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Cap3 Colunas MSdII PDF
Cap3 Colunas MSdII PDF
CAPÍTULO 3 — Colunas
Texto de apoio
(versão provisória)
Novembro 2013
Índice
1 Introdução ............................................................................................................... 3
2 Determinação de cargas críticas............................................................................... 7
2.1 Coluna bi-articulada ....................................................................................... 7
2.2 Coluna em consola .......................................................................................... 8
2.3 Coluna encastrada-articulada ......................................................................... 9
2.4 Colunas com outras condições de apoio ........................................................ 11
3 Conceito de esbelteza ............................................................................................. 12
4 Bases para o dimensionamento de colunas metálicas à encurvadura ..................... 14
5 Curvas de encurvadura segundo o EC3 ................................................................. 17
6 Problemas resolvidos ............................................................................................. 21
A. Breves notas sobre critérios de Segurança e acções ao abrigo dos Eurocódigos ..... 30
A.1 Introdução .................................................................................................... 30
A.2 Acções ........................................................................................................... 33
A.3 Estados Limites ............................................................................................ 37
2
1 Introdução
O presente Capítulo trata do estudo da estabilidade de colunas. Por coluna entende-
se uma peça linear, em geral disposta na vertical, sujeita à compressão simples. Estu-
daremos apenas as colunas prismáticas, isto é, colunas com secção transversal cons-
tante.
Considere-se a coluna representado na Figura 1
P
(a), sujeita a uma carga P perfeitamente centra- P
da. Que modos de ruina possíveis poderão ocorrer
na coluna? Um modo de ruina possível é óbvio:
ocorre quando a carga P atinge um valor tal que
a peça esgota a sua resistência (quando se atinge
L
a tensão de rotura, ou cedência, do material).
Mas há ainda um outro modo de ruina possível:
existe um valor da carga P acima do qual a colu-
na torna-se instável. Se esse valor de P for ultra- (a) (b)
passado, a mínima perturbação da coluna desen- Figura 1: Coluna bi-articulada
cadeia uma repentina deformação lateral, conhe- sujeita a uma carga P perfeita-
mente centrada.
cida por varejamento, ou encurvadura. — Figura
1 (b).
Essa carga designa-se por carga crítica e, para colunas muito esbeltas1, pode ser
inferior à carga que provoca a cedência do material. Para entender melhor os concei-
tos de carga crítica e estabilidade de colunas, considere-se a coluna representada na
Figura 2 (a), constituída por dois troços rígidos, articulados entre si por meio de uma
mola de rotação de constante k. Quando se aplica uma pequena força horizontal na
rótula e a carga P ainda é pequena, a coluna, que naturalmente se deforma lateral-
mente sob essa carga horizontal, como indicado na Figura 2 (b), recupera a verticali-
dade logo que a força horizontal é removida. Diz-se então que a coluna está em equi-
líbrio estável. No entanto se a carga P for grande, a aplicação da mesma carga hori-
zontal, por pequena que seja, desencadeia uma repentina deformação lateral, e a ver-
ticalidade já não é recuperada quando a carga horizontal é removida. Diz-se então
que a coluna está em equilíbrio instável. O valor da carga P acima do qual o equilí-
brio passa de estável a instável designa-se por carga crítica e representa-se por Pcr .
1
O conceito de esbelteza de uma coluna vai ser introduzido com rigor mais à frente.
3
P
P P
C
L/
L/2
2
2θ θ
k
B B
M = k(2θ )
L/2
P
(L/2) senθ
Esta fórmula relaciona o ângulo θ com a carga P que mantém a estrutura em equilí-
brio na posição correspondente ao ângulo θ . A carga crítica obtém-se fazendo θ = 0 .
Se fizermos θ = 0 na Eq. acima obtém-se uma indeterminação do tipo 0/0. No entan-
to, como sabemos, limx → 0 (sen x / x ) = 1 , donde:
4K
Pcr = .
L
Encontrou-se assim a carga que torna o equilíbrio instável. A Figura 3 mostra o
gráfico P = P (θ ) , correspondente à Eq. (1). Se a carga P ultrapassar o valor Pcr , a
coluna permanece em equilíbrio, mas fica num estado relativamente perigoso: à mais
pequena perturbação, a coluna pode adquirir repentinamente um certo ângulo θ ,
positivo ou negativo. Por isso é que o equilíbrio se diz instável. O ponto do gráfico
correspondente a Pcr designa-se por ponto de bifurcação do equilíbrio.
P
Equilibrio
instável
Pcr
Pcr
Equilibrio
estável
0 θ
Figura 3: Gráfico P = P (θ ) de uma coluna perfeita.
4
Considere-se agora a mesma coluna, mas com uma imperfeição, caracterizada pela
existência de uma deformação inicial θ0 — Figura 4 (a). Repare-se que a coluna com
imperfeição começa logo a deformar-se para valores pequenos de P. Efectuando o
equilíbrio de momentos em torno de B, é possível relacionar a carga P com a defor-
mação θ = θ0 + ∆θ (ver Figura 4 (c)). Tem-se:
L 4 K ∆θ
∑ MB = 0 ⇔ K 2∆θ = P
2
sen(θ0 + ∆θ) ⇔ P =
L sen(θ0 + ∆θ) (2)
.
P P
C
θ0 θ 0 + ∆θ θ 0 + ∆θ
L/
L/2
2
k
B B
M = k(2 ∆θ )
P
L/2
(L/2) sen (θ 0 + ∆θ )
5
P
Coluna ideal
Pcr
Coluna real
θ0 θ
Figura 5: Gráfico P = P (θ) de uma coluna ideal versus coluna real.
6
2 Determinação de cargas críticas
Considerando agora o diagrama de corpo livre mostrado na Figura 7(b), por equilí-
brio de momentos, tem-se M = Pz , donde a Eq. anterior pode ser escrita na forma:
d 2z P
+ z =0 (3)
dx 2 EI .
Trata-se de uma equação diferencial linear de 2.ª ordem, homogénea, de coeficien-
tes constantes, com solução geral da forma:
z = A sen kx + B cos kx ,
em que
P
k2 =
EI
As constantes A e B determinam-se pelas condições de fronteira, vindo:
z (0) = 0 ⇒ B = 0
z (L) = 0 ⇒ A sen kL = 0 ⇔ A = 0 ∨ sen kL = 0
.
O caso A = 0 corresponde à configuração indeformada da coluna (posição original) e
obviamente assegura o equilíbrio. O caso sen kL = 0 , que também corresponde à
posição indeformada, permite determinar a carga crítica, isto é, a carga a partir da
qual a coluna torna-se instável. Ora,
sen kL = 0 ⇒ kL = n π (n = 1,2,....), pelo que:
P 2 n 2π2EI
k 2L2 = n 2π2 ⇔ L = n 2π 2 ⇔ P=
EI L2 .
7
π2EI
Pcr = (4)
L2 .
Encontramos assim a carga a partir da qual uma coluna bi-articulada perfeita pode
adquirir repentinamente uma deformação lateral significativa (equilíbrio instável). A
Eq. (4) é conhecida como Fórmula de Euler.
d 2z (5)
+ k 2z = k 2δ ,
dx 2
z (0) = 0 ⇒ B = −δ .
π
z (L) = δ ⇒ δ = δ(1 − cos kl ) ⇒ cos kl = 1 ⇒ kl = + n π; n = 0,1,2, 3,... ,
2
8
O menor valor de P, a partir do qual a coluna fica em equilíbrio instável, obtém-se
para n = 0 , ficado:
π 2EI (8)
Pcr = 2
.
4L
Contudo, pode adoptar-se o seguinte procedimento mais expedito: se prologarmos a
deformada da coluna, como representado na Figura 8(b), obtém-se exactamente o
modo de encurvadura da coluna de Euler. Substituindo o comprimento da coluna de
Euler na Eq.(4), vindo:
π 2EI π 2EI
Pcr = = .
(2L)2 4L2
Traduz-se este facto dizendo que o comprimento de encurvadura de uma coluna
em consola de comprimento L é igual a 2L. Define-se assim comprimento de encurva-
dura de uma coluna como o comprimento de uma coluna bi-articulada com idêntica
carga crítica, e representa-se habitualmente por Le ou L0 . A carga crítica de uma
coluna com comprimento de encurvadura Le é, portanto, dada por:
π2EI
Pcr = . (9)
Le2
De acordo com o exposto acima, para a coluna em consola, Le = 2L .
9
a equação diferencial da linha elástica toma a forma uma equação diferencial linear de
2.ª ordem, não homogénea, de coeficientes constantes:
d 2z (11)
+ k 2z = k 2V (x − L) / P,
dx 2
com a solução geral:
z = A sen kx + B cos kx + k 2V (x − L) / P (12)
e respectiva derivada:
z ' = Ak cos kx − Bk sen kx + k 2V / P . (13)
kV k 2VL
z (L) = 0 ⇒ 0 = A sen kL + B cos kL = − sen kL + cos kL;
P P
e pondo em evidência os parâmetros comuns a ambas as parcelas que resultam da
terceira condição, obtemos:
kV
(− sen kL + kL cos kL) = 0;
P
onde kV / P = V / PEI = 0 ∨ (− sen kL + kL cos kL ) = 0;
10
2.4 Colunas com outras condições de apoio
Como exercício, empregando o método expedito descrito acima para a coluna em
consola, verifique que para a coluna bi-encastrada
bi Le = 0.5L e para a coluna encas-
enca
trada–encastrada
encastrada deslizante, Le = L . Repare-sese que o comprimento de encurvadura
acaba por ser a distância entre pontos de momento nulo no modo fundamental de
encurvadura.
A Figura 10 mostra comprimentos de encurvadura de colunas típicas, com condi-
cond
ções de apoio ideais (ou
ou perfeitamente encastradas ou perfeitamente livres).
11
P
E = 210 GPa
z
HEB200
10.00
A = 78.1 cm2
y Iy = 5696 cm4
Iz = 2003 cm4
Resolução
A carga crítica é dada por Pcr = π 2EI / Le2 . Como as condições de apoio são idênti-
cas em ambas as direcções, o comprimento de encurvadura é também idêntico para
ambas as direcções. Assim, a carga crítica corresponde ao eixo de menor inércia, no
presente caso o eixo z. Tem-se:
π 2 (210 × 106 )(2003 × 10−8 )
Pcr = = 103.8 kN .
(2 × 10.00)2
Supondo agora que a tensão de cedência do aço que compõe a coluna, em geral
denotada por fy , é igual a 235 MPa, a carga que provoca o colapso da coluna por
cedência do material (carga de plastificação) é igual a:
Ppl = fy A = (235 × 103 )(78.1 × 10−4 ) = 1835 kN ,
que é muito maior que a carga crítica. Estamos assim perante uma coluna em que a
carga máxima que pode suportar é condicionada claramente pelo fenómeno de encur-
vadura. Estamos perante uma coluna de elevada esbelteza. ◀
3 Conceito de esbelteza
Viu-se anteriormente que a carga crítica de uma coluna com comprimento de encur-
vadura Le é dada por:
π 2EI
Pcr =
Le2 .
12
e λ representa a chamada esbelteza da coluna. Assim, por definição, chama-se esbel-
teza de uma coluna à quantidade:
Le
λ= . (15)
i
Repare-se que se trata de uma grandeza adimensional. Trata-se de um conceito
muito importante. Duas colunas do mesmo material e com idêntica esbelteza possuem
idêntica tensão crítica. Se além disso possuírem idêntica área, as cargas críticas são
também iguais. Note-se que no caso geral, cada coluna possui duas esbeltezas, em
correspondência com as duas direcções principais de flexão, como se indica na Figura
12.
Ley
z λy =
y iy
Le
Lez
λz =
iz
P
Figura 12: Esbelteza de
uma coluna.
Fazendo intervir o conceito de esbelteza, a carga crítica de uma coluna é dada por:
π 2EA
Pcr = . (16)
λ2
Observando a Eq. (16), podemos afirmar que:
Sempre que uma coluna puder flectir em ambos os planos principais de flexão, a
carga crítica corresponde sempre à direcção onde a esbelteza é maior.
13
secção rectangular.
I bh 3 h
ix = x = = .
A 12bh 12
Repare-se que o raio de giração não depende da base da secção, mas apenas da altura.
d
relação ao eixo e, que se admite ser prin-
cipal de inércia, e portanto passa pelo
centro de gravidade da secção). A, I
Figura 14: Interpretação do raio de gira-
ção de uma secção.
Considere-se agora um ponto fictício com toda a área da secção nele concentrada.
Determine-se a distância do eixo e a que deveríamos colocar esse ponto de forma a ter
a mesma inércia que a secção dada (Figura 14). Empregando o teorema de Steiner,
tem-se:
I
I = 0 + Ad 2 ⇔ d= .
A
Ora a distância encontrada é exactamente ao raio de giração. Podemos assim dar o
seguinte significado ao raio de giração: o raio de giração de uma secção em relação a
um determinado eixo principal de inércia é a distância desse eixo a que se deve colo-
car um ponto fictício, no qual se concentra toda a massa da secção, de modo a obter
idêntica inércia. ∎
14
NR
π 2 EA
N cr =
N pl = f y A λ2
λ1 λ
Figura 15: Resistência NR de uma coluna, como função da esbelteza λ.
π2EA E
fy A = ⇔ λ12 fy = π2E ⇔ λ1 = π .
λ12 fy
No caso de estruturas metálicas, podemos considerar E = 210 × 103 MPa , podendo
escrever-se:
210 × 103 (235) 235
λ1 = π = 93.9 ,
fy (235) fy
com fy dado em MPa. No caso do aço S235, no qual fy = 235 MPa , tem-se
λ1 = 93.9 .
O estudo da encurvadura de colunas tem sido amplamente estudado, teórica e
experimentalmente, recorrendo a extensos programas experimentais, onde se ensaia-
ram até à rotura muitas colunas, com diferentes esbeltezas. A Figura 16 ilustra os
resultados típicos obtidos nesses programas experimentais. Cada ponto indicado refe-
re-se a um ensaio experimental.
NR
N R teórico (= N cr )
N pl = f y A
N R experimental
λ1 λ
(1) (2) (3)
15
Como se observa, a zona (2) é a zona do gráfico onde os resultados experimentais
se afastam mais dos resultados teóricos, pois é a zona onde os efeitos das imperfeições
das colunas se fazem mais sentir. As imperfeições das colunas são essencialmente de
dois tipos (Simões, 2007): imperfeições geométricas (falta de linearidade, falta de ver-
ticalidade, excentricidade das cargas) e imperfeições do material (comportamento não
linear, existência de tensões residuais).
A resistência da coluna, N R , pode ser expressa por:
N R = χ fy A,
onde χ (lê-se qui), que é evidentemente menor ou igual a 1.00, é um coeficiente de
redução que tem em conta os efeitos da encurvadura e chama-se habitualmente por
coeficiente de encurvadura. Na próxima secção apresentam-se as expressões para o
cálculo desse coeficiente segundo o EC32.
Designando o esforço normal actuante na coluna por N E , a verificação da seguran-
ça consiste em comprovar a seguinte condição (chamada condição de segurança):
NE ≤ NR .
2
NP EN 1993-1-1:2010.
16
▶ Exemplo. Considerando novamente a coluna representada na Figura 11, e conside-
rando que o coeficiente χ tem o valor de 0.05 (na próxima secção vamos aprender a
determinar este coeficiente):
a) Determine a resistência (ou carga de rotura) N Rd da coluna.
b) Determine a carga máxima P que se pode aplicar à coluna em condições de
segurança.
Resolução:
a) De acordo com o exposto anteriormente:
χ fy A
N Rd = = 0.05 × 235 × 10 3 × 78.1 × 10−4 = 91.8 kN.
1.00
Obteve-se assim um valor inferior à carga crítica ( Pcr = 103.8 kN ), como não
podia deixar de ser. (Porquê?)3
b) Tem-se:
1.5 P < N Rd ⇔ P < 61.2 kN.
Assim, se se aplicar à coluna uma força no máximo de 61.2 kN, podemos ter
razoável certeza que a coluna não sofrerá danos sérios. ◀
(
Φ = 0.5 1 + α (λ − 0.20) + λ 2 , )
λ 235
λ= ; λ1 = 93.9 .
λ1 fy
O parâmetro λ é chamado esbelteza normalizada, que é função da esbelteza de refe-
rência λ1 , definida anteriormente. O parâmetro α é chamado factor de imperfeição,
assumindo os valores apresentados na Tabela seguinte.
3
São duas as razões principais: existência de imperfeições e ocorrência de plastificação da secção.
Recorde-se que o conceito de carga crítica é um conceito associado a colunas sem imperfeições e com
comportamento elástico sem limites.
17
A escolha da curva de encurvadura (a0, a, b, c ou d) é feita com base no tipo de
secção da coluna em estudo, como indicado na Tabela 2, que reproduz o Quadro 6.2
do EC3.
A Figura 17, que reproduz a Figura 6.4 do EC3, mostra o gráfico χ = χ(λ ) para
cada uma das curvas de encurvadura, e a Tabela 3 mostra as mesmas curvas, nume-
ricamente.
De acordo com as Equações acima, podemos escrever:
χ = χ ( fy , λ, α )
.
Note-se que no caso geral haverá que calcular dois factores χ , χy e χz , em corres-
pondência com as duas direcções principais de flexão, considerando, para efeitos da
determinação da capacidade de carga da coluna, o menor dos dois, isto é:
χ = min (χy , χz )
.
Dada uma coluna particular, se se puder considerar que αy = αz , o factor χ é míni-
mo para a direcção onde a esbelteza é máxima.
Como exercício, verifique que o factor χ do exemplo anterior tem o valor de 0.05.
18
Tabela 2: Escolha da curva de encurvadura.
19
Figura 17: Curvas de encurvadura do EC3.
20
6 Problemas resolvidos
Problema 1
Considere a coluna representada na Figu-
N
z
ra ao lado. As condições de apoio são
idênticas em ambas as direcções. Deter-
15
mine a carga máxima N que se pode
aplicar à coluna em condições de segu- 15 y
120
rança.
4.00 m
100
Dimensões em mm
Factor de imperfeição: α = 0.34
S235
Resolução:
Como o comprimento de encurvadura é idêntico em ambas as direcções, a direcção
condicionante é a que corresponde encurvadura em torno de z (eixo de menor inér-
cia).
A = 10 × 12 − 7 × 9 = 57 cm2 ; I z = (1 / 12)12 × 103 − (1 / 12)9 × 7 3 = 742.75 cm 4 ;
742.75
iz = = 3.61 mm;
57
4 235
λz = = 110.8; λ1 = 93.9 = 93.9 ;
0.0361 235
110.8
λz = = 1.18;
93.9
( )
Φ = 0.50 1 + 0.34 (1.18 − 0.20) + 1.182 = 1.363;
1
χ= = 0.489;
1.363 + 1.3632 − 1.182
1.5N < 0.489 × 23.5 × 57 ⇔ N < 436.8 kN;
21
Problema 2
Considere a coluna representada na Figu-
N
ra junta, com condições de apoio idênti-
N = 1920 KN
cas em ambas as direcções. Dimensione o S235
perfil HEB adequado para uma carga
N = 1920 kN .
4.00 m
Resolução:
Ley = Lez = Le = 0.7 × 4 = 2.8 m ;
α = 0.49 ;
1.ª Iteração
Arbitrando χ = 1.00 , tem-se:
1.5 × 1920 < 1.00 × 23.5 × A ⇔ A = 122.6 cm2 ;
2.8 235
λz = = 39.5; λ1 = 93.9 = 93.9 ;
0.0709 235
39.5
λz = = 0.42;
93.9
( )
Φ = 0.50 1 + 0.49 (0.42 − 0.20) + 0.422 = 0.642;
1
χ= = 0.886;
0.642 + 0.6422 − 0.422
1.5N < 0.886 × 23.5 × 131.4 ⇔ N < 1823.9 kN;
2.ª Iteração
HEB300: A = 149.1 cm2 ; I z = 8563 cm 4 ; iz = 7.58 cm;
2.8 235
λz = = 36.94; λ1 = 93.9 = 93.9 ;
0.0758 235
36.94
λz = = 0.393;
93.9
( )
Φ = 0.50 1 + 0.49 (0.393 − 0.20) + 0.3932 = 0.625;
1
χ= = 0.901;
0.625 + 0.6252 − 0.3932
22
1.5N < 0.901 × 23.5 × 149.1 ⇔ N < 2103 kN , no entanto N > 1920 kN, pelo que
o perfil escolhido é HEB300.
Observação: usando o REAE obtém-se o mesmo perfil.
Problema 3
Considere a coluna representada na Figura junta.
a) Dimensione o perfil HEB para uma carga
N
N = 1200 kN .
b) Determine a máxima carga N que se pode
aplicar à coluna na hipótese de se remover
a barra rígida indicada (travamento).
5.00
barra rígida z
Nota: As condições de apoio nas extremidades
y
da coluna são idênticas em ambas as direcções,
mas a barra rígida existe só da direcção y.
S235
5.00
Resolução:
a)
Ley = 10 m
;
Lez = 5 m
Lez
;
αy = 0.34
;
αz = 0.49 ;
Lez
1.ª Iteração
Arbitrando χ = 0.80 , tem-se:
1.5 × 1200 < 0.80 × 23.5 × A ⇔ A = 95.7 cm2
;
A = 106.0 cm2
HEB240: ;
I y = 11259 cm 4 iy = 10.3 cm
; ;
I z = 3923 cm4 iz = 6.08 cm
; ;
Direcção y
23
10.0
λy = = 97.09
0.103 ;
97.09
λy = = 1.034
93.9 ;
(
Φ = 0.50 1 + 0.34 (1.034 − 0.20) + 1.0342 = 1.176 ) ;
1
χ= = 0.576
1.176 + 1.1762 − 1.0342 ;
Direcção z
5.0
λz = = 82.24
0.0608 ;
82.24
λz = = 0.876
93.9 ;
(
Φ = 0.50 1 + 0.49 (0.876 − 0.20) + 0.8762 = 1.049 ) ;
1
χ= = 0.615
1.049 + 1.0492 − 0.8762 ;
–––––
χ = min(0.576, 0.615) = 0.576
;
1.5N < 0.576 × 23.5 × 106 ⇔ N < 956.5 kN ;
2.ª Iteração
HEB300: A = 149.1 cm2 ;
Direcção y
10.0
λy = = 76.92;
0.13
76.92
λy = = 0.819;
93.9
(
Φ = 0.50 1 + 0.34 (0.819 − 0.20) + 0.8192 = 0.941; )
1
χ= = 0.835;
0.941 + 0.9412 − 0.8192
24
Direcção z
5.0
λz = = 65.96;
0.0758
65.96
λz = = 0.702;
93.9
( )
Φ = 0.50 1 + 0.49 (0.702 − 0.20) + 0.7022 = 0.870;
1
χ= = 0.723;
0.87 + 0.87 2 − 0.7022
–––––
χ = min(0.835, 0.723) = 0.723;
1.5N < 0.723 × 23.5 × 149.1 ⇔ N < 1688 kN ; > 1200 kN , pelo que se adopta
o perfil HEB 300.
Observação: obteve-se o mesmo perfil usando o REAE, mas obteve-se uma carga
máxima de 1229 KN.
( )
Φ = 0.50 1 + 0.49 (1.405 − 0.20) + 1.4052 = 1.782
;
1
χ= = 0.347
1.782 + 1.7822 − 1.4052 ;
1.5N < 0.347 × 23.5 × 149.1 ⇔ N < 811.5 kN ;
25
Problema 4
Considere a estrutura representada na Figura junta, em aço S235.
Determine a máxima força F que se pode
F 20 KN/m
aplicar na estrutura sem comprometer a
segurança à encurvadura da coluna CD.
B C
Admita condições de apoio idênticas em A
ambas as direcções.
3.00
100
2.00 3.00
5.00
Resolução:
Começa-se por determinar a carga de rotura da coluna, N Rd = χ fy A .
Secção circular ⇒ α = 0.49 .
r
i= = 0.025 m
2 ;
3
λ= = 120
0.025 ;
120
λ= = 1.278
93.9 ;
( )
Φ = 0.50 1 + 0.49 (1.278 − 0.20) + 1.2782 = 1.581;
1
χ= = 0.398;
1.581 + 1.5812 − 1.2782
N Rd = 0.398 (235 × 103 )(π × 0.052 ) = 735 kN ;
26
F 100
∑ M A = 0 ⇔ F 2 + 100 × 2.5 − N 5 = 0 ⇔
⇔ F = 0.5 (5N − 250)
RA N
2.00 ⇒ F = 0.5 (5 × 490 − 250) = 1100 kN ;
2.50
Observação: O REAE conduziu a uma força de 922 kN, concluindo-se assim que,
no presente caso, o EC3 é menos conservativo que o REAE.
Problema 5
Considere a coluna representada na Figura, constituída por perfis em aço S235. Para
efeitos de encurvadura admita a curva b ( α = 0.34 ), para ambos os eixos de flexão.
As condições de apoio indicadas são idênticas em ambas as direcções.
z z
e = 20 mm
y y
h
11.00 m
SECÇÃO 1 SECÇÃO 2
Resolução:
a)
A = 78.1 cm2
HEB200: ;
I y = 5696 cm 4 iy = 8.54 cm
; ;
I z = 2003 cm 4 iz = 5.07 cm
; ;
Para o arranjo indicado tem-se:
I y = 2 × 5696 = 11392 cm 4
;
27
I z = 2 (2003 + 78.1 × 102 ) = 19626 cm 4
.
Assim, a direcção condicionante é obviamente a direcção y (tanto o comprimento
de encurvadura como o factor de imperfeição são idênticos em ambas as direcções).
2 × 5696
iy = = 8.54 cm
2 × 78.1 ;
0.7 × 11
λy = = 90.16
0.0854 ;
90.16
λy = = 0.96
93.9 ;
(
Φ = 0.50 1 + 0.34 (0.96 − 0.20) + 0.962 = 1.09 ) ;
1
χ= = 0.6225
1.09 + 1.092 − 0.962 ;
1.5N < 0.6225 × 23.5 (2 × 78.1) ⇔ N < 1523 kN ;
1.ª Iteração
A = 78.1 + 2 × 2 × 20 = 158.1 cm2
1
I y = 5696 + 2 × 203 = 8362.7 cm 4 ;
6
20 × 23 1 2
I z = 2003 + + 2 × 20 (20 + 2) = 11709.7 cm 4 ;
6 2
A direcção y é a condicionante
28
8362.7
iy = = 7.27 cm
158.1 ;
0.7 × 11
λy = = 105.87
0.0727 ;
105.87
λy = = 1.128
93.9 ;
( )
Φ = 0.50 1 + 0.34 (1.128 − 0.20) + 1.1282 = 1.294
;
1
χ= = 0.519
1.294 + 1.2942 − 1.1282 ;
1.5N < 0.519 × 23.5 × 158.1 ⇔ N < 1284.7 kN ;
Este valor é inferior ao pretendido, pelo que é necessário realizar mais uma itera-
ção, considerando agora o HEB220. Deixa-se como exercício a realização desta itera-
ção e de outras, caso necessário.
29
A. Breves notas sobre critérios de Segurança e acções ao
abrigo dos Eurocódigos
A.1 Introdução
A preocupação dos homens com a segurança das construções deve ter existido desde
sempre. A sua manifestação documentada mais antiga é a que se encontra no famoso
Código de Hamurabi, sob a forma de sanções a aplicar aos construtores de obras que
entrassem em colapso, variáveis de acordo com as consequências deste. Durante sécu-
los, a garantia de segurança era feita a partir da reprodução de dimensionamentos
que tivessem sucesso e as alterações destes eram implementadas com pequenos incre-
mentos e avaliadas em função dos resultados obtidos.
Contudo, com o desenvolvimento das teorias da Resistência dos Materiais, surgiu e
divulgou-se um método de verificação de segurança meramente determinístico, basea-
do no conceito de tensões de segurança. Neste método, o procedimento consiste em
impor que as tensões instaladas, avaliadas, geralmente, por meio de análises estrutu-
rais em regime elástico, não ultrapassem determinadas valores (tensões de segurança,
ou admissíveis), obtidos dividindo a tensão de rotura por um coeficiente de segurança
superior à unidade. Assim, as condições de segurança são do tipo:
σ ≤ σ seg
com:
σ = tensão instalada (ou de serviço), avaliada, geralmente, em regime elástico;
σseg = tensão de segurança = σσrotura / γseg ;
σrotura = tensão de rotura;
γseg = coeficiente de segurança.
30
5
colapso ou a outras formas semelhantes de ruína estrutural” e “correspondem, em
geral, à capacidade resistente máxima de uma estrutura ou de um elemento estrutu-
ral” 6, ou Estados Limites de Utilização, que se definem como “estados que corres-
pondem às condições para além das quais os requisitos de utilização especificados
para uma estrutura ou para um elemento estrutural deixam de ser satisfeitos 7. Natu-
ralmente, a partir de então, instalou-se a tendência para que a verificação das estru-
turas passasse a ser feita em relação a estes estados.
A par com o conceito de estados limites, surgiram conceitos probabilísticos para as
verificações relativas aos mesmos. Estes conceitos deram origem a três diferentes
níveis relativos àquelas verificações, os quais, nas “Common Unified Rules for Diffe-
rent Types of Construction and Material”, se descrevem do seguinte modo:
- Nível 1: Processo semi-probabilístico, em que os aspectos probabilísticos são con-
siderados especificamente através da definição de valores característicos das car-
gas ou acções e das resistências dos materiais e da associação destes valores a
factores parciais cujos valores, por sua vez, apesar de estabelecidos explicitamen-
te, devem ser obtidos, sempre que possível, a partir considerações de natureza
probabilística;
- Nível 2: Processo no qual as cargas ou acções e as resistências dos materiais são
representadas pelas suas distribuições, conhecidas ou convencionadas (definidas
por parâmetros relevantes, tais como o tipo, a média e o desvio padrão), admi-
tindo-se um nível de fiabilidade. É, portanto, um processo de dimensionamento
probabilístico.
- Nível 3: Representa um processo de dimensionamento baseado numa análise pro-
babilística exacta da totalidade do sistema estrutural, utilizando uma abordagem
totalmente probabilística, com níveis de segurança baseados numa probabilidade
de ruína interpretada no sentido de frequência relativa.
Os Níveis 3 e 2 não são utilizados com frequência, por serem muito complexos. Na
prática actual, usa-se correntemente o Nível 1, sob a forma de um método com a
designação de método dos coeficientes parciais, que é preconizado nos documentos
regulamentadores mais recentes, incluindo os Eurocódigos.
31
As questões básicas relativas à segurança, à capacidade de utilização e às acções, no
âmbito das estruturas de engenharia civil, são regidas, em termos gerais, pelo Euro-
código intitulado Bases para o projecto de Estruturas, que designaremos por Eurocó-
digo 0. O Eurocódigo 0 relaciona-se intimamente com todos os restantes Eurocódigos,
que são, conforme se pode verificar na Figura A.1
NP EN 1990 - EUROCÓDIGO
Bases de Projecto de Estruturas
NP EN 1991 - EUROCÓDIGO 1
Acções nas Estruturas
NP EN 1992 - EUROCÓDIGO 2
Projecto de Estruturas de Betão
NP EN 1993 - EUROCÓDIGO 3
Projecto de Estruturas de Aço
NP EN 1994 - EUROCÓDIGO 4
Projecto de Estruturas Mistas Aço-betão
NP EN 1995 - EUROCÓDIGO 5
Projecto de Estruturas de Madeira
NP EN 1996 - EUROCÓDIGO 6
Projecto de Estruturas de Alvenaria
EN 1999 - EUROCÓDIGO 9
Projecto de Estruturas de Alumínio
NP EN 1998
NP EN 1997
EUROCÓDIGO 8
EUROCÓDIGO 7
Projecto de Estruturas
Projecto Geotécnico
Resistentes aos Sismos
32
Os Eurocódigos 1 a 9 são compostos por várias partes, ficando a sua descrição e apli-
cação ao abrigo das disciplinas correspondentes às matérias abrangidas por cada um
dos documentos.
Refira-se que estas notas introdutórias são apenas uma ligeira introdução aos crité-
rios modernos de verificação da segurança das estruturas de engenharia civil, não dis-
pensando o estudo mais aprofundado dos mesmos no decurso das disciplinas específi-
cas de dimensionamento.
A.2 Acções
Uma acção pode ser definida como sendo um conjunto de forças aplicadas à estrutu-
ra, provocadas, por exemplo, pelas forças gravíticas (acção directa), ou um conjunto
de deformações ou acelerações impostas, provocadas, por exemplo, por variações de
temperatura ou de humidade, assentamentos diferenciais ou sismos (acção indirecta).
Nesta definição, está implícita a classificação das acções em directas e indirectas, que
é relativa à origem. Porém, existem classificações relativas a outros aspectos. No
Quadro A.1, apresentam-se a totalidade das classificações das acções de acordo com o
item 4.1.1 do EC 0, indicando os símbolos e os exemplos ali constantes e também
outros exemplos.
Os critérios de verificação de acordo com a teoria dos Estados Limites pressupõem a
classificação das acções quanto à sua natureza temporal, devendo-se categorizar todas
as acções como sendo permanentes, variáveis ou acidentais, conforme seja a sua inci-
dência temporal ao longo da vida útil da estrutura. Nesse sentido, importa também
sublinhar que esta classificação não é imutável, já que há casos de acções que se
devem considerar como sendo variáveis em determinados contextos, devendo ser aci-
dentais noutros. A título de exemplo, refira-se que a acção da neve deve ser conside-
rada como sendo variável em algumas regiões do país, podendo ser considerada como
sendo acidental, para outra.
Obviamente, as diversas acções devem ser consideradas e quantificadas de acordo com
o disposto nos Eurocódigos adequados, podendo ser descrita por um modelo, sendo a
sua intensidade representada, nos casos mais correntes, por um escalar que poderá ter
vários valores representativos. Existem, no entanto, algumas acções, para as quais
poderá ser necessária uma representação mais complexa da sua intensidade, como são
os casos da fadiga ou acções dinâmicas.
33
Quadro A.1 - Classificação, símbolos e exemplos das acções, de acordo com o EC 0
De acordo diferenciais
com a varia- Sobrecargas nos pavimen- Acção sísmica (se não for
ção no tempo Variáveis tos, vigas e coberturas considerada acção de aciden-
Q dos edifícios; acção do te); Efeitos térmicos.
(a).
vento; acção da neve
34
Valores representativos e valores característicos das acções
O valor representativo de uma acção, designado pelo símbolo geral Frep, pode tomar
diferentes valores, conforme seja o cenário a considerar. O seu valor característico,
designado pelo símbolo específico Fk, pode ser estabelecido como sendo um valor
médio, um valor superior ou inferior, quando exista distribuição estatística conhecida
para a acção em questão, ou um valor nominal (que não se refere a uma distribuição
estatística conhecida).
Para as acções de acidente não se refere, no EC0, um valor característico, mas sim
um valor de cálculo, Ad, devendo este ser especificado para cada projecto em particu-
lar.
35
Quadro A.2 - Outros valores representativos das acções variáveis
Valor representativo
Verificação em que é utilizado Notas
das acções variáveis
Valor de combinação, Verificação de estados limites
últimos e verificação de estados
Ψ 0 Qk limites de utilização irreversí-
veis.
Valor frequente, Verificação de estados limites “Para os edifícios, por
últimos envolvendo acções de exemplo, o valor frequente
Ψ 1 Qk acidente e verificação de esta- é escolhido de tal forma que
dos limites de utilização rever- só é excedido durante 0,01
síveis. do período de referência;
para as acções de tráfego
rodoviário em pontes, o
valor frequente é avaliado
para um período de retorno
de uma semana”
Valor quase perma- Verificação de estados limites “Para acções nos pavimen-
nente, últimos envolvendo acções de tos dos edifícios, o valor
acidente e verificação de esta- quase-permanente é nor-
Ψ2 Qk dos limites de utilização rever- malmente escolhido de for-
síveis; cálculo de efeitos a longo ma a que seja excedido
prazo. durante 0,05 do período de
referência. Em alternativa,
o valor quase-permanente
pode ser determinado como
o valor médio durante um
determinado intervalo de
tempo”.
36
A.3 Estados Limites
Estados Limites Últimos
Para efeitos de dimensionamento das estruturas, devem ser classificados como estados
limites últimos os que se referem à segurança das pessoas e/ou da estrutura, bem
como, em certos casos, acordados entre o dono da obra e a autoridade competente, os
que dizem respeito à protecção de certos recheios das construções. Podem, ainda, ser
tratados como estados limites últimos os estados que precedem o colapso estrutural e
que, por simplificação, são considerados em vez do colapso propriamente dito.
Quando for pertinente, devem ser verificados os seguintes estados limites últimos:
• perda de equilibrio do conjunto ou de parte da estrutura, considerada como
corpo rígido;
• ruína por deformação excessiva, transformação do conjunto ou de parte da
estrutura num mecanismo, rotura, perda de estabilidade da estrutura ou de
parte da estrutura, incluindo apoios e fundações;
• rotura provocada por fadiga ou por outros efeitos dependentes do tempo.
No âmbito do método dos coeficientes parciais, devem ser verificados, quando perti-
nentes, os seguintes estados limites últimos, ao abrigo da NP EN 1990:
a) EQU: perda de equilíbrio estático do conjunto ou de parte da estrutura consi-
derada como corpo rígido, em que:
• sejam significativas pequenas variações no valor ou na distribuição espa-
cial das acções com uma mesma origem; e
• não sejam, em geral, condicionantes as resistências dos materiais de
construção ou do terreno;
b) STR: rotura ou deformação excessiva da estrutura ou dos elementos estrutu-
rais, incluindo sapatas, estacas. muros de caves, etc., em que a resistência dos
materiais da estrutura é condicionante;
c) GEO: rotura ou deformação excessiva do terreno em que as características
resistentes do solo ou da rocha são significativas para a resistência da estrutura;
d) FAT: rotura por fadiga da estrutura ou dos elementos estruturais;
37
e) UPL: perda de equilíbrio da estrutura ou do terreno devida a levantamento
global originado por pressão da água (flutuação) ou por outras acções verticais;
f) HYD: levantamento hidráulico, erosão interna e erosão tubular no terreno,
causadas por gradientes hidráulicos.
No âmbito destas notas dar-se-á particular ênfase aos Estados Limites Últimos do
tipo STR, já que são os que estão ligados aos fenómenos de encurvadura atrás discu-
tidos.
Como foi dito atrás, o Eurocódigo preconiza a utilização preferencial do método dos
coeficientes parciais, embora preveja, como alternativa, a utilização do um dimensio-
namento directamente baseado em métodos probabilísticos, para os quais poderão ser
indicadas condições específicas de utilização, por uma autoridade competente. Como
tal, são estabelecidas combinações de acções considerando situações de projecto dis-
tintas, conforme se indica no Quadro A.3.
Categorias de situações
Condições
de projecto
38
A verificação da segurança aos Estados Limites Últimos quando se considera um
estado limite de rotura ou de deformação excessiva de uma secção, de um elemento
ou de uma ligação (correspondendo a Estados Limites Últimos do tipo STR e/ou
GEO), deve verificar-se que:
E d ≤ Rd
em que:
• Ed é o valor de cálculo do efeito das acções, tal como um esforço ou um vector
representando vários esforços;
• Rd é o valor de cálculo da resistência correspondente.
em que:
39
• Σ significa “o efeito combinado de”.
em que:
em que:
Os valores dos coeficientes parciais de segurança das diferentes acções referidas nos
parágrafos anteriores estão devidamente categorizados no Anexo A da NP EN 1990,
40
devendo utilizar-se os valores dos coeficientes de redução (ψ) indicados na norma NP
EN 1991 (Eurocódigo 1).
Para efeitos do controlo das estruturas em serviço, devem ser classificados como esta-
dos limites de utilização os que se referem ao funcionamento da estrutura, ou dos seus
elementos estruturais, em condições normais de utilização, bem como ao conforto das
pessoas e ao aspecto da construção (dizendo mais respeito a critérios relacionados
com grandes deslocamentos e com fendilhação excessiva do que com a estética).
Os critérios nos quais se deverá basear a verificação dos estados limites de utilização
são relacionados com:
• deformações que afectem o aspecto, ou o conforto dos utentes, ou o funciona-
mento da estrutura (incluindo o funcionamento de máquinas ou de outras ins-
talações);
• deformações que danifiquem revestimentos ou elementos não estruturais;
• vibrações que causem desconforto às pessoas ou que limitem a eficiência funcio-
nal da estrutura;
• danos que afectem negativamente o aspecto, ou a durabilidade, ou o funciona-
mento da estrutura;
Outros estados limites de utilização, tais como, por exemplo, os relativos a fendilha-
ção ou controlo de tensões, importantes em estruturas de betão armado, poderão ser
considerados. Os Estados Limites de Utilização a considerar para cada tipo de estru-
tura são indicados pelo Eurocódigo específico.
41