Você está na página 1de 12

Riscos Ambientais.

Consideram-se “riscos ambientais” os agentes químicos, físicos e


biológicos existentes nos ambientes de trabalho que são capazes de causar danos à
saúde do trabalhador, de acordo com a NR-9 da Portaria 3214/78 . Na realidade,
além destes três agentes previstos na legislação, devem ser ainda acrescentados os
riscos de acidentes e os denominados riscos ergonômicos.

Os “riscos de acidentes” incluem todas aquelas situações de risco que


podem propiciar ou facilitar a ocorrência de um acidente de trabalho, tais como
arranjo físico inadequado, máquinas e equipamentos sem proteção, ferramentas
inadequadas ou defeituosas, iluminação inadequada, riscos de choques elétricos,
probabilidade de incêndio ou explosão, entre outros.

Os “riscos ergonômicos”, por sua vez, são aquelas situações que podem
concorrer para o aparecimento das lesões por esforços repetitivos (LER/DORT) e
envolvem os aspectos relacionados à organização do trabalho, ao mobiliário, aos
equipamentos e às condições ambientais do posto de trabalho, e ao levantamento,
transporte e descarga de materiais.

Riscos Químicos.

Os agentes químicos são as substâncias, compostos ou produtos que possam


penetrar no organismo pela via respiratória (nas formas de poeiras, fumos, névoas,
neblinas, gases ou vapores) ou que possam ter contato ou ser absorvidos pelo
organismo através da pele ou por ingestão.

Após penetrar no organismo, os agentes químicos podem provocar uma


variedade de efeitos tóxicos, incluindo efeitos imediatos (agudos) ou os efeitos a
longo prazo (crônicos). Os produtos químicos tóxicos podem também produzir tanto
efeitos locais e como efeitos gerais (sistêmicos), dependendo da natureza do
produto químico e da via de exposição, conforme explicitado no quadro abaixo.

São considerados insalubres, independente de avaliação quantitativa, as


atividades ou operações com arsênico, carvão, chumbo, cromo, fósforo,
hidrocarbonetos, agrotóxicos organoclorados, mercúrio, silicatos e substâncias
cancerígenas, conforme o Anexo Nº 11 da NR-15 . Entretanto, as atividades ou
operações nas quais os trabalhadores ficam expostos aos demais produtos
químicos, em concentrações acima dos limites de tolerância, dependem de
avaliação quantitativa para serem consideradas insalubres.

EFEITOS TÓXICOS CAUSADOS PELOS PRODUTOS QUÍMICOS.


Característica Parte do Tempo de Efeitos Exemplos
tóxica corpo afetada aparecimento

Qualquer Alguns minutos Inflamação, Amoníaco, ácido


Irritante ou uma, mas a vários dias queimaduras e sulfúrico, óxido de
corrosivo geralmente os bolhas na área nitrogênio, soda
olhos, os exposta. Cura com cáustica
pulmões e a freqüência depois
pele da exposição
aguda. A exposição

ROPERBRAS SEGURANÇA DO TRABALHO – Fone: (19) 3909-4649/3819-8640 / E-mail:


roperbras@roperbras.com.br / site: www.roperbras.com.br
crônica pode levar a
dano permanente.

Fibrogênico Geralmente Anos Perda gradual e Poeira de bauxita,


pulmões acumulativa da asbesto, bagaços
função pulmonar
que conduz a
incapacidade e a
morte se há
exposição crônica.

Alérgico Qualquer Dias até anos Nos pulmões pode Tolueno, di-
uma, mas com conduzir a asma isocianato (TDI),
freqüência os crônica. Na pele endurecedores da
pulmões e a pode produzir amina para as
pele dermatite resinas de epoxy.
ocupacional.

Dermatite Pele Dias até anos Inflamação eÁcidos fortes,


erupções na pele. álcalis, detergentes,
tetracloreto de
carbono, cimento,
tricloroetileno.

Carcinogênico Qualquer 10 a 40 anos Câncer no órgão ou 2-Naftilamina,


órgão, mas tecido afetado. Este certos alquitranes e
com pode causar em óleos, benzidina,
freqüência os última instância asbesto
pulmões e a morte prematura.
bexiga

Tóxicos proto- Qualquer Alguns minutos Morte de células em Tetracloreto de


plasmáticos órgão, mas a muitos anos órgão vitais com carbono, monóxido
com perdas funcionais de carbono, fósforo,
freqüência o importantes. Pode mercúrio, cádmio,
fígado, o causar em última cianeto de
cérebro e os instância morte . hidrogênio.
rins

Asfixiantes Pulmões Minutos Os gases Acetileno,


substituem o monóxido de
conteúdo em carbono, cianetos
oxigênio normal do
ar

Fonte: Enciclopédia OIT

ROPERBRAS SEGURANÇA DO TRABALHO – Fone: (19) 3909-4649/3819-8640 / E-mail:


roperbras@roperbras.com.br / site: www.roperbras.com.br
Riscos Físicos.

Os agentes físicos são as diversas formas de energia a que possam estar


expostos os trabalhadores, tais como: ruído, vibrações, pressões anormais,
temperaturas extremas (calor e frio), radiações ionizantes e não ionizantes, o infra-
som e o ultra-som.

Ruído.

O ruído constitui-se, hoje, num dos agentes nocivos à saúde mais presente
nos ambientes de trabalho, acometendo milhares de trabalhadores das mais
variadas atividades produtivas. A maior exposição ocupacional ocorre nos setores
metalúrgico, mecânico, gráfico, têxtil, químico-petroquímico, alimentos, bebidas e de
transportes.

Os efeitos da exposição do ruído no aparelho auditivo humano são


razoavelmente bem conhecidos e decorrem de lesões das células sensoriais do
órgão de Corti do ouvido interno. Essa lesão é, em geral, bilateral e tem evolução
insidiosa (10-15 anos), com perdas auditivas progressivas e irreversíveis,
diretamente relacionadas com o tempo de exposição e com os níveis de pressão
sonora. Além da perda auditiva podem ocorrer zumbidos e outros comprometimentos
orgânicos, tais como estresse, distúrbios da atenção, do sono e do humor,
alterações transitórias na pressão arterial, distúrbios gástricos, entre outros.

Na avaliação ambiental do ruído (mapeamento de área) utiliza-se um medidor


portátil de nível de pressão sonora (decibelímetro), calibrado de acordo com as
especificações das normas internacionais (ANSI-IEC), sendo que as medições
devem ser realizadas por profissionais habilitados e em condições operacionais
normais, ou habituais, juntamente à zona auditiva do trabalhador.

Na avaliação da exposição (monitoramento de ruído) utiliza-se um dosímetro


com critério de 85 dB(A) como limite de tolerância para 8 horas de trabalho. A
caracterização da exposição deve ser realizada de maneira individual, buscando
definir a dose de ruído recebida por cada um dos trabalhadores do ambiente. Em
certas situações, é indicado a utilização da metodologia de “Grupos Homogêneos de
Exposição” (AIHA).

De acordo com a legislação em vigor, os tempos de exposição aos níveis de


ruído não devem exceder os limites de tolerância fixados nos Anexos Nº 1 e 2 da
NR-15 da Portaria 3214/78 , sendo que 85 dB é a máxima exposição permissível
para uma jornada de trabalho de 8 horas. Nos locais de trabalho onde são
executadas atividades que exijam solicitação intelectual e atenção constante, são
recomendados níveis de ruído de até 65 dB(A).

Quando no mapeamento de área forem encontrados valores acima de 90 dB(A)


e se comprovado exposição ocupacional, é recomendável a avaliação dos níveis de
pressão seletivo por freqüência.

Vibração.
A vibração é caracterizada pela oscilação de um corpo sólido em torno de uma
posição de referência. O homem percebe vibrações compreendidas entre uma fração

ROPERBRAS SEGURANÇA DO TRABALHO – Fone: (19) 3909-4649/3819-8640 / E-mail:


roperbras@roperbras.com.br / site: www.roperbras.com.br
do hertz (Hz) e 1.000 Hz. Os efeitos das vibrações sobre o corpo humano diferem
segundo a freqüência da vibração e segundo a parte do corpo afetada.

No ambiente industrial é freqüente a ocorrência simultânea de ruído e


vibrações. Contudo, estes dois agentes podem causar efeitos diferenciados sobre o
corpo do trabalhador. Enquanto o ruído desenvolve sua ação sobre o aparelho
auditivo, as vibrações afetam zonas mais extensas do corpo, inclusive a sua
totalidade.

As vibrações transmitem-se ao organismo segundo três eixos espaciais (x, y,


z), com características físicas diferentes, e cujo efeito combinado é igual ao
somatório dos efeitos parciais. As conseqüências das vibrações no corpo humano
dependem basicamente de quatro fatores: pontos de aplicação no corpo, freqüência
das oscilações, aceleração das oscilações e duração da ação.

A repetição diária das exposições a vibrações no local de trabalho pode levar


a agravos à saúde do trabalhador, sendo que o tipo de agravo é diferente para as
diversas partes do corpo mais sujeitas às vibrações:

Oscilações verticais, que penetram no corpo que está sentado ou de pé


sobre bases vibratórias (Ex: veículos, plataformas de trabalho), levam
preferencialmente à manifestações de desgaste na coluna vertebral tais como
hérnias e lombalgias. No caso de freqüências muito baixas (inferiores a 1 Hz), o
mecanismo de ação das vibrações centra-se nas variações de aceleração
provocadas no aparelho vestibular do ouvido, provocando o “mal dos transportes”
que se manifesta por náuseas e por vômitos. Já, as vibrações de baixas e médias
freqüências (de alguns Hertz a algumas dezenas de Hertz) podem gerar patologias
diversas ao nível da coluna vertebral, do aparelho digestivo, da visão, da função
respiratória, da função cardiovascular, além de inibição de reflexos;

Oscilações de ferramentas, em geral motorizadas (Ex: moto-serras, martelos


pneumáticos), provocam lesões nas mão e braços do trabalhador, como a Doença
de Raynaud (“dedos mortos”), entre outras. Os trabalhadores mais atingidos são os
trabalhadores dos setores de mineração, extração de madeiras e construção civil.

I - ATIVIDADES ASSOCIADAS COM EXPOSIÇÃO À VIBRAÇÃO LOCALIZADA


ATIVIDADE FERRAMENTAS

Construção civil Martelos (demolidor, perfurador, rompedor), calcador,


furadeira, serra mármore, pistolas (prego, grampos)

Indústria Martelos (rebitador, rebarbador), esmerilhadeira, politriz,


metalúrgica lixadeira, tesouras (faca, punção), parafusadeira de
impacto

Carpintaria e Serras (tico-tico, circular manual), tupia manual


marcenaria

Indústria Motoserra
madeireira

Diversos Motocicleta, canetas odontológicas de alta rotação

ROPERBRAS SEGURANÇA DO TRABALHO – Fone: (19) 3909-4649/3819-8640 / E-mail:


roperbras@roperbras.com.br / site: www.roperbras.com.br
II - ATIVIDADES ASSOCIADAS COM EXPOSIÇÃO À VIBRAÇÃO DE CORPO
INTEIRO

Construção civil Motoniveladoras, pás carregadeiras, tratores de


esteira

Indústria do Caminhões, ônibus, veículos em geral, motocicletas,


transporte trens, metrô,

Equipamentos Empilhadeiras, ponte-rolante


industrias

Máquinas agrícolas Tratores, colheitadeiras

Diversos Embarcações, helicópteros, veículos utilizados em


mineração

Na avaliação das vibrações devem ser adotados os critérios da ISO -


Organização Internacional para a Normalização , sendo que o procedimento genérico
é similar à avaliação do ruído ambiental. Os instrumentos mais utilizados para a
medição das vibrações são os acelerômetros e os analisadores de freqüência. É
importante medir a aceleração em função das freqüências, considerar a exposição
diária a que os trabalhadores estão expostos e comparar os valores ponderados
com os estabelecidos pelas normas e/ou outros estudos científicos.

O controle das vibrações pode ser obtido através de três processos básicos:
redução das vibrações na origem, diminuição da transmissão de energia mecânica a
superfícies potencialmente irradiantes e redução da amplitude de vibração das
superfícies irradiantes. A prioridade de intervenção deve ser a redução na emissão
da vibração na fonte. A transmissão da vibração, por sua vez, pode ser atenuada
por técnicas de isolamento e de amortecimento. No caso das ferramentas
motorizadas, a manutenção preventiva é um método importante no controle da
vibração.

Se as providências anteriores não forem suficientes, recomenda-se proteger


individualmente o trabalhador com certos equipamentos que podem ajudar a
absorver as vibrações, como botas e luvas anti-vibração.

Pressões Anormais.

- Trabalhos sob Condições Hiperbáricas (sob ar comprimido ou trabalhos submersos).

A atmosfera contém habitualmente cerca de 20% de oxigênio, sendo que o


organismo humano está adaptado para respirar o oxigênio atmosférico a uma
pressão em torno de 160mmHg ao nível do mar. A esta pressão, a molécula que
transporta o oxigênio aos tecidos, a hemoglobina, encontra-se praticamente
saturada (98%). Assim, a medida que aumenta a pressão, uma quantidade
significativa de oxigênio não é consumida e entra em solução física no plasma
sanguíneo. Se essa exposição se prolonga pode produzir, a longo prazo, uma
intoxicação pelo oxigênio.

ROPERBRAS SEGURANÇA DO TRABALHO – Fone: (19) 3909-4649/3819-8640 / E-mail:


roperbras@roperbras.com.br / site: www.roperbras.com.br
Os seres humanos, na superfície terrestre, podem respirar 100% de oxigênio
de forma contínua durante 24-36 horas sem nenhum risco. Após esse período,
sobrevém a intoxicação pelo oxigênio (efeito de Lorrain-Smith). Os sintomas de
toxicidade pulmonar são principalmente a dor no tórax (retroesternal) e a tosse seca
e não produtiva. O estudo radiológico do tórax mostra atelectasias, em casos de
exposição prolongada, microhemorragia, e finalmente fibrose pulmonar irreversível.

Convém ressaltar que a pressões superiores a 2 (duas) atmosferas, o oxigênio


produz toxicidade cerebral, podendo provocar convulsões. A susceptibilidade a
convulsão varia consideravelmente de um indivíduo para outro. A administração de
anticonvulsivantes pode evitar as convulsões por oxigênio mas não reduz a lesão
cerebral ou da medula espinhal.

Nos trabalhos sob condições hiperbáricas é exigido cuidadosa compressão e


descompressão, de acordo com as tabelas do Anexo nº 6 da NR-15 da Portaria
3214/78 . Como é possível a ocorrência de necrose óssea asséptica, especialmente
nos ossos longos, o Quadro II da NR-7 da Portaria 3214/78 estabelece, para esses
trabalhadores, a obrigatoriedade da realização de radiografias de articulações coxo-
femurais e escápulo-umerais, por ocasião do exame admissional e posteriormente a
cada ano.

Os trabalhadores deverão ter mais de 18 (dezoito) e menos de 45 (quarenta e


cinco) anos de idade. Antes de cada jornada de trabalho, os trabalhadores deverão
ser inspecionados pelo médico, sendo que o trabalhador não poderá sofrer mais de
uma compressão num período de 24 horas. A duração do período de trabalho sob ar
comprimido não poderá ser superior a 8 (oito) horas, em pressões de trabalho de 0 a
1,0 kgf/cm², a 6 (seis) horas em pressões de trabalho de 1,1 a 2,5 kgf/cm², e a 4
(quatro) horas, em pressão de trabalho de 2,6 a 3,4 kgf/cm². Cumpre observar que
nenhum trabalhador pode ser exposto à pressão superior a 3,4 kgf/cm². Após a
descompressão, os trabalhadores são obrigados a permanecer, no mínimo, por 2
(duas) horas, no local de trabalho, cumprindo um período de observação médica.

- Trabalhos sob Condições de Baixa Pressão (em grandes altitudes).

Nos trabalhos em grandes altitudes, como no caso dos aeronautas, a medida


que se ganha altura sobre o nível do mar a pressão total do ar ambiental e a
concentração de oxigênio vão diminuindo gradualmente. O efeito é um menor aporte
de oxigênio aos tecidos do corpo humano (hipóxia), sendo que o organismo, em
resposta, adota medidas compensatórias de adaptação fisiológica (“aclimatação”),
especialmente o aumento da freqüência respiratória.

A tolerância à altura varia de um indivíduo para outro e, em geral, a adaptação deve


melhorar após 2 a 3 dias de exposição. Todavia, a hipóxia grave pode exercer
diversos efeitos nocivos para o organismo humano. O órgão mais sensível à falta de
oxigenação é o cérebro e os sintomas mais comuns são a irritabilidade, a diminuição
da capacidade motora e sensitiva, alterações do sono, fadiga muscular, hemorragias
na retina e, nos casos mais graves, edema cerebral e edema agudo do pulmão.

Temperaturas Extremas.

Calor.
Os mecanismos de regulação calórica interna do corpo humano tratam de manter no
corpo uma temperatura constante de 37°C. Dessa forma, é normal que o corpo perca

ROPERBRAS SEGURANÇA DO TRABALHO – Fone: (19) 3909-4649/3819-8640 / E-mail:


roperbras@roperbras.com.br / site: www.roperbras.com.br
constantemente calor através dos pulmões e da pele. No caso de exposição ao calor ambiental
excessivo, o organismo produz mais calor e utiliza esses mecanismos de regulação para
perder mais calor e manter constante a sua temperatura. Em primeiro lugar, se produz
dilatação dos vasos sanguíneos da pele e dos tecido subcutâneos e se desvia parte importante
do fluxo sanguíneo para essas regiões superficiais. Há um aumento concomitante do volume
sanguíneo circulante devido a contração do baço e diluição do sangue circulante com líquidos
extraídos de outros tecidos. Esses ajustes circulatórios favorecem o transporte de calor do
centro do organismo até a superfície. Simultaneamente, se ativam as glândulas sudoríporas,
derramando líquido sobre a pele para eliminar calor por evaporação.

A exposição prolongada ao calor excessivo pode causar um aumento da irritabilidade,


fraqueza, depressão, ansiedade e incapacidade para concentrar-se. Nos casos mais graves,
pode ocorrer alterações físicas tais como desidratação, erupção por calor (vesículas roxas na
área afetada da pele), câimbras por calor (espasmos e dor nos músculos do abdômen e das
extremidades), esgotamento por calor (palidez, fraqueza e sudorese profusa, com pele fria e
úmida) e síncope por calor (dor de cabeça, náuseas, pele seca e quente, confusão, colapso,
delírio e coma).

As ocupações com maior risco de exposição ao calor incluem os cozinheiros, padeiros,


fundidores de metais, fabricantes de vidros, mineiros, entre outros. No caso de exposição
excessiva ao calor, os limites são aqueles constantes do Anexo nº 3 da NR-15 da Portaria
3214/78. Em geral, é necessário a implementação de procedimentos para uma adequada re-
hidratação e reposição salina.

Frio.

Quando o corpo está exposto ao frio ocorre o oposto do que ocorre em situações de
calor excessivo. Os vasos sanguíneos periféricos (pele e extremidades) se contraem para
reduzir a perda de calor no ambiente, o que resulta numa queda brusca da temperatura da
pele.

Quando há congelamento dos tecidos, em torno da temperatura de –1°C, ocorre


alteração da estrutura celular e necrose dos tecidos. O primeiro sinal de lesão por frio é uma
sensação aguda de pontada, adormecimento e anestesia dos tecidos atingidos. A necrose por
frio pode produzir desde uma lesão superficial com mudança da cor da pele, anestesia
transitória, até o congelamento de tecidos profundos com isquemia persistente, trombose,
cianose profunda e gangrena.

As ocupações com maior risco de exposição ao frio são os trabalhadores em câmaras


frigoríficas, à céu aberto no clima frio, nos serviços de refrigeração, entre outros.

Radiações Ionizantes .

Radiação é toda energia que se propaga em forma de onda através do espaço. Neste
conceito de radiação se inclui a luz visível, a infravermelha, a ultravioleta, as ondas de rádio e
televisão, o infra-som, o ultra-som, a eletricidade e os raios X.

Radiação ionizante, por sua vez, é a radiação eletromagnética com energia suficiente
para provocar mudanças nos átomos em que incide (ionização), como é o caso dos raios X,
dos raios alfa, beta e gama, e dos materiais radioativos.

Os efeitos biológicos da radiação ionizante ocorrem quando a radiação transfere energia


para as moléculas das células dos tecidos expostos. Como resultado desta interação, as

ROPERBRAS SEGURANÇA DO TRABALHO – Fone: (19) 3909-4649/3819-8640 / E-mail:


roperbras@roperbras.com.br / site: www.roperbras.com.br
funções das células podem deteriorar-se de forma transitória ou permanente e ocasionar
inclusive a morte das mesmas. A gravidade da lesão vai depender do tipo de radiação, da dose
absorvida, da velocidade de absorção e da sensibilidade do tecido em relação à radiação. Os
órgãos mais sensíveis são aqueles envolvidos com a formação do sangue e o sistema
gastrintestinal.

Doses altas de radiação sobre o organismo humano (corpo inteiro) podem provocar a
morte em poucos minutos, possivelmente em decorrência da destruição de macromoléculas e
de estruturas celulares indispensáveis à manutenção de processos vitais.

Doses da ordem de 100 Gray (Gy) produzem falência do sistema nervoso central,
provocando desorientação espaço-temporal, perda de coordenação motora, distúrbios
respiratórios, convulsões, estado de coma e, finalmente, morte, que ocorre algumas horas após
a exposição.

Quando a dose absorvida numa exposição de corpo inteiro é de dezena de Gray,


observa-se síndrome gastrintestinal, caracterizada por náuseas, vômito, perda de apetite,
diarréia intensa e apatia. Em seguida surgem desidratação, perda de peso e infecções graves,
sendo que a morte ocorre poucos dias mais tarde.

Doses da ordem de alguns Gray acarretam a síndrome hematopoiética, decorrente da


inativação das células sanguíneas (hemácias, leucócitos e plaquetas) e, principalmente, dos
tecidos responsáveis pela produção dessas células ( a medula óssea). Já, a exposição de
áreas específicas produzem danos locais e imediatos nos tecidos. Os vasos sanguíneos das
zonas expostas são lesados, alterando as funções dos órgãos, podendo levar a necrose e
gangrena. Como conseqüências secundárias aparecem mudanças degenerativas nas células,
sendo que o efeito retardado mais importante é o aumento da incidência de leucemia e de
câncer, especialmente de pele, tireóide, pulmão e mama.

De acordo com a legislação específica em vigor, o Anexo 5 da NR-15 da Portaria


3214/78, nas atividades onde trabalhadores possam ser expostos a radiações ionizantes, os
limites de tolerância, os princípios, as obrigações e controles básicos para a proteção do
homem e do seu meio ambiente, são os constantes da Norma CNEN-NE-3.01: “Diretrizes
Básicas de Radioproteção”.

Radiações Não Ionizantes.

A radiação não ionizante engloba toda a radiação e os campos do espectro eletromagnético


que não tem energia suficiente para ionizar a matéria. A linha divisória entre as radiações
ionizantes (altas freqüências) e as radiações não ionizantes (baixas freqüências) é a freqüência
da luz solar (luz visível). No espectro eletromagnético, abaixo da luz visível está a radiação
infravermelha. Mais abaixo se encontra uma ampla variedade de radiofreqüências (microondas,
radio celular, televisão, rádio FM e AM, ondas curtas) e, no extremo inferior, os campos com
freqüência de rede elétrica, conforme ilustração abaixo.

ROPERBRAS SEGURANÇA DO TRABALHO – Fone: (19) 3909-4649/3819-8640 / E-mail:


roperbras@roperbras.com.br / site: www.roperbras.com.br
- Radiação Ultravioleta.

Presente na luz solar, na maioria das lâmpadas e na solda a arco. A radiação ultravioleta
da luz solar é essencial para a síntese de vitamina D na pele e em outros aspectos fisiológicos
da vida humana. Entretanto, pode ocasionar uma variedade de efeitos patológicos, como
queimaduras, mudanças de pigmentação da pele, alterações imunológicas e neoplasias.

A exposição excessiva é mais prejudicial para os olhos e para a pele, onde provoca uma
série de alterações estruturais na epiderme, na junção dermo-epidérmica e na derme. Nos
olhos, a maior parte da radiação é absorvida pela córnea, conjuntiva e cristalino, provocando
inflamações (queratite e conjuntivite), que aparecem poucas horas após uma exposição
excessiva e normalmente regridem em um a dois dias. Entretanto, a exposição prolongada
pode contribuir para a formação de cataratas. Na pele, a radiação UV pode provocar desde o
eritema (“queimadura solar”) até o aumento da incidência de câncer. Estudos epidemiológicos
tem apontado o aumento da incidência de câncer de pele (epiteliomas e melanomas) entre
trabalhadores expostos à solda elétrica e à luz solar, por longos períodos de tempo.

A exposição ocupacional mais importante ocorre entre os soldadores e entre os


trabalhadores que atuam na intempérie, como os trabalhadores rurais, os pescadores, os
marinheiros, os trabalhadores em salinas, os operários da construção civil, entre outros.

Entre as medidas de proteção coletiva, as prioridades são o isolamento da fonte através


de anteparos adequados e a adoção de um maior distanciamento entre a fonte e o operador.
Em relação aos equipamentos de proteção individual, recomenda-se a utilização de óculos de

ROPERBRAS SEGURANÇA DO TRABALHO – Fone: (19) 3909-4649/3819-8640 / E-mail:


roperbras@roperbras.com.br / site: www.roperbras.com.br
proteção com lente verde-escura, de protetores faciais e de vestimenta de material
incombustível. Para os trabalhadores rurais, é recomendável o uso de chapéu de palha de aba
larga e camisas claras de manga comprida.

- Radiação Infravermelha.

Presente na luz solar, nas lâmpadas de filamento de tungstênio e em numerosos


processos industriais que utilizam fontes de calor, como os padeiros, sopradores de vidro,
operários de altos fornos, trabalhadores de fundição e metalurgia, bombeiros, entre outros.

Da mesma forma que a radiação ultravioleta, a infravermelha é mais prejudicial para a


pele e para os olhos. Na pele, pode provocar queimaduras. Podem ocorrer queimaduras de
pálpebras e da córnea. Nos olhos, contudo, devido a transparência dos meios oculares, as
lesões são mais graves pois, além de provocar cataratas, a radiação infravermelha afeta mais
a retina.

Entre as medidas de proteção coletiva, as prioridades são o isolamento da fonte através


de anteparos adequados e a adoção de um maior distanciamento entre a fonte e o operador.
Em relação aos equipamentos de proteção individual, recomenda-se o uso de óculos escuros
com lente de absorção, além de vestimenta de material incombustível.

- Campos de radiofreqüência e microondas .

A radiação de radiofreqüência é encontrada em aplicações muito conhecidas, tais como


as emissões de rádio e televisão, comunicações (telefonia fixa e móvel, radiocomunicação),
radar, entre outros. A exposição pode provocar aquecimento dos tecidos do organismo,
levando a queimaduras, parestesias (“formigamentos”), alterações da sensibilidade de mãos e
dedos, irritação ocular, aquecimento e mal estar nas pernas, convulsões, cataratas e
esterilidade masculina.

Entre as medidas de proteção coletiva, recomenda-se o enclausuramento da fonte


através de anteparos metálicos, o afastamento da fonte e a proteção do operador. Em relação
aos equipamentos de proteção individual, recomenda-se o uso de óculos com lentes de vidro
impregnado de óxido de estanho, capacetes metálicos e aventais telados.

Na telefonia celular, a emissão de radiação eletromagnética ocorre nos dois


componentes do sistema, isto é, tanto no uso dos telefones celulares como junto às antenas
radiobase. As ondas eletromagnéticas emitidas são absorvidas pelo organismo humano e
podem causar efeitos biológicos. A questão ainda não foi devidamente esclarecida mas
inúmeros estudos epidemiológicos em andamento parecem indicar a relação entre câncer
cerebral e o uso de telefones móveis.

- Campos elétricos e magnéticos.

Presentes principalmente na geração, distribuição e uso da energia elétrica. No caso de


exposição a campos elétricos e magnéticos, estudos epidemiológicos parecem indicar riscos
excessivos de leucemia, de tumores cerebrais, de câncer pulmonar e de câncer de mama (em
homens), especialmente entre os eletricistas e engenheiros que atuam em subestações e em
redes de alta tensão, entre os soldadores e entre os condutores de veículos elétricos. Outras
pesquisas tem apontado um maior risco de doenças cardiovasculares, alterações do sono,
depressão e suicídio entre esses trabalhadores. Estudos sobre a exposição de trabalhadores
em terminais de vídeo ainda são inconclusivos.

ROPERBRAS SEGURANÇA DO TRABALHO – Fone: (19) 3909-4649/3819-8640 / E-mail:


roperbras@roperbras.com.br / site: www.roperbras.com.br
O controle médico dos trabalhadores expostos a radiações eletromagnéticas deverá ser
realizado pelo menos semestralmente e envolver os seguintes procedimentos: exame
oftalmológico, hemograma, eletroforese de proteínas, dosagem de albumina na urina,
eletroencefalograma e eletrocardiograma.

Riscos Biológicos.

Consideram-se agentes biológicos as bactérias, fungos, bacilos, parasitas,


protozoários, vírus, alérgenos e toxinas de origem biológica, entre outros. O ser humano está
constantemente exposto aos agentes biológicos pois esses microorganismos são amplamente
encontrados na natureza. A exposição ocupacional mais importante ocorre entre os
trabalhadores rurais e entre os profissionais dos serviços de saúde.

O trabalho na agricultura expõem os trabalhadores principalmente à poeiras orgânicas,


com alto teor de fungos em suspensão, que podem provocar doenças respiratórias tais como a
bronquite crônica, asma, pneumonites, entre outras.

Nos serviços de saúde, por sua vez, os trabalhadores estão expostos a numerosos
riscos biológicos, destacando-se entre eles o vírus HIV, a hepatite B, o herpes vírus, a rubéola
e a tuberculose.

A exposição à riscos biológicos ocorre ainda nos laboratórios, nos serviços de esgotos,
na coleta e industrialização de lixo urbano, nos cemitérios, nos serviços veterinários, nos
matadouros, nos frigoríficos, na manipulação de carnes e alimentos “in natura”, entre outros.

OCUPAÇÕES ASSOCIADAS COM EXPOSIÇÃO À RISCOS BIOLÓGICOS


OCUPAÇÕES DOENÇAS / AGENTES BIOLÓGICOS

Açougueiro Antraz, tularemia, erisipelóide

Construção civil Blastomicose, leishmaniose. Histoplasmose, malária

Processamento de Salmonelose, tularemia, triquinose


alimentos

Trabalho com gado leiteiro Brucelose, febre Q, tinea barbae

Trabalho em lavoura Raiva, antraz, brucelose, tétano, leptospirose, tularemia,


blastomicose, histoplasmose, esporotricose,
esquistossomose, ascaridíase, ancilostomíase

Trabalho em abatedouro Brucelose, leptospirose, febre Q, salmoneloses,


estafilococcias

Trabalho em limpeza Hepatites, leptospirose, ascaridíase, ancilostomíase


urbana

Trabalho em saunas e Dermatofitoses


lavanderias, camareiras

Médicos, dentistas, Hepatites B e C, AIDS, herpes vírus, rubéola, tuberculose


enfermeiros, pessoal de
laboratório

ROPERBRAS SEGURANÇA DO TRABALHO – Fone: (19) 3909-4649/3819-8640 / E-mail:


roperbras@roperbras.com.br / site: www.roperbras.com.br
Veterinários e comércio de Antraz, brucelose, psitacose, dermatofitoses,
animais erisepelóide, raiva, tularemia, salmonelose

Entre as medidas de proteção coletiva, recomenda-se medidas de controle de


engenharia visando conter os riscos biológicos em sua fonte, reduzir a concentração de
aerossóis e limitar seu movimento pelo ambiente de trabalho. São utilizados sistemas de
ventilação, ar condicionado e aquecimento, que devem ser adequadamente projetados e
periodicamente vistoriados para prevenir a contaminação por fungos ou bactérias. O
monitoramento ambiental é recomendável para determinar se o controle está sendo efetivo em
se reduzir o potencial de exposição.

Medidas administrativas são também de grande utilidade, tais como melhorias na


higiene pessoal, saneamento básico, controle da qualidade da água para consumo humano,
acesso restrito a áreas de exposição, adoção de boas práticas, treinamentos específicos de
segurança, entre outros. Em relação aos equipamentos de proteção individual, recomenda-se o
uso de luvas, uniformes, aventais, óculos de proteção e máscaras especiais.

A vacinação nos ambientes de trabalho deve ser realizada de acordo com indicações
específicas. A vacina contra tétano é recomendada para os trabalhadores rurais, operários da
construção civil, trabalhadores da mineração e para os trabalhadores em saneamento e na
coleta de lixo. Já, a vacinação contra as hepatites A e B é recomendável para os profissionais
de saúde e para os trabalhadores em saneamento e na coleta de lixo.

ROPERBRAS SEGURANÇA DO TRABALHO – Fone: (19) 3909-4649/3819-8640 / E-mail:


roperbras@roperbras.com.br / site: www.roperbras.com.br

Você também pode gostar