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UNIVERSIDADE ESTADUAL DE SANTA CRUZ

DEPARTAMENTO DE CIÊNCIA EXATAS E TECNOLÓGICAS


ENGENHARIA QUÍMICA
CET1013 - PLANEJAMENTO E PROJETO INTEGRADO NA
IND. QUÍMICA
PROFESSOR: FRANCO DANI RICO AMADO
EMILLY TEDESCO MARQUES (201310342)
JOAN SANTANA SANTOS (201310767)

PROJETO DE INDÚSTRIA DE TENSOATIVOS, UTILIZANDO O MÉTODO


DE JAMES M. DOUGLAS

NÍVEL 1 - Estequiometria de reação e fluxo molar de componentes de alimentação


e saída

A produção do LAS tem como matéria primas, normal parafina, benzeno, enxofre
e ar atmosférico. Na primeira etapa de produção ocorre a desidrogenação da n-parafina,
que se trata de um hidrocarboneto, contendo de 10 a 13 carbonos, apenas com ligações
simples em uma cadeia linear, convertendo-a em uma olefina, de cadeia linear insaturada.
Essa desidrogenação é chamada de reação PACOL (Parffins Converted in Oleffins),
conforme representada abaixo.

A parafina é um derivado sólido do petróleo, sendo menos valiosa que as faixas


de gás e óleos combustíveis (GLP, gasolina, querosene e diesel). Seu fornecimento pode
ser feito diretamente pela refinaria produtora. Na Bahia, este fornecimento é feito pela
Refinaria Landulpho Alves-Mataripe (RLAM), pertencente à Petrobras.
Na Pacol, temos relação estequiométrica de 1:1 entre a n-parafina consumida e a
olefina produzida. Esta etapa é importante por transformar a parafina, inerte, em olefina,
que é reativa na presença de Benzeno, tornando possível a reação de alquilação,
representada abaixo.

O benzeno utilizado nesta etapa também é um composto petroquímico, obtido


principalmente através da reforma catalítica de compostos mais leves do petróleo, que
são expostos a uma atmosfera de H2 em um leito catalítico, tornando-se hidrocarbonetos
aromáticos. Na Bahia, o benzeno pode ser obtido junto à Braskem.
A alquilação também tem estequiometria 1:1, e produz o linear alquilbenzeno
(LAB), um intermediário básico para produção do alquilbenzeno linear sulfonado (LAS),
o tensoativo mais utilizado na formulação de detergentes.
Algumas empresas produtoras de detergentes possuem, em suas plantas, uma
unidade de sulfonação. Portanto, parte do LAB produzido é encarada como produto final,
além de um simples intermediário interno.
Entretanto, existe uma demanda do produto sulfonado. A etapa de sulfonação do
LAB, convertendo-o em LAS, utilizando trióxido de enxofre (SO3), está esquematizada
abaixo.

Para cada mol de LAS produzido, um mol de SO3 é necessário. No entanto, a


matéria prima acessível no mercado é enxofre puro, em seu estado sólido. A conversão
de S em SO3 é feita utilizando o oxigênio presente no ar atmosférico, numa reação de
queima a altas temperaturas, conforme a seguir.

S(s) + O2 (g) ⟶ SO2 (g)

1 ∆
SO2 (g) + O2 (g) ⟶ SO3 (g)
2

O enxofre é considerado um contaminante no petróleo, e sua quantidade nos


derivados combustíveis é duramente controlada pela legislação ambiental. Logo, sua
remoção é essencial nas refinarias de petróleo, sendo considerado um subproduto de
menor valor agregado. Também pode ser obtido junto à RLAM.
Desta forma, temos no geral que para produção de cada mol de LAS, é consumido
1 mol de cada insumo reagente (n-parafina, benzeno e enxofre).
Os montantes produzidos anualmente na Deten Química S.A., localizada no
Complexo Industrial de Camaçari-BA encontram-se descritos na Tabela 1 a seguir.
Tabela 1 – Produção anual da Deten Química
Produto Produção (ton/ano)
LAB 260 000
LAS 120 000
Alquilado pesado 11 000
Fonte: Deten Química S.A., 2017.

NÍVEL 2 – Estrutura básica do fluxograma do processo, com determinação dos


graus de pureza

O fluxograma do processo de produção de LAB e LAS encontra-se esquematizado


na Fig.1 a seguir.

Figura 1 – Fluxograma da produção dos surfactantes LAB e LAS.


Fonte: Deten Química S.A., 2017.

Na etapa de Pacol citada anteriormente, a cadeia carbônica saturada, submetida a


uma elevada temperatura, em torno de 400-500 ºC, na presença de um catalisador do tipo
Pt-Sn/Al2O3, libera gás hidrogênio, formando ligações duplas (saturação) na cadeia,
gerando a olefina. Por ter baixo rendimento (cerca de 10%), o reciclo de parafina é
indispensável após a etapa de alquilação.
Esta etapa apresenta alguns desafios, entre eles, a possível ocorrência de um
craqueamento, devido à alta temperatura, bem como a formação de anéis aromáticos,
isômeros e compostos com ligações triplas. Para evitar a formação de compostos
indesejáveis, é necessário realizar o reciclo de parte do hidrogênio produzido. Como a
desidrogenação é uma reação reversível, na presença de uma certa quantidade de
hidrogênio não haverá uma grande formação de insaturações na cadeia carbônica,
controlando assim a produção da olefina.
Como não é possível controlar o tamanho da cadeia carbônica da matéria primas,
alguns hidrocarbonetos mais leves (menos que 10 carbonos) ou mais pesados (mais que
13 carbonos) acabam entrando no processo, bem como alguns subprodutos resultantes da
quebra das parafinas devido a uma alta concentração de hidrogênio. Estes
hidrocarbonetos leves saem como resíduo juntamente com o H2 não utilizado no reciclo,
sendo que ambos são utilizados como fonte de queima nos fornos, e parte dos
hidrocarbonetos é comercializada.
Tanto a olefina produzida, quanto a parafina passam para a segunda etapa. Por
apresentarem cadeias carbônicas de tamanhos semelhantes, a separação destes compostos
é inviável.
A segunda etapa do processo é a Alquilação, que se trata de uma reação orgânica,
onde a insaturação presente na olefina é quebrada, ligando a molécula de benzeno à
olefina, na presença do catalisador HF (ácido fluorídrico), produzindo assim o primeiro
produto de interesse real, o LAB, e um subproduto, o alquilado pesado, proveniente das
parafinas pesadas presentes na matéria prima, com cadeia maior que 13 carbonos. Na
ausência do catalisador a reação duraria semanas, com a sua utilização, dura cerca de 24
horas.
O benzeno inserido nessa etapa sempre estará em excesso, para garantir que toda
a olefina reaja com o composto. A parafina presente no resíduo retorna para o tanque
Pacol, cerca de 90% da n-parafina que é inserida na reação Pacol provém do reciclo.
Antes de iniciar a terceira e última etapa, é necessário realizar a produção de SO3.
O enxofre é carregado em um tanque contendo ar atmosférico, produzindo SO2 e em
seguida SO3. A Sulfonação é uma reação onde um grupo sulfônico é adicionado ao
benzeno presente no LAB, produzindo o segundo produto de interesse, o LAS. Esta
reação é realizada em uma torre de resfriamento, por ser exotérmica. A torre é composta
por tubos, onde o LAB escoa de forma laminar, enquanto o vapor de SO3 passa pelo
centro, com maior área de contato.

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