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PREVI - SAI ROSA ENTRA FLORES...

E O GOVERNO NOS
ÚLTIMOS 12 ANOS
J. Adrião

Aqui estamos com mais uma troca de Presidente da PREVI, pouco


mais de 12 anos depois da assinatura do Acordo BB-PREVI 97,
o grande marco de mudança (para pior) na história do
relacionamento do Banco com seus funcionários, que, em grande
parte, ainda hoje não acreditam tenha sido o Banco capaz de
reduzir, como reduziu, os ganhos dos assistidos e de se apropriar de
enormes quantias de nosso patrimônio, na PREVI.

O momento é desesperador porque cada vez mais o Banco avança


sobre o que poupamos,  assume os poderes do Corpo Social
e oferece o silêncio como resposta aos nossos apelos para
solucionar os conflitos entre as partes.

Mudará alguma coisa com a troca de Presidente na PREVI?  Acho


que tanto faz Rosa como Flores.  A planta é que se
acha improdutiva, pelo menos para aposentados e pensionistas. 

Durante esta década e pouco, a PREVI tem sido vítima


de tratamento distorcido da parte do Poder Público, que não
reconhece sua qualidade de empresa privada; interfere no exercício
das funções de fundo de pensão; e a encara como departamento do
Banco do Brasil e como tal tendo de prestar-lhe obediência como se
fosse organismo público.
 
Muitos associados da PREVI que não aceitam essa inobservância da
Lei têm  criado, desde 1997, associações para defender
nossos direitos (hoje são 32).  Isto por  perceber que não contavam
com sua defesa pelos sindicatos, só exercida na relação entre os
empregados e o patrão, portanto, em favor apenas dos funcionários
da ativa.  A luta contra a distorção e o não reconhecimento da
PREVI como empresa privada nem da qualidade de proprietário dos
associados os levaram a escolher sindicalistas, para ocupar os
cargos de direção, como representantes do Corpo Social.  Sergio
Rosa entrou por essa porta, depois é que foi nomeado Presidente,
representante maior do patrocinador.   

Hoje, estamos arrependidos.  Ele naquela ocasião se desligava da


obrigação de defender o Corpo Social.  Havia um projeto de
Poder, mais que o ideal de defesa da categoria.  Desde cedo, os
sindicalistas aprenderam a fazer alianças inacreditáveis, por ordem
do Governo, como a da CONTRAF-CUT (lado aparente da
Articulação) com a ANABB, no pressuposto de que não pode perder
eleição na PREVI/CASSI.  Daí, a oposição sempre perde as
eleições.  A sensação é a de que cada dia será pior para os
assistidos e seu patrimônio.
 
E tem mais.  Os associados e o patrocinador têm participação
igualitária tanto na Diretoria Executiva como no Conselho
Deliberativo.  Mas cabe ao Banco, em ambos, o cargo de Presidente
e, além disso, tem a seu favor o Voto de Minerva, graças a
intervenção exercida por Diretor Fiscal nomeado pelo Governo. 
Imagine que ainda por cima temos a ameaça do projeto do Senador
Mercadante (precisamos brigar contra este), retirando a
participação eleita pelo Corpo Social nos Conselhos, a ser exclusiva
do Governo/Banco. 
 
A avaliação que se faz da administração da PREVI, nesse período,
depende muito de que lado a gente esteja.  Economicamente, o
emprego de nossa poupança, de há muito, em boas empresas gerou
sua multiplicação.  O que se retirou dos benefícios completa-lhe o
quadro favorável.  Mas para as 32 associações que defendem os
interesses dos assistidos, a gestão da PREVI não poderia ter
sido mais negativa, pelo que se fez contra estes ou se deixou de
fazer  para melhorar a vida dos associados.
 
A PREVI sempre se diz seguidora do modelo de governança
corporativa,  mas na prática permite que seus dirigentes guardem
distância para com os donos (os associados), o que não se coaduna
com esse modelo.  Declara que imprime transparência na gestão,
mas quase sempre o que informa não é o que os associados querem
saber.  Sua equipe não oferece esclarecimentos suficientes aos que
levam suas dúvidas aos órgãos de direção.
 
Não se fez gestão democrática, pois não se atendeu ao apelo das 32
associações de assistidos (mais da metade dos associados da
PREVI) para reuniões de troca de idéias e para o encontro de
posições comuns.  Nada se fez para mostrar respeito por essas
entidades ou reconhecê-las como representativas da categoria  E a
rigor são seu sindicato, pois não têm seus direitos defendidos pelo
sindicalismo, como os empregados da ativa.
 
Ao contrário do que procedia para com os proprietários
(associados), a aproximação da PREVI com o patrocinador foi total. 
Os gestores portaram-se como se a PREVI não fosse de propriedade
dos funcionários.  Criaram lamentável distância entre gestores e
proprietários.  Não temos prova de que tenham defendido
interesses dos associados, os donos da PREVI, mas temos muitas,
de atitudes favoráveis ao Banco.
 
Outro qualificativo usado é o de que a PREVI tornou-se empresa
socialmente responsável. Mas como se pode aceitar que seja
socialmente correto não ter atitude contestatória a que o Banco se
aproprie do patrimônio dos associados?  E é muito difícil acreditar
que não tenha sido a Diretoria favorável também às decisões do
Banco, contra seus funcionários, ainda que seja incabível
a hipótese para quem é dirigente da proprietária dos recursos.

Aí está o retrato da PREVI, vista pelos olhos de seus associados.  E o


que esperam do novo Presidente é que tenha a hombridade de lutar
para que:

1) a PREVI alcance  melhor padrão de gestão para nosso patrim�?


nio, respeitando a sua única destinação legal, que é o pagamento
dos benefícios aos associados assistidos;

2) haja produtiva aproximação entre gestores e proprietários;

3) as associações de aposentados e pensionistas, obrigadas pelo


Estatuto a defender os direitos destes, tenham representação
própria nas discussões com o Banco, sobre benefícios e o
patrimonio;

4) o Banco se convença a buscar alternativa à Resolução nº 26 do


CGPC, não reconhecida pelos associados da PREVI, a fim de superar
as dificuldades da União, como maior
a cionista, para suprir suas deficiências de capital;

5) os gestores da PREVI não assumam atitudes permissivas


para que o Banco -- que, como patrocinador, não tem poderes para
isso – continue a se apropriar de superávits;

6) a PREVI defenda seus associados, reagindo contra a aprovação


do Projeto de Lei do Senador Mercadante, visando eliminar a
participação nos Conselhos fiscal e deliberativo dos fundos de
pensão, cargos a serem preenchidos somente por indicação do
Governo;

7) a PREVI finalmente dê cumprimento à Lei Complementar nº 109,


que lhe obriga a, em caso de superavit por 3 anos, promover
o retorno ao equilíbrio atuarial, fazendo sua DESTINAÇÃO para
melhoria dos BENEFÍCIOS.
                                                                                       Adrião - Rio de
Janeiro, 30-5-2010.    
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