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ee RENE REMOND | ¢ | « LIVRARIA UNIXEROX | Bh (B U) © e o Introdugdo a histéria de nosso tempo e - e aime. tpn HL = pot 1% OL, 14 . { e | O ANTIGO REGIME : eo ea | EA REVOLUCAO 3 3 e : | 1750 — 1815 ‘ o fi e ; e = ‘Tradugo de i. © | Se Frepenico Pessoa ve Barros 2 ae &£ | EDITORA CULTRIX \ sho PAULO re a ¢ 3 Serd preciso esperar a revolugio industrial e seus efeitos para que, pelo menos na Europa, se reabsorva pouco a pouco 0 excedente da populagéo; mas todos 0s paises ditos em vias de desenvolvimento conhecem esse problema, quer se trate da Africa ou da América Latina; esses grupos pobres, amontoados nos arrabaldes, nos cortigos, nas favelas, so 03 irmaos dos vagabundos, dos andarilhos, da Europa Ocidental de meados ‘do século XVIII to SOCIAL_DO. IME ; ‘A SOCIEDADE URBANA As cidades Sobre o embasamento que, por toda parte, planifica a sociedade rural, delinelam-se as cidades. ‘A existéncia das cidades como conjun- tos orgarizados €-10 antiga quanto as sociedades. ‘Tratase de um elenit constitutivo de toda sociedade. Mas o fendmeno urbano revestir-se de formas muito diferentes, ¢ sua importincia quan- Flativa pode variar no tempo © no espago- No séeulo XVIII, 6 fenémeno ainda esté, pouco desenvolvido. f a contrapartida do’ predominio da sociedade rural; -apenas_uma “pequena_minoria vive na cidade, Hdmi lades, mas pouguissi- 1as cidades. Em 1800, mesmo Inglaterra — que, contudo, Sian a tho da urbanizagdo em relagZo ao resto da Europa ¢, com muito mais razfo, & frente dos outros contineniss fem Kpenas 5 cidades com mais de 100000 habitantes, das 25 da Europa em iguais condigSes. Na Franga, 3s vésperas da Revolusfoy Pus retine cerea de 650.000 habitantes; mas nao se deve generalizar fats Je om conta Paris, que € um monstro. Além dé Paris, Lyon uitrapavta —€ por muito pouco — 0 nivel dos 100000, com cerca de 135 000 habitantes: PPAAAAOHHSHHTAVATK ATLL KKH KUT ELTALT se —- / gues O fenémeno se distribui de modo irregular sobre a superficie da Europa. O grau de urbanizagao varia muito regio, de acordo com a antiguidade da urbanizac: alto, as regides urbanizadas desenham uma espé do noroeste para o sudeste da Europa Ocidental, das prai mar do Norte ¢ do Biltico A regifo setentrional da Itélia, Adridtico ¢ Mar Tirreno, Essa nebulosa compée-se das cidades hansedticas, dus cidades holandesas, dos portos das Provincias Unidas (Amster- Ga e Delft conheceram seu século de ouro no inicio do século XVII, depois de se libertareni da tutela da coroa da Espanha), das cidades flamengas mais antigas, que muitas vezes tiveram de arrancar sua liberdade aos bispos ¢ algumas das quais, desde o século XIII, eram centros ativos, gragas ao comércio e A tecelagem de lengdis e de outros tecidos; das cidades alemas do vale do Reno, da Bay , na Sudbia, na Francénia, ao pé dos Alpes; no fundo das gargantas pelas quais passam as vias de comunicagio entre o norte e 0 sul da Europa, entre todas essas partes ativas da Europa, enfim, as grandes cidades da Itélia setentrional, , Verona e os portos, Veneza, Génova. Eis, desenhado sumariamente, 0 mapa das zonas urbanas mais importantes, Se, por um momento, fizermos abstragio dos meados do século XVIII e passarmos a considerar a Europa de hoje, descobriremos analogias. © mapa dos centros urbanos, da concentragao humana, das grandes vias de comunicagio, das auto-estradas reconstitui hoje essa trajetéria orientada de noroeste pra o sudeste, do Mar do Norte para a Itélia, defxando a Franga um tanto a oeste. A existéncia e A prosperidade desses centros urbanos muitas vezes estio ligadas a determinadas indistrias (tecidos, as vezes também indiistrias mais modernas como, em Lefo, a arte tipografica), mas 08 vineulos so mais estreitos entre o comércio e a cidade. A cidade 6, primeiramente, mn centro de toss, ora sazonais (as feirs,peribdi- eat), ora permaiientes. Bdo-comércio que hasceram a maior parte dos grandes centros urbanos. a idade de trocas © a cidade tem con- io social da populagio urbana. A bur- 4) é uma burguesia de comerciantes, de negoclantes. 4) y rarquia, a partir do pequeno retalhista, doseage {| até 0 negociante, que faz comércio com o resto do mundo conhecta®. Trata-te, portanto, de comércio interno e de comércio extemno, con tinental © maritime. a prine Existe toda uma Os portos A maior parte das grandes cidades sio portos. Na Itélia, em a Veneza e Génova, a prosperidade econémica se traduz icamente pela independéncia. Veneza e Génova sio reptiblicas soberanas, que conseguirfio conservar a propria independéncia até a grande desordem da Revolugio. Do mesmo modo, nat Providielas oe x pee és politica, € iam grande porto de mar, Também na Franga constata-se A concomiitincia entre a importindia dos centros urbanot ea’ ativi: dade maritima. Depois de Paris e Lyon, por ordem’ decrescente de ‘encontramos Marselha: it ie tamente anterléres 4 Revoluc: Lille, que s¢ liga A constelacio das cidades téxteis das Flandres. \ B surpréendente que, de 7 cidades principais da Franca, 4 sejam portos de mar, 3 dos quais situados a oeste: Bordéus, Rudo ¢ Nantes. Com o tempo, a geografia dos centros urbanos foi-se modifi As vésperas da Revolugio, mais da metade dos grandes centros situa- va-se a oeste do meridiano de Paris. Hoje, é a leste do mesmo me- ridiano que se encontram as regides de maior atividade, as ‘mais Povoadas, as mais industrialicadas. H4 umpprofunda mudanga ua distribuicko da renda nacional e na estrutufa das atividades. “Para retomar a distingdo, j4 cldssica, entre a Franca dinamica ¢ a Franca estitica, as vésperas da Revolugio, a Franga dindmica & a Franca do este; hoje ¢ a do leste, e sabemos quais os probleitias criados, para © abastecimento do territério, a reanimagio das regides em declinio _ de oeste sudoeste. As burguesias ~, Do mesmo modo que descrevemos varios tipos de sociedades dé Antigo Regimé, falaremos de varios tipos de burguesias do Anti Regime, diferentes por sua origem, atividades profissionais e ined | de vida. Ao lado da burguesia que vive do comércio, hd uma’ b guesia intelectual e. administrativa e uma burguesia de profisséed liberais, a qtie gravita em torno dos Parlamentos. 5 Através da Europa, a burguesia, seja ela de comércio ou de fungio, desenvolveu-se de um modo muito irregular. Seu tamanho depende do grau de desenvolvimento dot paises, grau esse que varia em fungio do desenvolvimento econdmico e da difusio dos conheci- mentos. No dominio econémico, sabemos que as sociedades maritimas é i! se adiantaram consideravelmente em relagio as sociedades continen- 4 tho 4vida © uma possibilidade para que seus herdeiros cheguem & tais. £ o mesmo que dizer que, a oeste, encontra-se. uma burguesia 4™ pobreza. A terra e os cargos, eis em que sio aplicados, na Franga, sortante, que nao. tem equivalente a leste onde, com algumas” 4 . os recursos da burguesia,/ * " ae excegées, nada h& de permeio entre a musticidade dos servos © Taha aristocracia de grandes proprietérios,Cboiardos Yyussos © maB- of \S& = os ‘ YES Onvens & ctasses sia tem conseqiiéneias sobre a economia : R suropa jeatal, "A auséncla"dé uma clase e Depois da descricéo da sociedade em fungi desejoia de aplicK-lor, jastratda, culty § } 43 espago, de suas atividades profissionais e da dis fai, obfiga o Estado a fazer-lhe as ve7es. Na | 8-9 campo, & conver de sua localizagio : \¢o entze cidade inte considerar seus aspectos juridicos. Qual & 0 Rissia, na Prissia, € 0 poder que rativa a industria, que faz o> lugar, qual o estatito desse ou daquele grupo no conjunto social? |. pals produsit, ‘Trata-se de uma das caracte F. Usnd_g = [3 } Quals a5 relagdes de dependéncia e de rarquia entre os diferentes & Politica econdmica de iniciativa govern i so do 5 grupos, cuja reunifo compde a sociedade do Antigo Regime? Estado, é uma das caracteristicas, do a Py Eu tomaria como exemplo a Franca. Tratase da primeira {por ‘caso que o mapa deste tipo de despotisrac coins oat 2|° 3 sociedade transformada pela Revolugio, sorbaives em que a Durguesia € praticamente inexistente, | Asi g.outra ilustra melhor a diveridade dos prineipos de organizagio presientimos, numa medida que & preciio determinar com preee que se sobrepSem. Que o estado da sociedade modela a forma do regime politico ¢ SA anilise da sociedade francesa pode ser feita em torno de duas concorre para fixar a natureza do governo- nogdes: ordem ¢ classe; ambas dizem respeito A organizagio. Elaé Na Frai tuago & muito diferent i introduzem af distingSes © divisdes: existe pluralidade de ordens, como ‘uma burguesia importante, ativa, culta, ries, mas que,nio é existe pluralidade de classes, Af cessam as’analogias: elas nfo se Yedora, € 0 Estado é obrigado a representar. o papel _de-er feferem a0 mesmo conceito de organizagio social e procedem de prin- ‘Franca tem uma tradigho ae ineintlve-governamental,.cujs, SPS cipios diferentes. = sd_mais exata € 0 sistema, na Franga, nao ‘Examinaremos sucessivamente 0 que sZo as ordens e 0 que sio | MGweenia 0 papel que a\vemoe~desempenhar na Inglaterra, ‘onde Ato Reganrs equated | eee oo aPtFrogresso., Os motives dessa diferenga so essencial- ‘a8 felagdes de oposicao 02, Srente paleclégicos e culturais, e ressaltam o peso de fatores nio-eco- pelo contrario, q ntes entre ordent e classes. hémicos. Se o Estado é assim obrigado a ocupar o lugar da burguesia, Descobriremos assim a anatomia dessa sociedade, submetendo-a a duas isso ocorre porque ela se afasta da econo Por_um_lado,_a.bur- i : “foma por principio de inv gio a nogio guesia_adquire_terras, i “mes ¢_afirmar qué, afinal,_cla_& mais; de considera 3. Ela esté A procura de honorabi dade, em sua Ansia de se identificar com | nobreza, Assim, o cédigo dos valore desvia o capital, afas- tando-o do comércio, eda indiistria € ester! izahdo-o' na compra de preocupar com modernizar sua éxploragao ou ‘methorar dens. Nao te pode, portanto, falar de classes a Sey respeito sendo com fe, Por outro lado, a birguesia compra cargos. | T0 PRidéacia. Pela contrdrio, a nogad de ordéni’ inscrita ‘ios textos rica da venalidade dos empregos. Por causa da corresponds A jade do tempo. Trata-te_deuma_nogio juosa de suas finangas, a monarquia frances nunca extenclalmente ju Pa eedicen ge" detinekpors unt (iG vaube proporcionar a si inesima of meios de sua politica; la serupie bém se pode falar indiferentemente de ordem ou de estado: Porigada a viver de expedientes. Um desses expedientes con: Estado é a terceira ordem. Os dois termos sio permutiveis, pois estado ¢ de administracio. Esses cargos ¢ estatuto sio palavras de etimologia idéntica. A ordem, efetiva- a consideragio de que mente, define-se por um estatuto que comporta, ao mesmo tempo; elmente nenhuma a lars AS ORDENS, AS CLASSES Em principfo, a tociedade do Antigo Regime s6 conhece af or- qenaceee cee ee eee rere rere eeessaad ———_$_$___— i A eiitre 0 que combate e 0 que trabalha, ¢ a preeminéncia concedida / 4 quem empunba a espada. ie °" A ordem & uma nosio juridica; a classe nfo tent nenhuma tkptessio juridica. Trata-se de uma 5 lade de fato, rara- fietite contagrada pelo direito. tecia antes de’ 1789, hhem acontecera depois: dos olhos da lei todos os individuos sio iguais. Sendo a lei a mesma para todos, no leva em consideragdo as classes, fhiesmo se, na realidade, a sociedade é desigual ¢ heterogénea. ‘As ordens nfo so iguais entre si; com a diversidade, essa sock pistrogativas ¢ obrigagGes, umas e¢ outras devendo equilibrar-se nor- fialmente. As obrigagSes encontram compensagio nas prerrogativas ‘@ estas se justificam pelo cumprimento dos encargos que competem 3 ordem em questio. - Nogio e realidade juridicas sio conceitos inteiramente estranhos A economia. ‘a fortuna tanto quanto a atividade pro- i .. Pode-se_muito bem pertencer & vida diferentes. Por exemplo, a burguesia ‘ordem — 0 ‘Terceiro Estado — if | com _os andarilhos € os dos h& pouco lembrados. Do ponto ‘i aldade pela hier ia. vordem é 0| \* / |e vista do, dirt fo € idéniiea: cles tim o mesmo esta. dae ae eee’, em Glirmo luger, 0 (creaio. ej ve! tuto. Reciprocam: homens que pertengam a duas ordens “K desigualdade nto € entio interpretada como. uma excegio Vi Sy diferentes podem ter uma renda idéntica ¢ 0 mesmo nivel de vida. ‘Trata-se, portanto, de uma realidade social irredutivel A classe. (7 Pertence-se a uma, ordem pelo nascimento, ‘em relagio A nobreza ¢ a0 terceiro estado. Pode-se chegar a ela por vocagio, quando se trata do clero, que propde possibilidades de ascensio social aos ple- ;, fazendo carreira na Tgreja, conseguiram chegar aos mais altos cargo nfo apenas eclesidsticos, mas politicos ¢ adminis- trativos, 0 ministério, a diplomacia. Essa sociedade nip uma sociedade estereotipada: as otdens nio constituem castas; h4 possi lidade para o enobrecimento, A aristocracia francesa, as vésperas hora, uma derrogaséo da lei: ela ¢ 0 estado normal. “Hoje, ci dade sent féncia_pesada quando cénstata_d_desigualdad Ni este oeaso da sociedade do Antigo Regime, que repdlisd explicitamente sobre a desigualdade: ‘a desigualdade € tonsidexada egiima, porgue € a expresso da diferengi das dignidades, das tafefas, das. situagBes. es Cada ordem tem seu estatuto ¢, a este » apreendemos ‘um trago caracteristico do Antigo Regime ele nfo é uni- Baa dos das inovacSes_da_Revol 1e 1789; a instauragio da, igualdade / | do Antigo Regime, compée-se, numa propor¢do muito forte, de perinte a lei, a Jgualdade no_tocante aos, impostos,_no_que. respéita descendentes de familias que, dois ou trés séculos_antes, no. eram aos_cargos, ¢ £0 ua Sociedade contemporfnea se diferencia nobres, mas haviam consegui usurpado a nobreza, Discernimos, a propésito do clero, a origem Jonginqua da dife- renciagio por ordens: numa certa medida, ela procede de uma divisio de tarefas ¢ € niso que ela mostra cert jades com a divisio por clastes, pelo menos em seu inicio. jo da sociedade do Antigo Regime em trés ordens repousa originalmente numa diferenga de fungées, O clérigo, o homer da Igreja, tem por funcio rezar pela comunidade, prestar culto a Dei sas-funsbes essenciais, actescentam-se outras ocasionai aC ncia. © nobre cuida da defesa; ele luta, protege; julga até, acessoriamente. O ter- ceiro estado trabalha. mais_d: ‘© Antigo Regime parte do reconhecimento da diversidade das .oGes_e 0 Consagra juridicamente. O Antigo Regime é o regime ‘Na verdade, pensava-se que deveria haver tantas e, se nfo havia tartas leis quantos “os quantas as comunidades existentes. N30 existe_um re ‘inico: cada . franquias, suas_liberdades,_dif mesmo_acontecia em_relagio As_pr Regime é o repime.das leis particulares, 7 €.0 sentido original de privilégio, etimologicamente. A palavra, para camos agora tum julzd ¢ BS lo rei cartas de nobreza, ou haviam nés, Fevestiu-se de outro sentido, € nela de Valor_pejorativo; mas,_a_principio, o_privilégio_nio representava ‘uma lei particular. .Para_podermos compreender 2 sociedade-do—Antigo-Regime, € preciso _compreender (03 princfpios sobre os quais_ela_repous: idade da sociedate, pluralismo das ordens, hierarquia_e multiplicidade das I Essa distribuigo de fungdes, provocando uma disting%o em or- ‘dens, € em sio reflexo de um sistema de valores. Alguns desses valores si0 religiosos, como a preeminéncia do servigo de Deus sobre as demais atividades. Os outros sio valores sociais; assim a distingfo jos comportam um sistenia de di que se equilibram. A nobreza tinha_um_dever: assiniret = defesa O°5 protegdo. Em (roca, ela estava dispensada de trabalhiar © auto- See erécadar os direitos feudais. Do mesmo, modo, oslero, para exercer 0 offcio divino, devia ser dis vensado de todo ‘trabalho servi], cabendo aot fieis cuidar de sua manutengao. diante, 0 exé instauragéo de um corpo de tm todos os pafses da Europa, mas em graus difere Gesigual; tende a desaposar a nobreza de seus cargos, cuidando 03 Snomareas simultaneamente de domesticéla. | Este é 0 do da monarcs consituigao, em torno da pessoa do rei, de_uma.sociedade consagrada aperias & st Cada uma destas_ordens tem sua representagso prépria no seio dos Estados Gerais. /' di Ronrar a majestade real reduz 0 papel da: no- breza.a0_ de euradora, do .culto.mnondrquico, om papel puramente decorativo, que a. constrange A ide. Contudo, ela conserva icionais, suas ‘A ORGANIZAGO SOCIAL # SEU ENVELHECIMENTO Esa era a situagfo inieial, No século XVIII, a siwaste sth uterenada,. Essa organizagio envelheceu: perdey "A evolugio do governo, das relagdes s0% ja | tedos_os_ pri SMe ado e rompendo progrestivamente 0 equilib nigo publica, p' dieran de A opinifo pablica comeca a se spereeber dos_ elementos z Sob a fachada_das_orden dent surge outra clas eRe que | | loge.destmirda_ordem_socia’_ tra . a3,classes_em_opasisao: do con fronto entre a tradicio- | acentua dese modo, prog nais_e_as novas.classes a revolugao social de 1789. sobre a superposicio de ordens_privile fade d4 origem a um_sentimento. es ‘A. distingio tradicional em ordens deixa de correspon note cemigades to prementés quanto na Tdade Média ou no 6 eho antiarstocrdtica tomada pela Revolugfo em seu int tempos modernos. Daqui para a frente, jé se trata de sobrevivencia : ty e, como tal, esté com os dias contados. # sobrevivéncia por diversas As transformagdes econdmicas a £.Sen de ordetn politi, social e econémica. ie nsformages_da_economia desenvolvem efeitos paralclos. A centralizagéo monarquista jer Sua eyolugdo no séeulo XVIL, e sobretudo no século ‘XVII, empo- a ee enrenlvamiente a nobresa. Ino é verdada sobretudo na ENDps |. Enquanto_a_eco1 i i ig. continua essencialmente. rural ¢ & Primeiro, é o desabrochar de uma forma de regime mais jovem: re eluta, ©. desenvolvimento de_uma_monarquia-cen- a 3 i & tralizada, admi ‘der esta concentrado nas maos 4 riqueza continua a se pleas nobreza, que dé um sob sae Tra dese organizacto_social sua_razdo. de arts o_o a er sere sa jutificava, Com efslo. 3 aedida que o monarca ¢ seus rg suds com ose. 4 eiros sé a di: Lighe 1c ento_do me! lismo, te alhetros se apocderam destas_e_daquelas.atribi tr iene icrem reaygo & “pa renda da nagio. Cot diminuir. i igios da_aristocracia perdem $v ‘entre seus deveres e seus dis a ‘esté rompido, Cont! di S. socials, a nobreza te_co rios,_que_constitufam —fua_compensagso. at ségulos, um processo inexordvel transfere. da aristo- ttacia militar e proprietéria para a ‘monarquia administrativa as prin- Cipais fungdet socials: primeiro, a defesa, com 9 aparecimento de fangbed mente, pago pelo rel, o que dispense © Tecurso a 3 importancia_na_econom) conseqiiéncia, 2 ‘a nobreza ve sua fort “Ao mesmo tempo em que empobrece. 9 nobreza, a_sxpluicio. pe ceuja_importincia_econdmica aumentar.é & ‘mais_ativamente. para o enriquecimento do entar-sua importancia.politica,,pois € nela que os soberanos recrutam 55 _ a mewn ccecc eco oo SO oeOe eee? ‘Ao falar de “burguesia” fazemos intervit uma nogio estranha & das ordens tradicionais. A_burguesia_nio a_ordem: ela nada mais é do que uma catégoria soc itrado_tergeixa_estado. Con- trapor a burguesia 4 nobreza é fazer aparecer ao lado das ordens um fendmeno relativamente novo, o das classes. A classe ¢ uma reali a_natureza, que nio se define mais por eritérios juridicos. O que faz o burgués, no sentido moderno do termo, & Meds seu estatuto do que sua atividade profissional, o emprego, sua renda, seu nivel de vida e também seu género de” seu modo’ de gastar e de poupar, de fazer render seu 4 que dizem respeito a cultura e A educagio. Deste modo, como a evolugio politica, a evolugio econdmica, pelo menos na Europa Ocidental, decreta o fim da antiga distingio em ordens. x O movimento intelectual e a evolugéo espiritual Acrescentamos, — nfo se trata mais de fatores objeti que os contempordineos fazem dos mesmos — que a. ev electual_¢ .espiritual_comeca_a_sentir_como_inaceitdvel,porque misténcia da desigualdade e a. continuagio_da Isso ocorre na Franga do século XVIII, onde exsa discordancia € mais acentuada — alas prestentem-se precursores dessa rea~ ho em outras regides‘da Europa Ocidental: norte da Itélia, Paises Baltos, Alemanha renana —, duas ordens de realidades sociais se ‘sobrepSem: os velhos quadros juridicos, que se tornaram arcaicos, € hovas estruturas em potencial, que j& delineiam as classes da socie- dade liberal do século XTX. A neagho DA NoBREZA © divércio entre classes ¢ ordens agrava-se na segunda metade do século XVIII Nos trinta tiltimos anos do Antigo Regime regis- tra-te uma exasperacio de seu antagonismo. f que entfo ocorre um enrijecimento das ordens privilegiadas, uma espécie de crispacio, numa atitude defensiva que interrompe de modo brutal a ascensio gradual da butguesia e a renovagio natural dessa sociedade. A despeito da clareza das distingdes entre as ordens, a sociedade francesa do século XVI ou do século XVII mantinha uma mobili- dade social bastante grande. No era impossivel que pessoas bem dotadas ou ricas passassem de uma ordem para outra. A burguesta sempre viu _abrirem-se possibilidades de acesto As ordens privilegiadas, mesmo que fosse pela compra dos cargos, pelo ingresso na nobreza ‘dot ‘magistra peels aquisicao de terras, cuja posse enobrecia, En- quanto exisiem essas valvulas de seguranca, a burguesia nio nutre nenhuma intengio revoluciondria; ela est& bem, numa situagio, que dos privilégios. f£ no dia f, que é a sua, que comecam i. Descrita “suma- The d4 a esperanga de acesso ap: em.que_sev8 limitada. situacio a natcer_as aspiragdes _propriamente revol riamente, esta @ a situagao no fim do Ant ‘A burguesia choca-se, entio, com a chamada reagéo da nobreza. Reagio de defesa de uma ordem que sabe que suas posigées estio ameagadas, que vé sua fortuna diminuir ¢ que procura, desespera- | damente, conservar sua preemintacia tradicional, /tentando preservar, | As vezes ‘até restaurar, uma ordem tradicional que Ihe era vantajota. | Por isso 05 Parlamentos, de agora em diante, para que se compre tim exigem pelo menos quatro quartéis de nobreza. Em 171 um regulamento militar reserva 0 acesso ao grau de oficial aos membros da nobreza: do terceiro estado permanecem| confinados nos graus de 10 & de suboficiais. Toda esperanga de promosio, portanto, thes cra vedada. Esses_dispositivos_juridicos_sio. reforgadas -par_atitudes esponti- tude de um texto, mas por uma_reagio coletiva falmente aos elementos originarios do tuago nova: no século XVIII, a maior parte dos + as vésperas da abadias. Acontece o mesmo em relagio a0 exercicio do poder poli- tico que rodeia 6 soberano. perte Hobreza. Desse modo a aristocracia de nascimento | a reservar para si ao mesmo tempo as honras ¢ as vantagens. Essa reasio, que lesa diretamente os interesses da burguesia e fere também sua_finsia de tonsideragio, € a fonte do vivo descontentamento em relagia_A nobreza manifestado pela burguesia nos Estados Gerais'e iros_anos da Revolucio. __Mas os elementos superiores do terceiro estado no sio of tinicot atingidos por essa reagio. Paralelamente ao agambarcamento dos Posts © dos cargos, desenvolve-se outra forma da reasio por parte dos nobres: a reaco senhorial, dos nobres ein suas relages com seus camponeses. B a resposta da atistocracia ao empobrecimento provo- cado pela evolugio da economia. (Os saldrios, geralmente, eram pagos em espécie © nfo em natura. Seus niveis haviam sido fixados hd muito tempo e, desde. entio, sew valor teal foi 40s poucot diminuindo. Para a nobreza, tratase de Testaurar suas antigas fontes de rendas. Por isto, ela torna a colocar em vigor direitos muitas vezes cafdos em desuso. Os comissérios das tertas exumam taxas esquecidas, que h& geragGes nio eram mais cobradas. Essa reaco_senhorial interrompe 0 lento-movimento de emancipa¢io que, h4séculos, tendia_alibectaro_homem do campo, permilindo-Ihe acesso A ptopriedade efetiva da terra. Do mesmo médo"‘tiie a Féagio da nobreza provocava o descontentamento da burguesia, ea reasio, senhorial provoca descontentamento, dot cane soneses?” O, burgués © 0 homem do campo. sentir-se-Ao solidérios Cina ee Be ssa dupla reagio de nobres e senhores contra o burgués ¢ 0 hhomem do campo pareét tanto mais odiosa aos contemporaneos pelo fato de ir contra a corrente nfo s6 da evolucéo econmica e social como também de evolugio intelectual. Encontramos aqui o terceiro Linea mento no tampo das idéias.) Nao & apenas o progresso uo de uma economia mais ligada também o movimento sofos lanca a culpa Regime, torna a questionar as _diferengai_wadicionaise~opte, aos_preconceitos 0 2 tradicho, o mérilo pessoal e a superioridade do talento. Essas idéias ‘encontram ecos_prolongadosna_op! publica, que comesa_a se tornar uma poténela © que se pronuncia em favor das riovas classes, contra a antigas orders. “A hierarquia jurfdica parece-lhe obsoleta. Objetivamente erdade, mas o importante 6 que ela comega 2 ser sentida comé da centralizacio_administrativ 2 terra_que assinala o fim da antiga ordem; das idéias e su difusio, A reflexto critica dos. fi dé tudo is proprias bases da sociedade do A\ f 0 concurso desses dados objetivos, relacionados com a evolugo das instituigées © com as estruturas, e desses elementos subjetivos que ¢ria na Franca dos ‘ltimos anos do Antigo Regime uma situacio objetivamente. fevolucionéria. Essa discordancia na ordem social, entre as estruturas antigas, herdadas da Idade Média, e as novas forgas que sentem sua capaci dade de aco, animadas por uma Ansia de progresso, constitul um Gos maiores componentes do ideal revolucionario, Este aspecto dé Enfase ao fato de a revolugao de 1769 ser, lo menos, uma revolugio to social quanto politica. Na verdade, ela foi primeiro uma revolugi 0° d imeiro uma, revolugio yr eet Num peimeleo tempo. clan =-contra a monarquia, esigualdade, contra ins. Depois antimonar- eaarraaearTarUTELeeeKe eee eCCTTA

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