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Fábio Freches Psicologia da Religião 

1. O que se entende por experiência religiosa? 
Segundo  Vergote,  ER  insere‐se  na  base  da  estrutura  religiosa,  ou  seja,  é  a 
partir  deste  encontro  com  o  Outro  que  se  dá  início  ao  processo  denominado, 
religião.  Pois  esta  vivência  com  a  dimensão  de  globalidade,  de  conjunto, 
estruturar‐se‐á dando origem a uma série crenças, gerando um quadro hierárquico 
de  valores  e  atitudes  (também  com  uma  dimensão  ritualista).  O  credo,  define 
estrutura,  dá  corpo  à  relação  com  o  divino,  daí  resulta  a  acção  do  indivíduo  (em 
função dessa relação) e este processo denomina‐se por fé. 
“A  experiência  imediata  e  intuitiva  [clara]  de  algo  ou  alguém  que  me 
transcende. Pode ser uma experiência meramente pontual ou uma vivência de fundo, 
aparecendo de forma mais ou menos estável ao longo da vida do sujeito” 
Realça  ainda  que,  para  esta  dimensão  religiosa  ser  fruto  da  experiência 
religiosa, necessita indubitavelmente da componente relacional com o transcendente, 
com o inatingível, que no encontro com o indivíduo o transforma. (Ávila)

2. Quais são as características da experiência religiosa? 
W.  James  aponta  4:  inefabilidade  não  pode  ser  expressa  em  palavras; 
transitoriedade  dura  um  curto  espaço  de  tempo  mas  deixa  grandes  marcas; 
passividade  o  sujeito  é  controlado  e  influenciado  pelo  divino;  qualidade  noética 
experiência como fonte autoritária de conhecimento. 
Stace  aprofunda  apontado  8:  uma  visão  unificada  do  conjunto  de  todas  as 
coisas  é  uma  parte  do  todo;  temporalidade  e  espacialidade;  qualidade  noética  (não 
subjectiva,  mas  uma  fonte  válida  de  conhecimento);  sentimento  de  plenitude 
(felicidade, paz…) mas também de algo transcendente, sagrado; inefável e paradoxal, 
desafiando  racionalidade  e  linguagem;  de  tal  modo  arrebatadora  que  se  destaca  a 
perda do sentido do Self.

3. Qual a diferença entre experiência religiosa mística e delírio?
Pode  haver  experiências  religiosas  que  em  algum  momento  se  assemelhem  a 
experiências patológicas delirantes, provocando uma perda do sentido do Self (transe). 
Há, por isso, autores que identificam estas experiências religiosas agudas com delírios. 
As consequências, porém, são bem diferentes. Enquanto a experiência religiosa provoca 

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uma resolução transformadora e integradora do Self e uma adesão à realidade, o delírio 
produz uma fuga da realidade e dissociação (divisão interior) do sujeito. Não tem crítica 
e surge como uma nova realidade. 

4. A  grande  diversidade  de  religiões  e  indivíduos  leva  a  experiências  religiosas 


variadas.  Apesar  disso  será  possível  encontrar  um  elemento  comum  que 
caraterize o fenómeno religioso? 

Como a experiência religiosa apresenta uma diversidade e variedade de casos 
observados  (em  função  das  diferentes  tradições  religiosas  e  indivíduos)  os  autores 
avançam por duas grandes vias: 
Stace,  é  defendida  experiência  religiosa  como  uma  experiência  universal  e 
idêntica em termos fenomenológicos, tornando os fenómenos comparáveis, apesar da 
diversidade (um fenómeno religioso único que se expressa de múltiplas formas)
Katz (1977) ou J. M. Velasco (1999), pelo contrário, defendem que as diferenças 
entre  as  religiões  e  os  indivíduos  são  de  tal  dimensão  que  não  se  pode  buscar  uma 
única realidade. A complexidade do fenómeno religiosos não é redutíveis a um aspecto 
único. 
5. Porque é que para algumas pessoas a experiência mística não conduz a uma 
transformação religiosa nas suas vidas Enquanto para outras são factores 
de transformação?

Para Ávila há 4 conjunto de razões pelas quais aquele que vive uma EM pode ou não 
desenvolver atitudes religiosas profundas. Não se pode esquecer que o fenómeno 
religioso é complexo. A experiência religiosa profunda e estável está associada a: 
1º ­ Um desenvolvimento saudável, harmonioso, afectivo, e emocionalmente positivo na 
infância e adolescência. A este desenvolvimento está associada uma experiência de 
aceitação e felicidade; um sentimento de segurança e de amor na infância; um suporte 
parental caloroso, suficientemente bom, apto a ser internalizado como figuras parentais 
boas.
2º ­ Uma capacidade cognitiva suficiente para se abrir à compreensão do mistério, 
nomeadamente a capacidade de compreensão do simbólico
3º ­ A presença de vontade, i. é a existência de uma vontade em estruturar uma forma de 
ser que responda adequadamente à experiência tida 
4º ­ Que as resistência do sujeito e/ou do contexto social não sejam suficientemente 
fortes para obstaculizar a estruturação da vontade   

6. Nos anos 80 surgiram novas ideias sobre a espiritualidade. Fale sobre elas.
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Neste novo modelo é frequente a ausência de referência explícita a um poder 
transcendente,  fora  do  Self.  A  vida  é  ordenada  em  função  das  possibilidades  do 
espírito humano e não em função de exigências externas (de uma força divina). Tem 
subjacente a desvalorização das instituições religiosas tradicionais e da autoridade, e a 
ideia de relação directa com o divino, sem intermediários.
Algumas características do novo modelo:
‐Ênfase  na  escolha  individual  (escolha  de  uma  crença  no  mercado  das  crenças,  de 
preceitos morais, oposição à autoridade religiosa);
‐Mistura de princípios doutrinais (eclectismo – New Age );
‐Atracção pelos novos movimentos religiosos;
  ‐  Indiferença  ou  contestação  em  relação  às  instituições  religiosos  tradicionais  e  à 
autoridade. 

7. Alguns opõem religião e espiritualidade, que argumentos apresentam?
a) Substantive religion versus functional spirituality: A Espiritualidade dá conta dos 
esforços  individuais  para  conseguir  uma  variedade  de  objectivos  na  vida 
relacionados  com  o  sagrado  ou  com  necessidades  existenciais.  É  a  procura  pela 
verdade  universal.  A  Religiosidade  é  composta  por  crenças  formais,  instituições, 
práticas rituais em grupo.

b) Religião ‐ estática/espiritualidade ‐ dinâmica. (Wulff)
 Antes a religião era compreendida como função verbal e agora é um nome, reduzindo‐
a a algo parado no tempo e/ou arqueológico. A Espiritualidade é associada a verbos e 
adjectivos dinâmicos: movimento, transformação, importante, satisfação, bem‐estar. 
Religião‐ Institucional e objectiva / Espiritualidade‐ pessoal e subjectiva 
A  Religião  é  vista  como  institucional,  organização,  social  (colectivo)  /pessoal, 
transcendente,  subjectivo.  A  religião  é  compreendida  como  um  compromisso  com 
crenças e práticas características de uma tradição particular (arqueologia, passado). Ao 
passo que a espiritualidade é vista como realização da condição humana. 
Elkins 
Crença‐base  da  religião  /  experiência  emocional  ‐  base  da 
espiritualidade

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Define religião como institucional, dogmática e teológica e espiritualidade por 
“é  uma  forma  de  ser  que  se  realiza  no  conhecimento  da  transcendência  e  que  é 
caracterizada por certos valores em relação ao Self, aos outros à natureza, à vida e em 
relação a tudo o que é considerado como «último»
Religião é igual a negativo / espiritualidade é igual a positivo
A espiritualidade é associada ao positivo: o lado bom da vida, o mais elevado 
potencial  humano,  estados  afectivos  prazerosos.  Enquanto  a  religião  e  associada  ao 
negativo: fé banal, doutrina antiquada, impedimento institucional das potencialidades 
humanas.

8. Discuta a crítica de Zinnbauer & Pargament
B.J. Zinnbauer & K. Pargament criticam as polarizações apontadas referindo que o 
uso das tais polarizações não é claro. Misturam um uso profissional dos termos com 
uso popular e esse uso não é unívoco.
a)  ­  “Substantive  static  religion  /  functional  dynamic  spirituality”:  Apenas  a 
definição pelo “substantive” conduz ao sagrado e ao estático, pois a definição funcional 
é semelhante à definição de espiritualidade.
 c) ­ Religião ­ institucional e objectiva / Espiritualidade ­ pessoal e subjectiva: é 
problemática – as investigações focam o individual, ignoram o contexto cultural onde os 
constructos  emergem  e,  nomeadamente,  o  contexto  individualista  e  anti  organização  e 
anti­instituições em que nasceu o novo modelo da espiritualidade. 
d) ­ Crença ­ base da religião / Experiência emocional ­ base da espiritualidade: 
poderá uma religião ser atractiva apenas pelas suas crenças ou conceitos sem que haja 
emoção?
  e)  ­  Religião  é  igual  a  negativo  /  Espiritualidade  é  igual  a  positivo:  definir 
constructos  como  intrinsecamente  positivos  ou  negativos  limita  a  investigação 
psicológica e dá conta de preconceito. A literatura sobre religiosidade e saúde contradiz 
tal oposição. A ideia “naive” de uma boa espiritualidade pode ignorar o poder destruidor 
da mesma. 
Como conclusão os autores Zinnbauer & K. Pargament referem:
­ Religiosidade e espiritualidade são factos culturais que se impõem por si e são 
irredutíveis a outros fenómenos
­ Muitas pessoas definem­se a si mesmas como religiosas e espirituais

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­  Apenas  uma  minoria  se  define  como  espiritual  mas  não  religiosa  e  usam  o 
termo espiritualidade como rejeição de religiosidade
­  Religiosidade  e  espiritualidade  são  dois  conceitos  multidimensionais  e 
complexos
­ Religiosidade e espiritualidade podem se associados ambos com saúde mental 
e provocação de stress emocional 
É necessário encontrar algum consenso na definição de R e E, na elaboração dos 
conceitos de análise bem como em relação aos níveis de análise.

9. A religião é produtora de bem‐estar e promotora de saúde. Que argumentos 
sustentam esta afirmação?
1­  Comportamentos  promotores  de  saúde  –  versos  comportamentos  de  risco: 
Algumas  religiões  encorajam  comportamentos  saudáveis  como  desejados  por  Deus, 
havendo  uma  censura  moral  para  os  comportamentos  não  saudáveis.  O  ego­
envolvimento proporciona a adopção de condutas de saúde. 
2­  Estados  psicológicos  (emocionais)  positivos:  A  prática  religiosa  e  espiritual 
proporciona  mais  experiências  psicológicas  positivas:  alegria,  esperança,  compaixão, 
promovendo  estratégias  de  coping  contra  as  dificuldades  ou  situações  stressantes. 
Promovem  estados  de  saúde  relevantes:  sentido,  rectidão  de  carácter  (consciência­
responsabilidade)  e  percepção  de  auto­controlo.  Estudos  demonstram  uma  correlação 
negativa entre envolvimento religioso e depressão (Smith, McCulloug &Poll, 2003). 
3­  Coping:  Pargament  (1997)  sintetiza  um  vasto  conjuntos  de  estudos  associando 
religião,  coping  e  saúde.  Os  estudos  sugerem  que  os  medidores  do  coping  religioso 
ajudam a prever o ajustamento positivo do sujeito ao stress provocado por “life events”, 
pois a religião oferece respostas que potencializam as capacidades do sujeito (confiança 
na ajuda ou protecção de Deus, crença na ressurreição. A prática religiosa é um factor 
positivo. 
4­ Suporte social: A religião e a espiritualidade são promotoras de suporte social 
(voluntariado,  visita  aos  doentes,  acolhimento,  convívio,  grupos  de  apoio  mútuo). 
Recomendação do uso dos serviços de saúde públicos.
5­ Os mecanismos “psi”: A religião contém um alguns elementos semelhantes a 
factores psicológicos subtis: a oração, a meditação, o perdão, o altruísmo,  a prática das 
virtudes, a participação em celebrações.

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10. O que significa “coping”?
O  coping  é  o  conjunto  de  estratégias  (cognitivas  e  comportamentais)  que  as 
pessoas  mobilizam  para  gerir  e/ou  adaptar‐se  a  eventos  adversos  ou  stressantes 
internos ou externos. A função do coping é, portanto, gerir a situação stressante, não 
de a controlar ou dominar. As estratégias de coping são acções deliberadas que podem 
ser aprendidas. Cada pessoa desenvolve o seu mecanismo de coping para lidar com os 
seus problemas, visto que estes também dependem da personalidade. 

11. Quais as cinco funções da religiosidade no coping?
A  procura  de  significado,  auto‐conhecimento  e  controlo,  a  procura  de  bem‐
estar  e  proximidade  de  Deus,  a  busca  de  intimidade  com  Deus  e  com  os  outros,  e  a 
procura de transformação de vida.

12. Fale sobre o coping religioso positivo e negativo.
Verificaram  que  estratégias  de  Resultam  em  benefícios 
coping  positivas  dão  conta  da  positivos  para  o  crente  vistos 
existência de relações seguras e  em  crescimento  espiritual, 
íntimas  com  Deus,  de  um  satisfação,  maior  capacidade 
sentimento de ligação espiritual  para  enfrentar  situações  de 
aos  outros,  procura  de  suporte  stress  (morte,  perdas, 
espiritual,  procura  de  acidentes, doença...)
colaboração,  altruísmo,  procura  Estratégias  negativas, 
de suporte nos lideres ou outros  reflectindo  relações  inseguras 
membros.  com  Deus  (medo),  visão 

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vingativa  de  Deus, 


descontentamento  espiritual, 
medo/possessão  do  demónio, 
descontentamento  ao  nível  das 
relações  humanas  na 
comunidade,  tensão  entre  os 
membros  da  comunidade, 
conduzem,  por  sua  vez,  a 
dificuldades  adaptativas, 
levando  a  problemas  de 
depressão,  ansiedade,  sintomas 
de  stress  pós‐traumático, 
prejuízo  espiritual,  face  a 
eventos  adversos  (morte, 
perdas, câncer...)

13. A religião também ser prejudicial? Justifique 
Se o sofrimento é compreendido como castigo ou permissão arbitrária de Deus 
pode surgir intensa agressividade e raiva contra Deus. 
A raiva contra Deus é tb frequente e mais prolongada entre sujeitos com altos 
níveis de stress e dificuldades de adaptação.
Existem evidências de efeitos negativos – lutas (guerras) religiosas: associadas a 
elevada  mortalidade,  violência.  Alguns  grupos  religiosos  desaconselham  o  recurso  à 
medicina (vacinas, transfusões...). 

14. Tendo  em  conta  a  obra  de  W  James  –  A  variedade  da  experiência  religiosa‐ 
qual a sua opinião sobre a experiência religiosa?
Defende  que  a  experiência  religiosa  tem  um  carácter  totalizante,  central  e 
unificador.  Defende  ainda  que  a  exp.  religiosa  é  sobretudo  afecto  e  de  natureza 
individual, rejeitando a dimensão racional e colectiva, social e institucional. Associa a 
religião  ao  subconsciente,  à  parte  instintiva  e  irracional  (inconsciente  para  Freud). 

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Defende que a experiência religiosa é complexa. Defende uma perspectiva utilitarista e 
funcional da religião: a religião é válida e verdadeira na medida em que é útil para a 
vida, dando segurança, tranquilidade.

15. Qual a ideia dos psiquiatras franceses sobre a religião?
Religião vista como forma de patologia 
Charcot (1825‐1893) – possessão diabólica é espécie de histeria. E cura pela fé é de 
auto‐sugestão ou pela psicologia colectiva ou de massas através de contágio. 
Pierre  Janet  (1849  ‐  1947)  –  foca‐se  em  doentes  com  estados  alterados  de 
consciência  causados  por  ER.  Comparou  casos  pessoais  com  místicos  cristãos  e 
identificou a EM com Perturbação obsessivo‐compulsiva. 
T.  Ribot  (1839‐1916)  –  identificou  EM  com  Patologia:  religião  como  emoção.  A 
religião  depende  de  condições  psicológicas;  a  depressão  torna  o  individuo  obsessivo 
com  sentimento  de  culpa  e  medo,  por  outro  lado,  a  fase  de  exaltação  (a  mania), 
apresenta  intensos  sentimentos  de  amor  –  estes  dois  últimos  são  facilmente 
identificáveis com a religião.

Positivistas face à religião

Henry  Delacroyx  (1873‐1937)  –  corte  com  a  posição  patológica  pelo  estudo  dos 
místicos:  estes  têm  particular  aptidão  para  transformação  de  vida  graças  a  inusual  e 
rica vida subconsciente. Dão conta da unificação do Self ao contrário das Patologias.
Carmelitas – “Estudos Carmelitanos”, organização de conferências para estudo de 
variados temas na área psicológica, incluíram ainda várias publicações. 
T. Flournoy (1854‐1920) – contribui com 2 princípios: 1º ‐ Princípio de exclusão: 
psicologia da religião deve manter‐se dentro dos limites do observável, o sentimento 
de  transcêndencia,  manifestações  e  variâncias  com  a  maior  fidelidade  possível;  não 
deve  exceder‐se  para  confirmação  ou  refutação  da  existência  de  Ser  Supremo.  2º  ‐ 
Princípio de interpretação biológica: psicologia da religião deve observar 4 áreas: 1ª 
Fisiológica  (busca  de  condições  orgânicas  no  ER);  2ª  Genética  ou  evolutiva  (factores 
internos  e  externos  ao  desenvolvimento  do  ER);  3ª  Comparativa  (mais  sensível  às 

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diferenças  individuais  do  ER);  4ª  Dinâmica  (olha  a  vida  religiosa  como  processo 
dinâmico evolutivo e complexo). 
Bovet  (1878‐1965)  –  Responsável  pela  teoria  naturista.  Sentimento  religioso  é 
projecção  de  amor  filial:  em  2  fases:  infância,  pais  =  deuses  aqui  surge  a  1ª  crise,  os 
atributos passam para o mundo natural; adolescência, ideia de Deus em conflito com 
questões  científicas.  Religião  para  este  autor  é  fundamental  pelo  papel  de 
transmissora e evocadora do amor. 

16. Quais  as  ideias  de  Piaget  sobre  Deus  e  sua  relação  com  o  desenvolvimento 
moral?
Piaget (1896‐1980) – Responsável pela teoria cognitiva. Contestou Deus a partir de 
estudos  biológicos  afirmando  que  esta  disciplina  tudo  podia  explicar,  até  mesmo  a 
mente. 
Vai trabalhar a ideia de Deus sob 2 aspectos: transcendência perspectiva Deus 
como fonte do Cosmos, das causas; está associada à dimensão moral heterónoma de 
obediência (criança face a adulto) e imanência um Deus de valores, um Deus situado 
dentro do homem mais que no exterior. Os sujeitos inclinar‐se‐ão mais para uma ou 
outra  conforme  a  relação  com  o  pai  –  predispondo‐as  para  a  transcendência  ou 
imanência. Este enfoque de Piaget na educação deu origem a uma descrição de várias 
etapas no crescimento moral nas crianças. Também relacionou estes com os estádios 
de evolução da inteligência. Este enfoque levou também à conclusão da existência de 
uma evolução moral: respeito absoluto pela lei» aceitação de contracto social; moral 
heterónima»  moral  autónoma.  Esta  aquisição  de  inteligência  veio  a  influênciar  a 
aquisição da ideia de Deus etc., noutros autores.

17. A religião é uma neurose, defende Freud. Comente.
Religião  como  Neurose  (religião  é  neurose  colectiva):  Nos  rituais:  atenção 
escrupulosa aos detalhes; renúncia à realização do desejo; são realizados fora do 
contexto  da  vida  normal;  não  podem  ser  interrompidos;  fazem  esquecer  a 
ansiedade e a culpa. Nos sujeitos religiosos: forte tentação e sentimentos de culpa 
e  um  desejo  ansioso  de  retribuição  divina.  Situação  parecida  na  neurose.  A 

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supressão  destes  sentimentos  também  é  temporária,  necessitando  de  actos  de 


penitência de periodicidade.
Religião  com  função  compensatória:  Transfere  o  prazer  neste  mundo  para 
satisfação  com  o  líder  e  o  prazer  no  outro.  Igualmente  a  agressividade  é  transferida 
para os de fora do grupo social ou eclesial. Compensa assim as limitações criadas pela 
vivência em sociedade com a ilusão de sentir‐se querido pelo líder (no caso: Jesus).
A religião não passa, de uma neurose (perpetua a dependência e a submissão 
acrítica da infância) e de uma ilusão em ser protegido do seu desamparo constitutivo.

18. Freud  interpretou  a  origem  da  religião  a  partir  do  complexo  de  édipo. 
Comente  
Decalcando  a  teoria  sobre  o  complexo  de  Édipo,  Freud  liga  a  criança 
necessitada  de  protecção  e  de  satisfação  das  necessidades  (encontra‐se 
desamparada), situação que conduz à idealização do pai. Mas mais tarde, esta figura 
paterna entra em crise e daí os sentimentos de desamparo correspondentes. Encontra 
então,  através  da  educação,  Deus  (figura  poderosa  e  omnipotente)  sobre  a  qual 
projecta  os  seus  desejos  de  protecção:  assim  Deus  não  passa  da  idealização  e 
projecção  do  pai  edipiano.  Esta  posição  remete  a  religião  para  a  necessidade  de 
protecção e refúgio. Isto torna‐a uma regressão ao modelo infantil uma dependência e 
um  desejo  de  protecção,  no  fundo,  uma  neurose.  Encaixada  aqui  a  ideia  do  deus 
edipiano, o medo, a culpa são consequência da violação da lei do Pai (mandamentos 
de  Deus)  ou  interditos  morais,  que  se  corrigem  pela  ascese,  penitência,  rituais…  A 
partir daqui é possível explicar o resto das questões religiosas. Aqui começam as teses 
que  a  religião  é  ilusão.  Religião  é  sedimentada  nesta  resposta  à  insegurança  sentida 
quer  nas  forças  da  natureza  (perigos,  fome,  destruição),  quer  no  interior  face  aos 
instintos  agressivos  e  eróticos.  Estes  põem  a  nu  a  radical  situação  de  desamparo  do 
homem,  que,  como  solução  primitiva  recorre  a  forças  afectivas  (na  religião)  para  as 
controlar ou recalcar. 
Mas esta religião vai usar o deus edipiano, como abordado atrás, assim uma 
projecção errónea, fruto deste desejo infantil do homem

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Fábio Freches Psicologia da Religião 

19. Em o Futuro de uma ilusão Freud diz que a “religião é irracional e um perigo”. 
Que argumentos apresenta? 

1º‐  Instituições  (por  ela  aprovadas)  alienaram  a  história.  2ª  –  Faz  as  pessoas 
acreditar  numa  ilusão  e  nega‐lhes  o  pensamento  crítico  (é  responsável  pelo 
empobrecimento da inteligência). 3ª – A religião (dado o perigo da ilusão) deixa de ser 
o  alicerce  da  moralidade,  se  deus  é  ilusório  os  seus  mandamentos,  fundamento  da 
moral, desaparecem: corte com a ética. 
Nestas objecções, entreve‐se a necessidade de superar a fixação infantil pelo 
desenvolvimento humano que necessita do abandono de um Deus paternal edipiano 
para encarar a sua solidão e insignificância no universo, tornando‐se uma criança que 
abandonou  a  casa  do  pai.  Descentrando‐se  de  Deus  buscará  pelo  poder  da  razão 
verdadeiramente  livre  o  seu  papel  no  mundo  e  a  sua  compreensão.  Assim  esta 
neurose e ilusão só podem ser ultrapassadas pelo progresso científico da humanidade 
onde se dará a vitória social e cultural da razão.

20. Que relação estabelece Freud entre o totemismo e religião? 
A mais antiga: o totemismo: este crê que no início a tribo era dominada por um 
macho poderoso, violento e ciumento que guardava as mulheres para si, matando os 
rivais, mesmo sendo filhos. Um dia os irmãos juntaram‐se, mataram o pai e comeram‐
no  (em  busca  da  identificação)  e  apoderaram‐se  das  mulheres  (as  próprias  mães). 
Como  resultado  sobraram  o  caos  e  a  culpabilidade,  como  forma  de  superação  desta 
situação,  executava‐se  a  reposição  simbólica  do  pai  através  do  Totem  (objecto  que 
representa  um  animal  considerado  sagrado  e  protector  da  tribo,  que  é  o  espírito  do 
antepassado,  e  que  não  pode  ser  morto)  e  os  interditos:  “não  matar”;  renúncia  ao 
incesto  (observam‐se  aqui  os  princípios  edipianos).  O  remorso  e  a  culpa  são 
temporariamente suspensos quando se realiza a refeição totémica (o animal totémico 
é  comido)  a  fim  de  fazer  eco  do  antepassado  comum  morto  e  comido  pelos  irmãos 
para  se  apoderarem  do  seu  poder.  A  morte  do  animal  introduz  a  culpa  e  leva 
novamente à criação dos interditos e tabus. A violação passa a ser severamente punida 
o que torna presente um pensamento omnipotente e mágico. A partir desta primitiva 
forma religiosa, e através da teoria evolutiva de Darwin, Freud aplicará a mesma lógica 

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Fábio Freches Psicologia da Religião 

à eucaristia cristã, que torna presente a antiga refeição totémica, pois, o cristianismo 
vive a culpa originada na morte do Pai. O sacrifício de Cristo realiza a reconciliação com 
Deus: expiação do crime da morte do pai: o patricídio. E a eucaristia – corpo e sangue – 
celebra esse acontecimento fazendo eco da refeição totémica. 
Esta  perspectiva  totémica  e  evolucionista  abordou  ainda  as  três  fases  da 
mesma evolução: 1ª: fase do animismo (representa o narcisismo infantil), onde existe 
pensamento  omnipotente  e  mágico  (basta  pensar  e  as  coisas  acontecem).  2ª:  a  fase 
das religiões: onde a libido se volta para o exterior. A 3ª: a fase científica, que renuncia 
ao  princípio  do  prazer,  e  substitui  a  ilusão  religiosa  pela  razão  e  pelo  princípio  da 
realidade.

21. Faça uma apreciação global das ideias de Freud. 
Permitiu  olhar  a  experiência  religiosa  a  partir  do  desenvolvimento  da 
personalidade  do  sujeito,  podendo  ser  destacada  a  origem  patológica  de 
determinadas  experiências  de  fé.  Alertou  para  modos  de  educação  religiosa  que 
direccionados  para  determinados  tipos  de  obediência,  conduzem  à  submissão, 
alimentando  a  imaturidade.  Permitiu  estudar  as  dimensões  patológicas  da  religião 
onde há pessoas que, sob a influência da religião, adoecem (alerta para a perversão da 
religião,  uso  da  religião  para  outros  fins…)  Suscitou  uma  purificação  da  vivência 
religiosa, descobrindo as motivações profundas e a necessidade de verificar e libertar 
das expressões da imaturidade e da patologia a mesma vivência da religião.

22. Para Freud o Pai é, por excelência, a figura de Deus, mas para Klein é a mãe.  
1 ‐ Caracterize esta figura. 2 – Relacione‐a com o caso do místico bengala Sri 
Ramakrisna.
Para  Klein  não  há  estádios  de  desenvolvimento,  mas  “posições”  porque  a 
criança olha para a mãe a partir de uma posição psíquica. A deusa mãe ao contrário do 
pai  idealizado  de  Freud,  aqui  é  enfatizada  a  mãe  poderosa,  castradora,  destruidora, 
autoritária…  (a  mãe  pré‐edipiana)  …  e  os  desejos  sádicos,  inveja,  ciúme  da  criança 
(rebelião contra a autoridade) mas também a boa mãe, o bom objecto (ambivalência 
materna)

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Fábio Freches Psicologia da Religião 

O  medo  tremendo  contra  a  mãe  passa  para  o  terror  em  relação  ao  divino, 
transforma‐se em desconfiança: Deus não é confiável
A figura materna e as fantasias com ela relacionadas são projectadas em Deus: 
por  um  lado  castigador  e  sádico,  por  outro  bondoso  e  protector  (ambivalência  da 
imagem de Deus)
A sua relação com a deusa estava marcada por este jogo de separação ­ encontro em 
que sentia que a deusa ou se escondia ou se revelava, provocando sofrimento e alegria. 
Ramakrishna  sempre  se  referiu  à  grande  mãe  divina  como  sendo  de  compaixão  e  de 
amor, mas Khali contém também uma dimensão terrífica (mãe fálica). Ela domina sobre 
o seu esposo morto, Shiva, dançando sobre o seu cadáver. Na narração mítica ela dá à 
luz, mas também destrói e devora, provoca sofrimento e morte (vida/morte). 

23. Comente as ideias acerca da religião de Iam Suttie. 
Compreende  a  religião  como  uma  terapia  relacional  pelo  sistema  de  ajuda  que 
oferece,  particularmente  a  religião  cristã.  Esta  promove  uma  vida  fundada  no  amor, 
mais do que na autoridade, e enfatiza as relações sociais (comunidade). 
Entende  que  a  teoria  do  desenvolvimento  sexual  de  Freud,  nomeadamente  o 
complexo  de  Édipo  é  resultado  da  dinâmica  familiar  e  deriva  da  cultura;  Substitui  o 
conceito de libido por uma necessidade inata de relação; Enfatiza o papel da mãe, ao 
contrário de Freud (pai); Todas as actividades sociais: a arte, a ciência e a religião são 
tentativas para restaurar ou substituir a relação materna infantil. 

24. Um discípulo de Freud opôs se às suas ideias. Quem e que argumentou? 
Jung  acusa  Freud  de  ter  sexualizado  demasiado  o  conceito  de  libido,  dá‐lhe  uma 
interpretação  psicológica  e  filosófica  –  considera‐a  “a  energia  psíquica”  no  seu 
conjunto,  com  fins  culturais  e  simbólicos,  tem  uma  dimensão  universal  e  cósmica, 
simultaneamente individual e colectiva. Expande o conceito de inconsciente e diz que 
a religião tem um caracter positivo como fonte de arquétipos. 

25. Enquanto  Freud  fala  de  inconsciente,  Jung  fala  de  inconsciente  colectivo. 
Caracterize este conceito. Quais os seus conteúdos?

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Fábio Freches Psicologia da Religião 

É através do inconsciente colectivo que se nutre o inconsciente individual. Um 
sonho  ou  um  sintoma  não  reenviam  apenas  para  as  experiências  pessoais,  mas 
também para um fundo originário e comum a todas as culturas (arquétipos) através do 
inconsciente colectivo. Os arquétipos tornam possível o Inconsciente colectivo. São o 
seu motor e também conteúdo. Não são estruturas pré‐existentes ou significantes. São 
feitos de símbolos e de imagens que têm uma acção dinâmica sobre a personalidade 
consciente  e  inconsciente.  Pelo  facto  de  constituírem  um  fundo  simbólico  do  I. 
Colectivo, existem como potencialidade ou virtualidade. São simultaneamente símbolo 
e energia, anteriores ao indivíduo. São acção dinâmica e têm um valor emocional, tão 
importante  como  as  emoções  infantis.  São  constituídos  por  imagens  primordiais 
derivadas da pré‐história da humanidade.

26. Jung  tem  uma  opinião  positiva  sobre  a  religião.  Qual  a  sua  função  para  o 
autor? 
Considerava  a  religião  importante  para  a  saúde  mental,  pois  é  um  factor  de 
sentido  para  a  vida  e  porque  aponta  desafios  ou  metas  importantes  para  o  homem. 
compreende‐se  que  tenha  defendido  que  a  religião  tem  uma  função  importante  na 
integração  da  personalidade  e  na  construção  do  Self.  Defendeu  em  dada  altura  que 
cada  pessoa  necessita  de  encontrar  um  sentido  religioso  na  vida.  Interessava‐se  por 
temas religiosos e crenças na perspectiva de encontrar arquétipos aí presentes para, 
deste modo, melhor compreender a mente humana. Neste sentido, a religião apenas 
dá conta de um arquétipo da deidade, o qual é para a mente apenas a razão pela qual 
a  pessoa  se  pode  pronunciar  sobre  Deus.  Deus  era  para  ele  somente  uma  realidade 
psíquica. 
A  importância  da  religião  no  desenvolvimento  e  integração  harmónica  da 
personalidade.  A  religião  como  factor  de  sentido  para  a  vida  e  produtor  de  metas  a 
alcançar.
27. A fenomenologia estuda o acto religioso. O que afirma sobre o assunto?
Brentano  (1838‐1917)  foi  o  precursor  destas  teorias.  Enfatizou  a  consciência 
enquanto  percepção  e  palco  das  diferentes  actividades  psíquicas.  Esta  tem  dois 
movimentos: um apontado ao exterior (conhecimento/compreensão do mundo); 
outro  voltado  para  o  sujeito  (conhecimento/compreensão  de  si).  Nestes  dois 

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Fábio Freches Psicologia da Religião 

funda‐se  a  psicologia.5  Características  da  consciência:  a  representação 


(capacidade  de  simbolização  interior  de  si  e  do  mundo);  a  relação  (esta  é 
relacional,  liga‐se  constantemente  ao  mundo);  o  fundamento  dos  objectos  e  do 
mundo  (só  existem  para  o  homem  se  estes  existirem  como  objectos  da 
consciência, não que não existam em si mesmos); o fundamento de si (só através 
dela  temos  a  percepção  de  nós  mesmos:  sentir,  pensar…);  a  unidade  da 
experiência  (esta  é  fonte  de  unificação  das  diferentes  experiências,  internas  e 
externas). 
Husserl alicerça‐se na fenomenologia. Esta conhece e compreende a realidade 
pela  descrição.  Afirma  que  o  Eu  e  o  Mundo  estão  em  relação.  Partindo  daqui  e 
falando da consciência, destaca uma característica: a “intencionalidade”: abertura 
e  direccionamento  da  consciência  para  o  mundo  e  o  mundo  para  ela.  Esta 
característica funda‐se noutras duas: o movimento de transcendência (é anterior 
e “superior” a tudo o que existe) e o movimento de imanência (compreensão do 
mundo pela percepção e conhecimento).
Heidegger  vai  caminhar  para  o  existencialismo.  O  homem,  que  é  a  questão 
central, define‐se pelo movimento que realiza para fora de si, como presença a si 
mesmo  e  ao  mundo.  Assim  o  conceito  central  é  “presença”  que  explorará  como 
“ser‐para‐si”,  “ser‐com”,  “horizonte‐tempo”,  “horizonte‐espaço”  e  “ser‐para‐a‐
morte”.  A  partir  daqui  compreender‐se‐á  a  si  e  ao  mundo,  revelando‐se  a  si 
mesmo.  Assim  a  fenomenologia  usa  como  método  de  investigação  a  observação 
subjectiva e posterior descrição. Então, na relação com a psicologia da religião vai 
partir do ponto de vista do crente. 
Partindo daqui e na relação com a psicologia da religião vai centrar‐se no: “Acto 
religioso”,  que  é  o  conjunto  de  experiências  e  manifestações  de  religiosidade 
(adoração,  louvor,  oração…).  Ora,  um  acto  religioso  vai  compreender  a  tomada  de 
consciência  de  um  objecto  intencional  (Deus)  por  meio  de  uma  relação.  Pelo  acto 
psíquico o homem transcende‐se a si mesmo (como um todo) no acto religioso (numa 
referência ao divino). 
Assim, o acto religioso estrutura‐se em actos parciais: 
Actos  teóricos  de  tomada  de  consciência:  que  consiste  no  entendimento  de 
um  valor  do  qual  deriva  o  conhecimento  que  dá  conta  de  um  acto  de  natureza 

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Fábio Freches Psicologia da Religião 

intuitiva (esta é a experiência fundamental). Perante este podem surgir duas atitudes: 
a  rejeição  do  mundo  (que  compreende  a  oposição  a  todos  os  individualidade  fá‐la 
ilusão).  Ou  a  afirmação  do  mundo  (onde  qualquer  objecto  pode  ser  relacionado  ao 
acto  religioso,  desde  que  este  detendo  um  valor  absoluto.  Destacam‐se 
particularmente 4 tipos de objectos: a natureza, obras de arte com grandiosidade e de 
conteúdo religioso, eventos pessoais/ históricos e testemunhos de pessoas santas). 
Actos  emocionais  e  práticos  de  tomada  de  posição:  são  dependentes  dos  actos 
teóricos, apesar de os influenciarem: estes executam a emoção ou a acção suscitada 
pelos  actos  teóricos:  a  emocional  centra‐se  na  fé,  na  confiança,  na  esperança,  no 
medo,  no  espanto,  na  humildade,  na  devoção,  no  amor  (sendo  a  fé  e  o  amor 
indispensáveis  à  compreensão  do  divino).  A  prática  é  virada  para  o  exterior  em 
palavras, gestos ou acções, pertencendo à esfera da ética e da moral. 
O objecto deste acto religioso é indispensável para o mesmo acto que só assim 
será  completo.  E  para  o  objectivo  de  verdade  ou  salvação  o  homem  usa  de  suas 
hipóteses: a relação ao bem absoluto (Deus) ou a relação a bens finitos que, ao serem 
absolutizados, se constituem em ídolos, resultando aqui também um acto religioso.
No  centro  da  aproximação  entre  a  fenomenologia  e  a  religião  está  o  “Acto 
religioso”, isto é, a experiência religiosa, a manifestação experiencial da religiosidade 
(adoração, louvor, oração…) 
O  acto  religioso  não  é  definido  em  termos  de  sentimento,  função  ou  sentido 
especificamente  religiosos,  mas  em  relação  a  tornar  consciente  algo,  tomar 
consciência de um objecto intencional (Deus).
No acto religioso, dá‐se uma transcendência do mundo como um todo (refere‐
se ao divino).

28. V. Frankl apresenta algumas ideias importantes relacionadas com a religião e 
a espiritualidade. Aponte‐as e comente‐as.
Sendo  o  sentido  de  vida  a  questão  central  de  Frankl,  este  vai  defendê‐la 
afirmando que é a principal força motivadora do homem e que se liga ao sentido de 
responsabilidade  e  de  liberdade  interior.  Tem  a  exigência  de  ser  descoberto  pelo 
próprio, pois é uma busca constante de transcendência. 

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Para Frankl a consciência vai ter o papel de guia do homem na busca desse sentido, 
a  cada  instante  e  a  cada  escolha  da  vida.  Auto‐transcendência:  com  esta  expressão 
pretende  designar‐se  a  existência  humana  normal  que  está  sempre  orientada  para  o 
outro e para o mundo: “ser‐para‐além‐de‐si‐mesmo”. Quando isso não acontece dá‐se 
o  vazio  existencial  (neurose  existencial),  pois  o  homem  não  consegue  responder  à 
grande questão da vida que é saber em cada momento “para quê viver”. 
A religião pode surgir neste contexto como uma escolha/ opção de sentido. Ela 
é natural no homem e a sua omissão pode estar na origem problemas quer patológicos 
quer  de  conduta.  Tem  também  a  função  de  re‐ligar  o  homem  em  todas  as  suas 
dimensões, dá‐lhe unidade e sentido (até no sofrimento).

29. Refira o que E. Fromm  diz sobre as necessidades humanas e a religião.
Enfatizou  a  questão  dos  instintos.  Estes  estão  presentes  no  homem  de  forma 
diluída mas surgem necessidades tipicamente humanas que a sociedade pode sufocar 
mas não destruir. Assim, o homem (que é o ser da criação que tem consciência da sua 
existência)  está  em  tensão  desarmónica  com  a  natureza,  participando  dela, 
transcende‐a.  Saiu  da  sua  harmonia  e  procura  uma  nova  pela  criação  de  um  mundo 
mais humano onde o homem possa realizar as suas aspirações. E este é o seu motor da 
vida. Esta condição produz no homem distintas necessidades, que urgem ser resolvidas 
para  que  possa  encontrar  a  felicidade:  a  necessidade  de  amar  (que  nasce  do 
sentimento  de  ser  separado,  e  superando  o  narcisismo,  conduz  à  necessidade  de 
relação); a necessidade de criatividade ou fecundidade (que nasce do sentimento de 
passividade “donde vem? Para onde vai?”); a necessidade de segurança (que brota do 
sentimento de rotura, p.e. seio materno); a necessidade de identidade (que nasce do 
sentimento  de  individualidade);  a  necessidade  de  sentido  (que  nasce  do  sentido  da 
desorientação). 
Face  a  estas  questões,  encontra  como  resposta  as  ideologias  e  a  religião 
(entendidas aqui em sentido amplo a ambíguo, incluindo todas as respostas que têm a 
ver com o sentido da vida). 
Fromm  vai  defender  que  o  homem  não  pode  viver  sem  uma  fé.  É  esta  que 
permite  suportar  as  contradições  da  sua  condição  dando‐lhe  sentido.  E  aqui  aponta 
dois  tipos  de  fé:  a  racional,  fundada  numa  actividade  produtiva  intelectual  e 

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emocional, que tem suas raízes numa experiência de confiança básica em si mesmo, de 
poder  de  pensar,  sentir  e  agir;  e  irracional,  com  as  suas  raízes  na  insegurança,  com 
apoio na submissão infantil a uma autoridade. 
De  uma  fé  racional  surge  uma  religião  humanista,  que  convida  o  sujeito  a 
assumir a liberdade e a amar, conduz à maturidade e ao crescimento (tem expoentes 
em  Jesus  Cristo,  Buda…).  De  uma  fé  irracional  surge  uma  religião  autoritária,  que 
impede  o  homem  de  assumir  a  liberdade,  que  lhe  dá  segurança,  mas  também  o 
mantém infantil e neurótico.
30. Tendo  em  conta  cada  uma  das  fases,  relacione  o  desenvolvimento  da 
personalidade e a aquisição das ideias religiosas?
E.  Erikson:  expõe  o  desenvolvimento  por  8  estágios  psicossociais  onde  os  4 
primeiros acompanham Freud (oral, anal, fálico, latência) seguidos de 4 novos. 
Para  ele  o  desenvolvimento  da  personalidade  envolve  uma  série  de  conflitos  ou 
crises  pessoais,  resultantes  de  um  confronto  entre  o  potencial  inato  da  criança  e  o 
ambiente.  Cada  uma  corresponde  a  uma  fase.  Ultrapassar  uma  fase  é  continuar  o 
desenvolvimento. Essa passagem pode ter uma forma positiva ou forma negativa, que 
o ego terá de integrar. Pela resolução positiva confirmará virtudes em cada nível.
Período pré‐natal 

Período pré‐genital (0‐3) 
O que diz E. Erikson em relação a todo o estádio sensório‐oral? 
Nesta  fase  dá‐se  o  maior  desamparo:  total  dependência  dos  cuidados  básicos, 
segurança  e  afecto.  Nesta  fase  ele  desenvolverá  a  confiança  ou  desconfiança  em 
função  da  interacção  com  a  mãe  (cuidados  adequados  ou  desadequados).  Da 
resolução  positiva  desta  fase  pode‐se  extrair  a  virtude  da  esperança.  A  criança 
aprende a esperar, a confiar, a adiar, apesar das vicissitudes. 
Acerca de religião e espiritualidade não há manifestações na criança. Ainda não existe 
pensamento. Mas a má interiorização da mãe pode influenciar a perspectiva de Deus. 

Estádio  ou  fase  anal  (1‐3  anos):  maior  autonomia,  rituais  de  limpeza.  A 
importância dos primeiros “não’s”. 

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Fábio Freches Psicologia da Religião 

O que diz E. Erikson em relação a todo o estádio muscular‐anal? 
A  criança  desenvolve  uma  série  de  habilidades  físicas  e  mentais,  fazem  coisas 
sozinhas, comunicam… 
Nesta  fase  dá‐se  o  ser  capaz  de  escolher:  manifesta  poder  e  vontade 
autónoma, apesar de depender dos pais. Nesta fase ele desenvolverá a autonomia ou 
a  dúvida/  vergonha  em  função  da  higiene  (+  importante)  e  da  reacção  dos  pais.  Da 
resolução positiva desta fase pode‐se extrair a virtude da vontade. A criança aprende 
a  exercer  a  liberdade  de  escolha  e  auto  limitação  face  aos  pedidos  do  meio,  aos 
pedidos sociais. 
Acerca de religião e espiritualidade há manifestações, muito sobre a temática 
do  mágico.  Primeiras  palavras  do  foro  religioso,  a  sua  forma  de  integração  e  o 
contacto  com  imagens  podem  influenciar  este  aspecto.  Qualidade  afectiva  na 
transmissão da mensagem e conotações educativas podem influenciar. Poder‐se‐á dar 
o início de uma religiosidade infantil, muito marcada por uma imitação do adulto. 

 Período genital 
Estádio ou fase fálica (3‐5/6 anos): a par com o Édipo (onde se demarca passagem da 
estrutura psicótica à estrutura neurótica). O pai vem desfazer exclusividade de relação 
(mãe/  filho).  Esta  nova  situação  vai  adquirir  identificações  secundárias:  o  Ego, 
Superego  e  objecto  total  e  ambivalente.  A  aquisição  da  noção  do  masculino  e  do 
feminino. O acesso à complementaridade sexual e à noção de diferença de gerações. A 
noção de culpabilidade. A noção de interdito. 
O que diz E. Erikson em relação a todo o estádio locutor‐genital? 
Nesta  fase  a  criança  continua  num  rápido  desenvolvimento.  Ela  desenvolverá  a 
iniciativa ou culpa em função da repreensão ou cuidada explicação por parte dos pais 
acerca das “edipisses”. Da resolução positiva desta fase pode‐se extrair a virtude do 
objectivo. A criança aprende a conceber e buscar metas. 
Acerca  de  religião  e  espiritualidade  aparece  a  imagem  de  Deus  familiar 
(ancião,  pai  ou  um  menino  dotado  de  poderes  mágicos)  que  articula  com  acções 
concretas (criação p.e.). capacidade de orar (com traços de magia). Possui mais clareza 
de  conceitos  religiosos.  Confusão  entre  Deus  e  Jesus,  espaço‐tempo.  O 
desapontamento face aos pais separa a imagem de Deus da dos pais. 

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Fábio Freches Psicologia da Religião 

Latência  (5/6‐10/12  anos):  calmia  pós‐edipiana.  Escola  proporciona  variedade  de 


relações  e  modelos.  Risco  de  atitudes  familiares  imprevistas  (divórcio…).  Descoberta 
do corpo… 
O que diz E. Erikson em relação a todo o estádio de latência? 
Nesta fase a escola, trabalhos… proporcionam o desenvolvimento da diligência ou da 
inferioridade  em  função  da  ridicularização  ou  apoio  (elogio  p.e.).  Da  resolução 
positiva desta fase pode‐se extrair a virtude da competência. Que é o interesse pela 
busca das coisas competentemente. 
Acerca  de  religião  e  espiritualidade  aparece  a  educação  religiosa 
(catequese…). Abre‐se também a questionação e busca pragmática de Deus. Segundo 
Goldman, pareça haver um atraso no desenvolvimento da religiosidade (causa: difíceis 
conceitos,  progressividade,  não  manipulável…),  optando‐se  por  ficar  num  nível  mais 
prático. Gates e Murphy apontam antes uma questão de linguagem. 
Oser  aponta  para  5  estádios  de  desenvolvimento  do  pensamento  religioso: 
religiosidade heterónoma; religiosidade de troca comercial; religiosidade autónoma e 
de auto‐responsabilidade; religiosidade segundo uma autonomia mediada e segundo 
um  plano  de  salvação;  religiosidade  intersubjectiva  e  autónoma,  universal  e 
incondicional.  Este  aponta  também  para  duas  fases  na  latência:  1ª  Deus  todo 
poderoso.  Com  uso  para  destruição/  punição  ou  para  protecção;  2ª  Deus  mais 
maleável  pelo  comércio  (problemas  de  injustiça…).  Dá‐se  a  evolução  da  imagem  de 
Deus.  Aquisição  de  conteúdos  doutrinais.  Dão‐se  igualmente  experiencias  religiosas: 
dependendo  da  positividade  ou  negatividade  que  Deus  comporte,  mas  tudo  sobre 
impreciso estudo. 
Crenças e atitudes religiosas: (6 anos) reza pela realização dos seus desejos; se não 
são  gratificados  então  esse  deus  não  interessa;  (7‐9  anos)  a  oração  expressa  uma 
relação que pode ser de petição sobre assuntos concretos ou de acção de graças; (9‐10 
anos)  a  oração  torna‐se  conversação  privada  com  Deus  onde  aborda  temas  mais 
privados,  nomeadamente  morais,  aparece  também  o  conteúdo  altruísta  e 
humanitário.  Nesta  altura  verifica‐se  também  que  as  crianças  começam  a  participar 
nos sacramentos. 
Socialização religiosa: no seio familiar, na comunidade eclesial e no ensino religioso. 

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Fábio Freches Psicologia da Religião 

 
Adolescência  (12/13‐18/20):  transformações  fisio‐biológicas  relacionadas  com 
a puberdade. 
O que diz E. Erikson em relação à adolescência? 
Nesta  fase  desenvolver‐se‐á  a  coesão  de  identidade  ou  confusão  de  papéis 
pela definição de identidade do ego (p.e. amigos como auxilio). Da resolução positiva 
desta fase pode‐se extrair a virtude da fidelidade. Aprende‐se o senso do dever. 
Acerca de religião e espiritualidade dá‐se a evolução da crença religiosa, que surge em 
foro  pessoal  também  por  influência  social  (dai  o  decréscimo  constatado).  A  dúvida 
face  à  crença  ou  não  que  suportava  surge  também  aqui  (2  tipos:  tipo  racional  e 
cognitivo e tipo relacional‐afectivo). 
O pensamento religioso, tornando‐se mais lógico‐formal, possibilitará clarificar 
e  compreender  conceitos,  de  forma  gradual.  Passa  também  a  ter  capacidade 
simbólica  para  representação  de  Deus.  Ganha  transcendência  permanecendo 
simultaneamente próximo numa relação interpessoal. 
Com a crise de identidade dá‐se a crise religiosa, donde o adolescente extrairá 
resoluções  (p.e.  descobrem  o  encontro  pessoal  com  Deus,  ou  negam  Deus).  nesta 
resolução os pais têm um papel fundamental. É o momento propicio a uma conversão 
religiosa.

31. Defina moral heterónoma e moral autónoma.
O  julgamento  moral  vai‐se  desenvolvendo  para  o  final  em  duas  fases:  primeira: 
moral heterónoma (até 11 anos) ou moral de coação (os critérios morais estão fora da 
criança); segunda: moral autónoma (inicio aos 12 anos pela “relativização das regras”) 
ou  moral  de  cooperação  (os  critérios  morais  revelam‐se  interiorizados  pelo 
adolescente).

32. Integração  destas  duas  formas  de  pensamento  moral  nas  etapas  do 
desenvolvimento. 
Etapas de desenvolvimento moral, segundo Piaget e Kohlberg 

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Fábio Freches Psicologia da Religião 

Crescimento feito pela experiencia das escolhas etc. e interiorização do bom e do mau. 
A aquisição de regras dá‐se num processo evolutivo de actividade lúdica: inicialmente 
apenas de acção motora (0‐1 anos); depois uma acção lúdica egocêntrica (2‐6 anos); 
em  seguida  a  etapa  da  cooperação  (7‐11  anos);  e  por  fim  a  etapa  da  codificação  de 
regras  (pelos  12  anos).  Que  traduz  maneiras  (por  etapas)  de  adquirir  as  regras: 
primeiro pela não coercividade (0‐3 anos), segundo absolutização das regras (4‐11) e 
terceiro, pela relativização das regras (depois dos 12 anos). O julgamento moral vai‐
se  desenvolvendo  para  o  final  em  duas  fases:  primeira:  moral  heterónoma  (até  11 
anos) ou moral de coação (os critérios morais estão fora da criança); segunda: moral 
autónoma (início aos 12 anos pela “relativização das regras”) ou moral de cooperação 
(os critérios morais revelam‐se interiorizados pelo adolescente). 
Kohlberg contribuiu para a teoria defendendo mais complexidade no processo 
evolutivo.  Às  etapas  de  vivências  das  regras  acrescenta  3:  a  pré‐convencional  (eu 
como fonte de moralidade), a convencional (a sociedade como fonte de moralidade) e 
a pós‐convencional (“princípios superiores” como fonte de moralidade). 

Cronologicamente: 
Dos  0‐2  anos:  sem  regras,  apenas  jogo  motor  individual.  Apesar  da  consciência 
moral não estar formada é fundamental a coerência educativa, afectiva… esta leva ao 
adiamento  de  caprichos.  A  aprovação  e  desaprovação  são  os  primeiros  momentos 
constitutivos da diferenciação entre o bem e o mal. 
Dos  2‐6  anos:  jogos  egocêntricos,  interacções  sem  troca,  de  alguma  forma  sem 
regra. Primeiras imposições de obediência pelos adultos, resposta em função de quem 
manda.  Discernimento  fica  encarregue  ao  adulto.  Segundo  o  Édipo  e  a  moral 
heterónoma  de  Piaget  ,  é  fundamental  o  papel  do  pai  como  regulador.  A  meio  da 
etapa  (4  anos),  surge  o  realismo  moral.  Apesar  da  capacidade  de  relação  incipiente 
com  os  outros,  começa‐se  a  valorizar  de  forma  absoluta  as  obrigações  e  valores, 
independentemente  dos  contextos.  Valoriza  mais  o  dano  objectivo  que  a 
intencionalidade  (incapaz  de  distinguir  devido  ao  nível  cognitivo  precoce:  pré‐
operatório). Na definição dos arquétipos de bem e mal está esta posição, castigo‐ falta, 
elogio‐bem. Daqui advém o sentimento de culpabilidade (ainda de forma incipiente) e 
as primeiras ideias de Deus de natureza antropomórfica. 

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Fábio Freches Psicologia da Religião 

Dos  7  –  11  anos:  novas  capacidades  cognitivas:  pensamento  lógico‐concreto.  A 


criança  começa  a  jogar  inter‐activamente  com  outras  (desaparece  o  egocentrismo)  e 
adopta regras de jogo. Nisto surge a cooperação e a competição: sente prazer em jogar 
e  ganhar,  observando  regras  comuns  de  forma  rígida  (“sagradas”).  Esta  condição  do 
jogo  reforça  a  cooperação.  Progressivamente,  com  maior  cooperação  e  maior 
capacidade cognitiva, as regras vão‐se flexibilizando.
 Aos 10‐11 anos: são capazes de cooperar e, ao mesmo tempo, discutir e mudar as 
regras.  A  sua  interiorização  permite  o  salto  da  moral  heterónoma  para  a  moral 
autónoma  de  Piaget  ou  para  o  nível  pré‐convencional  de  Kohlberg.  Esta  evolução 
acompanha uma mais aprofundada da noção de bem e mal. Começa a valorizar a culpa 
em  função  da  intencionalidade.  Surge  também  a  aquisição  de  alguns  valores.  As 
identificações  realizadas  favorecem  a  aquisição  dos  conceitos.  Muda  de  (justiça  de) 
castigo expiatório para uma justiça retributiva. Traços de capacidade empática. 
A  pré‐adolescência:  novas  capacidades  cognitivas:  pensamento  lógico‐formal  que 
possibilita o julgamento moral. Inicia a moral autónoma (sem o auxilio do adulto) pelos 
13‐14 anos. Bom e mau fica na projecção por parte dos alunos (“bom rapaz”…). 
 Adolescência: o desenvolvimento moral passa do desenvolvimento cognitivo para 
a  educação  recebida.  Muitos  adultos  permanecem  ao  nível  convencional:  “ser  boa 
pessoa”,  cumprindo  o  que  as  outras  pessoas  esperam.  No  nível  pós‐convencional  o 
adolescente não só quer ser boa pessoa como também adopta valores gerais (justiça, 
bondade, direitos e deveres…). 

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