Você está na página 1de 80
COBERTURA COM ESTRUTURA DE MADEIRA E TELHADOS com TELHAS CERAMICAS MANUAL DE EXECUCAO Divisdo de Edificacdes do IPT Sao Paulo 1988 PT ae Instituto de Pesquisas Tecnolégicas do Estado de Sao Paulo S.A. © 1988, Instituto de Pesquisas Tecnolégicas do Estado de Séo Paulo S.A. — IPT Cidade Universitaria “Armando de Salles Oliveira” — So Paulo — SP Caixa Postal 7141 — CEP 01000 Endereco Telegréfico: TECNIST — Telex: (011) 83144 INPT BR : Telefone: (011) 268-2211 } EQUIPE TECNICA: Este trabalho foi desenvolvido pelos seguintes técnicos do Agrupamento de Componentes e Sistemas, da Diviséo de Edificagdes do IPT: Engenheiro Ercio Thomaz; : ~ Engenheiro Cléudio Vicente Mitidieri Filho; ~ Arquiteto Walter Caiaffa Hehl; ~ Engenheira Vera da Conceigdio Fernandes; — Desenhista Gilson Canton Valeriote; ‘ Estagidrio Julio Osamu Yoshida. Coordenago de diagramacao e Capa (Sinduscon-SP): — Clair de Paula Ribeiro (MTb 17634) Publicagdo IPT 1781 ISBN 85-09-0042-5 APRESENTAGAO Dando continuidade as atividades de difusdo de informagdes previstas no Protocolo de Cooperaca« Técnica IPT/SINDUSCON, apresentamos ao meio técnico a publicagdo “Cobertura com Estrutur: de Madeira e Telhados com Telhas Cerémicas — Manual de Execugiio”. Na elaboracio deste trabalho resultado de estudos desenvolvidos no ambito do Programa de Assisténcia Tecnolégica a Indistria de Ceramica Vermelha, 0 IPT contou com a participacdo dos produtores de telhas cerdmicas, com « apoio da Secretaria de Ciéncia e Tecnologia do Estado de Séo Paulo e do Sindicato de Ceramica par Construg3o do Estado de Sao Paulo. © manual reune e sistematiza informagdes sobre a técnica construtiva desse tipo de telhado oferecendo aos construtores um texto prético e completo sobre o assunto; nele sio ressaltado: diversos detalhes construtivos, que so fundamentais para o bom desempenho da cobertura. © manual incorpora dados atualizados das normas brasileiras sobre telhas ceramicas e traz um: contribuigdo inédita ao projeto dos telhados com estrutura de madeira e telhas cerdmicas, apresen tando um método prético para o pré-dimensionamento de caibros e tercas, baseado em abacos, qu em muito facilitard a tarefa de célculo destas pegas. Ao divulgar este trabalho, 0 IPT e 0 SINDUSCON esperam que as informagSes aqui contida: sejam de grande utilidade a todos aqueles que projetam, executam e fiscalizam este tipo de cober tura, to largamente empregada em nosso pals. Julio Capobianco Roberto de Souza Presidente do Sinduscon-SP Diretor da Divisio de Edificages — IPT COBERTURA COM ESTRUTURA DE MADEIRA E TELHADO COM TELHAS CERAMICAS — MANUAL DE EXECUGAO — INDICE PAG. 1. CAMPO DE APLICAGAO ........2..65 2. COMPONENTES DA COBERTURA .......... 01 2.1. Componentes da Estrutura de Madeira ol 2.2 Componentes do Telhado...... - 03 3. FORMAS DO TELHADO ....... : - 04 ae (MATERIAISE = OE 4.1. Madeira = OE 4.2 Argamassa . 206 4'3 | Acess6rios| Metillecs| eee e ren eneren er Se ELM ACS ee oe 5.1 Tethas Cerémicas de Encaixe (Francesa, Romana e Termoplan) ....... ree 5.2 Telhas Cerdmicas de Capa e Canal (Colonial, Paulista e Plan) ... cere 6. CARGAS ATUANTES NA COBERTURA .. peoprpedcboha 7 % 7. INCLINAGAO DOS TELHADOS cece feces cee 4 8 MANUSEIO E ESTOCAGEM DOS COMPONENTES ........0000.000000e0eee seen 7 8.1 Componentes de Madeira ee 82 Telhas e Pecas Complementares..... eee ee le 9, ESTRUTURA DE MADEIRA .... 605 ee 9.1 Estrutura Pontaletada wees cece e ee eee eee - 18 9.2. Tesouras ee PAG. 93 Tercas. Baccucaode sees 2B 9.3.1 Dimensionamento . : 5 pecooupucooundea £) 9.3.2 Disposicdes Construtivas .... 0... 02..ceeceeeeeeteee sete es ae 94 Caibros......... ee Be ze) 9.4.1 Dimensionamento .........-+ bod scpupcbasandantooh ee 9.4.2 Disposicées Construtivas .... eno oe 2 9.5 Ripas . - 30 9.6 Ligagdes ... 02... eee cece sees sonbq0001Ibno# ababacnnoaakaoe 32 9.6.1 Ligagdes com Pregos......... 2... 2+ doesbonhoaseinosaos ce veees 82 9.5.2 LigagGes por Entathes (Sambladuras) 34 9.7 Ancoragem . 37 9.8 Apoios para Caixas D’Agua 0. TELHADO.. . 10.1 Colocagdo das Telhas ....... . beens ee eee wees veces sere, 3D 10.2 Beiral .... 10.3 Cumeeira . . 44 10.4 Espigao 44 10.8 Rincdo ou Agua Furtada 45, 10.6 Arremates .. 46 10.7 Telha Translicida 47 1. DRENAGEM DE AGUAS PLUVIAIS ......06.000000:cecsccsseseeeeeeeees seve 47 ANEXOS Anexo 1: Exemplos de dimensionamento de caibros © de tercas seven 49 Anexo 2; Tabelas e Abacos (propriedades de madeiras brasileiras; dimensionamento de caibros © de tergas) 6 ss eeeeeeeeeeeeeetteeeeeeeeeeeees piss! COBERTURA COM ESTRUTURA DE MADEIRA E TELHADO COM TELHAS CERAMICAS ~ MANUAL DE EXECUGAO — 1. CAMPO DE APLICAGAO Este manual aplica-se a coberturas constitu/das por estruturas de madeira e por telhados de telhas ceramicas, estabelecendo-se condigées para o projeto e a execugdo de telhados com telhas de encaixe (tipos francesa, romana e termoplan) e com telhas de capa @ canal (tipos colonial, paulista e plan) 2. COMPONENTES DA COBERTURA A cobertura, parte superior da edificacdo que a protege das intempéries, é constitufda por uma parte resistente (laje, estrutura de madeira, estruture metélica, etc.) e por um conjunto de telhas com fungiio de vedagio (telhado), podendo apresentar ainda um forro e uma isolaggo térmica. No presente trabalho sero analisados apenas os telhados com telhas ceramicas e as estruturas de madeira, adotando-se para tanto os seguintes conceitos: 2.1 Componentes da Estrutura de Madeira A estrutura de madeira é considerada como © conjunto de componentes ligados entre si, com a fungdo de suportar 0 telhado. A estrutura é composta por uma armacdo principal e outra secundéria, também conhecida por trama, A estrutura principal pode ser constitufda por tesouras, ou por pontaletes, e vigas principais, sendo a trama constitu(da pelas ripas, pelos caibros e pelas tercas. Os componentes da estrutura, ilustradas na Figura 1 2 seguir, so definidos como: A = Ripas: pecas de madeira pregadas sobre os caibros, stuando como apoios das telhas cerémicas; B ~ Caibros: pocas de madeira, apoiadas sobre as tercas, atuendo por sua vez como suporte das ripas; © ~ Tergas: pecas de madeira, apoiadas sobre tesouras, sobre pontaletes ou ainda sobre paredes, funcionando como sustentaggo dos caibros; D — Frechal viga de madeira colocada no topo das paredes, com a fungdo de dis a1 tribuir as cargas concentradas provenientes de tesouras, vigas principals ou outras pegas de madeira da estrutura; costuma-se chamar também. - de frechal a terga da extremidade inferior do telhado; E —Terca de cumeeira: terga da parte mais alta do telhado; F — Pontaletes: pecas de madeira dispostas verticalmente, constituindo pilares curtos sobre os quais apoiam-se as igas principais ou as tercas; G — Tesoura: treliga de madeira que serve de apoio para a trama."As barras das te} souras recebem designacdes préprias, quais. sejam: H— asna, perna, empena ou banzo superior linha, tirante, tensor ou banzo inferior J — montante ou suspensorio K — montante principal ou pendural L = diagonal ou escora; M— Chapuz: calgo de madeira, geralmente de forma trianguler, que serve de apoio . lateral para a terga; N — Mao francesa: peca disposta de forma inclinada, com a i finalidade de travar a estrutura. FIGURA 1 — Componentes da estrutura de madeira da cobertura 02 2.2 Componentes do Telhado 0 telhado é a parte da cobertura constitu(da pelas telhas e pegas complementares. Suas partes podem assim ser definidas, conforme ilustra a Figura 2: FIGURA 2 ~ Partes do telhado — Agua: — Beiral: = Cumeeira: — Espigio inedo: ~ Poca complementar: — Ruto: Fiada superficie plana inclinada de um telhado; projecéo do telhado para fora do alinhamento da parede; aresta horizontal delimitada pelo encontro entre duas aguas, geral- mente localizada na parte mais alta do telhado; aresta inclinada delimitada pelo encontro entre duas éguas que formam um Angulo saliente, isto é, 0 espigo € um divisor de aguas; aresta inclinada delimitada pelo encontro entre duas éguas que formam um Angulo reentrante, isto 6, 0 rincio é um captador de équas (também conhecido como agua furtadab, componente cerémico ou de qualquer outro material que permite a solugéo de detalhes do telhado, podendo ser usado em cumesiras, rincBes, espigdes e arremates em geral; pode ser também uma peca especial destinada a promover a ventilagdo e/ou iluminagéo do ético ou, na inexisténcia de forro, do proprio ambiente da edificagdo; pega complementar de arremate entre o telhado e uma parede; sequéncia de telhas na diregéo da sua largura. 03 3. FORMAS DO TELHADO © tethado pode assumir diversas formas, em funcdo da planta da edificaco a ser coberta, © telhado mais simples & constitudo por uma tnica agua, sendo denominado telhado de uma agua ou alpendre (Figura 3A), neste caso no esto presentes nem a cumeeira, nem 0 espigdo e nem o rinciio. SF (7ECHADO OE UNA wou 30 (com @ douas? ! IS 3 ¢ (Com TACANIGA? 30 (TELWADO DE QUATRO HOU) FIGURA 3 — Algumas formas de telhado © telhado de duas aguas apresenta dois planos inclinados que se encontram para formar_a cumeeira (Figura 38) © tethado de trés éguas, além de ter dois planos inclinados principais, apresenta um outro plano em forma de triéngulo que recebe 0 nome de tacani¢a (Figura 3C). Neste caso, além da cumeeira, o telhado apresenta dois espigdes. No caso de telhado com quatro aguas, teremos duas aguas mestras e duas tacanigas (Figura 30). Essas so as formas fundamentais de um telhado, as quais podem ser combinadas resultando varias outras formas, em telhados mais complexos, como por exemplo os ilustrados nas Figuras 3E e SF, 04 4, MATERIAIS 4.1, Made No devem ser empregadas na estrutura, pegas de madeira que: — sofreram esmagamentos ou outros danos que possam comprometer a seguranca da estrutura; — apresentam alto teor de umidade, isto é, madeiras verdes; — apresentam defeitos como nés soltos, nds que abrangem grande parte da seed transversal da pega, fendas exageradas, arqueamento acentuado, etc.; — nfo se adaptam perfeitamente nas ligagdes; = apresentam sinais de deterioragae, por ataque de fungos ou insetos. As espécies de madeira a serem empregadas devem ser naturalmente resistentes ao apodrecimento e 20 ataque de insetos, ou serem previamente tratadas. Na Tabela 1 do anexo 2, apresenta-se uma extensa listagem de madeiras brasileiras com suas respectivas propriedades, indicando-se, dentre as diversas espécies, aquelas que ndo necessitam receber tratamento fungicide, inseticida e/ou imper- meabilizante. Com a finalidade de prevenir-se @ contaminago da madeira no perfodo de construcgo da obra, deve-se remover todas as fontes potenciais de infeceSo, tais como entulhos, rafzes e sobras de madeira que se encontrem nas proximidades. © terreno deve ser inspecionado, e se forem encontrados ninhos de cupins, estes dever ser destrufdos. As superffcies de topo das pecas de madeira da estrutura do telhado, expostas ao ambiente exterior, devem ser tratadas pela aplicagio de pintura impermeabilizante, como por exemplo tinta a éleo ou esmalte sintético; podem ainda ser tratadas com éleo queimado (Figura 4) FIGURA 4 ~ Tratamento de superticies de topo das pegas de madeira expostas 20 ambiente exterior 05 As vigas de madeira empregadas como suportes para caixas d’éguas devem receber pintura imper- meabilizante, com excecdo daquelas constituidas por madeira cuja espécie encontra-se assinalada com dois asteriscos (**) na Tabela 1 do anexo 2, essas espécies também néo necessitam de tratamento contra fungos ou insetos. Aquelas espécies assinaladas com um asterisco (*), na Tabela 7, necessitam de protegdo impermeabilizante, mas ndo de tratamento contra fungos-ou insetos. As outras espécies de madeira devem ser tratadas contra fungos e insetos, no caso de haver possibilidade de ocorréncia esses tipos de ataques no local da obra, Quando se tiver uma pega tratada e esta precisar ser cortada na obra, a superticie de corte deve ser novamente tratada ou pintada, 4.2. Argamassa A argamassa a ser empregada no embocamento das telhas e das pegas complementares (cumeeira, espigio, arremates e eventualmente rinco), deve possuir boa capacidade de retencdo de agua, ser im- permedvel, ser insoliivel em agua e apresentar boa aderéncia com o material cerémico. Consideram-se :9 ou 1:3:12 (cimento : cal : areia, em volume) ou quais- como adequadas as argamassas de trago 1: quer outras argamassas com propriedades equivalentes. No devem ser empregadas argamassas de cimento e areia, isto 6, argamassas sem cal, A areia deve ser isenta de torrdes de argila, matéria organica ou outras impurezas. 4.3. Acessérios Metdlicos Os acessorios metilicos a serem empregados, como pregos, parafusos e chapas de aco, devem ser protegidos contra corroséo; componentes que apresentarem sinais de corrosdo, isto 6, ferrugem, néo devem ser empregados na estrutura. 5. TELHAS As telhas e pegs complementares em material ceramico, independentemente do tipo de telha, devem apresentar som metilico, assemelhado ao de um sino, quando suspensas por uma extremidade e devidamente percutidas (Figura 5). FIGURA 5 — Percussio da telha cerémica para avaliago da efetividade da queima e da eventual presenca de fissuras 06 1s Nao devem apresentar deformagdes e defeitos, como fissuras, esfoliagdes, quebras e rebarbas que dificultem 0 acoplamento entre elas e que prejudiquem a estanqueidade do telhado. Nao devem possuir, ainda, manchas (por exemplo de bolor), eflorescéncias (superficie esbranquigada com sais soldveis) ou nddulos de cal. lem das condicdes gerais acima apresentadas, o conjunto de normas técnicas brasileiras"”! esta- belece para as telhas cerdmicas as seguintes condigées especificas: impermeabilidade: as telhas cerémicas submetidas a uma coluna de égua com 25cm de altura durante 24 horas consecutives, no devem apresentar vazamentos ‘ou formagdo de gotas na face oposta a ado da égua; absorgdo de agua: deveré ser inferior a 20%; resisténcia tolerancias dimensional a flexio: carga de ruptura a flexdo das telhas cerémicas de encaixe deve ser igual ou superior 2 700N (70 kgf), elevando-se esse valor para 1000N (100 kgf) nas telhas de capa e canal; — dimensdes > 60mm : tolerancia + 2% = dimensées < 50mm : tolerancia + 1mm — espessura_: tolerancia + 2mm empenamento em relago 20 plano de apoio, as telhas ndo dever apresentar empe: namento superior a 5mm. (1) Encontra-se em desenvolvimento o processo de normalizaeso das telhas cerdmicas tipo romana e termoplan, levando fem conta inclusive © conjunto de normas validas para as telhas francesa, colonial, plan e paulista, que & o seguinte: NBR 8038/87 - NBR 6462/87 NBR 7172/87 — NBR 8947/85 — NBR 8948/85 NBR 9598/86 — NBR 9599/88 NBR 9600/36 — NBR 9601/86 — NBR 9602/86 — Telha cordmica tipo francesa ~ Forma e Dimensées ~ Pad-onizagéo. Tolha cardmica tipo francesa ~ Determinagio da carga de ruptura a flexo ~ Método de ensaio. Telha cerdmica tipo francesa ~ Especiticaeao. Tetha cerdmica ~ Determinagdo da massa © da absoredo d'égua ~ Método de ensao. Telha ceramica ~ Verificaeo da impermeabilidade ~ Método de ensaio. Telha cerdmica de capa e canal tipo paulista ~ Dimensdes ~ Padronizacdo. Tetha ceramica de capa e canal tipo plan ~ DimensBes — Padronizacdo, Telha ceramica de capa e canal tipo colonial ~- Dimensdes — Padronizacio, Telha ceramica de capa e canal ~ Especiticacdo, Tetha cerdmica de capa e canal — Determinagio da carga de ruptura a flexdo — Métado de ensaio, 07 5.1 Telhas Cerémicas de Encaixe As telhas cerdmicas de encaixe apresentam em suas bordas saliéncias e reentrancias que permitem © encaixe (acoplamento} entre elas, quando da execugdo do telhado. A telha ceramica tipo FRANCESA, conformada por prensagem, é uma telha de encaixe, conforme ilustrado na Figura 6; possui, além dos encaixes laterais, um ressalto na face inferior para apoio na ipa e outro, denominado orelha de aramar, que serve para sua eventual fixago a ripa. FIGURA 6 — Telha cordmica tipo FRANCESA — vista superior e vista inferior A telha ROMANA ¢ uma telha de encaixe conformada por prensagem, apresentando uma capa @ um canal interligados conforme indicado na Figura 7. FIGURA 7 — Telha cerdmica tipo ROMANA — vista superior @ vista inferior 08 Um tipo de telha ceramica de encaixe mais recentemente lancado no mercado é a telha TERMO- PLAN, fabricada por processo de extrusio; esta telha, conforme ilustrado na Figura 8, apresenta uma a camada interna de ar, projetada com o intuito de otimizar o desempenho térmico da telha (dal o e nome “termoplan”). e ‘ FIGURA 8 ~ Telha cerdmica tipo TERMOPLAN ~ vista superior e vista inferior a As principais caracteristicas geométricas das. telhas cerdmicas de encaixe, normatizadas ou em proceso de normalizagéo, encontram-se indicadas na Tabela 1 a seguir: TABELA 1 — Caracteristicas das telhas cerdmicas de encaixe Tipo de Dimensées Nominais (mm) Massa Galga * toe Comprimento | —Largura Espessura | Média (a) (em) FRANCESA 400 240 14 2600 340 [rermorcan] 480 | 2a | ze 3200 380 (71 alge = espacamento entre eixos de duas ripas consecutivas (77) tomada 8 meia largura da telha, considerando-se a parede dupla da telha e a camada interna de ar. = 09 5.2 Telhas cerdmicas de capa e canal Sio telhas com formato de meia-cana, fabricadas pelo processo de prensagem, caracterizadas por pecas cncavas (canais) que se apoiam sobre as ripas e por pegas convexas (capas) que por sua vez se apoiam sobre os canais. Os canais apresentam um ressalto na face inferior, para apoio nas ripas, sendo que as capas geralmente possuem reentrancias com a finalidade de permitir o perfeito acopla- mento com os canais; tanto as capas quanto os canais apresentam detalhes (encaixes, apoios, etc.) que visam impedir 0 deslizamento das capas em relagdo aos canais. A primeira versio das telhas de capa e canal ¢ a telha tipo COLONIAL, oriunda das primeiras tethas cerémicas trazidas para 0 Brasil pelos portugueses (daf o nome “colonial”}, esta telha caracte- riza-se por apresentar um Unico tipo de pega destinada tanto para os canais como para as capas (essas, sem reentrancias), conforme ilustrado na Figura 9. FIGURA 9 — Telha cerdmica tipo COLONIAL — vista inferior @ vista superior A partir do desenho da telha colonial surgiram diversas formas evolutivas, firmando-se no mer- cado as telhas paulista e plan. - A telha tipo PAULISTA apresenta 2 capa com largura ligeiramente inferior 8 largura do canal, conforme representado na Figura 10, 0 que confere ao telhado um movimento plastico bastante diferenciado daquele verificado para o telhado de telhas coloniais. 10 FIGURA 10 — Telha cerémica tipo PAULISTA — vistas inferior e superior da capa @ do canal J8 a telha PLAN apresenta as formas acentuadamente retas, conforme indicado na Figura 11, 0 que confere ao telhado caracteristicas arquitetdnicas totalmente distintas daquelas observadas para as telhas curvas. " FIGURA 11 — Telha cerémica tipo PLAN — vistas inferior e superior da capa e do canal A existéncia de um grande ndmero de telhas derivadas da telha colonial causou uma certa desordenaco no mercado, tal era o numero de variedades com forma aproximadamente idéntica @ com dimensées, as vezes, acentuadamente diferenciadas; com a finalidade de contribuir para o redisciplinamento desse mercado, a ABNT € 0 INMETRO! decidiram normalizar apenas os trés tipos mais consagrados de telhas de capa e canal (colonial, paulista e plan), estabelecendo ainda um nico comprimento e uma unica galga para essas telhas. ‘A normatizagao recentemente estabelecida para as telhas de capa e canal, além da mencionada disciplinagdo do mercado, confere aos projetistas e construtores vantagens inegiveis, dentre as quais destacam-se a padronizagio de uma ui carpintaria) @ a possibi 1a galga (facilitando os projetos de tethados e os trabalhos de idade de intercémbio de telhas que, embora de mesmo tipo, sejam produzidas por diferentes industrias cerémicas. Estas, aliés, vem paulatinamente substituindo os estampos de suas presas, de forma a atender as dimensdes padronizadas para as telhas de capa e canal, apresen- tadas de forma resumida na Tabela 2 a seguir: (2) ABNT: Associagio Brasileira de Normas Técnicas INMETRO: Instituto Nacional de Metrologia, Normalizapo e Qualidade Industrial 12 TABELA 2 — Caracteristicas principais das telhas de capa e canal compri | targuratmm) | atura (amy | espes | massa mento |_laraura mm! | altura (mm) | “stra | mécia | 92tge : (mm) _| maior [menor | maior [menor] (mm) | (gh | (mm) 2 COLONIAL, 460 180 | 140 75 55 13° | 2250 | 400 capa 1eo | 120 | 70 | 70 2000 PAULISTA 460 13 400 canal 180 | 140 | 70 | 55 2150 copa 160 | 120 | 60 | 60 2290 PLAN 460 13 400 canal iso | 40 | 45 | 45 2280 6. CARGAS ATUANTES NA COBERTURA Como subsidio ao projeto estrutural, e tomando-se por base am: massa ea maxima absorcéo de gua admitida para as telhas cerdmicas, indica-se na Tabela 3 a seguir, © peso proprio dos dife- rentes tipos de telhados: TABELA 3 — Peso proprio dos telhados Némero Peso proprio do telhado (N/m?) * | Tipo de Teiha de tethas | por m2 Telhas Secas Telhas Saturadas i Francesa 15 450 540 | Romana 16 480 580 | — Termoplan 15 540 650 Colonial 24 650 780 Paulista 26 690 830 Plan Ls 720 860 (CY Nim? = 0,1 kgtlem? 13 don Como avaliaggo do peso proprio da estrutura de madeira, de acordo com ini 1G5es do professor Antonio Moliterno®, podem ser admitidos os seguintes valores: + tesouras e contraventamento: gy = 24,5 (1+0,33L) em N/m? ' onde L = vo da tesoura, entre apoios, em metros. = terga: vo maximo de 3,0m — 9, = 60 N/m? vio maximo de 2,50m — g, = 80 N/m? * caibros: 50 N/m? * ripas: 20 N/m? No calculo estrutural deve-se ainda considerar @ ago das seguintes cargas acidentais, atuando isola damente: * carga uniformemente distribuida de 600 N/m?, atuando no plano formado pelas faces superiores dos caibros; ‘* carga concentrada de 1000 N, atuando nas segdes mais desfavordveis de caibros, tergas e barras das trelicas. 7. INCLINAGAO DOS TELHADOS A fim de garantirse a estanqueidade & équa dos telhados € a indeslocabilidade das tethas, os tethados devem ser executados com as declividades indicadas na Tabela 4. TABELA 4 — Declividades de telhados em telhar ceramicas Angulo de inclinagéo (i) Tipo de Telha Declividade (d) wo 45°) todas as telhas devern ser amarradas @ estrutura de apoio. 109120 a> 8020 BaD ado 8O: ako fC MPa) ABACO 5: Fatores de correcdo de LT ficticio a =F CGE) K 13 Le 18 Ro Kast (E) OBS: LT real < LT ficticio Wt) * Ki(ut) eLT real < LT ficticio (E) * K2(E) TRGRUP OF COMPONENTES € SISTEMAS| DESENHO 1 :AGACOS DE DIMENSIONAMENTO IPT DIVISAO DE EDIFICACOES . execucks oF TELiino TELHA FRANCESA manual 0€ ExEcuCKo oF TELNADOS. TELHA ROMANA. ABACO 1:-Espagamento maximo entre terpas ou yao. mdximo de caibros (LC,em cm) para caibros de SECAO 5x6 cm 2000 £ UMPo) 70 33 40 © ° © * 0 oO T. (MPa) ABACO 2: Espacamento maximo entre tercas ou yao maximo de.caibros (LC,em-cm) para caibros de SECAO Baden 32000. Ye 000 28000 E (MPa) a 20 30 ao 0 ee tooo TELHA ROMANA ABACO 3:Espacamento ficticio entre tesouras ou vdo fictfcio de tercas ( LT ficticlo, em em) para tercas de SECAO 6xl2cm = ue we me ae mo WO wo eee aN oe ee 4 (MP0) ABACO 4: Espacamento ficticio entre tesouras ou vao ficticio de tercas (LT ficticio, em cm) para terpas de SECAO 6xI6cm see00 30000 ‘0009 26000. ABACO 5: Fotores de correcdo de LT ficticio 224 Krefiee) 13 14 K2=f(E) OBS: LT real < LT ficticio (vt)x Ki(¥f) eLT reat < UT ficticio(E) x K2(e) AGRUP OF SAMPONRA TED E-GrgTERAS, OESENHO 2:Aeacos DE: DIMENSIOMAMENTO | TELHA ROMANA “bivisAo DE EDIFICACOES IPT awuaL DE Execucko Ve TELHAGOS, TELHA COLONIAL E (MPa) E (MPa) ABACO1: Espagamento mdximo entre tercas ou vdo maximo de caibros (LC, em-cm) para caibros de SEGAO 5x6 cm hee aH 4 ABACO 2: Espacamento mdximo entre tergas ou vio mdximo de caibros (LC, em cm) para caibros de SEGAO 5x7 cm 32000. Se ‘8000: 24008) 22000. 20000) TELHA COLONIAL, € (MPa) ABACO 3:Esparamento ficticio entre tesouras ou yoo ficticio de tergas( LT ficticio,em cm) para tergas de SEGAO 6x12 cm kee : IRS A, z 40 «80 10812000. 220 Oho. wO Wet MPa) ABACO 4: Espacamento ficticio entre tesouras ou vio ficticio de tercas( LT ficticio, em cm) para tereas de SEGAO 6xl6cm 32000 0000 28000 20000 24000 ABACO 5: Fatores de corre¢do de LT ficticio © v oy T | | T im | 4s 1a Kee tle) OBS: LT real $ LT ficticio( (t)x KI((F) e LT reat < LT ficticiol&) x Ke(e) RORUE GF COMPONGHTES E SISTEMAS IPT DIVIShO DE EDIF IGACO Manual 9 ExECUsBO DE TELHADDS DESENHO 4: ABACOS DE olMENSIONAMERTO TELHA COLONIAL TELHA PAULISTA ABACO 1: Espagamento maximo entre tercas ov vio mdximo de caibros (LC, em cm) para caibros de SEGAO 5x6 cm ee Te (MPa) ABACO 2: Espacamento mdximo entre tercas ou vdo méximo de caibros (LC, em cm) para caibros de SESAO Sx7cm y 2000 39000 € (MPa) 8 TELHA PAULISTA ABACO 3: Espacamento ficticio entre tesouras ou vio ficticio de tergas (LT ficticio,em cm) para tercas de SECA 6xl2cm =ErHE we 8m De tuo 180 BHD 2kO HOO Te MPay ABACO 4: Espasamento ficticio entre tesouras ou vio ficticio de terpas(LT ficticio, em cm) para tersas de SECAO 6xl6cm ABACO.S: Fotores de corresdo de LT ficticio vay are ho w we nS he a ts ar ke=t(e) OBS: LTreal < LT ficticio (tt) x Ki(¢1) eLTreot¢ LT ficticio(E) x K2(e) AGRUR OE COMPONENTES © SISTEMAS DIVISKO DE EOIFICAOES DESENNO 5 :deacos o€ cimensionaMeNTo TELHA PAULISTA MANUAL OF ExXECUREO Of TELMADOS TELHA PLAN ABACO I: Espacamento mdximo entre tercas ou yao mdximo de caibros (LC, em cm) para caibros de SECAO 5x 6 cm Et mPa) ry WY, (MPa) ABACO 2: Espacamento mdximo entre tercas ou yao: maximo de caibros (LC, em cm) para caibros de SECAO s2000 39000 za000 26000 000 2» 30 ao ~ We ( MPa) TELHA PLAN ABACO 3:Espacamento ticticio entre tesouras ou yao ficticio de tercas (LT ficticio, em cm) para tercas de SECAO 6xl2cm ABACO 4: Espacamento ficticio entre tesouras ou vao ficticio de tercas(LT ficticio, em cm) para tercas de SECAO 6x16cm 32000 oy 39000 zapo0 24000 eemrgr 2 40 «60m D129 HOO 200 2D Hk 28D ABACO 5: Fatores de correcdo dé LT ficticio e ts es a falas! | 1 = fo ad | heal 20d 4 bc fy ode oy + | Mehr | + | - -| ect 2 | eu | j Lt 1 I Ree ee Keefe) OBS: LT rect < LT ficticio (tr) x Kit) eLTreal< LT fictico(€)x K2(E) i. he [;AORUP DE COMPONENTES € STEWS | DESENNO € AUACOS OE OIMENSIONAMENTO | IPT. DIVISHO OE EDIFICACOES | tn ce TELHA PLAN | MANUAL DE ExECUCAO DE TELHHDOS TELHA TERMOPLAN ABACO 1: Espacomento maximo entre tereas ou vdo mdximo de caibros (LC, emcm) para caibros de SEGAO 5x6 cm 70 30 0 wo NO. © (MPa) ABACO 2: Espagamento mdximo entre tereas ou vo maximo de caibros (LC, em cm) para caibros de SEGAO Sx 7 cm 7 fe, 32000 : F m000 © 6000 & 900 = 14000 uw 12000. 10090: 110 TELHA TERMOPLAN ABACO 3: Espagamento ficticio entre tesouras ou vio ficticio de tercas (LT ficticio, em cm) para tercas de SEGAO 6xI2cm hee x a a (MPa) ABACO 4: Espagamento ficticio entre tesouras ou vao ficticio de tercas (LT ficticio, em cm) para tergas de SEGAO 6x16cm 32000 30000. 8000 ~f= 25000: 24000) 22000 © e000 wo 16> #0 200 Ota aHo a8 120 Te (MPa) ABACO 5: Fatores de corregGo de LT ficticio Kiefer A 4 Kaef(E) OBS: LTreal

Você também pode gostar