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Gabinete do Ministro
O MINISTRO DE ESTADO DA SAÚDE, no uso da atribuição que lhe confere o inciso II do parágrafo
único do art. 87 da Constituição, e
Considerando a Lei nº 11.108, de 7 de abril de 2005, que altera a Lei nº 8.080, de 19 de setembro de
1990, para garantir às parturientes o direito à presença de acompanhante durante o trabalho de parto, parto
e pós-parto imediato, no âmbito do Sistema Único de Saúde (SUS);
Considerando a Lei nº 11.634, de 27 de dezembro de 2007, que dispõe sobre o direito da gestante ao
conhecimento e à vinculação à maternidade onde receberá assistência no âmbito do SUS;
Considerando a Portaria nº 399/GM/MS, de 22 de fevereiro de 2006, que divulga o Pacto pela Saúde
- Consolidação do SUS e aprova as Diretrizes Operacionais do Referido Pacto;
Considerando a criação da Iniciativa Hospital Amigo da Criança (IHAC) pela Organização Mundial da
Saúde (OMS) e pelo Fundo das Nações Unidas para a Infância (UNICEF), estabelecida e assinada na
Declaração de Innocenti, na Itália, em 1990;
Considerando a Política Nacional de Atenção Integral à Saúde da Mulher, que reflete o compromisso
com a implementação de ações de saúde que contribuam para a garantia dos direitos humanos das
mulheres e reduzam a morbimortalidade por causas preveníveis e evitáveis; e
CAPÍTULO I
DAS DISPOSIÇÕES GERAIS
Art. 1º Esta Portaria altera os critérios de habilitação da Iniciativa Hospital Amigo da Criança (IHAC),
como estratégia de promoção, proteção e apoio ao aleitamento materno e à saúde integral da criança e da
mulher, no âmbito do Sistema Único de Saúde (SUS).
Art. 2º Fica criado o Código 14.16 na Tabela de Habilitação do Sistema de Cadastro Nacional de
Estabelecimentos de Saúde (SCNES), conforme anexo I a esta Portaria.
§ 1º Após o cumprimento dos critérios estabelecidos nesta Portaria, os Hospitais Amigos da Criança
serão habilitados pelo Código 14.16.
§ 2º Os Hospitais Amigos da Criança habilitados com o código referido no "caput" perceberão, a título
de incremento aos procedimentos de assistência ao parto e atendimento ao recém-nascido em sala de
parto, os percentuais descritos nos anexos II e III a esta Portaria.
Art. 3º Ficam instituídos novos incrementos financeiros aos valores dos procedimentos realizados nos
estabelecimentos de saúde habilitados na IHAC, abaixo transcritos:
I - procedimentos de parto normal e cesariana em gestação de alto risco, nos termos descritos no
anexo II; e
Parágrafo único. Dentre as ações referidas no "caput", os Hospitais Amigos da Criança garantirão a
vinculação da gestante, no último trimestre de gestação, ao estabelecimento hospitalar em que será
realizado o parto.
Art. 5º Os Hospitais Amigos da Criança assegurarão às mulheres e aos seus filhos recém-nascidos
alta hospitalar responsável e contrarreferência na Atenção Básica, bem como o acesso a outros serviços e
grupos de apoio à amamentação, após a alta.
CAPÍTULO II
DAS RESPONSABILIDADES DOS ENTES FEDERATIVOS PELA IMPLANTAÇÃO E IMPLEMENTAÇÃO
DA IHAC
a) propor normas e promover condições que qualifiquem os Recursos Humanos para a condução dos
processos operacionais e fluxos da IHAC;
c) realizar as avaliações globais dos estabelecimentos de saúde para serem habilitados à IHAC;
d) publicar atos normativos para habilitação do estabelecimento de saúde na IHAC, bem como para
definição do repasse financeiro decorrente desta habilitação;
h) instituir a formação de 5 (cinco) polos de referência no País, com o objetivo de atuar nas atividades
relacionadas à IHAC, no âmbito de cada unidade federativa da sua área de abrangência, em concordância
com os critérios desta Portaria.
b) apoiar as Secretarias Municipais de Saúde para habilitação e manutenção dos Hospitais Amigos
da Criança dos seus Municípios;
c) disponibilizar profissionais para serem formados como avaliadores da IHAC pelo Ministério da
Saúde e para os processos de apoio e avaliação dos estabelecimentos de saúde;
d) promover e organizar solenidade oficial para a entrega da placa IHAC, conjuntamente com a
Secretaria de Saúde do Município;
e) zelar pela continuidade das ações de promoção, proteção e apoio ao aleitamento materno dos
Hospitais Amigos da Criança localizados em seu território;
b) participar, junto à Secretarial de Saúde dos Estados, do apoio à formação dos recursos humanos e
à habilitação e manutenção dos Hospitais Amigos da Criança no âmbito do seu território;
c) promover e organizar a solenidade oficial para a entrega da placa IHAC, conjuntamente com a
Secretaria de Saúde do Estado;
d) zelar pela continuidade das ações de promoção, proteção e apoio ao aleitamento materno dos
Hospitais Amigos da Criança localizados em seu território; e
e) informar à Secretaria de Saúde dos Estados os Hospitais Amigos da Criança que não estiverem
em funcionamento.
CAPÍTULO III
DA HABILITAÇÃO À IHAC
Art. 7º Para serem habilitados à IHAC pelo código 14.16, os estabelecimentos de saúde públicos e
privados deverão atender aos seguintes critérios:
I - cumprir os "Dez Passos para o Sucesso do Aleitamento Materno", propostos pela Organização
Mundial da Saúde (OMS) e pelo Fundo das Nações Unidas para a Infância (UNICEF), assim definidos:
a) passo 1: ter uma Política de Aleitamento Materno, que seja rotineiramente transmitida a toda
equipe de cuidados de saúde;
b) passo 2: capacitar toda a equipe de cuidados de saúde nas práticas necessárias para implementar
esta Política;
d) passo 4: ajudar as mães a iniciar o aleitamento materno na primeira meia hora após o nascimento,
conforme nova interpretação, e colocar os bebês em contato pele a pele com suas mães, imediatamente
após o parto, por pelo menos uma hora e orientar a mãe a identificar se o bebê mostra sinais que está
querendo ser amamentado, oferecendo ajuda se necessário;
e) passo 5: mostrar às mães como amamentar e como manter a lactação mesmo se vierem a ser
separadas dos filhos;
f) passo 6: não oferecer a recém-nascidos bebida ou alimento que não seja o leite materno, a não ser
que haja indicação médica e/ou de nutricionista;
g) passo 7: praticar o alojamento conjunto, permitir que mães e recém-nascidos permaneçam juntos
24 (vinte e quatro) horas por dia;
III - garantir permanência da mãe ou do pai junto ao recémnascido 24 (vinte e quatro) horas por dia e
livre acesso a ambos ou, na falta destes, ao responsável legal, devendo o estabelecimento de saúde ter
normas e rotinas escritas a respeito, que sejam rotineiramente transmitidas a toda equipe de cuidados de
saúde; e
IV - cumprir o critério global Cuidado Amigo da Mulher, que requer as seguintes práticas:
e) disponibilizar métodos não farmacológicos de alívio da dor, tais como banheira ou chuveiro,
massageadores ou massagens, bola de pilates, bola de trabalho de parto, compressas quentes e frias,
técnicas que devem ser informadas à mulher durante o pré-natal;
f) assegurar cuidados que reduzam procedimentos invasivos, tais como rupturas de membranas,
episiotomias, aceleração ou indução do parto, partos instrumentais ou cesarianas, a menos que sejam
necessários em virtude de complicações, sendo tal fato devidamente explicado à mulher; e
Parágrafo único. O critério global Cuidado Amigo da Mulher deverá estar contido em normas e rotinas
escritas a respeito, que sejam rotineiramente transmitidas a toda equipe de cuidados de saúde.
IV - submeter-se à Avaliação Global a ser realizada por avaliadores da IHAC coordenada pela
Coordenação-Geral de Saúde da Criança e Aleitamento Materno (CGSCAM/DAPES/SAS/MS).
§ 1º Na hipótese do inciso I do "caput", caso o estabelecimento de saúde não consiga acessar o
sistema de informação do Ministério da Saúde, então poderá solicitar e apresentar os formulários de forma
física às Secretarias Estaduais, do Distrito Federal e Municipais de Saúde.
§ 3º A Secretaria Estadual de Saúde ficará responsável pelo deslocamento do avaliador para realizar
a pré-avaliação em qualquer Município do Estado, devendo custear o deslocamento e a hospedagem do
avaliador no Município durante a realização da pré-avaliação.
§ 6º A Avaliação Global analisará os critérios descritos nesta Portaria e será realizada por 2 (dois)
avaliadores credenciados e designados pela CGSCAM/DAPES/SAS/MS, sendo 1 (um) do próprio Estado.
§ 9º O estabelecimento de saúde que, por ocasião da Avaliação Global, não atender integralmente
aos critérios estabelecidos nesta Portaria, terá o prazo de 6 (seis) meses para fazer as adequações
necessárias e solicitar à Secretaria Estadual de Saúde nova Avaliação Global.
§ 10. Na nova avaliação referida no parágrafo anterior, serão avaliados apenas os critérios não
cumpridos na primeira Avaliação Global, caso a segunda ocorra dentro do período de 6 (seis) meses da
realização desta.
§ 11. Ultrapassado o período descrito no parágrafo anterior, deverá ser feita nova Avaliação Global,
com análise de todos os critérios de habilitação à IHAC.
§ 2º A habilitação do estabelecimento de saúde à IHAC terá validade de 3 (três) anos, devendo ser
registrada no Selo de Certificação afixado à placa referida no parágrafo anterior.
Art. 10. Os estabelecimentos de saúde habilitados à IHAC deverão submeter-se anualmente à auto-
avaliação constante no sistema de informação do Ministério da Saúde, com o apoio das Secretarias
Estaduais, do Distrito Federal e Municipais de Saúde.
§ 2º O sistema de informação do Ministério da Saúde será fechado no último dia de cada ano e o
balanço dos dados informados será finalizado no último dia do mês de janeiro do ano subsequente, quando
será divulgado pelo Ministério da Saúde às Secretarias Estaduais, do Distrito Federal e Municipais de
Saúde e aos Hospitais Amigos da Criança do País.
CAPÍTULO V
DA REAVALIAÇÃO TRIENAL
Art. 11. A cada 3 (três) anos os estabelecimentos de saúde habilitados à IHAC serão reavaliados, de
forma presencial, pelas Secretarias de Saúde dos Estados ou do Distrito Federal, ou, ainda, a qualquer
tempo, em virtude de denúncia de irregularidades.
§ 1º Para a realização das reavaliações de que trata o "caput", a Secretária de Saúde dos Estados ou
do Distrito Federal designará 2 (dois) avaliadores, que não poderão manter qualquer vínculo com o
estabelecimento de saúde a ser avaliado.
§ 4º Constatado, por ocasião da reavaliação de que trata o "caput", que o estabelecimento de saúde
não cumpre os critérios desta Portaria, ser-lhe-á concedido o prazo de até 6 (seis) meses para fazer as
adequações necessárias e submeter-se a nova reavaliação acerca dos critérios não cumpridos.
§ 5º Se, por ocasião da nova reavaliação, os critérios ainda não estiverem sendo cumpridos na
íntegra, mas forem constatados progressos, o estabelecimento de saúde terá o prazo de até 3 (três) meses
para realizar as adequações e ser novamente reavaliado pela Secretaria de Saúde dos Estados ou do
Distrito Federal.
§ 10. A Secretaria de Saúde dos Estados ou do Distrito Federal ficará responsável pelo deslocamento
dos avaliadores para realizarem as reavaliações em qualquer Município do Estado, devendo custear o
deslocamento e a hospedagem do avaliador no Município durante a realização da reavaliação.
CAPÍTULO VI
DA DESABILITAÇÃO DOS ESTABELECIMENTOS DE SAÚDE À IHAC
Art. 12. Serão desabilitados da IHAC os estabelecimentos de saúde que estejam nas seguintes
condições:
I - não for avaliado pela Secretaria de Saúde dos Estados ou do Distrito Federal por 2 (dois) períodos
de reavaliação trienal consecutivos;
§ 1º A desabilitação será feita mediante edição de ato específico do Ministro de Estado da Saúde,
revogando-se o ato anterior de habilitação.
§ 2º O estabelecimento será notificado para, no prazo de 30 (trinta) dias após a sua desabilitação,
devolver a placa da "Iniciativa Hospital Amigo da Criança" à CGSCAM/DAPES/SAS/MS.
CAPÍTULO VII
DAS DISPOSIÇÕES FINAIS
Art. 13. Todos os estabelecimentos de saúde já habilitados na IHAC terão o prazo máximo de 18
(dezoito) meses, contado da data de publicação desta Portaria, para comprovarem o cumprimento dos
novos critérios estabelecidos nesta Portaria.
§ 1º A aferição do cumprimento dos novos critérios será feita através de avaliação presencial, pela
Secretaria de Saúde dos Estados ou do Distrito Federal, nos moldes da reavaliação trienal referida no art.
11.
§ 2º Caso o estabelecimento de saúde tenha sido avaliado no ano anterior à publicação desta
Portaria, a avaliação presencial será feita apenas quanto aos novos critérios da IHAC.
Art. 14. Os Hospitais Amigos da Criança atualmente habilitados com o Código 14.04 na Tabela de
Habilitação do SCNES continuarão a receber o mesmo valor pelos procedimentos de assistência ao parto
anteriormente previsto na Portaria nº 1.117/GM/MS, de 7 de junho de 2004.
§ 1º Ultrapassado o prazo referido no "caput" do art. 13, o Código 14.04 será excluído e os
respectivos estabelecimentos de saúde serão automaticamente desabilitados da IHAC caso não
comprovem o cumprimento dos novos critérios estabelecidos nesta Portaria.
§ 2º Cumpridos os novos critérios estabelecidos nesta Portaria dentro do prazo estabelecido pelo
"caput" do art. 13, os es- tabelecimentos de saúde já habilitados na IHAC continuarão habilitados na IHAC e
passarão a ser registrados pelo Código 14.16 na Tabela de Habilitação do SCNES.
Art. 16. A ouvidoria ativa do Ministério da Saúde será um dos instrumentos para direcionar à
CGSCAM/DAPES/SAS/MS eventuais denúncias de irregularidades em face das boas práticas da IHAC.
Art. 17. Os recursos financeiros, para a execução das atividades de que trata esta Portaria, são
oriundos do orçamento do Ministério da Saúde, devendo onerar o Programa de Trabalho 10.302.2015.8585
(Plano Orçamentário 0009) Atenção à Saúde da População para Procedimentos de Média e Alta
Complexidade (Plano orçamentário 0007).
Art. 18. Esta Portaria entra em vigor na data de sua publicação, com efeitos operacionais em relação
aos sistemas de informação a partir da competência seguinte ao da sua publicação.
ARTHUR CHIORO
ANEXO I
ANEXO II
ANEXO III