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DESTINAÇÃO DO SUPERÁVIT

E. Piani – 15/08/2008

Minha manifestação é feita a pedido de colegas. Da mesma


forma, foi atendendo a gentil convite da UNAMIBB que participei de
encontro promovido pela ANAPAR e do primeiro encontro em Brasília,
na ANABB, ambos para tratar do mesmo assunto.

Pelo meu enfoque, o principal objetivo de qualquer negociação


a respeito deveria ser impedir que SPC e SGPC permitissem a
destinação dos superávits dos fundos de pensão aos patrocinadores
(no nosso caso, ao Banco). Tal possibilidade de doação estava
expressa na minuta elaborada pela SPC e distribuída no encontro da
ANAPAR.

Ao verificar que os debates se restringiram à correção das


injustiças praticadas pela distribuição feita pela PREVI, e o
estabelecimento de novos benefícios, recusei a indicação para
participar do grupo para formular propostas bem como o convite da
FAABB para a reunião do último dia 31. A meu ver, estão todos
preocupados com vantagens imediatas, em detrimento do fator
principal, que é a PERENIDADE de nosso fundo de pensão.
Reconheço, porém, que a fórmula esdrúxula da distribuição feita
justifica o pensamento do quero o meu agora que prevaleceu.

Primeiro do que tudo: não acredito no montante declarado de


reserva especial, mas isso agora não vem ao caso. A
responsabilidade de comprovar o patrimônio da PREVI é dos seus
administradores. Além disso, como já opinei, a volatilidade dos
mercados de renda variável recomendaria a prudência (que fale a
SPC) de alterar o percentual da Reserva de Contingência para o
dobro do percentual atual de 25% da reserva matemática.

Depois, há que se renegar a intromissão espúria de Contraf,


Comissão de Empresa, e quaisquer outros órgãos, pois nada têm a
ver com a relação entre a PREVI e seus assistidos.

Manifestei parte dessas opiniões ao ensejo da apresentação do


Relatório da PREVI de 2007. Mas até então não sabia que o renda
certa fizera milionários, e que mais de cinco mil assistidos recebem
benefícios superiores a R$ 22 mil por mês. (Pondere, com esse dado,
o desimportante conceito de alto benefício médio alardeado).

Com a iníqua distribuição feita, seus autores perceberam terem


reinventado o caos, e se desentenderam (lembrar o episódio da
suspensão de pagamentos e imediata reconsideração). Sem
propostas, (e sem recursos?) não sabem como consertar o estrago.
Então, a ANABB, oportuna, (ou oportunística), habilmente, soube e
pôde congregar Associações para apresentar a síntese dos trabalhos
para as propostas de reajustes. Os participantes e assistidos do Plano
1 receberão bem elaborada revista da ANABB com as 11 (onze)
propostas de consenso do grupo e deverão votar, aceitando-as ou
não.

Sem desmerecer o trabalho dos participantes e o empenho das


associações, declaro-me contrário a consultas desse tipo. O que é
justo e legal, simplesmente deve ser implantado por administradores
responsáveis, e votações podem até referendar medidas ilegais e não
justificam tomadas de decisões. Devemos nos lembrar de que todas
as vezes que fomos chamados a nos manifestar pelo voto, para
decidir a respeito de assuntos de nosso interesse, fomos
PREJUDICADOS.

Tivemos várias dessas consultas, e a mais recente foi na CASSI.

Além de não aceitar esse tipo de consulta, discordo das


propostas apresentadas. Mas sou favorável à correção de injustiças, e
muitas foram cometidas. Enumero algumas.

1. A Constituição Federal de 1988 assegurou aos aposentados a


manutenção do poder de compra de seus benefícios. A
PREVI não deu reajuste em 1995/96, e existe ação judicial
para recompor essa perda. Com o superávit que propalam,
eis aí uma oportunidade de corrigir o erro. (Com isso, a
PREVI não mais precisaria tentar nos enganar que reajustou
benefícios acima do que o fez o INSS, apresentando apenas
comparação de 1997 em diante).

2. Quem estava na ativa até 24.12.97, tinha a expectativa de


aposentar-se segundo as regras até então vigentes, mas
foram prejudicados pela instituição da Parcela Previ. Todos
os que se aposentaram após essa data foram prejudicados e
devem ter seus benefícios corrigidos a partir de então, e
receber todos os atrasados. Seria mais uma correção de
injustiça.

3. O aumento do teto de benefícios e da base de contribuição


para 100% dos rendimentos brutos, aí incluídas todas as
verbas remuneratórias, com cálculos retroativos a 1997 tem
endereço certo: beneficiar exclusivamente os funcionários de
altas comissões. É flagrante que o Banco mudou sua política
salarial e achatou o salário da grande massa de empregados
e passou a pagar regiamente seus executivos. Essa nova
filosofia é muito confortável para o Banco, ao transferir
repentinamente para a Previ a responsabilidade desses
pagamentos vultosos, e os dirigentes desta não se opõem a
isso, pois são beneficiários. Esse critério criará uma profusão
de benefícios de R$ 30 mil. Isso vai propiciar a divulgação de
que o rendimento médio é alto.

4. Pelo acima exposto, benefícios mínimos de 10% do teto de


contribuição podem ser injustos. Não é certo, como alegado,
que esse teto é de apenas R$ 22.050,00. Mas, se há tanto
dinheiro sobrando, nada a opor.

5. O aumento das pensões está mal equacionado. Legalmente,


pode haver diferenciação entre as pensões concedidas antes
ou depois da data que a Lei estabeleceu o benefício integral
para pensionistas do INSS. Dependendo da época de
concessão, os benefícios são de valores diferenciadas. O fato
é que, ao ser alterada a Lei que regulamenta a matéria,
deveria a diretoria da PREVI ter reformulado o Plano para
poder atender a reivindicação semelhante de seus
participantes, possivelmente com elevação das contribuições
para cobrir os custos.

6. A reivindicação de aposentadoria antecipada para mulheres,


aos 45 anos, vai de encontro a tudo o que ocorre no mundo
em matéria de previdência. Aposentadoria antecipada na
previdência privada é uma leviandade e um ônus para o
Fundo por um período em torno de 50 anos. É a decretação
da falência! (Em nosso caso, também para a CASSI).

7. A transformação do Plano de Benefício Definido para


Contribuição Definida é o sonho de qualquer patrocinador.
Seus defensores estão jogando no time errado. Quando
questionado quanto ao fato de que o crédito relativo à dívida
do Banco para com os participantes anteriores a 1967,
(apurado em 1997), deveria ser contabilizado
separadamente para aquele grupamento, o atual Presidente
da Previ afirmou que isso não era possível, pois o Plano 1
era solidário, não permitindo apartar recursos de grupos.
Agora dá para fazer a separação?

8. A proposta de concessão de benefícios para quem tem mais


de 30 anos de contribuição está mal formulada. O que pode
ser reivindicado é a devolução do que o assistido pagou
depois de aposentado, porque após a aposentadoria só é
cabível o pagamento de percentual para cobrir despesas
administrativas do Plano. As contribuições vertidas enquanto
o funcionário esteve na ativa serviram para melhoria de seu
benefício. É, portanto, descabida a devolução dessas
importâncias dele descontadas para o Fundo após as 360
mencionadas. Nesse caso específico, os admitidos antes de
1967 terão o tempo de trabalho efetivo computado como de
contribuição, pois em 1997 o Banco assumiu o passivo
trabalhista previdenciário anterior a 1967 desse grupo. Se a
PREVI cobrou mal, o problema é outro.

9. A proposta de Benefício Integral para todos com mais de 360


contribuições para o Plano 1 estaria invalidada pelo item
anterior. Aquilo a que teriam direito seria a devolução das
parcelas pagas após a aposentadoria.

10. Duvido da existência de recursos para atender a todas as


reivindicações apresentadas.

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