuicdo de George Santayana, nos inicios do século XX, “que vé a Psicologia derivando da literatura e assumindo férum de ciéncia quando busca as bases mec&nicas e materiais para qualquer evento mental" (op. cit., 1999, p. 58), encontra as bases das concepses da Psicologia como ciéncia, que estarao Presentes até hoje, mesmo que sob variadas formas ldgicas. Entdo, para esse autor, a Psicologia da Educacéo, esse contexto, nasce como uma rea de estudo da Psicologia aplicada 4 Educacao, e assim se mantinha. A saida estaria na capacidade dos estudiosos em criar novas formas de enunciar seus problemas de pesquisa, formas que refletissem um programa realmente inovador de pesquisa. Sua reflexao é convergente com a analise de Maria Amélia Azevedo, acima referida. O texto de Sérgio V. Luna, publicado inicialmente em 1989 e reproduzido na Revista que estamos citando (1999), escrevendo sobre o problema de delimitac3o do campo da Psicologia Educacional coloca a dificuldade de delimitacao desse campo assumindo que o que existe é uma vasta area, demarcada por diferentes regides com contornos diversos em que se usam instrumentos diferenciados entre si, onde ndo ha consenso sobre se a drea tem ou no objeto préprio. Na discusso do tema, encontram-se interligados problemas tanto de ordem histérica, como de ordem epistemolégica. Apés debater Ideias correntes a época sobre a Psicologia Educacional, sob 0 Angulo, de um lado, de educadores, e de outro, da psicologia, conclui parecer “inviavel falar-se em delimitac3o do campo da Psicologia Educacional” (op. cit., 1999, p. 51). Coloca-se de modo autoral como nao assumindo a Psicologia Educacional como um ramo de aplicacao da Psicologia a Educagdo, nao pensando, também, fazer sentido a separaco entre Psicologia Escolar e Educacional, podendo "a primeira estar contida na segunda’, sem esgotd-la. Termina, com uma proposic#o, que, de certa forma, é uma colocagdo sobre uma alternativa vidvel aos dilemas que encontrou, porém, partindo da Psicologia. Diz: *... a Psicologia Educacional deveria estar retomando a producao em Psicologia e usando-a para estudar as interacdes reciprocas entre o individuo e o seu ambiente” (op. cit., 1999, p. 51). Mas, isto deve levar em considerago “uma leitura adequada do contexto em que o fenémeno ocorre" e “um conhecimento to completo quanto possivel, das interacdes passadas dos individuos, jé que nelas estar contida parte da compreensio do fendmeno estudado” (idem). Aqui hé um avanco interessante na medida em que 2 problemética a ser abordada com enfoque de Psicologia da Educacdo precisaria, nas condicdes postas por Luna, nascer da interlocugae com outros campos de conhecimento construindo-se uma sintese, dentro de certas, possibilidades. Avangando em dez anos, o artigo de Maria Regina Maluf, publicado em 1998 e reproduzido em 1999 (p. 15) na Revista citada acima, sobre os novos rumos para a Psicologia e os psicdlogos da Educacéo, lembra os dilema: enfrentados pelos estudos e pela acdo profissional no campo. Olhando a partir da Psicologia, e considerando *o carater significative do comportamento humano”, volta-se "especificamente para as questées que dizem respeito & pesquisa e a pratica da Psicologia" com algumas hipéteses-guia: "1. o paradigma emergente na Psicologia aponta para a consideragdo da cultura; 2. a pesquisa em Psicologia Educacional ver adotando procedimentos metodolégicos compativels com a nocao de que a realidade ¢ uma construcdo social da qual o investigador participa; 3. a compreensdo do fenémeno educacional em toda sua complexidade ¢ uma exigéncia que se impée, de modo aparentemente irreversivel, a0 psicélogo que trabalha com educacao" (op. cit., 1999, p. 21). Esta terceira questo supde "a superaco da nocSo espontaneista do que ¢ educagao" (op. cit., 1999, p. 27). Apés discutir a hitp:/pepsicbvsalud orglscelo php ?scrpt=sci_arttext&pid=S 1414-69752010000200002, 58 2082017 Psicologia da educagao: concslos, sentidas @ contbuigBes pesquisa e a pratica em Psicologia Educacional, a partir da ideia de cultura e das contribuigées da Psicologia Cultural, e dos procedimentos qualitativos de pesquisa em Psicologia Educacional, comenta a emergéncia de um pluralismo metodoldgico e de avancos na critica epistemolégica, em perspectiva pés-moderna, conduzindo seu olhar para a relacdo do psicélogo com a Educacao. Esta relacfio € comentada a partir de dados de uma pesquisa realizada pela autora em que constatou que os entrevistados “admitem que estdo ocorrendo mudangas na teoria ¢ nna pratica do psicélogo educacional, embora ainda predominem préticas inspiradas em referenciais tedricos tradicionais e no criticos. Deixa-se de "buscar respostas definitivas e irretorquivels..." (op. cit., 1999, p. 35). Prope, entao, que 0 psicélogo da educago deve receber uma formacao que o habilite a atuar na sociedade em transformacao, com olhar amplo, capaz de abarcar a complexidade do real, podendo analisar as constantes inovagées com as quais se defronta e buscando solucées, inclusive institucionais, que exigem amplo leque de cooperacdo, Para isso, teré que desenvolver esquemas conceituais mais abrangentes, social e historicamente, 20 mesmo tempo em que desenvolve habilidades sociais, de interacdo e cooperacao com o outro, Est colocado em aberto um grande desafio tanto para a pesquisa em Psicologia da Educacdo, como para a formacao do psicélogo que atuard nessa 4rea como profissional As trés andlises aqui rapidamente apresentadas confirmam o que apontamos de inicio. A dificuldade associa-se & ngo-constituicéo, ainda, da Psicologia da Educaco como campo transdisciplinar, havendo, no entanto, sinais que emergem e apontam nessa direcdo e que transparecem aqul e all nos textos analisados, Podemos dizer que pelo menos a angistia em relagio a dibia posicdo atual da Psicologia da Educacao esté posta, de um lado pelas criticas de educadores as suas visdes e contribuigdes, de outro, pelas buscas de psicélogos quanto a se situarem nos. contextos do conhecimento cientifico contemporaneo que nos incita a criacdo de novas formas epistemolégicas. Ha “incémodos" visiveis nesse Ambito de estudos e de praticas decorrentes. Enquanto psicdlogos e educadores se puserem em campos culturais e académicos com fronteiras defensivas, em disputa de campo e de poder simbélico (cf. Bourdieu, 1983; 1989), interdisciplinaridade e transdisciplinaridade estdo fora de questo como perspectivas dialdgicas ¢ integrantes, Saltos cognitivos-teéricos nesta direcdo dependerao de uma crise profunda no campo, que gere um insight novo, ou até mesmo de algo como um efeito “serendypity", ou efeito de um pé magico de “pirlimpinpim”. Brinco porque 0 que aponto aqui é como uma “luta de classes", se pensarmos em Marx. Nao podemos alimentar a ideia de que pesquisadores/cientistas sao cidadaos acima de qualquer "suspeita" e que seu processo de ancoragem a certa perspectiva teérico-cientifica é "neutra", muito mais nos campos dos conhecimentos relativos a humanidades e a sociedade. Cada conjunto de "parceiros” defende "sua verdade". 0 proceso de alienacao que se aplica a vida em geral, aplica-se a vida cientifica. Dificilmente encontramos investigadores nas cliéncias humano-sociais que trabalham com o conflito entre teorizacées, na fronteira destas. As especializacées necessérias ao exercicio do trabalho nesses campos, especializacdo "para ver melhor", traz em si, dialeticamente, o reverso - 0 aprofundamento da compreensdo em uma Unica vertente tedrica que chega ao limite de ser "defendida com a vida" acaba por gerar certa cegueira em relagdo aos fenémenos emergentes na empiria histérica, social e individual, e, ao movimento e dindmicas que véo se gerando historicamente na vida humano e no préprio campo de conhecimento. A ancoragem é necessaria, mas a consciéncia critica também, e, esta demanda ampliagéo de perspectiva e atenglo critica ao real/concreto. Concretizemos, lancando um olhar para uma questo relevante na educacao no momento atual: a formacao de professores. As evidéncias encontradas na relacao Psicologia da Educagao - Formagao de Professores parecem refletir, nas praticas formativas, os "nés gérdios" acima referidos, tanto pela diluicdo de sua contribuicao nos cursos de formacdo inicial de docentes, como pela fragmentago curricular encontrada quando a Psicologia da Educacao referida, Psicologia da Educacao e formagio de professores Em estudo recente relativo contribuicéo da Psicologia da Educacao a formacao de professores (Anped, 2009, apresentacao no GT-Psicologia da Educacao) verifiquei que 0 espaco dos conhecimentos do campo da Psicologia da Educacdo veio se reduzindo, no tempo, no conjunto de conhecimentos oferecidos na formacdo formal inicial de docentes para a educacio basica, com excecao de alguns poucos cursos oferecidos em universidades piblicas. Nas politicas publicas, apenas quando se trata de formar alfabetizadores em programas de educacio continuada ou em servigo € que verificamos um forte apoio em correntes da psicologia cognitiva (em varias de suas vertentes). No entanto, ai, também, concorrentemente, esto incorporados conhecimentos advindos da linguistica, bem como da neurociéncia, 4 se vé aqui, tanto a parcialidade curricular e 0 reducionismo teérico-pratico processado em relacdo 8 érea, como também a concorréncia intra-érea e entre reas. Na maioria das licenciaturas no se oferece essa disciplina. Nas poucas em que a disciplina é ofertada, 0 tipico é 2 oferta de um semestre, seja com a denominagdo de Psicologia da Educacao ou Fundamentos de Psicologia da Educacio ou Psicologia do Desenvolvimento e Aprendizagem entre outras denominagées. As ementas mostram uma abordagem eclética, e as bibliografias mais indicadas refletem uma perspectiva mais estrutural e funcionalista da psicologia. As bibliografias que refletem concepgdes mais processuais-sécio-histéricas aparecem pouco, Certo é que a Psicologia, e consequentemente a Psicologia da Educacao, abriga em seu campo de estudos muitas formas diferentes de abordagens, com légicas que se distanciam entre si, o que cria pata os processos de ensino da disciplina alguns constritores. As escolhas de temas e bibliografia que aparecem nas ementas dessa disciplina, nas licenciaturas, mostram uma tendéncia a abarcar varias das facetas com que ela se apresenta nos estudos académicos, redundando numa espécie de colcha de retalhos, um tanto rala, em que ndo se percebe quais as formas de articulacdo entre as facetas apresentadas. Hipotetizamos que o impacto dos conhecimentos de Psicologia da Educacdo na formacdo e acdo dos professores é bem pequeno atualmente - falamos das diferentes hitp:/pepsicbvsalud orglscelo php ?serpt=sci_arttext8pid=S 1414-69752010000200002, 68 2082017 Psicologia da educagao: concslos, sentidas @ contbuigBes licenciaturas: pedagogia, letras, matematica, ciéncias biolégicas, etc., etc. Assim, néo dé para dimensionar seu real impacto nas questées da educacao escolar. Fica ao lado dos desafios quanto ao campo de conhecimento da Psicologia da Educacdo, o desafio de voltar a fazer chegar aos futuros professores - portanto as salas de aula, as relagdes pedagégicas - 0 conhecimento construido nessas circunstancias teéricas e metodoldgicas tao tensionadas; de qualquer forma, conhecimentos sobre o humano aprendente, Parte dessa problematica pode estar aliada as disputas no proprio campo, e & percepcao de seus limites contributivos como um dos fundamentos para as praticas escolares e educacionais. Isto pde um desafio bem razoavel aos psicélogos da educacao, desafio trazido por circunstancias e situacdes histéricas, no Ambito social e no 4mbito cientifico, Campo de tensées JA escrevi que penso que o campo de conhecimento que chamamos de Psicologia da Educagéo situa-se entre as formas de tratar fendmenos com caracteristicas mais abrangentes, e sé pode encontrar significado se construido ‘com um "olhar complexo", com uma perspectiva nova, diferente da praticada em geral e observada nos estudos, cujas origens podem estar na psicologia e na educacdo como campos de conhecimento, mas que na integracdo mostra-se como uma nova sintese, Nao se trata do olhar da psicologia para os fenémenos educacionais, ou dos fenémenos educacionais vistos em sua base psicolégica, mas da tentativa de construcio de uma perspectiva caracteristica cujo eixo vincula-se as subjetividades em desenvolvimento, em e para uma dada cultura, a partir das acées, intencionais ou ritualisticas, de outras subjetividades (GATTI, 1997) A questo a ser colocada, talvez seja a de como se caracterizam estudos de um campo em que duas dreas de conhecimento devem integrar-se mutuamente, gerando uma nova perspectiva de compreensao de certos fenémenos. Se pensarmos as questées de psicologia da educacdo tentando superar a dicotomia que a acompanha, @ as particularidades das teorizagées vigentes em um campo e noutro, talvez se possa delinear melhor este ponto de intersecao na producdo de um conhecimento especifico. Até aqui observa-se uma psicologia da educacao que em geral produz estudos que pretendem dar suporte educaco, e mais especificamente ao ensino, utilizando-se de contribuigées da psicologia cognitiva, da psicologia da crianga e do adolescente; ou estudos que visam a compreensdo das relacdes no Ambito dos instituidos educacionais a partir de diferentes teorias ou conceitos da psicologia social; ou ainda, trabalhos que se propdem estudar as modificagBes psicolégicas (cognitivas, afetivas, etc.) propiciadas por uma ago pedagéaica Bruner (1986, 1990), com outros e entre outros, vem sinalizando que a Psicologia da Educagdo poderia buscar suas bases no fato de que todos, e as novas geracées também, participamos de matrizes socials, que compreendem a cultura e a ciéncia, e, nelas e com elas, adquirimos maneiras de entender e participar, construimos representacies e referéncias, formas cognitivas e destrezas especificas, As subjetividades - que tém o seu lastro no social - organizam-se nas redes destas representacées e referentes, com a construcéo de perspectivas que criam suposiges, pressupostos, projetos, portanto, desejos, motivagies, expectativas. O olhar é, pois, sobre a transformacao e a transmutacao que se processa nas pessoas, criancas, jovens, adultos, idosos, pelas interaces de cardter educativo - intencionais -, como também pelos processos autoeducetivos. A ética a privilegiar & multidimensional, transformadora, uma ética de alternativas, de flutuagées, ou seja, ao lado dos processos construtivos e auto-organizativos deve-se considerar a mudanca e a incerteza presentes nesses processos. Para a compreensdo desses fenémenos respostas genéricas, ou as fragmentérias e especificas, vém se mostrando pouco consequentes, e por esta razao tem-se buscado na Psicologia da Educaco novas formas de olhar os fenémenos educativos. Formas que permitam integrar, sob certas condicées, o social e o pessoal, sem dissolver um no outro. Este & um desafio e tanto para os cientistas do campo. Bibliografia Arendt, H. (1999). A vida do espirito. Volume I - Pensar, Lisboa, Instituto Piaget, Bourdieu, P. (1983). Questdes de Sociologia. Rio de Janeiro, Marco Zero. (1989). 0 poder simbético. Rio de Janeiro/Lisboa, Bertrand Brasil/Difel Bruner, J. (1986). Actual minds, possible worlds. Cambridge, University Press. (1990). Acts of meaning. Cambridge, University Press. Charlot, 8. (1998). Les sciences de l'éducation en France: une discipline apaisée, une culture commune, un front de recherche incertain. In: Hofstetter, R.; Schneuwly, B. (eds.). Le pari des sciences de l'éducation. Raisons éducatives, 98, pp.1-2, Paris-Bruxelles, De Boeck Université Gatti, B. A. (1997). O que é Psicologia da Educac0? Ou, o que ela pode vir a ser como drea de conhecimento?, Psicologia da Educacdo, 5, Sa0 Paulo, Educ. Psicologia da Educacao: Revista do Programa de Estudos Pés-Graduados em Psicologia da Educagio - PUC-SP, 9, ‘So Paulo, Educ, 1999. hitp:/pepsicbvsalud orglscelo php ?serpt=sci_arttext8pid=S 1414-69752010000200002, 718 2808/2017 Psicologia da educagdo: concsilos, sentidas @ conbuigses [EEE Todo 0 contesido deste periddico, exceto onde est identificado, esté licenciado sob uma Licenca Creative Commons R. Ministro de Godoy, 969 Complemento: 40 andar - Perdizes 5015-901 Séo Paulo - SP - Brasil Tel.: +55-11 3670-8527 Fax: +55-11 3670-8527 Anti ecpos@pucsp.br hitppepsic salud ora/scelo,php?script=sci_attext&pid=S1414-69752010000200002 88

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