Você está na página 1de 32
Acos siio ligas ferro-carbono com teor de carbono de até 2% em peso. £ de longe o material mais amplamente empregado na fabricacdo de bens de consumo e bens de produco, nas inddstrias, na fabricago de maquinas, veiculos automo- tores, na construcdo civil, etc. O aco ¢ utilizado para fabricar quase tudo, desde uma agulha de costura até tanques de armazenamento de éleo. Além disso, as ferramentas, necessarias para construir e fabricar esses artigos, so também fabri- cadas em aco. Como indicagio da importancia relativa deste material, a producéo mundial de aco em 2009 foi de 1,220 bilhao de toneladas, enquanto a producao do aluminio (segundo metal mais importante na engenharia) foi de somente 38 milhées de tone- ladas. O Brasil produz hoje entre planos e nao planos a cifra de 30 milhdes de tonela- das e é hoje o nono produtor mundial de ago. ‘As principais raz6es da popularidade do aco séo seu baixo custo de fabri- cao, de conformacao e de processamento, em relacdo a outras ligas e a abundancia das maté- rias primas (minério de ferro e sucata), além da possibilidade de se ter uma faixa sem paralelo de varia¢o de propriedades mecanicas, para acos com diferentes composigées quimicas ou para um mesmo aco com diferentes tratamentos ter- momecénicos. Existem, no mundo inteiro, milhares de tipos de acos, com composigées quimicas registradas e patenteadas ou definidas por normas, classifica- GERDAU dos segundo sistemas de numerago e codificacdo desenvolvides em diferentes paises, dando cobertura ao enorme numero de ligas exis- tentes. Além disso, 0 numero de opgdes para o consumidor de aco é enorme, pois os acos podem ser oferecidos com diferentes tratamen- tos térmicos, microestruturas, condices de conformacao, geometrias e acabamento superficial. Entretanto, os acos podem ser clasificados em uns poucos gru- pos maiores, de acordo com sua composi¢o quimica, aplicagées, for- mas e acabamentos superficiais. Com base na composi¢o quimica os acos podem ser agrupa- dos em trés categorias principais: acos carbono, acos de baixa-liga € agos de alta-liga. Os agos carbono sdo de longe os mais produzidos, constituin- ? do cerca de 90 % da produc3o mundial. Eles so geralmente agrupa- dos em acos de alto carbono C>0,5%; médio carbono 0,2% < %C < 0,49%; acos de baixo-carbono com teores entre 0,05% e 0,19%; acos de carbono extra-baixo com 0,015% < %C < 0,05% e acos de ultrabaixo carbono com %C < 0,015 %, Os acos carbono séo também definidos como contendo me- nos que 1,65% Mn, 0,6 %Si e 0,6% Cu, com 0 teor total dos outros elementos néo excedendo 2%. As indmeras aplicages do aco mostram sua enorme versatilidade. Na maior parte das vezes as necessidades do consumidor so atendidas por agos ao carbono no ligados. Como exemplo temos chapas para estampagem de carro- cerias de veiculos automotores, utensilios fabricados em aco baixo carbono ou em acos estruturais de médio teor de carbono, placas empregadas na industria da construcdo civil e da construgdo mecénica, trilhos e arames de alta resisténcia fabricados em acos de alto carbono. A adicao de elementos de liga mais caros comeca quando se deseja combinacSo de propriedades impossivel de se atingir utilizando os acos carbono. Os acos de baixa-liga contém elementos de liga (Cr, Ni, Mn, V, Mo, etc.) em teores totais menores que 5%. Acos com teores totais de elementos de liga maiores que esse s80 considerados acos de alta liga. Cerca de 20 elementos de liga, além do carbono, so utilizados na composicdo quimica dos agos com o intuito de melhorar suas propriedades. Sao eles: manganés, silicio, aluminio, niquel, cromo, cobalto, molib- dénio, vanddio, tungsténio, nidbio, titanio, chumbo e outros. Muitos desses elementos so adicionados simultaneamente para alcancar propriedades especificas. TIPSSIEG aco e sua classificagao 0s varios tipos de aco utlizados na indiistria da construco mecdnica podem ser classificados de acordo com o sistema de codificacao SAE/AISI que usa em geral quatro algarismos na forma ABXX onde A e B so niimeros que identificam os principais ele- mentos de liga presentes no aco e seus teores, dados em porcentagem em peso. 4 0s algarismos XX indicam a porcentagem em peso de carbono do ago multiplicado por 100. ‘Assim um ago 1045 é um aco carbono (10XX) contendo 0,45% em peso de carbono em sua composi¢3o quimica. Os acos carbono de médio carbono sao utilizados na fabricaco de eivos, engrenagens, girabrequins e forjados em geral. Acos de alto teor de carbono {p.e. 1070) s3o utilizados na fabricagdo de molas e arames de alta resisténcia TABELA 1 - Sistema de Codificagao SAE/AISI Disgrace sae [Ast TORK _CTORK Ag carbono comune 1% CHIXKAgos do usinagom (ou ere) fc com ato S 1290 198K _ Ages manganée com 1.78% do Mn 2X XK Agos nique com 38% doNi 25KX__25XX_Agos niqul com 5 0% de Ni 3% 90 Apps nigual como com 1.25% de Nie 0.85% de Cr XK EXD Apps niquel rome com 3.5% de Nie 1.55% d0 Ce 40xX 40K _Agos molto com 0.25% de Mo 41x 41% Agos come malbdnio com 0.50% ou 0.90% de Cr 0.12% ou 0.20% de Mo 43% 4390 Ago aul como mela am 1.80% dM, 080% 04 080% de Ore 0.25% de Mo 45% _—_46XX _Aposniquel mldno com 1.5% au 1.80% do Ne 020% ou 025% Mo 47K ATX gos niqul emo mold com 1.08% do Ni, 0.45% de Cre 0.20% de Mo 48xX 480 _Aos nique esbdtnio com 3.50% de Nie 0.25% de Mo SX 50XK_Agoscromo com 028% ou 65% de Cr 508K SOBXX pos come bor com Bako eo de Cr eno minimo 0.0005% de 8 'S1XX S10 _Apas eromo com 080% 705% do Cr IXX —_GIXK _Apos rome von com 0.80% ou 0.85% de Cr 0.10% ou 0.15% dev [BBX —_8EXK Aros nigel molbdéne com bac tore de Ni, Cre MO XX 87K _ dom 52xX 92XK__ Acoso manganés com 0.95% do Mn © 2.0% de St 85xX _SBRX _ Agoe nigel rome motadénio com 3.25% de N. 1.20% de Cr 0.12% de Mo 4am ‘Ags rique rma meso com bei teres do Ni, Moe no mi, 0,0005% de 8 xx ‘gos riquleromo mols. com 10% de Ni, 0.00% de C8 0.25% de Mo ‘Tipos de Aco GERDAU Um ago 5160 é um aco ao cromo contendo de 0,8 a 1,05% Cr e 0,6 % de carbo- No. Agos ao cromo da série 51XX sao utilizados na fabricago de molas, barras de torco, Parafusos, prisioneiros e necessitam tratamento térmico para alcancar os niveis de resis- téncia desejados. A tabela abaixo mostra o sistema de codificagdo SAE/AISI para os acos de cons- truco mecénica. Algumas vezes aparece a letra B entre os dois primeiros nimeros e os dois tltimos 0 que indica que 0 aco tem um teor de boro de no minimo 0,0005% em peso (0 boro, quando presente no aco em teores muito baixos, facilita a tempera do aco, ‘aumentando sua resistncia). Quando o teor de carbono excede 1% 0 sistema admite a utilizacao de cinco algarismos; por exemplo, o ago comercialmente denominado aco prata tem codificago 52100 o que corresponde a 1,5% Cr e 1% de carbono. O ago prata se destina a fabricacaio de anéis, esferas e roletes de rolamentos, pois apresenta dureza muito elevada e quando corretamente tratado apresenta elevada resisténcia a fadiga de contacto. TABELA 2 - Sistema de Codificagao DIN (DIN EN 10027-1) ~ Um niimero que é 100 vezes o teor especificado de carbono; ~ Uso dos simbolos dos elementos quimicos que indicam os elementos de liga que caracterizem 0 aco em questo; ~ Assequéncia dos simbolos deve estar em ordem decrescente de seu teor; quando o valos dos teores for o mesmo para dois ou mais elementos, os simbolos correspondentes devem ser indicados em ordem alfabética; = Numeros indicam os teores dos elementos de liga. Cada nimero representa, respectivamente, a percentagem média do elemento indicados, mult fatores dados pela tabela arredondados para o mais préximo intel que se referem a diferentes elementos devem ser separados por hifens; Exemplo: Aco 37CrSA: Este aco possui 0,37% de carbono, 0,90% de Cromo (4x 0,90% = 3,60%, arredondando = 4) além de enxofre. Elementos Cr, Co, Mn, Ni, Si, W Al, Be, Cu, Mo, Nb, Pb, Ta, Ti, V, Zr Ce,N,BS GERDAU Moédulo 1 O sistema de classificac3o SAE/AISI pode também conter a letra H depois da numeracao, significando que a especificacao do aco ¢ feita pela sua temperabilidade endo por sua composi¢ao quimica. Isso quer dizer que a aceitacao ou ndo de um lote deste material esté sujeita a uma medida de sua temperabilidade, através de ensaio especifico e o ndo atendimento da composi¢ao quimica dentro da faixa especificada no significa que o material possa ser rejeitado. Assim um aco S160H pode ter um teor de cromo menor que 0 minimo especificado desde que atenda as especifica- Oes de temperabilidade. ‘Anorma DIN alema utiliza outro sistema de codificacao, um pouco mais légi- co, porém de mais dificil memorizaco, como indicado na Tabela acima. O primeiro ntimero corresponde ao teor de carbono do aco multiplicado por 100. Os elementos de liga so identificados por seus simbolos na Tabela Periddica, obedecendo a uma ordem decrescente de teor. Os teores de elementos de liga presentes no aco so dados por ntimeros que correspondem a multiplicacao do teor por um fator que varia com o elemento em questo, sendo 0s fatores dados na Tabela. Assim um aco 42CrMo4 tem 0,42% C, 0,9% Cr (4x 0,9% = 3,6%, arredondando = 4%) e Mo. O sistema de arredondamento é razoavelmente impreciso. Na diivida po- dem-se consultar Tabelas de equivaléncia entre a classificagiio SAE/AISI, o sistema DIN, as normas japonesas, francesas e britdnicas, como mostrado a titulo de exem- plo para o caso de acos tratamento térmico. (Os agos para construgdo mecanica tratados termicamente so destinados fabricagdo de pecas e com- asmwsae] oN | uM | JIS ss | AFNOR i =] Ponentes estruturais, tais , — como: eixos, pinos, engre- | ss scxna_|_ noe t= - a rnagens, etc. Esse grupo de I materiais necessita trata- sa | wow | vce | sow | soomo | ace i avs Tecate [ socmr | sewz | rose | aocoe_] entos térmicos de tém- ‘aces | ect | sem | roam | acoy | era e revenimento, aus- “acimot | anciMos | somo | roenee | zoos | tempera, martémpera, ou s00/Mod ‘seme | roanar | equivalentes, para que as “econ snows | einuwo | senens | propriedades mecanicas de- aca | cw | sca | stonse | te | sejadas sejam conseguidas. ica |wicre | st | soaaeo | aace_| Em geral, estes acos sofrem (a sme resfriamento brusco (tém- [Tw [see [eve [sure [rosso | acw | pera) de uma temperatura [son Toman [= 5 some | elevada para endurecer e 50 _|sonscatza [cance | SCN “enco7's | posteriormente so aqueci- = sow) | dos em temperaturas mais | baixas (revenimento) para a se tornarem mais tenazes. SS GERDAU Fabricacdo do aco Ferro e aco na antiguidade A produc de ferro teve inicio nna Anatélia cerca de 2000 AC tendo sido a idade do ferro plenamente estabelecida por volta de 100 AC. Nessa época a tecnologia de fabri- cago de ferro se espalhou pelo mundo; cerca de 500 AC chegou as fronteiras orientais da Europa e por volta de 400 AC chegou 8 China. Os minérios de ferro eram facilmente encontrados e a outra matéria prima importante para a fabricago do aco, 0 carvao era bastante disponivel. O ferro era produzido em pequenos fornos poco na forma de torrées ou pedacos sélidos, denominado tarugos. Esses eram em seguida forjados a quente na forma de barras de ferro trabalhado, possuindo maleabilidade e conten- do, entretanto, pedacos de escéria e carvao. © teor de carbono destes primeiros agos variava de 0,07% até 0,8% sendo so- mente este ultimo considerado, de fato, um aco. Quando o teor de carbono do aco supera 0,3%, o material se torna muito duro e frégil caso seja temperado (resfriado brus- camente em gua) de uma temperatura acima de 850° a 900°C. A fragilidade pode ser evitada ou minimizada por reaquecimento do aco a uma temperatura entre 350°C e 5002C, tratamento térmico denominado revenido. Esse tipo de tratamento térmico era conhecido dos egipcios por volta de 900 AC € constituia a base de uma industria siderdrgica que produzia um material ideal para fabricaco de espadas e facas. Os chineses produziam acos tratados termicamente por volta de 200 AC e os japoneses aprenderam a arte da producao de artefatos em metal dos chineses, embora a indiistria japonesa de aco somente tenha aparecido em épocas muito posteriores. Os romanos nao introduziram grandes inovagdes técnicas no processo, embora tenham ajudado a espalhar 0 conhecimento da tecnologia de fabricacao de acos, aumentando muito a produgao de ferro trabalhado no mundo romano. ‘Como declinio do Império Romano, a produgao de aco ou ferro trabalhado se estabilizou ‘na Europa até que, no comeco do século XV, comecou-se a utilizar quedas d’gua para insuflar ar nos fornos de fusdo. Em conseqiiéncia a temperatura no interior dos fornos passou a ser maior que 1200 2C, de forma que, ao invés de se formarem torres slidos de ferro, obtinha-se por go- tejamento, um liquido rico em carbono: o ferro fundido. Para se obter ferro trabalhado e reduziro teor de carbono deste ferro fundido, o mesmo era solidificado e em seguida fundido em atmosfe- raoxidante, utizando carvao como combustivel. Esse processo retirava 0 carbono do ferro dando origem a um tarugo semi-solido que apés resfriamento era martelado até chegar na forma final. GERDAU Modulo 1 O alto forno No inicio do século 18 comegou-se a utilizar coque em lugar do carvao como combustivel para o alto-forno e o ferro fundido foi se tornando mais barato e de uso ‘mais generalizado. A Revoluso Industrial aumentou muito a demanda por ferro tra- balhado, que era o tinico material disponivel para suportar cargas e esforcos de tracao. Um dos maiores problemas é que a producdo era feita em pequenos lotes. No final do século 18 este problema foi resolvido com a utilizago dos primeiros alto-fornos. 0 alto-forno é basicamente um trocador de calor e de oxigénio em con- tracorrente no qual a corrente ascendente de gases de combustdo perde a maior parte do calor, durante sua trajetéria, sain- do pela parte superior na forma de fumos a temperaturas de aproximadamente 200 °C. (0s éxidos de ferro, por sua vez, descem em contracorrente sendo totalmente converti- dos para ferro metalico. O principio geral de funcionamento do alto forno é que a carga fria (mistura de mi- nério de ferro e coque) entra por cima e & co- locada no topo do empilhamento. A medida que a carga desce, é aquecida pela corrente de ar (pré-aquecido em temperaturas entre 900 2C e 1350 °C), enriquecido as vezes, com cerca de 25 % de oxigénio. Préximo a saida inferior do alto forno, na regio mais quente, ocorre fusdo do ferro e gotejamento de gusa liquido, na saida do forno. Dois subprodutos so formados: escdria e gas. A escéria € 0 gusa acumulam no cadinho e se separam por diferenca de densidade, a escéria so- brenadando o banho de gusa liquido. 0 gas que sai pelo topo do forno é composto de mondxi- do de carbono (CO), diéxido de carbono (CO,)e principal- mente nitrogénio (N,) e apos mistura com gas de coqueria € utilizado para pré-aquecer 0 ar insuflado no alto-forno. GERDAU Reacdo quimicas ‘© coque queima na presenca de oxigénio (contido no arinsuflado) segundo uma reaco de combusto que ocorre prdximo da base do alto forno, bem em frente aos so- pradores, 2C+0, > 2CO + calor 0 calor gerado pela reacdo ¢ levado para cima, pelos gases ascendentes & transferido para a carga fria. O CO reage com o éxido de ferro da carga, produzindo ferro metalico e CO, Fe,0,+3CO —> 2Fe+3C0, Como a temperatura no interior do forno atinge 1.5002C, o metal produzido esté no estado fundido e desce até a base do forno onde ¢ coletado o gusa. Nem todo 0 oxigénio é removido através da reao com 0 CO e algum oxigénio reage diretamente com o carbono em temperaturas mais altas, na parte mais baixa do forno, acima das ventaneiras, segundo a reacdo: Fe0+C —> Fe+CO O amolecimento e a fus3o do minério ocorrem nessa regio e gotas do metal e da escoria pingam e escorrem para 0 cadinho do alto forno onde é cole- tado 0 gusa liquido. Quando o cadinho fica cheio destapa-se 0 furo de vazamento € 0 gusa escorre através de canaletas para o carro torpedo. O gusa liquido pode sofrer dessulfuraco, no interior do carro torpedo, antes mesmo de chegar na aciaria, por reagdo com a cal: FeS+CaO —> CaS+FeO Refino do gusa Matérias primas As princi ais matérias primas fonte de ferro, para fabricag3o do aco, so 0 gusa liquido, sucata de ago e ferro obtido por reduco. O gusa liquido contém entre 3,8 € 4,5 %C, 0,4 a 1,2 % Si, 0,6 a 1,2% Mn, até 0,2% P e até 0,04% S. A temperatura do gusa situa-se entre 14002C e 1500°C. 0 teor de fésforo depende do minério uti- lizado ja que 0 fésforo nao ¢ removido no alto-forno. J4 0 enxofre ¢ incorporado ao a¢0 a partir do coque metalirgico utilizado no processo de reducdo. O ferro obtido por reducao direta do minério no estado sélido contém cerca de 3 % de éxido de fer- ro e 4% de outras impurezas, na forma de dxidos e sulfetos. Geralmente é fornecido nna forma de briquetes e carregado no alto forno juntamente com a sucata. A sucata é constituida por ferro metélico contendo impurezas como cobre, estanho, cromo, etc, dependendo de sua origem. Existem dois processos principais de fabrica¢ao de ago — em conversor a oxigénio ou em forno elétrico. Ambos esto indicados no fluxograma de operagdes ‘OS GERDAU abaixo. O primeiro utiliza gusa liquido e sucata como matéria-prima e 0 segundo utiliza sucata e gusa sdlido. A Figura mostra o fluxograma de operag6es realizadas no interior de uma indistria siderirgica, desde o armazenamento de matéria-prima no patio até o vazamento do metal liquido através de operacdo de lingotamento conti- nuo, obtendo-se placas e tarugos. Convertor a | 10 > FuNdioo con ae } nsororno | Ks] a Ferro liquide Aeorecitato — ESque Fem let == SS ‘Retomo de vrs procesos na urna + sucala " Processo de Refino Reacées de oxidacdo - Conversor a oxigénio ‘As principais reaces que ocorrem no interior do conversor @ oxigénio so a oxidago do carbono para monéxido de carbono, de Con venson 8 silicio para silica, manganés para dxido de manganés e fésforo para coxigénio ; fosfato: | 2c+0, — 2co ed Si+0,—> SiO, 2Mn+0, —> 2MnO 2P+5/20, > P,0, Entretanto, no ha como evitar a perda por oxidacao de ferro, simultanea a essas reacdes: 2Fe +0, > 2FeO | 9atos Fi cervau 3 " Os produtos das reagées acima (SiO,, MnO, P,O, e FeO) junto com a cal (CaO) adicio- nada como fluxante formam a escéria. A presenca da cal é importante para a desfosforagao do ago, pois 0 fésforo vindo do minério de ferro e do calcéreo pode ser removido por reacao com a cal: mP,0, +nCa0 —> nCa0.mP,0, ‘Aremogo do carbono ¢ feita também, por oxidago, havendo evolucao de gases constituidos principalmente por CO. Antes de sair pelo sistema de exaustio do forno, os gases promovem borbulhamento do banho e garantem a mistura de seus componentes, acelerando as reagées quimicas em seu interior. Além disso, 0 borbulhamento por CO promove a purga de hidrogénio e de nitrogénio e aumenta a transferéncia de calor. ‘Com frequéncia 0 carbono é oxidado até teores menores que os especifica- dos para acerto da composicao quimica. A medida que o carbono vai sendo oxidado © teor de oxigénio aumenta segundo uma relacdo: %Cx%O, = 0,025 Isso significa que um aco contendo 0,1% de carbono contém, no equilibrio, cerca de 0,025% em peso de oxigénio dissolvido ou 250 ppm (partes por milhao). O nivel de oxigénio dissolvido deve ser diminuido para evitar a reagéo como carbono e a formacao de bolhas no lingote fundido, durante a solidificacao. Niveis elevados de oxigénio resultam em alta quantidade de inclusdes nao ‘metalicas, prejudiciais para a maior parte dos produtos sidertirgicos. Geralmente, ao final das operagées de refino, os agos sdo desoxidados com silicio na forma de Fe-Si ou Fe-Si-Mn, ou aluminio, elementos forte formadores de 6xidos que reagem com o oxigénio formando silica (SiO,) e alumina (Al,0.). Esses 6xidos, de menor densidade, flutuam e so absorvidos pela escéria. Entretanto, 0 movimento de subida € lento e muitos éxidos podem ficar aprisionados no interior dos agos, constituindo as assim chamadas inclusdes nao metilicas. A desoxidacao € importante, também, para garantir bom rendimento durante adicéo de elemen- tos de liga aos acos ligados. Elementos de liga facilmente oxidaveis como 0 cromo, tit&nio, vanddio e outros, exigem baixo nivel de oxigénio dissolvido no banho, para minimizar perdas e melhorar 0 controle do processo. Elementos de liga como niquel, cobalto e molibdénio, que ndo oxidam facilmente, podem ser adicionados ao banho metélico, ainda no forno, para aproveitar as altas taxas de aquecimento. A maior parte dos elementos de liga é adicionada ao banho, na forma de ferro-ligas, mais baratas que os respectivos metais puros. Por exemplo, pode-se adi- cionar Fe-Si contendo 50, 75 e 90% de silicio com teores variaveis de carbono. GERDAU Modulo 1 eave ee sane PG iriGreletrico! areas ‘As reacdes que controlam o processo de refino dos cos em forno elétrico so as mesmas indicadas ante- riormente para o conversor a oxigénio. Utiliza-se 0 arco elétrico de elevada corrente para fundira escoria e obter ‘aco liquido. O foro elétrico permite um controle mais acurado da temperatura do banho, quando comparado com o processo de sopro de oxigénio (onde o aqueci- mento ocorre devido a liberagao de calor das reacdes de oxidaco). Isso permite adicionar teores mais elevados de ‘elementos de liga. Entretanto 0 forno elétrico no é tdo oxidante e a mistura escoria-banho nao ocorre tao inten- samente. Em conseqlncia o teor de carbono é sempre maior que 0,05%. Os acos fabricados em forno elétrico ‘tém, geralmente teores mais elevados de nitrogénio, de 40.2 120 ppm. O nitrogénio, elemento que fragiliza 0 ago, 6 absorvido da atmosfera em contato com a superficie do banho metalico, na zona de abertura do arco elétrico. Sua eliminac3o pode ser conseguida com operacdes adi- cionais de injeg3o de CO ou argénio, ou através da apli- cago de vacuo nas operacdes de refino secundério. ‘A maior parte da carga dos fornos elétricos é constituda de sucata de aco. Dependendo da conjuntura de mercado utiliza-se de 18 a 25% de gusa sdlido no volume da carga fria. A qualidade da sucata tem influéncia direta na qualidade do ago produzido. Para se obter agos de alta ductilidade deve-se trabalhar com sucata de composigao quimica controlada contendo teores totais maximos de residuais (cobre, estanho, cromo, niquel e molibdénio) da ordem de 0,23. Metalurgia secundaria do ferro 0 tratamento secundirio do aco liquide é feito em panelas de manuten¢ao e transporte. Nessas operacGes pode-se tirar a escéria, aquecer eletricamente ou através de tochas de plasma, resfriar 0 banho através da adicao de sucata fria, injetar po ou arame metalico ou ainda promover agitacdo pelo borbulhamento de gas ou agitago magnética. 0 tratamento do aco na panela é uma pratica comum nas aciarias, pois re- duz custos ao utilizar o forno elétrico como equipamento de fusao rapida, sendo o ajuste final de composic3o quimica e de temperatura feito na panela. Além disso, devido as caracteristicas de projeto e de operagio, certas reagdes metalirgicas ocorrem de maneira mais eficiente na panela. O tratamento dos acos na pane- la consiste em adicionar desoxidantes, dessulfurantes, formadores de escéria e BS GERDAU ome soos || ~ Fira Abe ro, mma Metalirgica Secundéria do ferro pequenas quantidades de elementos de liga no jato de vazamento, aproveitando, desta forma, a agitacao causada no interior da panela, pelo jato em queda. Esses, 0 materiais podem ser colocados, também, no fundo da panela, antes do vazamento. 0 objetivo destas operacdes é a eliminacio das impurezas oxigénio (0), en- xofre (S), nitrogénio (N), hidrogénio (H) e o fésforo (P). O oxigénio, o enxofre, 0 fos- foro e o nitrogénio formam compostos denominados inclusées (dxidos, sulfetos, ni- tretos), que quase sempre so prejudiciais para as propriedades mecanicas do aco, diminuindo a plasticidade, a tenacidade, favorecendo a formagio de trincas e de defeitos superficiais. O hidrogénio, pode em certas condigées causar o aparecimen- to de trincas internas no aco. ‘A desfosforagiio do aco pode ser feita facilmente nos fornos de fusao (con- versor a oxigénio ou forno elétrico). Jé a remoco de outras impurezas é mais dificil nestes fornos e o tratamento do aco liquido precisa ser feita em panelas que fun- cionam como reatores metalirgicos (Metalurgia de Panela). A obtencao de acos, com elevado grau de limpeza e controle acurado de composicao quimica, depende muito das operagies de refino secundério, realizados em panelas revestidas com refratérios especiais, de maior estabilidade quimica e menor reatividade. As adigBes de elementos de liga sao feitas através de calhas de adicao sendo 0 banho agitado por meio de borbulhamento de gases ou agitacdo magnética A temperatura de vazamento deve ser controlada para se otimizar as opera- ges de vazamento e lingotamento, As perdas de calor durante e apés enchimento da panela exigem, muitas vezes, a utilizagao de fornos panela que so pequenos fornos a arco de trés eletrodos, como ilustrado na Figura . Em algumas aciarias adi- ciona-se aluminio na panela para aumentar a temperatura (reac3o exotérmica) e promover desoxidacao do banho. O aquecimento pode ser feito, também, por meio de tochas de plasma. A agitacao por borbulhamento de argénio ou por meio eletro- magnético melhora a transferéncia de calor no interior da panela. O borbulhamento por argénio ajuda a eliminar as inclusées de alumina, aumentando sua velocidade de subida e a eliminacao de gases hidrogénio e nitrogénio. Essas duas técnicas de aquecimento do banho permitem longos tempos de manutencdo de panelas cheias e melhoram as condi¢6es de operaco da unidade de lingotamento continuo. BS GERDAU atos O refino secundério em panelas exige equipamentos que possam aquecer © banho, submeté-lo a baixas presses para extracdo de gases dissolvidos, possu- am lancas de oxigénio para eliminagao de impurezas e calhas de adicao de elemen- tos de liga e recursos adicionais que permitam realizar as operaces de purificaco com qualidade. Estas operagdes garantem a obtenco de acos com baixos niveis de impurezas fragilizantes e de inclusdes nao metilicas. Ligotamento Lingotamento convencional ‘A maneira mais facil de solidificar 0 aco liquido é vazar em moldes de ferro fundido, muito pesados e de paredes grossas, como esquematizado na Figura. Durante e apés vazamento as paredes e a parte inferior do molde extraem calor do banho metilico, formando-se uma casca sdlida em volta do banho liquido. Ao término da solidificago extrai-se o lingote sélido da lingoteira metalica. Como 0 aco sdlido ocupa um volume menor que 0 ocupado pelo ago liqui- do, durante a solidificacao, forma-se uma cavidade no topo do lingote, diminuindo © rendimento da operacdo. Além disso, as paredes desta cavidade podem ser oxida- das em contato com 0 ar, impedin- do caldeamento posterior durante a laminagao. Essa regio deve ser cortada antes da laminagdo e volta como sucata de recirculaggo para as operagées de refino do aco. Um artificio utilizado para diminuir a formagao deste vazio ¢ o de man- ter aquecido 0 topo da lingoteira fazendo com que a ultima parte do lingote a solidificar se localize em sua parte superior, ficando o vazio fora da parte util do lingote. Fi cerau | Lingotamento continuo Cerca de 80% da producao mundial de aco é obtida através de lingotamen- to continuo. O lingotamento continuo consiste no vazamento do aco Iiquido em um pequeno molde vertical de cobre refrigerado e na extracdo simultdnea da cas- ca solidificada que contém aco liquido em seu interior. Os tarugos, barras e placas assim obtidos so, apés operacdo de corte e re-enfornamento, laminados. O molde, onde ocorre a solidificaco do ago, ¢ feito de cobre - metal de alta condutividade térmica — refrigerado com agua e oscila verticalmente para evitar adesdo da casca solidificada ao molde. O tarugo é suportado por varios rolos guia, em seu movimento de descida, para evitar que a pressdo ferrostatica do liquido dobre a casca. Na medida em que a casca vai fican- do mais espessa, na zona de resfria- mento secundério, os rolos de apoio so maiores e mais espacados. Nessa zona desenvolve-se a estrutura “bru- ta de fusdo” do material. Dependen- do da seco transversal da placa ou do tarugo e da velocidade de lingo- tamento, a zona de resfriamento se- cundério pode ter de 10 a 40 metros de extensdo. Ao passar pelo ultimo rolo de sustentacSo, o tarugo entra em uma mesa de saida e cortado, ainda em movimento, por tochas oxi- acetilénicas. on Diferentes perfis podem ser fundidos, dependendo da aplicagao e da finalida- dea que se destinam. As operagées de fusdo, lingotamento e laminaco encontram- se cada vez mais vinculadas e perfis com formas quase préximas da final (Near Net Shape) podem ser obtidos com grande eficiéncia: 0 tempo total de processamento, desde 0 metal liquido até o produto final laminado dura em média 2 horas. Os lingotes brutos de fustio possuem estrutura de grdos determinada pelo processo de solidificacdo. Assim, a estrutura dos tarugos obtidos por lingotamento continuo é constituida de grdos colunares e gros equiaxiais grandes. Essa estru- tura seré modificada e refinada por operacdes de conformacdo a quente do aco durante as quais ocorre deformacio plastica e recristalizagao. Conformagdo do aco Os processos de conformagio transformam o aco solidificado em produtos para construcao mecanica. A conformacdo plastica tem por objetivo, ndo somente obter uma forma geométrica especifica, mas também, condicionar melhores pro- priedades mec&nicas: a estrutura bruta de fusdo dos acos apresenta propriedades mecénicas geralmente inadequadas para a maior parte das aplicac®es. Durante a conformacao plastica os cristals grandes e direcionados, presentes na estrutura do aco fundido, so quebrados e transformados em milhares de pequenos cristais, fazendo com que o fundido, geralmente frdgil, passe a ser duictil e tenaz. Para con- seguir isso é necessério reduzir a seco transversal do fundido para menos de 1/6 da seco original. GERDAU A reduco de secdo transversal pode ser calculada subtraindo a secdo transversal de saida S, da seco transversal de entrada S, e dividindo o resultado pela seco de entrada S,: % red = (S,-S,)/S, Um tarugo obtido por lingotamento continuo, de 13 m de comprimento e sesso quadrada 20 X 20 cm possui uma dea de 400 cm”. Para que o laminado tenha boas propriedades de resisténcia mecdnica e tenacidade é preciso reduzir sua seco para no minimo 1/6 da seco original, ou seja, aproximadamente 66 cm?. O menor 9 diametro de barra redonda para se conseguir essa reducao é de 9,2 mm. Como, durante a conformaco, 0 perfil mantém o volume original, o comprimento final L, dividido pelo comprimento original L, é igual S,/S,. 0 lingote de 13 m do exemplo acima terd na saida, apés laminago para uma barra redonda de 9,2 mm um compr mento 34,5 m. Por esta razo as linhas de lamina¢So continuas so muito extensas chegando a atingir mais de 2 km. ‘A maior parte das operacdes de conformacao é feita a quente, em tempe- raturas da ordem de 1.2002C, na qual a resisténcia & deformacdo plastica do ago é muito baixa. A conformago a frio é frequentemente aplicada como um processo de acabamento de fabricacdo de arames ou chapas. Entre todos os processos de conformago existentes - forjamen- to, compactacao, estampagem, ex- trusdo, etc. - 0 mais importante é a laminagao. Nesse processo,cilindros, operando sempre aos pares, so mo- | vimentados em sentidos opostos, com a mesma velocidade e manti- dos a uma distdncia especifica um do outro. O tarugo, esboco ou placa de aco é puxado por atrito no espaco existente entre os cilindros (luz), me- nor que a secdo transversal do perfil que estd sendo laminado. Os dois cilindros exercem simultaneamente pressio sobre o perfil e deformam continuamente 0 ago até que saia do outro lado com seco menor, porém com comprimento maior. GERDAU Modulo 1 Oscomponentesbésicosde um laminador esto mostrados na figura ao lado. Consiste de uma estrutura pe- sada denominada gaiola na qual estdo montados os cilindros laminadores. A distancia entre os cilindros de lamina- Go (luz) é regulada por meio de um parafuso que movimenta os cilindros verticalmente, possibilitando variar (© grau de reduc¢do. Existem também aes Laminador compacta _unidades de laminago compactas que no possuem gaiolas, freqiientemente utilizadas em laminadores “tandem”. Tém a vantagem de permitir troca rapida de cllindros para reparos ou devido & mudanca de programacao de laminacao. 05 cilindros so movimentados por um ou mais motores elétricos acopla- dos a redutores e engrenagens. Dependendo do produto laminado existem cadei ras de laminacdo com dois, trés, quatro e mais cilindros chamados de cadeira de dois, de trés, de quatro cilindros e cadeira planetaria. SESSSE No caso de laminaco de chapas é necessario utilizar cilindros de encosto muito pesados que dio apoio a cilindros de laminagdo menores, pois os cilindros de laminago menores so melhores para laminar produtos panos. Os arranjos de layout podem ser do tipo trem aberto no qual as cadeiras se encontram lado a lado e so movimentadas pelo mesmo motor, acopladas por um mesmo eixo. Esse arranjo € utilizado na lamina¢do de produtos compridos e neces- sita guias ou dispositivos transferidores para movimentar os perfis de uma cadeira para outra. J4 o arranjo tandem ¢ o de um laminador continuo, onde cada cadeira fica a frente da outra e o arranjo permite uma alta produtividade na laminacao de qualquer produto. 0 arranjo continuo requer, entretanto, a construgdo de trens de laminago e galpdes muito compridos. A obtencao de diferentes perfis em operagées de laminacao pode ser con- seguida através da combinacao de laminadores horizontais e verticais obtendo-se perfis quadrados e redondos, como mostra as figuras acima. Os fluxogramas que seguem mostram o fluxo de fabricacao de chapas, tu- bos, barras e perfis a partir de blocos, tarugos e placas e o detalhamento, corres- pondente ao ciclo de produco especifico para obtencio de barras, a partir de tarugos lingotados continuamente, em aciaria de forno elétrico. Modulo 1 Propriedades, Mecanicas e ensaios © desempenho em servigo dos acos depende de suas pro- priedades mecanicas. Cada ago, em fungo da sua compos ‘G40 quimica e da forma como foi processado, possui proprie- dades mecénicas caracteristicas. O conjunto de propriedades mecénicas de um aco iré definir como esse material iré se comportar sob as solicitagées mecanicas especificadas em projeto para aquele componente. As propriedades mecanicas dos agos dependem de sua mi- croestrutura, que é condicionada pela composicSo quimica e pela seqiiéncia de tratamentos termomecanicos e tratamentos térmicos utilizados. Essa interdepen- déncia entre Processamento, Estrutura, Propriedades e Desempenho do Produto pode ser representada por um tetraedro que mostra estas ligacdes. As propriedades mecdnicas dos acos podem ser avaliadas por meio de diferentes ensaios: tracdo, compressao, dureza, ensaio de impacto, etc. De todos os ensaios usados para avaliar as propriedades mecdnicas dos acos, 0 mais til é 0 ensaio de tragio simples, em que um corpo-de- Prova é tracionado até a fratura em um intervalo de tempo pequeno. Nesse ensaio a amostra € alongada sob tracdo uniaxial a uma velocidade constan- te. A carga necessdria para alongar 0 corpo-de-prova é registrada em funcdo do tempo e do alongamento, obtendo-se, desta forma, uma curva carga- alongamento, caracteristica do material ensaiado. ee ta doc Corpo de prova padréo Es oaces GERDAU Modulo 1 As curvas obtidas so transformadas em curva tensao-deformacao, sendo a tenséo definida por: onde P éa forga e Ao éa sua area inicial. A deformacao é definida por: onde J, 6 0 comprimento inicial e /,0 comprimento em um determinado instante do ensaio, sendo A /a diferenca entre o comprimento final e comprimento inicial. Inicialmente 0 material se deforma elasticamente. Se a carga aplicada ao corpo de prova for retirada, 0 mesmo volta ao seu comprimento original. © carregamento do corpo-de- prova e o descarregamento seguem a lei de Hook, em que a tenso aumenta jearmente com a deformacdo. O co- eficiente E é chamado de médulo de ® elasticidade. Descarregamento Inclinagao = médulo de clasticidade Carregamento Quando a carga ultrapassa um certo valor 0 aco comega a se de- formar plasticamente, o que significa que, mesmo apés descarregamen- to, fica com uma deformacao residual denominada deformacao plastica. Accurva tenso-deformacao obtida, pode ter as caracteristicas apresenta- das na figura abaixo. Na curva so definidos Limite de Escoamento, de Resisténcia, alongamento uniforme e alongamento total. Dlr ‘o wo O limite de escoamento é definido como a tensdo acima da qual ocorre deformacdo plastica do aco. Em geral ¢ dificil definir com exatidao © ponto sobre a curva onde isso corre. Costuma-se utilizar o LE 0,2%, determinado pela interseco de uma reta paralela ao médulo de elastici- dade, tracada a partir do ponto em que deformacao é de 0,2%. Ao ultrapassar o limite de escoamento 0 corpo-de-prova sofre deformacao plastica e alongamento, sendo que a tensdo aumenta conti- nuamente com a deformacao. No ponto em que a tensao atinge o valor maximo de ensaio define-se o limite de resisténcia ~ LR. Neste ponto 0 corpo-de-prova comeca a sofrer estric¢do ou empescocamento e a defor- macio se concentra em sua regido central. Modulo 1 A partir do limite de resisténcia ocorre uma forte reducao da seco transver- sal do CDP até a sua fratura. No ponto M da curva, correspondente ao Limite de Re- Ry sisténcia mede-se, também, 0 alongamento uniforme (maximo alongamento sem que ocorra estriccdo do CDP). Finalmente em F ocorra a fratura final do material. GOL Ago 1030 4 2 40 4 g Limite superior de escoamento g 2 Limite inferior de escoamenton 3 2 20 4é @ o 0 005 O10 O15 020 025 Deformagio Como exemplo, podemos determinar a partir da curva abaixo os valores de LE, LR, alongamento uniforme e alongamento total, onde LE = 30000 psi = 210 MPa, LR = 60000 psi = 420MPa, Ey = 14%, Ey = 22%. Tenacidade Pode-se comparar 0 comportamento de dois materiais, um duttil e 0 outro frégil avaliando a rea debaixo da curva tensao-deformaciio correspondente a ener- gia absorvida até a fratura do material. Esta energia é definida como tenacidade 8 fratura. Pode-se observar, na Figura, que a energia absorvida no ensaio do material fragil € muito menor que a energia absorvida no ensaio do material dutil. Diz-se, nesse caso, que o material A é mais tenaz. Amedida de tenacidade, entretanto deve ser feita através do ensaio de im- Pacto, que consiste em deixar cair um martelo de um péndulo sobre um CDP pre- viamente entalhado e medir a energia absorvida no ensaio, pela diferenca entre a altura e altura final do péndulo, apés a fratura. A medida de energia absorvi- da é lida diretamente no mostrador angular. GERDAU Moédulo 1 Ensaio de impacto em péndulo Charpy. Os ensaios Charpy podem ser feitos com corpos-de-prova em uma faixa ampla de temperaturas, visando determinar a temperatura de transigo frégil-dutil do material. Orcuodoe Ss Energia absorvida no impacto (Ib.pé) ‘Temperstara *© Os acos apresentam uma forte variagao de tenacidade com a temperatura tornando-se frégeis em temperaturas sub-zero. Aumentando 0 teor de carbono do aco aumenta a tempera- si tura de transicaio: para um aco com 0,01% de carbono essa ‘ie ‘temperatura é de -708C, para um ago com 0,43% de Ca tem- peratura sobe para 02 C e para um aco com 0,63% de C a cs temperatura de transi¢o chega a 90 °C. Modulo 1 Dureza De todos os ensaios mecanicos de materiais o ensaio de dureza é o mais simples de ser realizado. Consiste na aplicacéo de uma carga conhecida atra- vés de um penetrador de geometria conhecida ena medigao da profundidade de penetracio. Existem maquinas que fornecem a dureza diretamente no mostrador. Nas maquinas em que a leitura ndo é : feita diretamente no mostrador é necessério fazer a impresso e medir através de uma lupa ou um mi- croscopio o diametro de impressdo, para calcular a profundidade de penetracio. Ie Ha varias escalas de dureza que utilizam geo- metrias de penetradores diferentes e cargas aplica~ das diferentes, O quadro a seguir mostra as diferen- tes escalas de dureza usualmente utilizadas. Ensaio de dureza a ‘Shape 6 rset Ferran ha ‘Se ew Tepe tend ores aber 10 mm ere BZ & met ote or Pt ET wie L72Phat om = zen? Embora a dureza, ao contrério do limite de escoamento e da tenacidade a fratura, n&o seja um parametro caracteristico do material (depende da maquina, da carga, do tipo de penetrador, etc...) 0 ensaio de dureza tem grande importancia tecnolégica, principalmente no controle de qualidade de rotina. Existem relagdes empiricas entre a dureza, medida na escala Brinell e 0 Limi- te de Resisténcia do aco expresso em MPa, de acordo com a formula abaixo: Essas relagées sao importantes, pois através de um ensaio mecnico muito simples é possivel avaliar a resisténcia mecanica do aco. Como mencionado na introdu¢ao deste médulo, os aos temperados apre- sentam forte aumento de dureza com 0 aumento do teor de carbono. Os agos nor- malizados e recozidos também, embora a variaco de dureza, neste caso, seja me- nor. Ao selecionar um aco para construco mecanica € preciso ter em mente que o aumento da dureza e, consequentemente, da resisténcia mecanica, so obtidos em detrimento da tenacidade. Acos de elevada dureza possuem, em geral, baixa tenaci- dade impondo restricdes a sua utilizacdo. Dureza, HRC FRecazido estado no foro) eee 04 06 08 10 12 Carbono, % peso Os componentes mecanicos de maquinas e equipamentos, vefculos e gran- des estruturas, trabalham sob cargas dindmicas, que variam ao longo do tempo, podendo trabalhar em regime de variacdo de carga do tipo tracdo-tracao, tracai compressao, flexdo-rotativa, etc. Geralmente estes componentes se rompem sob a atuacao de cargas bem menores que 0 Limite de Escoamento e tanto menores quanto maior for 0 ntimero de ciclos a que o material foi submetido. Contador de vols A figura mostra um equipamento onde se faz um ensaio para medir o nime- ro de ciclos em que ocorre ruptura de corpos-de-prova submetidos a uma tenso determinada sob condigdes de flexio rotativa. Pode-se determinar o ntimero de ciclos, para tensdes variando em uma am- pla faixa, estabelecendo pares de valores de tensao/ntimero de ciclos necessérios para romper o material. s agos, como outras ligas metélicas, apresentam curvas tenso para rup- tura em fadiga X ntimero de ciclos decrescentes, sendo que a partir de um certo numero (entre 10° e 10’) a curva se estabiliza em torno de um valor denominado Limite de Fadiga. Isso quer dizer que quando o corpo-de-prova é submetido a ten- ses menores que 0 limite de fadiga o corpo-de-prova nunca rompe. Esse valor é frequentemente utilizado como pardmetro no projeto mecanico de maquinas € equipamentos. J4 0s metais e ligas nao ferrosos como por exemplo, o aluminio 2014-T6, no apresentam estabilizacao nitida da curva Tensdo X n® de ciclos e a pratica comum é adotar o valor de tenso para ruptura correspondente a 10” ciclos como limite de fadiga desse grupo de materiais. Modulo 1 Biografia do autor Prof. Dr. André Paulo Tschiptschin Professor Titular do Departamento de Engenharia Metaliirgica e de Materiais. Escola Politécnica USP Formado em Engenharia Metaltirgica EPUSP - 1972, Mestrado em Engenharia Metaltirgica EPUSP - 1976 Doutorado em Engenharia Metalurgica - 1983, Livre Docente pela Escola Politécnica USP - 2000 Consultor da Gerdau para especificacao de materiais e tratamentos térmicos de componentes de equipamentos desde 2003. Consultor da Tupy Fundig6es para selegées de ‘materiais e especificagdes de tratamentos termoquimicos de ferramental de fundicdo - 2002 Atividades didaticas: Cursos ministrados - Metalografia e Tratamentos Térmicos, Acos ferramentas, Acos e ferros fundidos resistentes ao desgaste, Metalurgia Fisica, Ciéncia dos Materiais. Publicacdes: Livro publicado - Metalografia dos Acos Associacao Brasileira de Metalurgia e Materiais, ABM. Autor de mais de cento e cinquenta trabalhos técnicos e cientificos publicados em revistas e anais de congressos nacionais e internacionais. e ( Todos os direito reservados e protegidos pela Lei 5.988 de 14/12/1973. Nenhuma parte deste livro, sem autoriza¢ao prévia por escrito da Gerdau, poderd ser reproduzida ou transmitida, sejam quais forem os meios empregados: eletrdnicos, mecanicos, fotograficos, gravacdo ou quaisquer outros. GERDAU

Você também pode gostar