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1. O que se entende por experiência religiosa?
Segundo Vergote, ER insere‐se na base da estrutura religiosa, ou seja, é a
partir deste encontro com o Outro que se dá início ao processo denominado,
religião. Pois esta vivência com a dimensão de globalidade, de conjunto,
estruturar‐se‐á dando origem a uma série crenças, gerando um quadro hierárquico
de valores e atitudes (também com uma dimensão ritualista). O credo, define
estrutura, dá corpo à relação com o divino, daí resulta a acção do indivíduo (em
função dessa relação) e este processo denomina‐se por fé.
“A experiência imediata e intuitiva [clara] de algo ou alguém que me
transcende. Pode ser uma experiência meramente pontual ou uma vivência de fundo,
aparecendo de forma mais ou menos estável ao longo da vida do sujeito”
Realça ainda que, para esta dimensão religiosa ser fruto da experiência
religiosa, necessita indubitavelmente da componente relacional com o transcendente,
com o inatingível, que no encontro com o indivíduo o transforma. (Ávila)
2. Quais são as características da experiência religiosa?
W. James aponta 4: inefabilidade não pode ser expressa em palavras;
transitoriedade dura um curto espaço de tempo mas deixa grandes marcas;
passividade o sujeito é controlado e influenciado pelo divino; qualidade noética
experiência como fonte autoritária de conhecimento.
Stace aprofunda apontado 8: uma visão unificada do conjunto de todas as
coisas é uma parte do todo; temporalidade e espacialidade; qualidade noética (não
subjectiva, mas uma fonte válida de conhecimento); sentimento de plenitude
(felicidade, paz…) mas também de algo transcendente, sagrado; inefável e paradoxal,
desafiando racionalidade e linguagem; de tal modo arrebatadora que se destaca a
perda do sentido do Self.
3. Qual a diferença entre experiência religiosa mística e delírio?
Pode haver experiências religiosas que em algum momento se assemelhem a
experiências patológicas delirantes, provocando uma perda do sentido do Self (transe).
Há, por isso, autores que identificam estas experiências religiosas agudas com delírios.
As consequências, porém, são bem diferentes. Enquanto a experiência religiosa provoca
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uma resolução transformadora e integradora do Self e uma adesão à realidade, o delírio
produz uma fuga da realidade e dissociação (divisão interior) do sujeito. Não tem crítica
e surge como uma nova realidade.
Como a experiência religiosa apresenta uma diversidade e variedade de casos
observados (em função das diferentes tradições religiosas e indivíduos) os autores
avançam por duas grandes vias:
Stace, é defendida experiência religiosa como uma experiência universal e
idêntica em termos fenomenológicos, tornando os fenómenos comparáveis, apesar da
diversidade (um fenómeno religioso único que se expressa de múltiplas formas)
Katz (1977) ou J. M. Velasco (1999), pelo contrário, defendem que as diferenças
entre as religiões e os indivíduos são de tal dimensão que não se pode buscar uma
única realidade. A complexidade do fenómeno religiosos não é redutíveis a um aspecto
único.
5. Porque é que para algumas pessoas a experiência mística não conduz a uma
transformação religiosa nas suas vidas Enquanto para outras são factores
de transformação?
Para Ávila há 4 conjunto de razões pelas quais aquele que vive uma EM pode ou não
desenvolver atitudes religiosas profundas. Não se pode esquecer que o fenómeno
religioso é complexo. A experiência religiosa profunda e estável está associada a:
1º Um desenvolvimento saudável, harmonioso, afectivo, e emocionalmente positivo na
infância e adolescência. A este desenvolvimento está associada uma experiência de
aceitação e felicidade; um sentimento de segurança e de amor na infância; um suporte
parental caloroso, suficientemente bom, apto a ser internalizado como figuras parentais
boas.
2º Uma capacidade cognitiva suficiente para se abrir à compreensão do mistério,
nomeadamente a capacidade de compreensão do simbólico
3º A presença de vontade, i. é a existência de uma vontade em estruturar uma forma de
ser que responda adequadamente à experiência tida
4º Que as resistência do sujeito e/ou do contexto social não sejam suficientemente
fortes para obstaculizar a estruturação da vontade
6. Nos anos 80 surgiram novas ideias sobre a espiritualidade. Fale sobre elas.
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Neste novo modelo é frequente a ausência de referência explícita a um poder
transcendente, fora do Self. A vida é ordenada em função das possibilidades do
espírito humano e não em função de exigências externas (de uma força divina). Tem
subjacente a desvalorização das instituições religiosas tradicionais e da autoridade, e a
ideia de relação directa com o divino, sem intermediários.
Algumas características do novo modelo:
‐Ênfase na escolha individual (escolha de uma crença no mercado das crenças, de
preceitos morais, oposição à autoridade religiosa);
‐Mistura de princípios doutrinais (eclectismo – New Age );
‐Atracção pelos novos movimentos religiosos;
‐ Indiferença ou contestação em relação às instituições religiosos tradicionais e à
autoridade.
7. Alguns opõem religião e espiritualidade, que argumentos apresentam?
a) Substantive religion versus functional spirituality: A Espiritualidade dá conta dos
esforços individuais para conseguir uma variedade de objectivos na vida
relacionados com o sagrado ou com necessidades existenciais. É a procura pela
verdade universal. A Religiosidade é composta por crenças formais, instituições,
práticas rituais em grupo.
b) Religião ‐ estática/espiritualidade ‐ dinâmica. (Wulff)
Antes a religião era compreendida como função verbal e agora é um nome, reduzindo‐
a a algo parado no tempo e/ou arqueológico. A Espiritualidade é associada a verbos e
adjectivos dinâmicos: movimento, transformação, importante, satisfação, bem‐estar.
Religião‐ Institucional e objectiva / Espiritualidade‐ pessoal e subjectiva
A Religião é vista como institucional, organização, social (colectivo) /pessoal,
transcendente, subjectivo. A religião é compreendida como um compromisso com
crenças e práticas características de uma tradição particular (arqueologia, passado). Ao
passo que a espiritualidade é vista como realização da condição humana.
Elkins
Crença‐base da religião / experiência emocional ‐ base da
espiritualidade
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Define religião como institucional, dogmática e teológica e espiritualidade por
“é uma forma de ser que se realiza no conhecimento da transcendência e que é
caracterizada por certos valores em relação ao Self, aos outros à natureza, à vida e em
relação a tudo o que é considerado como «último»
Religião é igual a negativo / espiritualidade é igual a positivo
A espiritualidade é associada ao positivo: o lado bom da vida, o mais elevado
potencial humano, estados afectivos prazerosos. Enquanto a religião e associada ao
negativo: fé banal, doutrina antiquada, impedimento institucional das potencialidades
humanas.
8. Discuta a crítica de Zinnbauer & Pargament
B.J. Zinnbauer & K. Pargament criticam as polarizações apontadas referindo que o
uso das tais polarizações não é claro. Misturam um uso profissional dos termos com
uso popular e esse uso não é unívoco.
a) “Substantive static religion / functional dynamic spirituality”: Apenas a
definição pelo “substantive” conduz ao sagrado e ao estático, pois a definição funcional
é semelhante à definição de espiritualidade.
c) Religião institucional e objectiva / Espiritualidade pessoal e subjectiva: é
problemática – as investigações focam o individual, ignoram o contexto cultural onde os
constructos emergem e, nomeadamente, o contexto individualista e anti organização e
antiinstituições em que nasceu o novo modelo da espiritualidade.
d) Crença base da religião / Experiência emocional base da espiritualidade:
poderá uma religião ser atractiva apenas pelas suas crenças ou conceitos sem que haja
emoção?
e) Religião é igual a negativo / Espiritualidade é igual a positivo: definir
constructos como intrinsecamente positivos ou negativos limita a investigação
psicológica e dá conta de preconceito. A literatura sobre religiosidade e saúde contradiz
tal oposição. A ideia “naive” de uma boa espiritualidade pode ignorar o poder destruidor
da mesma.
Como conclusão os autores Zinnbauer & K. Pargament referem:
Religiosidade e espiritualidade são factos culturais que se impõem por si e são
irredutíveis a outros fenómenos
Muitas pessoas definemse a si mesmas como religiosas e espirituais
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Apenas uma minoria se define como espiritual mas não religiosa e usam o
termo espiritualidade como rejeição de religiosidade
Religiosidade e espiritualidade são dois conceitos multidimensionais e
complexos
Religiosidade e espiritualidade podem se associados ambos com saúde mental
e provocação de stress emocional
É necessário encontrar algum consenso na definição de R e E, na elaboração dos
conceitos de análise bem como em relação aos níveis de análise.
9. A religião é produtora de bem‐estar e promotora de saúde. Que argumentos
sustentam esta afirmação?
1 Comportamentos promotores de saúde – versos comportamentos de risco:
Algumas religiões encorajam comportamentos saudáveis como desejados por Deus,
havendo uma censura moral para os comportamentos não saudáveis. O ego
envolvimento proporciona a adopção de condutas de saúde.
2 Estados psicológicos (emocionais) positivos: A prática religiosa e espiritual
proporciona mais experiências psicológicas positivas: alegria, esperança, compaixão,
promovendo estratégias de coping contra as dificuldades ou situações stressantes.
Promovem estados de saúde relevantes: sentido, rectidão de carácter (consciência
responsabilidade) e percepção de autocontrolo. Estudos demonstram uma correlação
negativa entre envolvimento religioso e depressão (Smith, McCulloug &Poll, 2003).
3 Coping: Pargament (1997) sintetiza um vasto conjuntos de estudos associando
religião, coping e saúde. Os estudos sugerem que os medidores do coping religioso
ajudam a prever o ajustamento positivo do sujeito ao stress provocado por “life events”,
pois a religião oferece respostas que potencializam as capacidades do sujeito (confiança
na ajuda ou protecção de Deus, crença na ressurreição. A prática religiosa é um factor
positivo.
4 Suporte social: A religião e a espiritualidade são promotoras de suporte social
(voluntariado, visita aos doentes, acolhimento, convívio, grupos de apoio mútuo).
Recomendação do uso dos serviços de saúde públicos.
5 Os mecanismos “psi”: A religião contém um alguns elementos semelhantes a
factores psicológicos subtis: a oração, a meditação, o perdão, o altruísmo, a prática das
virtudes, a participação em celebrações.
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10. O que significa “coping”?
O coping é o conjunto de estratégias (cognitivas e comportamentais) que as
pessoas mobilizam para gerir e/ou adaptar‐se a eventos adversos ou stressantes
internos ou externos. A função do coping é, portanto, gerir a situação stressante, não
de a controlar ou dominar. As estratégias de coping são acções deliberadas que podem
ser aprendidas. Cada pessoa desenvolve o seu mecanismo de coping para lidar com os
seus problemas, visto que estes também dependem da personalidade.
11. Quais as cinco funções da religiosidade no coping?
A procura de significado, auto‐conhecimento e controlo, a procura de bem‐
estar e proximidade de Deus, a busca de intimidade com Deus e com os outros, e a
procura de transformação de vida.
12. Fale sobre o coping religioso positivo e negativo.
Verificaram que estratégias de Resultam em benefícios
coping positivas dão conta da positivos para o crente vistos
existência de relações seguras e em crescimento espiritual,
íntimas com Deus, de um satisfação, maior capacidade
sentimento de ligação espiritual para enfrentar situações de
aos outros, procura de suporte stress (morte, perdas,
espiritual, procura de acidentes, doença...)
colaboração, altruísmo, procura Estratégias negativas,
de suporte nos lideres ou outros reflectindo relações inseguras
membros. com Deus (medo), visão
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13. A religião também ser prejudicial? Justifique
Se o sofrimento é compreendido como castigo ou permissão arbitrária de Deus
pode surgir intensa agressividade e raiva contra Deus.
A raiva contra Deus é tb frequente e mais prolongada entre sujeitos com altos
níveis de stress e dificuldades de adaptação.
Existem evidências de efeitos negativos – lutas (guerras) religiosas: associadas a
elevada mortalidade, violência. Alguns grupos religiosos desaconselham o recurso à
medicina (vacinas, transfusões...).
14. Tendo em conta a obra de W James – A variedade da experiência religiosa‐
qual a sua opinião sobre a experiência religiosa?
Defende que a experiência religiosa tem um carácter totalizante, central e
unificador. Defende ainda que a exp. religiosa é sobretudo afecto e de natureza
individual, rejeitando a dimensão racional e colectiva, social e institucional. Associa a
religião ao subconsciente, à parte instintiva e irracional (inconsciente para Freud).
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Defende que a experiência religiosa é complexa. Defende uma perspectiva utilitarista e
funcional da religião: a religião é válida e verdadeira na medida em que é útil para a
vida, dando segurança, tranquilidade.
15. Qual a ideia dos psiquiatras franceses sobre a religião?
Religião vista como forma de patologia
Charcot (1825‐1893) – possessão diabólica é espécie de histeria. E cura pela fé é de
auto‐sugestão ou pela psicologia colectiva ou de massas através de contágio.
Pierre Janet (1849 ‐ 1947) – foca‐se em doentes com estados alterados de
consciência causados por ER. Comparou casos pessoais com místicos cristãos e
identificou a EM com Perturbação obsessivo‐compulsiva.
T. Ribot (1839‐1916) – identificou EM com Patologia: religião como emoção. A
religião depende de condições psicológicas; a depressão torna o individuo obsessivo
com sentimento de culpa e medo, por outro lado, a fase de exaltação (a mania),
apresenta intensos sentimentos de amor – estes dois últimos são facilmente
identificáveis com a religião.
Positivistas face à religião
Henry Delacroyx (1873‐1937) – corte com a posição patológica pelo estudo dos
místicos: estes têm particular aptidão para transformação de vida graças a inusual e
rica vida subconsciente. Dão conta da unificação do Self ao contrário das Patologias.
Carmelitas – “Estudos Carmelitanos”, organização de conferências para estudo de
variados temas na área psicológica, incluíram ainda várias publicações.
T. Flournoy (1854‐1920) – contribui com 2 princípios: 1º ‐ Princípio de exclusão:
psicologia da religião deve manter‐se dentro dos limites do observável, o sentimento
de transcêndencia, manifestações e variâncias com a maior fidelidade possível; não
deve exceder‐se para confirmação ou refutação da existência de Ser Supremo. 2º ‐
Princípio de interpretação biológica: psicologia da religião deve observar 4 áreas: 1ª
Fisiológica (busca de condições orgânicas no ER); 2ª Genética ou evolutiva (factores
internos e externos ao desenvolvimento do ER); 3ª Comparativa (mais sensível às
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diferenças individuais do ER); 4ª Dinâmica (olha a vida religiosa como processo
dinâmico evolutivo e complexo).
Bovet (1878‐1965) – Responsável pela teoria naturista. Sentimento religioso é
projecção de amor filial: em 2 fases: infância, pais = deuses aqui surge a 1ª crise, os
atributos passam para o mundo natural; adolescência, ideia de Deus em conflito com
questões científicas. Religião para este autor é fundamental pelo papel de
transmissora e evocadora do amor.
16. Quais as ideias de Piaget sobre Deus e sua relação com o desenvolvimento
moral?
Piaget (1896‐1980) – Responsável pela teoria cognitiva. Contestou Deus a partir de
estudos biológicos afirmando que esta disciplina tudo podia explicar, até mesmo a
mente.
Vai trabalhar a ideia de Deus sob 2 aspectos: transcendência perspectiva Deus
como fonte do Cosmos, das causas; está associada à dimensão moral heterónoma de
obediência (criança face a adulto) e imanência um Deus de valores, um Deus situado
dentro do homem mais que no exterior. Os sujeitos inclinar‐se‐ão mais para uma ou
outra conforme a relação com o pai – predispondo‐as para a transcendência ou
imanência. Este enfoque de Piaget na educação deu origem a uma descrição de várias
etapas no crescimento moral nas crianças. Também relacionou estes com os estádios
de evolução da inteligência. Este enfoque levou também à conclusão da existência de
uma evolução moral: respeito absoluto pela lei» aceitação de contracto social; moral
heterónima» moral autónoma. Esta aquisição de inteligência veio a influênciar a
aquisição da ideia de Deus etc., noutros autores.
17. A religião é uma neurose, defende Freud. Comente.
Religião como Neurose (religião é neurose colectiva): Nos rituais: atenção
escrupulosa aos detalhes; renúncia à realização do desejo; são realizados fora do
contexto da vida normal; não podem ser interrompidos; fazem esquecer a
ansiedade e a culpa. Nos sujeitos religiosos: forte tentação e sentimentos de culpa
e um desejo ansioso de retribuição divina. Situação parecida na neurose. A
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18. Freud interpretou a origem da religião a partir do complexo de édipo.
Comente
Decalcando a teoria sobre o complexo de Édipo, Freud liga a criança
necessitada de protecção e de satisfação das necessidades (encontra‐se
desamparada), situação que conduz à idealização do pai. Mas mais tarde, esta figura
paterna entra em crise e daí os sentimentos de desamparo correspondentes. Encontra
então, através da educação, Deus (figura poderosa e omnipotente) sobre a qual
projecta os seus desejos de protecção: assim Deus não passa da idealização e
projecção do pai edipiano. Esta posição remete a religião para a necessidade de
protecção e refúgio. Isto torna‐a uma regressão ao modelo infantil uma dependência e
um desejo de protecção, no fundo, uma neurose. Encaixada aqui a ideia do deus
edipiano, o medo, a culpa são consequência da violação da lei do Pai (mandamentos
de Deus) ou interditos morais, que se corrigem pela ascese, penitência, rituais… A
partir daqui é possível explicar o resto das questões religiosas. Aqui começam as teses
que a religião é ilusão. Religião é sedimentada nesta resposta à insegurança sentida
quer nas forças da natureza (perigos, fome, destruição), quer no interior face aos
instintos agressivos e eróticos. Estes põem a nu a radical situação de desamparo do
homem, que, como solução primitiva recorre a forças afectivas (na religião) para as
controlar ou recalcar.
Mas esta religião vai usar o deus edipiano, como abordado atrás, assim uma
projecção errónea, fruto deste desejo infantil do homem
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19. Em o Futuro de uma ilusão Freud diz que a “religião é irracional e um perigo”.
Que argumentos apresenta?
1º‐ Instituições (por ela aprovadas) alienaram a história. 2ª – Faz as pessoas
acreditar numa ilusão e nega‐lhes o pensamento crítico (é responsável pelo
empobrecimento da inteligência). 3ª – A religião (dado o perigo da ilusão) deixa de ser
o alicerce da moralidade, se deus é ilusório os seus mandamentos, fundamento da
moral, desaparecem: corte com a ética.
Nestas objecções, entreve‐se a necessidade de superar a fixação infantil pelo
desenvolvimento humano que necessita do abandono de um Deus paternal edipiano
para encarar a sua solidão e insignificância no universo, tornando‐se uma criança que
abandonou a casa do pai. Descentrando‐se de Deus buscará pelo poder da razão
verdadeiramente livre o seu papel no mundo e a sua compreensão. Assim esta
neurose e ilusão só podem ser ultrapassadas pelo progresso científico da humanidade
onde se dará a vitória social e cultural da razão.
20. Que relação estabelece Freud entre o totemismo e religião?
A mais antiga: o totemismo: este crê que no início a tribo era dominada por um
macho poderoso, violento e ciumento que guardava as mulheres para si, matando os
rivais, mesmo sendo filhos. Um dia os irmãos juntaram‐se, mataram o pai e comeram‐
no (em busca da identificação) e apoderaram‐se das mulheres (as próprias mães).
Como resultado sobraram o caos e a culpabilidade, como forma de superação desta
situação, executava‐se a reposição simbólica do pai através do Totem (objecto que
representa um animal considerado sagrado e protector da tribo, que é o espírito do
antepassado, e que não pode ser morto) e os interditos: “não matar”; renúncia ao
incesto (observam‐se aqui os princípios edipianos). O remorso e a culpa são
temporariamente suspensos quando se realiza a refeição totémica (o animal totémico
é comido) a fim de fazer eco do antepassado comum morto e comido pelos irmãos
para se apoderarem do seu poder. A morte do animal introduz a culpa e leva
novamente à criação dos interditos e tabus. A violação passa a ser severamente punida
o que torna presente um pensamento omnipotente e mágico. A partir desta primitiva
forma religiosa, e através da teoria evolutiva de Darwin, Freud aplicará a mesma lógica
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à eucaristia cristã, que torna presente a antiga refeição totémica, pois, o cristianismo
vive a culpa originada na morte do Pai. O sacrifício de Cristo realiza a reconciliação com
Deus: expiação do crime da morte do pai: o patricídio. E a eucaristia – corpo e sangue –
celebra esse acontecimento fazendo eco da refeição totémica.
Esta perspectiva totémica e evolucionista abordou ainda as três fases da
mesma evolução: 1ª: fase do animismo (representa o narcisismo infantil), onde existe
pensamento omnipotente e mágico (basta pensar e as coisas acontecem). 2ª: a fase
das religiões: onde a libido se volta para o exterior. A 3ª: a fase científica, que renuncia
ao princípio do prazer, e substitui a ilusão religiosa pela razão e pelo princípio da
realidade.
21. Faça uma apreciação global das ideias de Freud.
Permitiu olhar a experiência religiosa a partir do desenvolvimento da
personalidade do sujeito, podendo ser destacada a origem patológica de
determinadas experiências de fé. Alertou para modos de educação religiosa que
direccionados para determinados tipos de obediência, conduzem à submissão,
alimentando a imaturidade. Permitiu estudar as dimensões patológicas da religião
onde há pessoas que, sob a influência da religião, adoecem (alerta para a perversão da
religião, uso da religião para outros fins…) Suscitou uma purificação da vivência
religiosa, descobrindo as motivações profundas e a necessidade de verificar e libertar
das expressões da imaturidade e da patologia a mesma vivência da religião.
22. Para Freud o Pai é, por excelência, a figura de Deus, mas para Klein é a mãe.
1 ‐ Caracterize esta figura. 2 – Relacione‐a com o caso do místico bengala Sri
Ramakrisna.
Para Klein não há estádios de desenvolvimento, mas “posições” porque a
criança olha para a mãe a partir de uma posição psíquica. A deusa mãe ao contrário do
pai idealizado de Freud, aqui é enfatizada a mãe poderosa, castradora, destruidora,
autoritária… (a mãe pré‐edipiana) … e os desejos sádicos, inveja, ciúme da criança
(rebelião contra a autoridade) mas também a boa mãe, o bom objecto (ambivalência
materna)
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O medo tremendo contra a mãe passa para o terror em relação ao divino,
transforma‐se em desconfiança: Deus não é confiável
A figura materna e as fantasias com ela relacionadas são projectadas em Deus:
por um lado castigador e sádico, por outro bondoso e protector (ambivalência da
imagem de Deus)
A sua relação com a deusa estava marcada por este jogo de separação encontro em
que sentia que a deusa ou se escondia ou se revelava, provocando sofrimento e alegria.
Ramakrishna sempre se referiu à grande mãe divina como sendo de compaixão e de
amor, mas Khali contém também uma dimensão terrífica (mãe fálica). Ela domina sobre
o seu esposo morto, Shiva, dançando sobre o seu cadáver. Na narração mítica ela dá à
luz, mas também destrói e devora, provoca sofrimento e morte (vida/morte).
23. Comente as ideias acerca da religião de Iam Suttie.
Compreende a religião como uma terapia relacional pelo sistema de ajuda que
oferece, particularmente a religião cristã. Esta promove uma vida fundada no amor,
mais do que na autoridade, e enfatiza as relações sociais (comunidade).
Entende que a teoria do desenvolvimento sexual de Freud, nomeadamente o
complexo de Édipo é resultado da dinâmica familiar e deriva da cultura; Substitui o
conceito de libido por uma necessidade inata de relação; Enfatiza o papel da mãe, ao
contrário de Freud (pai); Todas as actividades sociais: a arte, a ciência e a religião são
tentativas para restaurar ou substituir a relação materna infantil.
24. Um discípulo de Freud opôs se às suas ideias. Quem e que argumentou?
Jung acusa Freud de ter sexualizado demasiado o conceito de libido, dá‐lhe uma
interpretação psicológica e filosófica – considera‐a “a energia psíquica” no seu
conjunto, com fins culturais e simbólicos, tem uma dimensão universal e cósmica,
simultaneamente individual e colectiva. Expande o conceito de inconsciente e diz que
a religião tem um caracter positivo como fonte de arquétipos.
25. Enquanto Freud fala de inconsciente, Jung fala de inconsciente colectivo.
Caracterize este conceito. Quais os seus conteúdos?
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É através do inconsciente colectivo que se nutre o inconsciente individual. Um
sonho ou um sintoma não reenviam apenas para as experiências pessoais, mas
também para um fundo originário e comum a todas as culturas (arquétipos) através do
inconsciente colectivo. Os arquétipos tornam possível o Inconsciente colectivo. São o
seu motor e também conteúdo. Não são estruturas pré‐existentes ou significantes. São
feitos de símbolos e de imagens que têm uma acção dinâmica sobre a personalidade
consciente e inconsciente. Pelo facto de constituírem um fundo simbólico do I.
Colectivo, existem como potencialidade ou virtualidade. São simultaneamente símbolo
e energia, anteriores ao indivíduo. São acção dinâmica e têm um valor emocional, tão
importante como as emoções infantis. São constituídos por imagens primordiais
derivadas da pré‐história da humanidade.
26. Jung tem uma opinião positiva sobre a religião. Qual a sua função para o
autor?
Considerava a religião importante para a saúde mental, pois é um factor de
sentido para a vida e porque aponta desafios ou metas importantes para o homem.
compreende‐se que tenha defendido que a religião tem uma função importante na
integração da personalidade e na construção do Self. Defendeu em dada altura que
cada pessoa necessita de encontrar um sentido religioso na vida. Interessava‐se por
temas religiosos e crenças na perspectiva de encontrar arquétipos aí presentes para,
deste modo, melhor compreender a mente humana. Neste sentido, a religião apenas
dá conta de um arquétipo da deidade, o qual é para a mente apenas a razão pela qual
a pessoa se pode pronunciar sobre Deus. Deus era para ele somente uma realidade
psíquica.
A importância da religião no desenvolvimento e integração harmónica da
personalidade. A religião como factor de sentido para a vida e produtor de metas a
alcançar.
27. A fenomenologia estuda o acto religioso. O que afirma sobre o assunto?
Brentano (1838‐1917) foi o precursor destas teorias. Enfatizou a consciência
enquanto percepção e palco das diferentes actividades psíquicas. Esta tem dois
movimentos: um apontado ao exterior (conhecimento/compreensão do mundo);
outro voltado para o sujeito (conhecimento/compreensão de si). Nestes dois
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intuitiva (esta é a experiência fundamental). Perante este podem surgir duas atitudes:
a rejeição do mundo (que compreende a oposição a todos os individualidade fá‐la
ilusão). Ou a afirmação do mundo (onde qualquer objecto pode ser relacionado ao
acto religioso, desde que este detendo um valor absoluto. Destacam‐se
particularmente 4 tipos de objectos: a natureza, obras de arte com grandiosidade e de
conteúdo religioso, eventos pessoais/ históricos e testemunhos de pessoas santas).
Actos emocionais e práticos de tomada de posição: são dependentes dos actos
teóricos, apesar de os influenciarem: estes executam a emoção ou a acção suscitada
pelos actos teóricos: a emocional centra‐se na fé, na confiança, na esperança, no
medo, no espanto, na humildade, na devoção, no amor (sendo a fé e o amor
indispensáveis à compreensão do divino). A prática é virada para o exterior em
palavras, gestos ou acções, pertencendo à esfera da ética e da moral.
O objecto deste acto religioso é indispensável para o mesmo acto que só assim
será completo. E para o objectivo de verdade ou salvação o homem usa de suas
hipóteses: a relação ao bem absoluto (Deus) ou a relação a bens finitos que, ao serem
absolutizados, se constituem em ídolos, resultando aqui também um acto religioso.
No centro da aproximação entre a fenomenologia e a religião está o “Acto
religioso”, isto é, a experiência religiosa, a manifestação experiencial da religiosidade
(adoração, louvor, oração…)
O acto religioso não é definido em termos de sentimento, função ou sentido
especificamente religiosos, mas em relação a tornar consciente algo, tomar
consciência de um objecto intencional (Deus).
No acto religioso, dá‐se uma transcendência do mundo como um todo (refere‐
se ao divino).
28. V. Frankl apresenta algumas ideias importantes relacionadas com a religião e
a espiritualidade. Aponte‐as e comente‐as.
Sendo o sentido de vida a questão central de Frankl, este vai defendê‐la
afirmando que é a principal força motivadora do homem e que se liga ao sentido de
responsabilidade e de liberdade interior. Tem a exigência de ser descoberto pelo
próprio, pois é uma busca constante de transcendência.
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Para Frankl a consciência vai ter o papel de guia do homem na busca desse sentido,
a cada instante e a cada escolha da vida. Auto‐transcendência: com esta expressão
pretende designar‐se a existência humana normal que está sempre orientada para o
outro e para o mundo: “ser‐para‐além‐de‐si‐mesmo”. Quando isso não acontece dá‐se
o vazio existencial (neurose existencial), pois o homem não consegue responder à
grande questão da vida que é saber em cada momento “para quê viver”.
A religião pode surgir neste contexto como uma escolha/ opção de sentido. Ela
é natural no homem e a sua omissão pode estar na origem problemas quer patológicos
quer de conduta. Tem também a função de re‐ligar o homem em todas as suas
dimensões, dá‐lhe unidade e sentido (até no sofrimento).
29. Refira o que E. Fromm diz sobre as necessidades humanas e a religião.
Enfatizou a questão dos instintos. Estes estão presentes no homem de forma
diluída mas surgem necessidades tipicamente humanas que a sociedade pode sufocar
mas não destruir. Assim, o homem (que é o ser da criação que tem consciência da sua
existência) está em tensão desarmónica com a natureza, participando dela,
transcende‐a. Saiu da sua harmonia e procura uma nova pela criação de um mundo
mais humano onde o homem possa realizar as suas aspirações. E este é o seu motor da
vida. Esta condição produz no homem distintas necessidades, que urgem ser resolvidas
para que possa encontrar a felicidade: a necessidade de amar (que nasce do
sentimento de ser separado, e superando o narcisismo, conduz à necessidade de
relação); a necessidade de criatividade ou fecundidade (que nasce do sentimento de
passividade “donde vem? Para onde vai?”); a necessidade de segurança (que brota do
sentimento de rotura, p.e. seio materno); a necessidade de identidade (que nasce do
sentimento de individualidade); a necessidade de sentido (que nasce do sentido da
desorientação).
Face a estas questões, encontra como resposta as ideologias e a religião
(entendidas aqui em sentido amplo a ambíguo, incluindo todas as respostas que têm a
ver com o sentido da vida).
Fromm vai defender que o homem não pode viver sem uma fé. É esta que
permite suportar as contradições da sua condição dando‐lhe sentido. E aqui aponta
dois tipos de fé: a racional, fundada numa actividade produtiva intelectual e
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emocional, que tem suas raízes numa experiência de confiança básica em si mesmo, de
poder de pensar, sentir e agir; e irracional, com as suas raízes na insegurança, com
apoio na submissão infantil a uma autoridade.
De uma fé racional surge uma religião humanista, que convida o sujeito a
assumir a liberdade e a amar, conduz à maturidade e ao crescimento (tem expoentes
em Jesus Cristo, Buda…). De uma fé irracional surge uma religião autoritária, que
impede o homem de assumir a liberdade, que lhe dá segurança, mas também o
mantém infantil e neurótico.
30. Tendo em conta cada uma das fases, relacione o desenvolvimento da
personalidade e a aquisição das ideias religiosas?
E. Erikson: expõe o desenvolvimento por 8 estágios psicossociais onde os 4
primeiros acompanham Freud (oral, anal, fálico, latência) seguidos de 4 novos.
Para ele o desenvolvimento da personalidade envolve uma série de conflitos ou
crises pessoais, resultantes de um confronto entre o potencial inato da criança e o
ambiente. Cada uma corresponde a uma fase. Ultrapassar uma fase é continuar o
desenvolvimento. Essa passagem pode ter uma forma positiva ou forma negativa, que
o ego terá de integrar. Pela resolução positiva confirmará virtudes em cada nível.
Período pré‐natal
Período pré‐genital (0‐3)
O que diz E. Erikson em relação a todo o estádio sensório‐oral?
Nesta fase dá‐se o maior desamparo: total dependência dos cuidados básicos,
segurança e afecto. Nesta fase ele desenvolverá a confiança ou desconfiança em
função da interacção com a mãe (cuidados adequados ou desadequados). Da
resolução positiva desta fase pode‐se extrair a virtude da esperança. A criança
aprende a esperar, a confiar, a adiar, apesar das vicissitudes.
Acerca de religião e espiritualidade não há manifestações na criança. Ainda não existe
pensamento. Mas a má interiorização da mãe pode influenciar a perspectiva de Deus.
Estádio ou fase anal (1‐3 anos): maior autonomia, rituais de limpeza. A
importância dos primeiros “não’s”.
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O que diz E. Erikson em relação a todo o estádio muscular‐anal?
A criança desenvolve uma série de habilidades físicas e mentais, fazem coisas
sozinhas, comunicam…
Nesta fase dá‐se o ser capaz de escolher: manifesta poder e vontade
autónoma, apesar de depender dos pais. Nesta fase ele desenvolverá a autonomia ou
a dúvida/ vergonha em função da higiene (+ importante) e da reacção dos pais. Da
resolução positiva desta fase pode‐se extrair a virtude da vontade. A criança aprende
a exercer a liberdade de escolha e auto limitação face aos pedidos do meio, aos
pedidos sociais.
Acerca de religião e espiritualidade há manifestações, muito sobre a temática
do mágico. Primeiras palavras do foro religioso, a sua forma de integração e o
contacto com imagens podem influenciar este aspecto. Qualidade afectiva na
transmissão da mensagem e conotações educativas podem influenciar. Poder‐se‐á dar
o início de uma religiosidade infantil, muito marcada por uma imitação do adulto.
Período genital
Estádio ou fase fálica (3‐5/6 anos): a par com o Édipo (onde se demarca passagem da
estrutura psicótica à estrutura neurótica). O pai vem desfazer exclusividade de relação
(mãe/ filho). Esta nova situação vai adquirir identificações secundárias: o Ego,
Superego e objecto total e ambivalente. A aquisição da noção do masculino e do
feminino. O acesso à complementaridade sexual e à noção de diferença de gerações. A
noção de culpabilidade. A noção de interdito.
O que diz E. Erikson em relação a todo o estádio locutor‐genital?
Nesta fase a criança continua num rápido desenvolvimento. Ela desenvolverá a
iniciativa ou culpa em função da repreensão ou cuidada explicação por parte dos pais
acerca das “edipisses”. Da resolução positiva desta fase pode‐se extrair a virtude do
objectivo. A criança aprende a conceber e buscar metas.
Acerca de religião e espiritualidade aparece a imagem de Deus familiar
(ancião, pai ou um menino dotado de poderes mágicos) que articula com acções
concretas (criação p.e.). capacidade de orar (com traços de magia). Possui mais clareza
de conceitos religiosos. Confusão entre Deus e Jesus, espaço‐tempo. O
desapontamento face aos pais separa a imagem de Deus da dos pais.
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Adolescência (12/13‐18/20): transformações fisio‐biológicas relacionadas com
a puberdade.
O que diz E. Erikson em relação à adolescência?
Nesta fase desenvolver‐se‐á a coesão de identidade ou confusão de papéis
pela definição de identidade do ego (p.e. amigos como auxilio). Da resolução positiva
desta fase pode‐se extrair a virtude da fidelidade. Aprende‐se o senso do dever.
Acerca de religião e espiritualidade dá‐se a evolução da crença religiosa, que surge em
foro pessoal também por influência social (dai o decréscimo constatado). A dúvida
face à crença ou não que suportava surge também aqui (2 tipos: tipo racional e
cognitivo e tipo relacional‐afectivo).
O pensamento religioso, tornando‐se mais lógico‐formal, possibilitará clarificar
e compreender conceitos, de forma gradual. Passa também a ter capacidade
simbólica para representação de Deus. Ganha transcendência permanecendo
simultaneamente próximo numa relação interpessoal.
Com a crise de identidade dá‐se a crise religiosa, donde o adolescente extrairá
resoluções (p.e. descobrem o encontro pessoal com Deus, ou negam Deus). nesta
resolução os pais têm um papel fundamental. É o momento propicio a uma conversão
religiosa.
31. Defina moral heterónoma e moral autónoma.
O julgamento moral vai‐se desenvolvendo para o final em duas fases: primeira:
moral heterónoma (até 11 anos) ou moral de coação (os critérios morais estão fora da
criança); segunda: moral autónoma (inicio aos 12 anos pela “relativização das regras”)
ou moral de cooperação (os critérios morais revelam‐se interiorizados pelo
adolescente).
32. Integração destas duas formas de pensamento moral nas etapas do
desenvolvimento.
Etapas de desenvolvimento moral, segundo Piaget e Kohlberg
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Crescimento feito pela experiencia das escolhas etc. e interiorização do bom e do mau.
A aquisição de regras dá‐se num processo evolutivo de actividade lúdica: inicialmente
apenas de acção motora (0‐1 anos); depois uma acção lúdica egocêntrica (2‐6 anos);
em seguida a etapa da cooperação (7‐11 anos); e por fim a etapa da codificação de
regras (pelos 12 anos). Que traduz maneiras (por etapas) de adquirir as regras:
primeiro pela não coercividade (0‐3 anos), segundo absolutização das regras (4‐11) e
terceiro, pela relativização das regras (depois dos 12 anos). O julgamento moral vai‐
se desenvolvendo para o final em duas fases: primeira: moral heterónoma (até 11
anos) ou moral de coação (os critérios morais estão fora da criança); segunda: moral
autónoma (início aos 12 anos pela “relativização das regras”) ou moral de cooperação
(os critérios morais revelam‐se interiorizados pelo adolescente).
Kohlberg contribuiu para a teoria defendendo mais complexidade no processo
evolutivo. Às etapas de vivências das regras acrescenta 3: a pré‐convencional (eu
como fonte de moralidade), a convencional (a sociedade como fonte de moralidade) e
a pós‐convencional (“princípios superiores” como fonte de moralidade).
Cronologicamente:
Dos 0‐2 anos: sem regras, apenas jogo motor individual. Apesar da consciência
moral não estar formada é fundamental a coerência educativa, afectiva… esta leva ao
adiamento de caprichos. A aprovação e desaprovação são os primeiros momentos
constitutivos da diferenciação entre o bem e o mal.
Dos 2‐6 anos: jogos egocêntricos, interacções sem troca, de alguma forma sem
regra. Primeiras imposições de obediência pelos adultos, resposta em função de quem
manda. Discernimento fica encarregue ao adulto. Segundo o Édipo e a moral
heterónoma de Piaget , é fundamental o papel do pai como regulador. A meio da
etapa (4 anos), surge o realismo moral. Apesar da capacidade de relação incipiente
com os outros, começa‐se a valorizar de forma absoluta as obrigações e valores,
independentemente dos contextos. Valoriza mais o dano objectivo que a
intencionalidade (incapaz de distinguir devido ao nível cognitivo precoce: pré‐
operatório). Na definição dos arquétipos de bem e mal está esta posição, castigo‐ falta,
elogio‐bem. Daqui advém o sentimento de culpabilidade (ainda de forma incipiente) e
as primeiras ideias de Deus de natureza antropomórfica.
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