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Capitulo 6 O problema da tesisténcia na psicanalise das criancas retardadas Freud indicou na sua obra o lugar que ocupa a{ resistencia’ qum _tratamento psicanalitico. Mostrou-nos como se deve utilizé-la para fazer surgir a verdade através-das distorgdes do discurso. A palavra do sujeito deve livrar-se « da mentira na qual se imobilizou. E preciso que o analista possa ir além da linguagem objetivante, andnima, para conduzir 0 paciente “& sto 6, a linguagem primeira, na qual, para jd mos fala sem o saber, e, antes de além daquilo que nos tudo, nos simbolos do sintoma”, psicanalista ache-se entéo, a major parte das vezes, diante de um enigma’ ser decifrado, £ através de uma mentira, disse eu, que @ verdade pode ser reencontrada; mas é necessério também procuré-la onde ela esté escrita. Ao tratar, neste capitulo, da resisténcia do sujeito, seguirei paso cansativa, com o fim de colocar em jo de uma @ passo uma construgio dif c questfio nfo sé a sua fuga, mas também a minha (a express in La Peychanalyse, 1, J. Lacan; “‘La Parole et le Langage en Psychanalyse’ vol. I, Paris, P. U. F. rj ACRIANGA RETARDADA E A Mag falta de confianga em mim ou na psicandlise). E do lugar do Outro que vou procurar 0 que pode constituir-nos, a um € a GUtrO, como sujeito® Colocar em qui a nossa resposta, introduzindo-nos na , a resisténcia se manifesta por quei- ruem um obstéculo a0 desvendamento da fa per 0 progresso, antes que a fantasia se desvende. E, portanto, na mae que a angistia vai surgir primeiro. - a frase “Nao posso mais viver" serd pronunciada pela mae antes de ser ida pela fi Curiosament a mae que, neste caso, vai introduzir a sua resi preciso em que, no tratemento, @ cri as fantasi Seo , como nos diz Lacan, € a falta da ma no caso de retardamento, em que ele € verdadeiramente falta? Vimos até que ponto é em torno dessa falta que se cristalizard a demanda da mic em todas as consultas médicas. A angistia da mae €, de certo modo, mascarada pela preocupagdo de ter que “pdr qualquer coisa onde ndo ha nada”, para retomar os proprios termos de uma dessas mies Mas ‘0 que aconteceré no dia em que a falta deixar de falter? A manifestar entio, através do seu desnorteio, 0 seu préprio problema de castracio, masearado até entéo pelo fitho que _ tinha a missio de o significar, A cura do filho pode, em casos extre- mos, significar a morte de um dos pais. J& tive ocasio® de citar a resposta desta crianga de 12 anos & per- gunta do médico: —O Doutor pode curar vocé e tornar voc tentar? — F preciso pedir a Deus, responde a crianga. — Entéo peca. — Bem, Deus diz que posso trabalhar com 0 Doutor, mas quero, porque a mamie s6 tem a mim para viver. eligente. Quer 5 eu nd0 algumas vezes, exemplos ia no tratamento — refirome a Mi Ge extrair agora o seu sentido. Este sent cus eros. E a partir de ‘as reflexces que se seguem sobre a conducio de um Prychothérepie des débiles", in La Psychanalyse, ¢ Gérard, © serd por vezes © idas que poss? © PROBLEMA DA RESISTENCIA NA SICA 7 Nem sempre a cianga pode fazer essa adve 1 0 Seu perigo. Foi assim que se igofrénico, apenas com o consent cou razées de trabalho para nunca ir até o analiste do casal unido © aparentemente sem histéria. Trés meses dono, mento que se pode fazer o esclarecimento psicanalitico do caso ¢ que eu fiquei sebendo 0 que se segue: Gilles tinha sido, na realidade, perturbado desde © nascimento por um pai que s6 suportava o filho na medida em que este se fazia de morto. 2) Esse pai tina sido também, de certo modo, 0 objeto da sua propria mae, grande melancél essa mde sempr se criado uma relagéo muito particular entre os dois: ele deveria con- “enché-la” de satisfaco — sem nunca o conseguir, eviden- s ela estava, pelo seu estado patoligico, condenada a ficar a. Pelo menos ele se tornou aquele que, pela sua pre- senga, neutralizava 2 anglstia. Mas era uma presenga de "objeto para encher a mae de satisfagio”, mais do que uma presenga de ser humano automo — porque # sua autonomia tera sido vivida por ela como uma perda (como a perda de um ol ‘qual nos epegamos) ou mes- mo como uma amputagio de ume parte do seu corpo. 3) Ele havia encontrado na mulher © mesmo esquema Ela era, de sndo com 0s sog mulher the anunciou que estava gravida. Ele Ihe disse: “Eu nio posso Suportar a idéia de fazer um ser © pai de Gilles nao estava portant Para assumir um papel de chefe de familia. O que ele neces tuma imagem materna para encher de satstagées. mas de sm fruto € que, sob , Fazer um ser vivo er ceiro termo na sua relagdo com a mulher. Ere enter forgado numa dF Mensio de relagio humana nao suportével, téo carrepada estave Gilles s6 podia ser materno veiculou durante © maior tempo possivel uma for- permit, de cet Quand, fi O retardamento do desenvolvimento ini ‘ma, que se mantivesse velada a angustia dos pais. 7 58 ACRIANGA RETARDADA E 4 y gy deu_o desenvolvimento motor, © pai néo pode suporté-lo e desen, wah 0 um, ‘de perseguigéo que terminou num io dine Inenterelacionado como tratamento que dava ao filho uma poss dade de cura. canaitco, 0 didlogo estabeleceu'se 20 nivel mesm vel mesmo da sua auséncia. Desde 0 inicig, s girou em toro da cena primitiva Nas fantasias que nos trouxe, a crianga mostrava-nos que caso se receberia dele um sexo no fecundo. Caso s¢ a morte. Como nascer dessa morte? Esta irla ser a propria questio do tra: tamento. igada 20 genitor patogé. tar © surgimento de um - © que falta & crianca, aqui, nada mais & que a garantia da fungio do pai. Tocando nisso, vai-se col A uth modo brutal, em face do seu pr6prio problema de castracdo — € nés vimos que, no podendo sua realidade corporal que ele vi © que significa para os pais a cura do fi 4 crianga pode fazer a si raz 0 seguinte sonho: ara curar a mamie, que softeu um acl AA mie, castradora dos machos, © dé ia da mie que nos romto £m que o pai parecia implorarihe. que. BUS" s6 para ele entre 0160 7 si fms em que todos os meninos sio débeis (Q. |- ra 0) © nao-tratéveis, Porque, segundo uma dessas mées, Pais © sob a sua influéncia, que eles podem encontrar @ estes aqucle que depois suporta amor d& ts at No Stes ee er mt Tans sen agem contraposta ap per € mais do que uma do se quer. Pet ‘verdadeira’” angéstia, 40° se chamamento 'g0 de ver surgir a 0 PROBLEMA DA RESISTENCIA NA PSICANALISE 6 Ao tocar a crianga tosase, porto, una cera foma de equi: jo, entre pais ¢ filhos bles sigue mais importa, na minha of ficidade de no débil: com Ge retardamento pode-se encontrar todo o leque da neurove, da pico Pr paceagila —— wan x diteouga He ue't teeoee oeomal ul oS 1r de gravidade incomum, A gravidade da doenga de ente do sistema de relagdes no qual o détil est em nfo € @ procura de uma que sob 0 rétulo * sempre um car pende essenci ‘ énica, Realiz experimental com ume duragio de es meses O: curar novamente o médico analista que 4c de saber se preciso ou 1 alee prazo, 0 analista avisa 8 mae que a data da fetuado. ‘el viar 0 balango dot uate, Be servagio PI ita se aproxima € que The comunica @ sue acha que s© ‘2 uma rupture, tio serena em sua confianga 1e ambigiidade: a mae, sou a sua forga sobre @ segu “Eu sou Onipotente, Eu nfo sou Oni © projetou essa ambigiiidade sobre 0 ans 1) Bla dio filho que & 4 sua Todavia, no pode dar 0 objeto da im um persons seja também um personsser : sPosso tentar semPF ¥ porque a pergunta do Pai: c 60 ACRIANGA RETARDADA E A MAE fosse con: frase, entra no jogo da revelago da fa donde 0 panico e a rup- tura.’Dizer & mae: “Eu ndo sou Oni ", € 0 mesmo que dizer: Ihe: a senhora ndo € Onipotente; em outras palavras, mostrando-me cas- trada, eu a cast © que significa esta resposta em ‘go? Que eu obrigo a mie a passer do plano da castragao verdadeira castragéo. A minha resposta equivale a dize |, eu nao corro atrés do seu filho". assume no tratamento a castragéo simbélica‘, a ané- ise, todavia, s6 € possivel caso ele aceite hospedar nele 0 objeto da an- da mae, cabendo-lhe mostrar o sentido que isso pode ter para ‘A senhora na hipétese que eu exprimo, tratase de uma falta técnica néo partilhdvel numa relagdo afetiva. Ao mesmo tempo, anulo- ‘me no mundo fantasmatico da mae. ‘A castragdo s6 pode, portanto, ser-assumida pela mie se a prova 20 qite ela comporia tiver lugar no Outro. Qualquer palavra do ane: ional e simbélica, corre 0 risco, assim, de ter & suspensio do tratamento, (pagina 46) nfo se deu a ruptura, é ‘A senhora tem certeza de estar com a razio? Tem certeza de que vai chegar a um resultado, e quando?” ficou sem resposta. O pai procurava provocar-me, mostrar-me onipo- fente (quer dizer, tentav i amor e angiistia) a fim de me surpreender, de certo modo, numa posi- G0 em que eu ignoraria a lei. Se no exemplo de Mi J. Assumir a castrapto si mundo psicans io; mas num ‘capaz de compreender que a expe ele um risco de amputagéo corporal, £ no momento em que aquilo que csté sado na ameaca de castracio jé no pde 0 corpo em jogo, que nés entramos verbal. Este momento corresponde para o individuo & entrada ‘no mundo simbélico (isto é, ele deixa uma relacéo imaginéria dual ameagadors, aceitando a intrusio de um terveiro termo que € entre outros nome do pai no momento do Ediy ia que tem que viver no comport © PROBLEMA DA RESISTENCIA NA PSICANALISE a i (na medida em que igdo de criangas 0 que se invocou na medida mesmo em que ele podia deixar-me o objeto da sua angi xr, 0 problema das suas relagdes sexuais com a mulher, ingularidade da anélise de criangas reside no fato de serem os como guardido que ponto os pais esto escravizados & sua demanda, na medi filho materializa por demais a falta — donde as formas graves que pode iomar, para certas criangas, o dano da debilidade, Basta por vezes uma deficiéncia ligeira para precipi do neurdtica grave e fazer aparecer um comportamento extremamente débil, que nenhum teste justi- como uma deficiéncia séria pode ser agravada mais ainda pela wterna, ¢ desembocar numa estrutura psicética sobreposta Freqiientemente a crianga débil defronta, nos pais, — que nao é mais que a morte dela. Se quisermos apreender no débil ‘algo como uma estrutura, € isso mesmo que vamos encontrar, Quer_se de una d rransformado em amor subl crianga muito atingida (que reage por um entorpecimento fo! posto ao retardamento), ou de uma rejeigio materna, que dé ramente deficiente 0 aspecto de um grande retardamento, visto que ‘no se sente no direito de existir sendo se fazendo de morta; quer se trate do drama proprio dos pais com os seus ascendentes, drama que eles 0 panico quando sio obrigados a assumir por sua vez o papel te, enfim, de um acidente mortal no qual # ito participar: crianga acre Em todos 0s casos, a fungle do filho & ser esse objeto fantasmé: a ners. tico que protege os pais contra a revelago do préprio né da s Tirar esse objeto de queixa que constitui o filho doente rer nas defesas dos 68 seus de homie antes de morrer. Enquanto Gi se sentia ameagado por um confronto homosexual. No s permanecia Wi e 4 CRIANCA RETARDADA E A MAE deixou de estar peralisado pelo entorpecimento {6bico, 0 pai desenvolveu um delitio de perseguigao’ ida do objeto de sua queixa vai colocar a mie em face das i ‘das. © filho, a0 se curar, vai afetar 0 eqi brio do casal, artificialmente mantido por ra, da qual o filho ra 0 penhor. Ac ignorar esse papel caracteristico desempenhado pela doenga da crianga débil na satide dos pais, corremos o risco de fazer explodir neles, imprudentemente, as defesas que os protegiam contra a angist E por isso que aqui, mais do que em qualquer outro caso, impoe-se 0 terapeuta a necessidade de receber as mensagens dos pais, os quais les despertava no pai sentiment € de perigo. Com efeito, toda idéia de compet semelhante, ‘desemipenhia um papel ‘A vida af 36. € possi cidio tornam-se entio 0s eq E por isso que o papel de um (© Outro, & tio import 1d. Ed.), Todos f@ validade dessa advert@ncia, bots a per ai importante, — a a ele se fez um aliado um problems cov deal crlanga que. Freud. nos comunicos, Sensors demalp ao papel Go Bal, 2 1. 'Se_além do ga nédiétca € 20. mesmo tempo vidente que_seremos levedos.@ © PROBLEMA DA RESISTENCIA NA PSICANALISE “6 poderéo suportar a sua angista se ela nfo passar pelo analsta do ~{ E deixando-os sds em Tuta com ela que se corre o tisco de um ie no real ‘Nem todos os pais de criangas débeis sio tio gravemente pertur bados. E de se notar no entanto que. nas fami assumir a sua debitidade ndo € procurada. Os casos que que um certo ti normal. © — Receber a Mensagem dos Pais ‘a diversas solugdes para xcado desta mat psicanalista ante essas Mandé-los “para outro lugar" el te. De fato, no rare d sapar a0 ensagem ndo deve escapar Filhos ¢ pais formam ainda um 36 corpo. oy em ou! de uma psicanslise para cles ou @ mie querem o mesmo anal © Congreso de Pedopsi pias_analtics” imente dur rmesevedonde "Pscotra 6. Foi» questio levanteds principal ‘quiatria de Roma (junho de 1963). ne 2 palavra que tem o seu lugar no dislogo ans “4 ACRIANGA RETARDADA E A MAE que a crianga faz tudo para que seja assim. Vendo os pais, evita-se, por outro lado, que a crianga introduza numa conduta fora da anélise uma co. possivel verbalizar a um Nos casos graves, pode acontecer que pai ow mie angustiados, sente em face da ~ Pensam que Cocotte esté demais na psicoterapia, Eles , mas com condigées. Um dia eles vio demolir a psicote- ida aos pais com 0 acordo da menina, essencial no decorrer de uma conversa que s¢ rerdade que eu a acho suficientemente curada, rita”, consciente dos seus préprios problemas, tinha-me num determinado momento, o enderego de um psicanslista, com © intuito de se subme ‘2 uma anglise. Acabou nio conse- ilho era ainda, para ele e para a mulher, 0 problema deles préprios. Se esquecermos isso, estaremos expostos a interrupedes prematuras do tratamento, deixando a crianga s em luta com as fantas » fantasias que vindo muito naturalmen se no decorrer da sesso, Estas no precisam ser ex cisam ser récebidas. “E para a senhora que eu tenho né deixar isso”, diziame uma mie. Ela tradi a necessidade de deixar para 0 analista do filho “um resto” nao simbolizével, de que a crianga tinha sido o penhor no passad —¥ Nos casos de neurose, pode acontecer que uma mae abusi tenda acupar a sesséo em lugar do a questio se coloca as fato de saber que © analista estd & disposiglo basta para que sua solicitacdo nao venha se intrometer no proprio tratamento do filho. Se a solicitagao da mae se faz co € geralmente porque se trata do seu problema pes- por trds do problema do filho. Nesse caso, pode-se propot tuma andlise para a mae, mas esta ndo deve ser feita “em nome do filho”. : “Precisa de uma andlise por causa do seu filho”, caminhamos no sentido de uma perversio da relagéo pais-filhos. Se a crianga deve aprender a viver por sua prépria conta, o mesmo acontece com os pais, que tém que assumir a sua vida e a sua andlise em seu préprio nome. E pela andlise da contratransferéncia que o analista, quando trata uma crianga, consegue enfrentar 0 seu proprio questionamento, Recusai- do 0 didlogo com o genitor patogénico, expomo-nos ao risco’ de velo 0 PROBLEMA DA RESISTENCIA NA PSICANALISE 6 irromper no real da maneira menos previsivel (foi assim que uma avd, excluida da consulta, nao descansou enquanto néo conseguiu separer 6 neto da mae, fazendo com que fosse hospitalizado). Infelizmente, hé 0 problema do tempo: néo € possivel trtar ao mesmo tempo muitas criangas psicéticas, porque & preciso poder dedicar muito tempo a clas ¢ & sua familia, Pode até acontecer que, num servigo de atendimento piblico, um ou outro dos pais procure mobilizar os dife rentes membros do servigo, mas isso faz parte integrante do tratamento: € um ponto de importéncia capital que nunca deve ser esquecido. ‘Aqueles que, tendo tido na prética a experiencia do peso dos pais , depois os encaminharam para outra con tratamento da crianga com a ‘importuna” na medida em momento, ele perde uma oportunidade impor tante na evolugéo do tratamento. S6 condugéo de uma psicandlise de crianga com a intrusho do genitor patogenico ps pode ser assumida pela crianga se a ang 0, E somente nesse momento que ser simbolizada, e desencadear nel ‘ou 0 aparecimento de uma gra- le (gravider no decorrer da qual os Seré, na mie, 9 queixa hi imagem de de fazer a into da mame”, pode con: volte & vida”, tinuar assim, minha ; sou” como 08 inmos Quer dizer, que ela “‘coma o pio que diabo amassou © irmis. al 66 A CRIANGA RETARDADA E A MAE ‘a senhora ndo me dé uma garantia suficiente contra a minha mulher.” Por outro lado, a crianga acrescent : “Eu quero ficar no néo-ac A entrevista com os pi “Mostra. até que ponto tando obrigar.me a d A mie s6 pode aceitar 0 luto que representa para ela a cura da filha & custa de uma nova gravidez. “Agora sinto-me cheia esté tudo ber logo que nos encontramos ‘Nao dé mais”, diz o pai, “é preciso que minha mulher se submeta a uma intervengio terapéutica, se @ senhora quiser que a crianca con- tinue o tratamento; & uma coisa ou outra.” Isto quer dizer uma escolha a0 nivel de uma mutilagio que deveria atingir mae ou filho, para que 6 pai possa viver. Uma escolha cuja angéstia deve ser vivida pelo ana- Tista, para que pai seja ajudado a transpor o seu sofrimento a um nivel diferente daquele de um ajuste de contas na realidade: “Veja, eu tenho uma resisténcia em telagSo a prosseguimento do tratamento como se fosse de mim que se tratasse. Eu é que teria necessidade de ‘uma anélise, mas nfo posso. Reencontro-me na minha filha. Eu era como la, tinha medos, a minha mulher também. Por que razio a minha filha nio teria os mesmos medos ¢ as mesmas feltas?” Faltas que desencadeiam nos pais reagdes de angiistia que eles néo dominam, is qiais um sentido nio pode ser dado. ~-""O lugar de Mireille € de fato na mie. F fazendo parte dos 6rgios maternos que ela preenche a angistia. Separada da mae, Mireille torn se, enquanto sujeito, uma falta nfo simbolizavel, nao significével — a mie, com efeito, nunca pode fazer 0 luto da separacdo no parto, ‘Como sujeito, Mireille nfo € reconhecida pelos seus: ela € esse objeto fantasmético que mascara a angtstia deles, angistia que se 2: prime desde que ela se esfarce por existir como sujeito, Nao é em fungio de um certo discurso impossivel que as primeiras interrogagSes da crianga no tratamento sero interrogagdes sobre a morte, © nascimento, 0 sexo, através da dimensdo da castragdo? Dimenséo ne cesséria, segundo parece, para poder passar do universo andnimo de uma certa Cocotte aquele do eu e do tu, escandido pelo tempo no qual © passado simples poderd inscrever-se. “Bu quero a facilidade, é isso que conta, F uma mé idéia aceitar as dificuldades. Quando vocé era crianga, voce a. vuldades. Voce fez 18 anos. Vocé aceitou mais ainda as dificuldades, vood teve uma péssima idéia a0 fazer iss0. Eu ndo aceitet as dificuldades. Eu fui feliz no néo-aceito. Nao sou como voc. No entanto, quando eu era pequena, sonhava com prisio e com promessa de viver’ © PROBLEMA DA RESISTENCIA NA PSICANALISE a or que & que as meninas néo ttm tomeirinha?” *Q que é que a gente arrisca quando nasce?” “© que € perder os pais? Na realidade, 6a pergunta na qual paramos nesse momento preciso em que 0 discurso da crianga ja néo é psicética ‘Aceitar a dimensio do simbélico ¢, para Mireille, aceitarse Gea £ dificil quando nao se tem 10 anos — e, no entanto, essa & uma co glo essencial de cura —, & porque ela implica, neste ponto, um ou Frodo de trocas entre pais ¢ filho que & nevessério a0 analiste poder Fecolfier & angistia dos pais desorientados pelo filho que procura viver, omear-se frente ao Outro, ¢ jd nde incluido no Outro no os estou perdendo?” analise — no momento almente o de uma

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