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Paidéia, 2005, 13(32), 333-338 AETICA NAS RELAGOES DE TRABALHO: REFLEXOES SOBRE FONTES DE PODER EM FOUCAULT E HELLER! Elisabeth Caldeira Villela® Patricia de Souza Pita Graziela Breitenbauch Universidade do Vale do Ita Resumo: Este trabalho ressalta a dificuldade da cultura produtiva de valorizar a identidade pessoal do sujeito além da profissional. As competéncias proclamadas como essenciais & sobrevivencia pessoal e ‘organizacional, ais como: autonomia, lideranga, comunicagdo e cooperagao so analisadas em Foucault e Heller, ‘no confronto dos sujeitos, no qual construiro “eu” eo “nds” conjuga um processo educacional. Conclui-se que, a subjetividade, desde os séculos XVIII até inicio do século XXI encontra-se empobrecida na sua existéncia como “ser” e valorizada como “dever set”. Aprender a lidar com as normas exige dedicagao, compromisso, responsa- Dilidade, para aprender a optar, decidir, discemnindo atitudes e exercendo o principio da liberdade. Palayras-chave: Identidade; trabalho; dimensio ética educativa, ETHICS IN WORK RELATIONSHIP! REFLECTIONS ON POWER SOURCES IN FOUCAULT AND HELLER Abstract: This paper stands out the productive culture difficulty to value the citizen’s personal identity beyond the professional one. The abilities proclaimed as essential to the personal and organizational survival, such as autonomy, leadership, communication and cooperation are analyzed, in Foucault and Heller, in the confrontation of the citizens, in which to construct “me” and “us” promotes an educational process. It is concluded that the subjectivity, since the 18 until the beginning of the 21 century, is found poor in its “to be” existence and valued as “ought to be”. Learning to deal with the norms demands devotion, commitment and responsibility to learn, choose and decide, discerning attitudes and exerting the principle of freedom. Key words: Identity; work; dimension ethies educative, Introdugio: As ofertas de empregos, as for mas de trabalho c 0 perfil do profissional estio, no momento, redefinidos em escala mundial pela moder- nizagdo tecnologica ¢ gerencial e pelo ordenamento econdmico, Sio exigéncias e transformages impos- tas no mundo do trabalho ¢ na educagao que prevé a articulagao da identidade consolidada na formagio do sujeito a identidade solicitada nas relagdes de tra- balho, como desafio humano de empregabilidade. 0 sujeito constituido na relago social marcada, até en- do pela estabilidade e dependéncia, sofre uma desestrutura-do brutal com o estivel, que se tomou. T Arig rstida em 2S, ac para pling em 200272006, 2 Bnderego para correspondéncia: Elisabeth Caldera Vile, Rus Urugasi, #58, sala 106, bloco 07 ~lajshSC, CEP: 8302-202, E= smal: caldera @unival br ameagante ¢ ainda com o instavel, que se tornou valorizante. Neste sentido, Foucault ¢ Heller denunciam que um saber econdmico se acumulou desde o fim da Idade Média, difundindo-se igualmente pelos domini- 0s de exercicio de poder referente ao saber e a0 co- nhecimento. E preciso que a subjetividade seja fortalecida no mundo do trabalho, minimizando for- mas de dominagio e desigualdade de oportunidades, para se conceber como produtor da vida organizacional € de suas mudangas. Conceitos como auto-organizacao, descentra- lizagao, lideranga, autonomia, participagdo, coopera- 40, moral e outros principios democriticos, ilustram. 0s discursos, sejam estes educacionais, gerenciais ou 334 Elisabeth Caldeira Villela politicos. Contudo, estes conceitos oportunizam en- tender a extraordinéria complexidade das organiza- ges modemas, do comportamento humano ¢ das praticas gerenciais © Poder nas Relagdes de Trabalho A utopia da fabrica prisao foi realmente con- solidada, Conforme Foucault (1979), so duas as es- pécies de utopia: as proletarias socialistas que possu- em a caracteristica de nunca se realizarem ¢ as capi- talistas que 0 fazem constantemente, por uma série de instituigdes do tipo: pedagégico - escolas, orfana- tos, centros de formagio; correcionais - casa de re- cuperagao e corregao; e ainda, as terapéuticas - hos- pitais, asilos, que se espalharam por toda a sociedade ocidental Porém, estas instituiga inviaveis do ponto de vista capitalista e governamen« tal. Com carga econdmica pesada e estrutura rigida, tém a tendéncia de desaparecerem ou sobreviverem precariamente, apesar de sua finalidade ser a ndo exclusio, mas a integragdo do individuo a estrutura institucional. No setor industrial, ele se encontra ligado a ‘um aparetho de produgo, Na escola, a um de trans- miso © produgdo de conhecimento, Em casas de tratamento, a um de normalizagio, de corregao ou de internamento — prisio. Enfim, “trataese de garantir a produgdo ou os produtores em fungdo de uma deter ‘minada norma”.(Foucault, 1973, p. 92). Nesta con- cepgdo, o poder pode ser necessario para dar susten- tagdo a autoridade, que diz respeito a uma ordem normativa que regula 0 comportamento social por accitagdo dos que se submetem ao sistema dela. Porém, existe uma oposicdo a sociedade feu- dal pela moderna. Na feudal ¢ em muitas primitivas, 6s individuos eram controlados a partir da inserga0 local, ou seja, pelo lugar e espago a0 qual pertenci- am. Afirma Foucault (1973, p. 93), “a inscrigdo geo- gréfica local ¢ um meio de exercicio do poder”. A sociedade moderna, com sua formagdo no inicio do século XIX, apresenta-se indiferente a pertinéncia espacial dos individuos, © controle espacial ja per- manece garantido desde a feudal, independente do local, © tempo das pessoas ~ de vida e existéncia - passa a ser utilizado como aparelho de produgao ¢ a se constituir tempo de trabalho. Ocorre que as extra- .¢ manifestaram Ges do tempo, associadas as nevessidades de con- trolar as economias dos trabalhadores, passam pelo controle de instituigdes, como caixas econdmicas & de assisténcia, a partir da década de 1820, especial- mente, anos 40 e 50, cuja finalidade era de nao existir gasto antes do desemprego. Todo esse controle geogré ico, temporal € econdmico sobre os individuos, completa-se com 0 seqiiestro de seus corpos. As instituigdes feitas para produzir (Fibricas), para curar (hospitais), para ens nar (escolas) e para punir (prises) tinham uma gran- de preocupagao com a sexualidade, © controle so al do corpo até o século XVII, supliciado e castiga- do, adquire nova significagao a partir do século XIX: ele necessita ser corrigido, reformado, entfim, quali car-se para se tomar capaz de trabalhar, sendo em todas as insttuigdes, construfdo um poder no somente econémico, mas também politico, judiciario ¢ epistemolégico. Foucault (1973) define-as como instituigdes do seqiiestro: “[..] através destes jogos do poder e saber, poder ‘miltiplo e saber que interfere e se exerce simulta- rneamente nestas instituigdes, temos a transforma- ‘edo da forca do tempo eda forga de trabalho e sua integragdo na produedo, Que o tempo da vida se torne tempo de trabalho, que o tempo de trabatho se torne forga de trabalho, que a forca de trabalho se torne forca produtiva; tudo isto ¢ possivel pelo jogo de uma série de instituigées que esquema- ticamente, globalmente, as define como institui- (gdes do seqitestro.” (p.98) Neste sentido o poder probe, oprime, de for- ‘ma muitas vezes irracional, podendo envolver coer- gio fisica ou psicolégica, E exercido sempre de cima para baixo, de maneira vertical, repreendendo os in- teresses daqueles que so sujcitos. Na educagio cle normalmente é usado como um incémodo, ou melhor, um mal necessirio, vindo da autoridade daqueles que se apropriaram do poder. A linguagem, a anilise e a pritica politica esto imersas numa narrativa que inclui coisas como: optessao, legitimagio, direitos, Estado, governo e au- toridade. Foucault acredita que somos capazes de cefetuar escolhas livres e auténomas, numa constru- 40 que permite ser govemado, tanto individual como coletivamente. O papel do Estado deve ser minimo, com liberdade e direito das pessoas escolherem seu proprio projeto Foucault (1982) declara: O poder sé se exerce sobre ‘sujeitos livres’, en- quanto ‘livres’ ~ entendendo-se por isso sujeltos individuais ow coletivos que tém diante de si um campo de possibilidade onde diversas condutas, diversas reagaes ¢ diversos modos de comporta- ‘mentos podem acontecer (p.244) 0s confrontos podem ser evitados, tendo em vista que empregados e empregadores sio ditos par- ceiros na perseguigao de objetivos e metas, quando a relagdo de poder se desenrola sob a perspectiva da colaboragao, da participagdo e da parceria Assim, o homem produz sua existéncia por meio do trabalho, desenvolvendo relagdes econdmi- as e sociais. Em pleno século XX ¢ infeio do XX1& vivenciado o confronto com 0 mercado de trabalho, permeado de incertezas e de concorréncia. O indivi- duo que trabalha, 0 faz de acordo com valores ¢ prin- cipios da cultura organizacional, sendo observado © valotizado pelos resultados que seu trabalho traz organizago. Os valores compartithados a partir da linguagem levam a cultura organizacional a estruturar a.agdo dele, direcionando suas atitudes ¢ controlando a sua forma de atuacdo, Na medida em que o trabalho implica um exercicio de si mesmo, o ser € requisitado a investir no seu continuo aprendizado, colocando-se como agente de sua prépria evolugao, Chega-se a ética como exercicio de si mesmo, a um desafio ao fend- ‘meno de dominago. ser humano vive um momento crucial de identidade profissional, que constitui também uma projecdo de si no futuro, por sua trajetéria de empregabilidade, aspiragdes de reconhecimento © sobrevivéncia num contexto de acesso desigual, com- plexo e instavel A formagao pessoal e profissional se consti- tui em um componente cada vez mais valorizado, nao somente de acesso, mas de manutengio e valoriza- ‘¢do do individuo no trabalho, Para Foucault (1994), a atribuigo de valor a ética pode ser entendida como desdobramento da politizagio da nogao de identida de, em meio as fronteiras frageis na contempora- neidade entre 0 pessoal, o privado € 0 piblico. Por A Etica nas relagées de trabalho 335 suas competéncias, a identidade do sujeito requer a articulagdo entre a construgdo da identidade para sie para outrem. Ocupar-se de si-o que de uma forma ou de outra cestd presente em toda ética desde a faléncia da ética coesiva—ndo é wma preparagdo para a vida; uma forma de vida. (..) Nao hé outro fim nem ‘outro termo além do propésito de estabelecer-se junto asi, ‘residir em si mesmo’, fazer ai sua mora- da”. (p. 356). Neste sentido, a construgdo do cu solicita 0 investimento da personalidade em aprender a lidar com as normas sociais, politicas ou morais. Caso con- tritio, com a liberagdo total delas, o individuo torna- se ndo-livre pela decomposigao do proprio eu. Apren- der a lidar com elas é um trabalho também realizado com rentincia e amadurecimento, para poder optar, decidir, discemir atitudes e exercer o principio da li- berdade, o proprio cu. Segundo Heller (1998), “ocué a tinica rocha onde as forgas do poder podem se par- tir.” (p. 409), A dimensdo ética implica fundamentalmente em relagdes reflexivas de si para consigo. Neste sen- tido, Foucault (1994) levanta a questo: “como nés constituimos nossa identidade por meio de certas téc- nicas éticas de si que se desenvolveram desde a an- tiguidade até nossos dias?” (p. 814), Pode-se refletir sobre o motivo pelo qual 0 homem modemo constitui critérios de subjetividade na busca de espago ¢ liberdade. O que se observa, atualmente, & a proclamagdo do papel de lider nas instituigdes, como lider inovador, a fim de que as pes- soas encontrem significado naquilo que fazem, na busca da “ética do prazer”, A “ética do prazer”, neste sentido, deveria substituira “ética do dever”, permitindo que o indivi- duo além de seu processo de produgio possa investir no de aprendizagem e formacdo pessoal, conforme Diagrama 1, a seguir: 336 Elisabeth Caldeira Villela Diagrama 1 - Na busea da ética do prazer PF >> Informagao: Fonte de poder Comunicagio Unidirecional, Ruidosa e Distoreida ‘Campo de Disputa entre chefias Relagdes de Desentendimentos ¢ Amargura Decisdes baseadas no achismo Dependéncia Imposigao Bergo da omissio e do conflito camuflado T Para tanto, compete a educagdo seu redimensionamento social, para além do conhecimento cientifico-tecnolégico, contemplando as dimensdes humana e ética nos espagos educativos para dar conta da vida em sociedade, minimizando a exclusio € ‘oportunizando 0 processo de mudanga, sendo necessirio um novo padrio atitudinal que redimensione o lugar privilegiado dela nos processos de reestruturagio produtiva, superando o educar voltado exclusivamente para 0 mercado, no contexto da globalizagao, Para corresponder as novas exigéncias da proctutividade, osujeito se vé muitas ve7es pressionade a superar a si mesmo. A dimensio subjetiva, geralmente, encontra seu paradeiro e identificagao no cargo, distante de sua identidade pessoal e das relagdes com os outros. Para minimizar tal situagdo, propde-se, no Diagrama 2, a superagio do “dever ser” para a integragao subjetiva do “ser-fazer-conhecer € conviver”. Informagio: Fonte de agio Legitimidade Produtividade Profissionalismo —Investimento Programas de Edueacio- Formagio paraa Vida: Conceitos, Atitudes e Valores ‘Continua busca do Auto - Desenvolvimento Cidadania/Humanizagio Promogao da Critica Tt Diagrama 2: Existéncia do Ser Encontra-se empobrecida na sua existéncia como “ser” e valorizada como “dever ser”. E preciso que a formacao pessoal seja contemplada na profissional. Feliz integragio do ser-fazer-conhecer-conviver. Atualmente nos modelos de organizagdo em- presarial e profissional, encontra-se dupla fonte de poder e legitimidade: os dirigentes da empresa repre- sentados pelo capital e 0s profissionais ¢ assalariados excluidos da sua acumulagao; so duas fontes de poder e de relagdes de trabalho e capital. A primeira, objetiva reduzir o custo e garantir a sobrevivencia da empresa, Quanto & segunda, cabe-the negociar as condigdes, a remuneragio ¢ a valorizagdo de sua forga de trabalho. Portanto, so fontes de poder divergen- tes antagénicas. © desafio esta na articulagdio € negociagio destas duas forgas, pois nao se garante a sobrevivén- cia de ambas ¢ 0 alcance de resultados positivos sem ‘o empenho delas, Segundo Heller (1998) “a construcdo da personalidade nao é uma jor- nada de prazer, mas uma espécie de trabalho, e um trabalho que envolve algum sofrimento, 0 nosso proprio ew é a nossa liberdade.” (p.409), A formagao pessoal e profissional dos dirigen« tes educacionais © empresariais, em sua maioria, ba- seia-se em uma filosofia organizativa que acentua a divisdo social ¢ técnica do trabalho; assim, encon- tram-se despreparados para agit com consciéncia democritica ¢ espirito colaborativo, pois uns so edu- cados para pensar e decidir, outros o so para obede- cer e fazer, Uma grande questio deve preocupar a educa- do: Como promover a construgao do sujeito com consciéncia democratica para ser autor de sua bio- «grafia pessoal e profissional, sem ser excluido do pro- cesso de produgao capitalista? Considera-se este um dos grandes desafios da educagio na sociedade con- temporinea e globalizada. Segundo Foucault (1995) “temos que criar 4 nés mesmos como uma obra de arte”. (p. 262). Hi forte influéncia do mecanismo newtoniano edo dualismo de Descartes. Muitos gestores empre- sariais © educacionais tém incorporado, em seu psiquismo, atitudes compativeis com um sistema fe- chado, sem desafios, perturbagdes e possibilidades de reorganizar criativamente suas agdes. As inovagdes, de certa forma, assustam mes- ‘mo as pessoas que desejam inovar. A conservagio de atitudes geradas, principalmente pela educagéo skinneriana, dificultaa formagao do profissional com- A Etica nas relagées de trabalho 337 pativel com um sistema aberto, propicio a alteragao. © modelo atual de mudanga & 0 da emergéncia € crescimento, possibilitado pela dialética, transagao, dislogo, consenso, desequilibrio ¢ equilibro. Assim, uma logica de aprendizagem, em for- mado continada, constitui-se num processo conti- muo e dialético, Para Foucault (1979), a dialética é uma maneira de evitar a realidade com seu cardter violento, reduzindo-o a forma calma do entendimento € didlogo. O autor afirma que A dialética 6 uma maneira de evitar a realidade aleatéria e aberta desta inteligibilidade reducin- do ao esqueleto hegeliano; € a “semiologia” é uma maneira se evitar seu cartiter violento, san- grento ¢ moral, reduzindo-a a forma apaziguada e plavénica da linguagem e do diéloga.(p. 5). Um sistema aberto e orginico tem a natureza transformativa, pois a mudanga é sua esséncia, utili- zando desafios e perturbagées para se reorganizar criativamente, 0 movimento dialético pede que os profissionais criem relagdes capazes de providenciar ‘mecanismos saudaveis de reestruturagdes. Caso con- trario, as ages humanas permanecem no nivel de proposigdes intuitivas, do imediato, sem condigdes de analisar ¢ enfientar desafios provenientes de uma conjuntura econémica e politica mais ampla, © que geralmente se vivenciam nas relagées de trabalho Foucault ja criticou ha muito tempo; so ‘momentos de indefinigdo ¢ incertezas que incentivam a compet indeterminagao do futuro eliminan- do a cooperago. O conservadorismo, o clientelismo a ineficiéncia dificultam o progresso eo desenvol- vimento social. As atitudes individualistas precisam_ ser revisadas ou abandonadas, superando formas consagradas de agir repressivo. ‘Neste confronto com 0 mercado de trabalho, se situa um desafio subjetivo e empresarial. Neste afrontamento, as organizagdes proclamam o resgate sujeito capacitado para tal e se pront lité-Lo, com estrat de si, ou seja, o sujeito deve aprender a lidar com a imagem do eu e a apreciagdo de suas capacidades. O desencadear de uma nova l6gica de apren- dizagem se legitima nas esferas do trabalho ena edu- cago continuada, como acesso e permanéncia no mundo do trabalho. 338 Elisabeth Caldeira Villela Consideragées finais Proclama-se o sujeito auténomo para agilizar ‘oprocesso social inovador. A dimensao ética educativa enaltecida pelos programas organizacionais e educa- cionais é ainda carente de principios subjetivos, mais, identificada com aspectos objetivos, ou seja, com pro- dutividade e qualidade. Pode-se afirmar que, a subje- tividade ainda se encontra empobrecida na sua exis- téncia como “ser” ¢ valorizada como “dever ser”; & preciso que a formagao pessoal seja contemplada na profissional, numa integragao do ser-fazer-conhecer- conviver. O incentivo a capacidade criativa e critica & uma tentativa de qualificar o individuo nas relagdes de trabalho. Prega-se a cooperacio, embora ainda no efetivada no enfrentamento com as limitagdes individuais e institucionais para implanté-la Aprendera lidar com as normas é um trabalho educacional que exige dedicagdo, compromisso, res- ponsabilidade, pois cada pessoa tem que aprender a optat, decidir, discernindo atitudes e exercendo o prin- cipio da liberdade, o proprio eu, rachando as forgas alienantes do poder. Finalmente, pode-se concordar com Foucault e Heller, em que a construgdo do eu supde a escolha de prinefpios e valores, no enfrentamento continuo com regras funcionalistas, efetivando a escolha existencial, «que é sempre relativamente auténoma, pois guiada por uma matriz social, seja repressiva ou dialégica. Referéncias Bibliogréficas Foucault, M, (1973). A verdade e as formas juridi- cas. La vérité et 1és formes juridiques. Confe- réncias de Michel Foucault na PUC. Rio de Ja Foucault, M. (1979). Microfisica do poder. Rio de Janeiro: Edigdes Graal, Foucault, M. (1982). Vigiar ¢ punir: uma historia das prisaes. Petropolis: Voze Foucault, M. ( 1994). Dits et écrits. Paris: Gallimard, Foucault, M. (1995), Sobrea genealogia da ética: uma revisio do trabalho, Em Rabinow, Paul; Dreyfus, Hubert, Michel Foucault. Uma trajetéria filo- séfica: para além do estruturalismo e da hermenéutica, Rio de Janeiro: Forense Univer- sitar, Heller, A. (1998). Além da justiga. Rio de Janeiro: Civilizagao Brasileira

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