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MAISA MARISA DE MELO PEIXOTO,

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Data de publicação: 23/01/2018


Cliente: MAISA MARISA DE MELO PEIXOTO
OAB: 1364
Diário: Diário da Justiça de Roraima
Processo: 0001489-89.2017.5.11.0052
Órgão: TRIBUNAL REGIONAL DO TRABALHO DA 11ª REGIÃO - DEJT
Vara: 2ª VARA DO TRABALHO DE BOA VISTA
Comarca: BOA VISTA

Notificação Sentença

Processo Nº RTOrd-0001489-89.2017.5.11.0052 AUTOR GEOCIANE DE SOUSA SILVA


ADVOGADO LUCIA DE FATIMA DE SOUZA RESPLANDES(OAB: 1362/RR) ADVOGADO
CLEIDE DO SOCORRO SANTOS MOTA(OAB: 1608/RR) RÉU BEBIDAS MONTE RORAIMA
LTDA ADVOGADO MAISA MARISA DE MELO PEIXOTO(OAB: 1364/RR) Intimado(s)/Citado(s): -
BEBIDAS MONTE RORAIMA LTDA -GEOCIANE DE SOUSA SILVA PODER JUDICIÁRIO
JUSTIÇA DO TRABALHO Fundamentação SENTENÇA A Excelentíssima Juíza do Trabalho, Dra.
SAMIRA MÁRCIA ZAMAGNA AKEL, Titular da 2ª Vara do Trabalho de Boa Vista/RR, após análise
dos autos, proferiu a seguinte decisão: RELATÓRIO GEOVANE DE SOUSA SILVA ajuizou a
presente ação trabalhista em face de BEBIDAS MONTE RORAIMA LTDA. Aduz que foi admitido
em 02.12.2013, inicialmente a título de experiência e depois por prazo indeterminado, para
trabalhar como ajudante de motorista. Alega que laborava em jornada além da ordinária e que foi
dispensado, por justa causa, em 21.06.2017. Por esses e outros fatos expostos na peça inaugural,
pugna por reversão da justa causa e verbas decorrentes, hora extra, indenização por dano moral,
dentre outros pedidos. Juntou vasta documentação e atribuiu à causa o valor de R$61.622,95.
Recusada a conciliação. A reclamada apresentou contestação escrita (ID nº ef857d3). Dentre
outras razões, enfatiza a desídia como justificativa para a demissão e aduz a incompatibilidade do
cargo com o controle de jornada, requerendo a improcedência do feito. Juntou documentos. Foram
tomados os depoimentos do demandante e do preposto da reclamada. Ouvidos dois informantes e
duas testemunhas. Declarou -se encerrada a instrução processual. Razões finais remissivas. Nova
proposta de conciliação infrutífera. É o relatório. FUNDAMENTOS Da extinção do vínculo
empregatício Do aviso de dispensa juntado (ID nº 02bd58c), verifica-se que a reclamada
fundamenta a demissão do autor no art. art. 482, e, da CLT: Art. 482 [...] e-desídia no desempenho
das respectivas funções; A demissão por justa causa é a extrema forma de punição encontrada no
sistema legal trabalhista, trazendo, para empregado e empregador, a impossibilidade normal de
continuação da relação de trabalho, fazendo desaparecer a confiança e a boa fé. A falta grave
imputada ao empregado não se presume, ao contrário deve ser robustamente provada. Atento a
esta realidade deve o julgador agir com extremada cautela e razoabilidade para não absolver o
culpado e, com cuidado ainda maior, para não condenar um inocente. Dessa forma, se o
empregado faltou com uma das obrigações legais, a qual enseja sua punição com a penalidade
máxima ou reiterou condutas menos gravosas, com punições gradativas até a dispensa imotivada,
deve o empregador demonstrar, em juízo, que realmente há fatos que ensejem a aplicação do art.
482, CLT. Isso porque a extinção do vínculo empregatício justificada é direito reservado aos
sujeitos da relação de emprego, devendo quem alegar a motivação provar as razões do término,
uma vez se tratar de fato constitutivo de seu direito, nos termos do art. 818, da CLT. Somado a
isso, necessário observar se, no caso, coexistem a ausência de dupla punição pelo mesmo ato
faltoso e a imediaticidade dessa sanção. Analisando o conjunto probatório dos autos, entendo que
a reclamada se desincumbiu de seu ônus probatório. Os avisos de advertência e de suspensão
acostados (ID nº 0fa5da6) demonstram que a conduta do reclamante era insatisfatória. Esses
documentos assinados por duas testemunhas são presumidamente verdadeiros, não produzindo o
reclamante prova em sentido contrário. No mesmo sentido foi a prova testemunhal. A primeira
testemunha confirmou o desempenho desidioso declarando: que o reclamante recorrente
insubordinações, pois lhe eram solicitados algumas tarefas de entrega, as quais não eram
executadas, e também ocorreram algumas faltas não justificadas; E continuou afirmando: que o
reclamante também estava tendo muitos problemas de faltas injustificadas e recusa de realizar
tarefas internas, como ajudar algum colega a carregar uma carga, o material ou um caminhão de
algum cliente; que quando o depoente foi admitido, o reclamante era um ótimo funcionário, mas no
final de 2016, começou a ficar problemático; que o depoente procurou conversar com o
reclamante, o qual lhe demonstrou insatisfação em continuar trabalhando na reclamada; Dessas
afirmações, possível notar que o comportamento do reclamante, além de desidioso, era
insubordinado, confirmando a motivação para a extinção do vínculo. Por oportuno, ressalto que as
declarações dos informantes ouvidos não conseguiram afastar essa conclusão. Dessa forma,
estão configuradas hipóteses de dispensa por justa causa, integrantes do rol do art. 482, da CLT.
O reclamante, por seu turno, não se desincumbiu do ônus que lhe competia de comprovar a falta
grave do empregador que autorizasse a rescisão indireta. Na verdade, quando o demandante
sustenta que executava atividades alheias ao contrato (varredura; lavagem de piso, portas e
paredes; carregamento e descarregamento de madeira de entulho e sacas de açúcar; retratadas
em mídia digital), acúmulo de função poderia ser levantado, mas sem implicarrescisão indireta do
pacto laboral. No mais, à luz do art. 198, da CLT, não extrapola o poder diretivo do empregador a
determinação para remoção de peso, desde que respeitado o limite de 60kg. No caso, do que se
depreende das filmagens juntadas, inclusive em situações esporádicas, a exemplo de
deslocamento por escada quando o elevador do endereço da entrega se encontrava quebrado, os
serviços não extrapolavam a baliza legal e, portanto, não se pode atribuir falta grave ao
empregador. Diante de tais considerações, entendo que a punição foi proporcional ao ato
praticado pelo obreiro, razão pela qual MANTENHO A JUSTA CAUSA. Por conseguinte, indefiro
os pleitos de pagamento das verbas decorrentes da reversão da justa causa (aviso-prévio, 13º
proporcional, férias proporcionais, multa rescisória, liberação das guias para levantamento do
FGTS e indenização/guias relativa ao seguro desemprego), bem como a reparação por dano
moral decorrente do ato de dispensa. Das multas dos arts. 467, 477 e 478, da CLT A CLT, em seu
art. 467, prevê acréscimo de 50% sobre as verbas rescisórias incontroversas não pagas quando
do comparecimento à Justiça do Trabalho. No caso em análise, todas as verbas rescisórias
pleiteadas são controvertidas e, por isso, descabe ser aplicada a sanção prevista no dispositivo.
Improcedente, portanto. Outrossim, esta causa tampouco é hipótese de incidência da multa
prevista no art. 477, da CLT. A penalidade descrita no §8º desse dispositivo sanciona pagamentos
intempestivos; nos autos, no entanto, não há alegação sobre atraso de pagamento das verbas
rescisórias, estando o pleito pautado exclusivamente nas diferenças perseguidas. Como esse
saldo não foi deferido e há, na inicial, admissão do adimplemento do saldo de salário, julgo
improcedente o pedido de aplicação da multa do art. 477, §8º, da CLT. Por fim, em relação à multa
do art. 478, da CLT, verifico que ao caso em apreço não se aplica o dispositivo. Isso porque o
artigo em comento se limita às situações de estabilidade decenal-o que não é o caso. Além disso,
a indenização só seria cabível se a extinção do liame empregatício fosse injustificada-o que não
se verifica neste feito. Horas extras-jornada e intervalo intrajornada Na peça vestibular, o autor
postula horas extras e reflexos, alegando que ingressava diariamente às 7h e trabalhava até as 20
ou 21h, por vezes chegando a trabalhar até as 22h ou 23h, em função do enorme volume de
serviços. Aduz também que recebeu o pagamento por labor extraordinário, ainda que inferior ao
supostamente devido, em algumas oportunidades. Assegura, ainda, o obreiro que não usufruía
integralmente os intervalos para refeição e descanso, motivo pelo qual busca o pagamento
decorrente dessa irregularidade e os reflexos legais. Defende-se a reclamada, aduzindo que as
horas extras porventura laboradas foram quitadas, aduz, ainda, que o trabalho do reclamante era
incompatível com o controle de jornada, nos moldes do art. 62, I, da CLT. De início, afasto a
exceção de fiscalização argumentada. A CLT excepciona do controle de jornada o exercício de
trabalho externo quando este é incompatível com a verificação de jornada, apenas. Na questão
em análise, o reclamante iniciava e terminava suas atividades nas dependências da empresa,
havendo, inclusive, controle de frequência. Essa circunstância torna indubitável a possibilidade de
registrar os horários de entrada e saída do autor. Esse registro, aliás, nos moldes da Súmula nº
338, do TST, era encargo do empregador, uma vez que contava com mais de 10 funcionários,
conforme admitido pelo preposto em audiência: Que a empresa trabalha com 07 equipes,
composta de 07 caminhões, 07 motoristas e 14 ajudantes, havendo dois reserva de cada
categoria para cobrir faltas e férias Conforme o entendimento sumulado, a falta de juntada desses
controles-como ocorrido no caso-faz presumir verdadeira a jornada alegada na inicial. A essa
presunção, soma-se a filmagem apresentada, nos anexos 32 e 37, pelas quais se confirma a
prestação de serviço no horário noturno. No entanto, sobre o tema, o reclamante, em seu
depoimento pessoal, confessou a prestação de serviço, para além das 17h, exclusivamente no
período compreendido entre dezembro de 2015 e janeiro de 2017: Que o reclamante era
subordinado ao supervisor de expedição, sendo que nos dois primeiros anos foi o Sr. Eder e por
ultimo o Sr. Alexandre, Que antes do Sr. Alexandre quando a Cinta (relação de pedidos) para
carregamento dos caminhões, não saísse ate as 17:00h os funcionários estavam liberados, mas o
Sr. Alexandre não permitia que os funcionários fossem embora enquanto não carregassem um
caminhão; Que a partir de Janeiro/2017, o reclamante e o colega de trabalho chamado Jhonatan,
após um desentendimento com o Sr. Alexandre referente ao carregamento do caminhão,
passaram a sair da empresa as 17h, não mais fazendo carregamento do caminhão no mesmo dia,
somente no dia seguinte pela manhã quando chegavam para trabalhar; Posto isso, fixo jornada do
reclamante com início às 7h e término às 20h, EXCLUSIVAMENTE para o período de dezembro
de 2015 até janeiro de 2017 e das 7h às 17h, para os demais lapsos laborais. Em relação ao
intervalo intrajornada, para alimentação e descanso, a prova testemunhal demonstrou a existência
de 2 horas de pausa. Nesse sentido, inclusive, foi o depoimento do informante arrolado pelo autor:
Que quando estavam dentro da empresa, usufruíam horário de almoço de 2h em casa; Dessa
forma, indefiro os pleitos de pagamento do intervalo intrajornada porquanto usufruídas 2 (duas)
horas, conforme legalmente balizado. Posto isso, julgo parcialmente procedente o pedido de labor
extraordinário, para a concessão, exclusivamente no período de dezembro de 2015 até janeiro de
2017, adstrito ao pedido da inicial, de: -2 (duas) horas extras por dia laborado de segunda a sexta-
feira; e -1 (uma) hora e 30 (trinta) minutos por sábado trabalhado. Para os cálculos, observar os
dias em que efetivamente houve prestação de serviço, conforme ficha de frequência; utilizar o
salário contratual de R$818,51, uma vez que não houve questionamento/decisão sobre a natureza
de outras parcelas recebidas; utilizar o índice de 50%; deduzir o valor pago, no período estipulado,
a título de hora extra, a fim de evitar enriquecimento sem causa. Porque habitual, verifica-se a
natureza salarial dessa quantia deferida e, em observância ao Princípio da Adstrição, repercute
essa nos valores depositados do FGTS. Dos encargos previdenciários e fiscais Recolhimentos
previdenciários, na forma da Consolidação dos Provimentos da Corregedoria-geral da Justiça do
Trabalho e da Súmula nº 368, do TST, sob pena de execução de ofício (art. 114, VIII, da CF e art.
28, da Lei n. 8.212/91). Deve-se observar a alíquota da contribuição previdenciária do empregado
e do empregador, estando autorizada a retenção da parcela devida pelo reclamante (art. 30, I, a,
da Lei nº 8.212/91), devendo-se comprovar o recolhimento ao INSS no prazo legal (Lei nº
8.212/91, artigo 30, I,b). O Imposto de Renda, se houver, será suportado pelo reclamante, ficando
a autorizada também a retenção. Tudo nos moldes da Súmula nº 368, do TST. Dos juros e
correção monetária A correção monetária incide a partir do vencimento de cada obrigação. Em
sede trabalhista, tal momento se dá no mês subsequente ao da prestação dos serviços, como
dispõe o art. 459, p.u., da CLT e Súmula nº 381, do TST. No mais, deve a atualização dos créditos
observar a TR, conforme disposto no art. 879, §7º, da CLT. Juros devidos desde o ajuizamento da
ação (art. 883 da CLT), a 1% ao mês (Lei 8.177/91), sobre o valor da condenação já corrigido
monetariamente (Súmula nº 200, TST). Da justiça gratuita A Lei 13.467/2017 alterou
substancialmente as regras pertinentes à concessão do benefício da justiça gratuita, de modo que
elevou o patamar objetivo de percepção remuneratória do empregado (40% do teto dos benefícios
do RGPS), bem como submeteu à prova a hipossuficiência dos trabalhadores, para elucidarem se
realmente não podem arcar com as custas processuais e com os ônus da sucumbência sem
prejuízo do próprio sustento, nos termos do art. 790 da CLT. Verifico que tal dispositivo ostenta de
natureza processual, de modo que sua taxonomia implica a adoção da teoria do isolamento dos
atos processuais, de maneira a aplicar de imediato as alterações de procedimentos ocorridas
durante o trâmite dos processos judiciais, assim como ocorreu em 2015, com o advento do NCPC.
Sendo assim, como o autor percebia remuneração inferior ao patamar objetivo da Lei, defiro os
benefícios da justiça gratuita. DECISÃO Por esses fundamentos e tudo o mais que dos autos
conste decido julgar PARCIALMENTE PROCEDENTES os pedidos formulados por GEOVANE DE
SOUSA SILVA, em face de BEBIDAS MONTE RORAIMA LTDA, a fim de manter a justa causa,
rejeitando o pleito de reversão e pedidos correlatos, indenização por danos morais, inclusive, e
CONDENAR a reclamada ao pagamento, como extra, de 2 horas por dia trabalhado de segunda a
sexta-feira e 1 hora e 30 minutos por labor realizado aos sábados, tudo com repercussão nos
depósitos de FGTS. Improcedentes os demais pedidos, tudo nos termos da fundamentação, cujo
texto integra este dispositivo. Concedidos os benefícios da justiça gratuita. Juros, correção
monetária, incidências previdenciárias e fiscais nos termos das linhas precedentes. Custas pela
reclamada, no importe de R$200,00, calculadas sobre 2% do valor da condenação, ora arbitrado
em R$10.000,00. Dispensada a notificação à União Federal, em face da Portaria n. 582/2013, do
Ministério da Fazenda e § 7o, art. 832, da CLT. Considerando a antecipação da publicação da
sentença, notifiquem-se às partes. E, para constar, foi lavrado o presente termo. Assinatura BOA
VISTA, 15 de Janeiro de 2018 SAMIRA MÁRCIA ZAMAGNA AKEL Juiz(a) do Trabalho Titular

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