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PROJETO SALA DE EDUCADORES: UMA REFLEXÃO E UM DIÁLOGO

POR MEIO DA ETNOMATEMÁTICA

Ms. Clécio Rodrigues de Souza


Fabio Pereira da Silva
Tânia Mara Rodrigues Monteiro

Resumo
Este pôster tem como objetivo apresentar reflexões e discussões sobre as “matemáticas”
envolvendo a teoria e prática, assim, advindas da Etnomatemática, da Educação
Matemática e da Educação em geral. Para atingir esse objetivo ocorreram encontros
mensais com palestras focadas na Etnomatemática em diversas “culturas” ocorridas no
primeiro semestre de 2009, no Senac São Paulo por meio da unidade Penha.

Palavras-chave: Etnomatemática; Educação Matemática; Educação; Teoria; Prática.

Introdução
A Sala de Educadores1 é um projeto do Senac São Paulo, desde 2008, tem como
proposta a criação de um espaço para diálogo em torno de temas variados com foco na
Educação. Os encontros são mensais e há um tema gerador e são encontros coordenados
por uma equipe de docentes do Senac Penha. Esses diálogos ocorrem entre docentes do
próprio Senac e outros profissionais principalmente da área de Educação.
O tema gerador do 1º semestre foi “Educação e Responsabilidade Social”. O
tema foi considerado muito abrangente pela coordenação e pelos próprios participantes
e, assim, estendeu-se para o 2º semestre.
Seguem os títulos das palestras que ocorreram durante o ano, cuja a principal
característica foi a discussão em torno do tema proposto.
- Educação e Desenvolvimento Social;
- Novos tempos: novos modos de ensinar e aprender;
- Educação e Desenvolvimento Moral: Desafios permanentes;

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http://saladeducadores.blogspot.com
- Cinema: Entretenimento e Aprendizado;
- Transtornos de aprendizagem: outros desafios para o educador;
- O Autoconhecimento como ponto de partida para uma educação
transformadora;
- O papel dos Conflitos interpessoais na teoria construtivista;
- Educação no Brasil: perspectivas para um projeto de nação e prática docente e
a interdisciplinaridade brasileira;
Assim, no primeiro semestre de 2009, ocorreram algumas mudanças propostas
pela coordenação , que percebeu a necessidade de uma discussão sobre teoria e prática,
assim o tema gerador a Etnomatemática foi alterado para Educação Matemática. O
diálogo em torno do tema Etnomatemática foi baseado na teoria de D’Ambrosio:
“(...) de fazer (es) e de saber (es) que permite sobreviver e transceder
por maneiras, de modos, de técnicas ou mesmo de artes (techné ou tica)
de explicar, de conhecer, de entender, de lidar com, de conviver
(matema) com a realidade natural e sociocultural (etno) na qual ele,
homem, está inserido”
(D’Ambrosio, 2005, 26p)

e em Vergani (2000, p.25) que descreve os três tipos de “matemáticas” que podem ser
observadas: “a dos profissionais, detectores de uma especialidade acadêmica; a das
escolas, transmitidas aos alunos com fins educacionais; a do quotidiano, usada por cada
um de nós nas práticas do dia a dia”.

Objetivo
O objetivo principal da sala de Educadores desse primeiro semestre foi o de refletir e
dialogar sobre as “matemáticas” que envolvessem a teoria e a prática por meio da
Etnomatemática.

Procedimentos Metodológicos
Nas palestras foram convidados especialistas e profissionais de diversas áreas
(pedagogos, psicólogos, entre outros) para o debate com o público sobre temas
relacionados à educação.
A organização da Sala de Educadores aconteceu com palestras mensais
(geralmente nos últimos sábados, no horário das 09h as 12h).
As inscrições eram feitas por meio eletrônico (e-mail) ou por telefone. No dia do
evento, o participante fazia a doação de um quilo de alimento2 não perecível, que era
destinada às instituições do entorno do bairro da Penha. Os participantes recebiam uma
pasta com texto referente à palestra e outras informações convenientes acerca do tema.
Fazia parte do material um questionário3 de avaliação do encontro.

Os palestrantes foram escolhidos e convidados pela própria coordenação, e os


temas divididos da seguinte maneira:

MÊSES PALESTRAS PALESTRANTES


Fevereiro A Etnomatemática ao encontro dos Prof. Ms. Claudio Lopes de
conhecimentos na formação dos Jesus.
profissionais do Xingu.
Março Etnomatemática, cultura africana e a lei Prof. Ms. Eliane Costas
10639/03: Uma teoria de relações em Santos.
sala de aula de matemática.
Abril Medidas Lineares: uma abordagem Prof. Ms. Gilberto Chieus
Etnomatemática. Junior.
Maio Etnomatemática e Origami, um enlace no Prof. Ms. Clécio Rodrigues
Ensino de Matemática. de Souza.
Prof. Hideo kumayama.
Junho Matemática e Responsabilidade Social. Prof. Dr. Ubiratan
D’Ambrosio.

Em cada encontro, como mostra quadro, foi trabalhada uma “parte” das ticas de
matema, segundo a teoria de D’Ambrosio (2005) e as “matemáticas” como descreveu
Vergani (2000), sendo “cultura indígena – formação de docente”; “cultura africana – a
lei que obriga “História e Cultura Afro Brasileira” no currículo escolar; “cultura
caiçara” – em relação com as medidas lineares; aplicação da “cultura oriental” – o

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Exceto sal.
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Anexo I.
origami e o ensino; e “cultura da paz” – por meio da matemática e da responsabilidade
social.
No encontro de fevereiro durante a palestra: “A Etnomatemática ao encontro dos
conhecimentos na formação dos profissionais do Xingu” - foi apresentado um vídeo
dos índios, e em seguida, o palestrante relatou como se desenvolvera até aquele
momento a experiência de formação dos profissionais na tribo no Xingu, e como são
vistos pelos índios os conhecimentos das “matemáticas” e sua “Etnomatemática”.
Durante a palestra foram expostos livros que são trabalhados na formação, e outros
materiais produzidos pelos próprios profissionais (docentes) e pelos índios (alunos).
Na palestra de março - “Etnomatemática, cultura africana e a lei nº10639/03:
Uma teoria de relações em sala de aula de matemática” - a palestrante iniciou o
encontro apresentando a lei 10639/03 e ocorreu uma grande discussão da importância
do tema “História e cultura afro-brasileira” a ser inserido no currículo escolar.
“Medidas Lineares uma abordagem Etnomatemática”, em abril, foi iniciada com
uma breve reflexão sobre a questão de medidas. Em seguida foram convidados a
participarem de uma oficina, nas quais construíram pipas – sem nenhuma orientação do
palestrante. Após a construção, todos voltaram para o auditório e discutiram sobre a
construção das pipas. Após a discussão foi apresentada a “construção” das canoas
produzida pelos caiçaras, desde a escolha da árvore até as medidas.
Em maio, “Etnomatemática e Origami, um enlace no Ensino de Matemática”,
que foi divida em duas partes: a primeira parte tratou da Etnomatemática e suas
vertentes. Na segunda parte, desenvolveu-se uma oficina de Origami, sempre
relacionando o ensino de matemática nos níveis fundamental e médio com o origami e a
Etnomatemática.
Encerrando o ciclo de palestras sobre Etnomatemática, em julho, o professor e
pesquisador Ubiratan D’Ambrosio ministrou a palestra “Matemática e Responsabilidade
Social”. Nesta, o pesquisador abordou a relação entre a matemática, a responsabilidade
social e a cultura de paz em diversos sentidos. Apresentou uma definição de matemática
e de ética mais ampla e abordou a epistemologia da palavra Etnomatemática, em
ressonância com a Paz (contra violência).
Os encontros foram apresentados no auditório do Senac Penha, com exceção do
último evento que foi realizado no anfiteatro do CEU Aricanduva, localizado na Zona
Leste da cidade de São Paulo.
As discussões tiveram continuidade no blog da Sala de Educadores, que foi um
excelente canal para troca de experiências, acerca dos temas abordados, sugestões,
críticas e outros comentários que os visitantes quiseram fazer.

Perfil dos Participantes das palestras


Ao final de cada encontro, os participantes fizeram uma avaliação, tendo os
seguintes resultados:
- O gênero predominante encontrado foi feminino: 70%
- participaram dos 05 encontros: 15%
- Formação acadêmica:
- graduação: 78%.
- pós graduação: 16% e
- ensino médio: 06%
- Em todos os encontros apresentaram-se alguns alunos do Ensino Médio.
- A grande maioria possuia e-mail, somente 6% não possuía.
- A indicação de amigos com 39% e e-mails, 28%, foi o percentual de
participantes que tiveram conhecimento das palestras.
· Em relação à expectativa do evento, 83% disseram que foram atingidas,
parcialmente ou superadas as suas expectativas.

Considerações Finais
A Sala de Educadores teve um impacto positivo, segundo a coordenação.
O objetivo de refletir e dialogar sobre as “matemáticas” que envolvessem a
teoria e prática, por meio da Etnomatemática foi alcançado, pois em grande parte de
cada palestra observou-se uma reflexão no campo da Educação Matemática, da
Educação em geral e da Etnomatemática, por meio da interferência do palestrante ou
dos docentes, de outras áreas e o do dialogo que sempre acontecia durante e depois das
palestras por meio do blog.
Consideramos que os temas propostos para o 1º semestre de 2009, da Sala de
Educadores Etnomatemática, teve relevância para os docentes do próprio Senac São
Paulo e para os participantes, haja vista os comentários feitos após os encontros por
meio do blog. É também unânime sobre a questão da diversidade cultural, apresentada
pelos palestrantes.
Referência Bibliográfica
BRASIL. Ministério da Educação. Secretaria da Educação Fundamental. Parâmetros
Nacionais – Brasila: MEC/SEF, 1997.
CHIEUS JUNIOR, G. Matemática: Caiçara Etnomatemática Contribuindo na
Formação Docente. Dissertação de Mestrado em Educação Matemática. Faculdade de
Educação. UNICAMP, 2002.
CONRADO, A. L. A pesquisa brasileira em etnomatemática, desenvolvimento,
perspectivas, desafios. Dissertação de Mestrado. Faculdade de Educação. Universidade
de São Paulo, 2005.
D’AMBROSIO, U. apud. LAKATOS, I.: The methodology of scientific research
programmes,Philosophical Papers Volume 1, eds. John Worrall and George Currie,
Cambridge University Press, Cambridge, 1978; p.4.
D’AMBROSIO, U. Etnomatemática. São Paulo: Ática, 1990.
D’AMBROSIO, U. Transdisciplinaridade. São Paulo: Palas Atenas, 1997.
D’AMBROSIO, U. Etnomatemática: Elo entre as tradições e a modernidade. 2. ed.
Belo Horizonte: Autêntica, 2005. – (Coleção Tendência em Educação Matemática).
D’AMBROSIO, U. Educação Matemática: Da teoria à prática. 12. ed. Campinas, SP:
Papirus, 2005. – (Coleção Perspectiva em Educação Matemática).
DOMITE, M. C. S.; RIBEIRO, J. P. M.; FERREIRA, R. (Org.) Etnomatemática: Papel,
Valor e Significado. São Paulo: Zouk, 2004.
DOMITE, M. C. S.; VALENTE, W. R. (Org.). Ubiratan D’Ambrosio: conversas;
memórias; vida acadêmica; orientandos; educação matemática; etnomatemática;
história da matemática; inventário sumário do arquivo pessoal. São Paulo: Annablume;
Brasília: CNPq, 2007. p.143- 60.
SANTOS, E. C. Os tecidos de Gana como atividade escolar: uma intervenção
Etnomatemática para a sala de aula. Dissertação de Mestrado. Universidade Católica
de São Paulo – PUC, 2008.
SCIENTIFIC AMERICAN. Etnomatemática. São Paulo. Edição Especial. nº11.
VERGANI, T. Educação Etnomatemática: O que é?. Lisboa: Pandora Edições, 2000.
SOUZA, R. C. Programa Etnomatemática e a Cultura Digital. Dissertação de
Mestrado. Pontificia Universidade de São Paulo, 2008.

Anexo I
Sala de Educadores

Ficha de Avaliação
“nome da palestra”

palestrante
Para assegurar a qualidade dos serviços educacionais prestados, solicitamos o
preenchimento deste questionário. Sua opinião é muito importante e contribuirá para
aperfeiçoar cada vez mais nossos eventos. Contamos com a sua colaboração!

Nome
_____________________________________________________________________________________
E-mail _________________________________________________________ Tel__________________

Autoriza o recebimento das próximas palestras por e-mail:  Sim  Não

Formação: Gradução Pós-graduação Doutorado Ensino Médio Outros:____

1. Como tomou conhecimento deste evento?


e-mail cartaz indicação de amigos site do Senac Outro. Qual?_________

2. Avalie o evento, segundo os critérios abaixo:


Ótimo Bom Regular Ruim
Organização do Evento
Inscrições
Instalações
Recursos Audiovisuais
Palestrante
Programa/ Conteudo da Palestra
Atendimento/ Apoio aos participantes (antes e durante)
3. As suas expectativas em relação ao evento:
foram atingidasforam parcialmente atingidasforam superadasnão foram atingidas

4. Quais outras temas gostaria que fossem aborados?


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5. Sugestões e Comentários
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