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pe 1 PODER JUDICIARIO WW Tribunal de Justica do Estado do Parand Secretaria do Civel e Anexos da Comarca de Uraf Rua Argemiro Sandoval, n® 353, Ural/Parané - CEP 86280-000 = Fone: (43)-3541-1555 Oficio n° 320/2015 Urai, 5 de agosto de 2015. Senhor Supervisor: Pelo presente, tendo em vista a interposicéo de Recurso de Apelacdo nos autos abaixo descrito, encaminho a Vossa Senhoria, via CD-ROM, a integra dos referidos autos, os quais foram exportados do Sistema PROJUDI, nos termos do CN 2.21.3.10, Il. Autos: 0001406-15.2011.8.16.0175 Classe Processual: Aco Civil de Improbidade Administrativa Assunto Principal: Dano ao Erério Autor: Ministério Publico Réus: Sérgio Henrique Pitao e Susumo Itimura t Aproveito a oportunidade para apresentar a Vossa Senhoria os meus protestos de elevada estima e consideracdo. KETELEN PLACIDINO DA SILVA Técnico Judiciario Matricula 52607 Assinado mediante autorizacao - Portaria 16/2014 Ao llmo Senhor Supervisor do Centro de Protocolo Judicidrio RUA MAUA - ALTO DA GLORIA Curitiba/PR PJPR 084230372055 Chul 7 OUT 1545 osi082015, Formurio SISTEMA DE PRE-CADASTRO ELETRONICO APELACAO CIVEL % 11963018, Numero de Envio 1196301-8 Hongpio de Envio Comarca: Vara: Nome da Acdo: NPU: Juiz Prolator da Sentenga: Assunto CNJ: Volumes: Numero de Folhas Exige Reexame? © Apelante é 0 Ministério Publico do Parana? Apelante(s): Advggado(s) do(s) Apelante(s): Instrigéo OAB: Nome: 0 Apelado é 0 Ministério Publico do Parana? Advogado(s) do(s) Apelado(s! Apelacao 2: Advogado(s) do(s) Apelante(s): Advogado(s) do(s) Apelado(s): Advogado(s) do(s) Apelante(s): Advogado(s) do(s) Apelado(s): Advogado(s) do(s) Apelante(s): Advogado(s) do(s) Apelado(s): Advogado(s) do(s) Apelante(s): 05/08/2015 16:08:39 Urai 3uizo UNICO 9095 - Ago de Improbidade 0001406-15.2011.8.16.0175 1277 - Ana Cristina Cremonezi 10012 o1 582 N&o Nao ESPOLIO DE SUSUMO ITIMURA PR/22160 FERNANDO NAVARRO VINCE sim Nao ‘tps pertalspr us br ipstletformsiemiRecibo dp ur erypto=d86tav8006637e780S9C8Ba4 151521 2 51082015, Formuttrio Advogado(s) do(s) Apelado(s): Advogado(s) do(s) Apelante(s): Advogado(s) do(s) Apelado(s): Remetente: Juiz de Direito Ha Recursos Adesivos? Nao Advogado(s) do(s) Recorrente(s) Advogado(s) do(s) Recorrido(s): 4 Apravo Retido? Nao 0 Interessado é 0 Ministério Publico do Parané? Nao Advogado(s) do(s) Interessado(s) ‘Autos Apensos: Apenso 2? Nao Autos Associados: Auto Associado 2? Nao Observacdo: Por "autos associados" entenda-se qualquer ago ou recurso vinculado ou dependente da aco origindria informada. PriMdade na Tramitacao? Nao A Acao Tramita em Segredo de Justica? Nao Houve Intervengdo do Ministério Publico na Acho? = a0 bips:porta ip jus. trportetformsiemitirRecib.do74pr ur cryplo=d253adhS005637e700SSC88a4 StS2t TRIBUNAL DE JUSTIGA Estado do Parand Panee tinuniAain HL lalla Destinatario We. SUPERVISOR DO CENTERO DE PROTOCOLO ua Maus, 920 EDIFICIO ESSENFELDER Alto da Giéria cata 80030-200 CuribarPR (Obs: AUTOS N"0001406-18.2011.8.160175 Vm Che! a Comarca e ya Agena Sango 3 fsz00-000 UiiPA 64, 1.05.08 wr TRIBUNAL DE JUSTICA DO PARANA eR Departamento judicidrio FAs. Sistema de Acompanhamento Processual 6 jeoznsnocinn TERMO DE AUTUACAO, ESTUDO e DISTRIBUICAO Nesta data, apés o recebimento destes autos,foi procedido o registro da autuacdo e da distribuicao, por processamento eletrénico, na forma do demonstrativo abaixo: 0001406-15.2011.8.16.0175 1456603-9 APELACAO CIVEL NUM, VOLUMES 1 NUM, APENSOS ° PROTOCOLO 2015.00312303 PREFERENCIAL NAO SEGREDO JUSTICA NAO REC. ADESIVO NAO 8s. RESOLUCAO 63/2012 CD EM ANEXO AGR. RET. : NAO ‘ADMITE REVISOR 2 SIM NAT. AGAO ORIG. : CIVEL TIP, AGAO ORIG. ACAO DE IMPROBIDADE NUM. ACAO ORIG. (0001406-15.2011.8.16.0175 COMARCA : URAL VARA 1 JuIzO UNICO ESPECIALIZAGAO | ACAO DECORRENTE DE ATO DE IMPROBIDADE ADMINISTRATIVA FAX NAO EMAIL NAO Juz PROLATOR ‘ANA CRISTINA CREMONEZI PARTES DO PROCESSO APELANTE ESPOLIO DE SUSUMO ITIMURA. ADVOGADO : FERNANDO NAVARRO VINCE APELADO MINISTERIO PUBLICO DO ESTADO DO PARANA AUTUADO POR GIOVANE SOARES ALTERADO POR : RENATO ZANCO BUENO RECURSO CONFIRMADO P_ : GIOVANY PIZZATO PASSOS DE SOUZA ESPECIALIZADO POR GIOVANY PIZZATO PASSOS DE SOUZA ESTUDO PARA DISTRIBUICAO DISTRIBUIR : LIVREMENTE TRIBUNAL DE JUSTICA DO PARANA TPR Departamento Judiciario rts. Sistema de Acompanhamento Processual 7 rosrasvoeanio ~4TERMO DE AUTUACAO, ESTUDO e DISTRIBUICAO 0001406-15.2011.8.16.0175 1456603-9 DISTRIBUICAO O presente processo foi distribuido, nesta data, conforme discriminacao abaixo 1Po pISTRIBUICAO DISTRIBUICAO AUTOMATICA ORGAO JULGADOR 42 CAMARA CIVEL RELATOR DES? MARIA APARECIDA BLANCO DE LIMA REVISOR : DES? LELIA SAMARDA GIACOMET PROCESSO ADMITE REVISOR DATA DA DISTRIB : 3 DE NOVEMBRO DE 2015 DISTRIBUIDO POR : RENATO ZANCO BUENO SECAO DE DISTRIBUICAO TRIBUNAL DE JUSTICA DO PARANA appr Departamento Judicidrio rs. Sistema de Acompanhamento Processual 8 ee’ TERMO DE AUTUACAO, ESTUDO e DISTRIBUICAO 0001406-15.2011.8.16.0175 1456603-9 CONCLUSAO Nesta data, faco estes autos conclusos ao(a) Excelentissimo(a) Senhor(a) Des? Maria Aparecida Blanco de Lima Curitiba /embro de 2015 Dé-se vista 4 douta Prdcuradoria freral de Justica. Curitiba, Ov / Desembargadora Relatora 1456603-9 Ap Civel -1v ccv RECEBIMENTO Nesta data, recebi estes autos com o respeitével despacho retro. AS NOV. 205 Curitiba, de 201__. hefe de Segao VISTA Nesta data, fago estes autos com vista a douta PROCURADORIA GERAL DE JUSTICA. Curitiba, 9 de novembro de 2015. Ade de Segao MINISTERIO PUBLICO do Estado do Parana [00015 PROCESSO Ty: 1456603.9-00 APELACAO CIVEL * TERMO DE DISTRIBUIGAO O presente processo foi DISTRIBUIDO nesta data, ao (a) Exmo.(a) Procurador(a) de Justica Dr.(a) MARIO SERGIO DE ALBUQUERQUE SCHIRMER CURITIBA, 10 de Novembro de 2015. Diretor do Departamento Judicisrio~ : VISTA Ags 11 de Novembro de 2015 . " Fago estes autos com vista ao(s) Exmo. (a) Procurador(a) de Justica Dr. (a) MARIO SERGIO DE ALBUQUERQUE SCHIRMER, Diretor do Departamento Judicia _ PROCURADORIA GERAL DE JUSTICA Com a manifestacao em-separado, em Of folha(s) CURITIBA, 26 de Novembro de.2015. a perks, menor cist ato 00001 MINISTERIO PUBLICO do Estado do Parana EGREGIO TRIBUNAL DE JUSTICA DO ESTADO DO PARANA AUTOS N° 1 1.456.603-9 : NATUREZA z APELAGAO CivEL APELANTE SPOLIO DE SUSUMO ITIMURA APELADO : MINISTERIO PUBLICO.DO ESTADO DO PARANA ORIGEM * : JUIZO DE DIREITO DA COMARCA DE URA RELATORIA : MARIA APARECIDA BLANCO DE LIMA PRONUNCIAMENTO COLENDA 4? CAMARA CIVEL: v Tendo em vista requisigéo dos autos por esse Egrégio Tribunal de Justiga, devolve-se. os presentes autos sem manifestacdo, pugnando por posterior nova vistas para manifestagao de mérito. Curitiba, 26 de novembro de 2015. Mario Sérgio de Albuquerque Schirmer Procurador de Justica Pégina 1 de 1 pect, mr toe 1456603-9 ApCivel cc, 700012 RECEBIMENTO Nesta data, recebi autos com o parecer RAZ, x retro. WUC conta < vo, de a) Chef§ de Secao | 1456603-9 Ap Civel -1v.ccv 900013 | CERTIDAO CERTIFICO que os _presentes autos | permaneceram em Cartorio em razdéo do | contido na Resolucao n° 145/2016. Curitiba, 7 d&Nat Chefede Segao | VISPA Nesta data, faco estes autos com vista a douta PROCURADORIA GERAL DE JUSTICA. | Curitiba, 11 de janeice de 2016. GBIBUNA : 4.7) a De syste MINISTERIO PUBLI : do Estado do Parana PROCESSO TJ: 1456603.9-00 APELACAO CIVEL : . TERMO DE DISTRIBUIGAO 0 presente proceso foi REDISTRIBUIDO POR DILIGENCIA nesta data, ao (a) Exmo(a)_—- Procurador(a) de Justica Dr.(a) MARIO SERGIO DE ALBUQUERQUE SCHIRMER CURITIBA, 11 de Janeiro de 2016. + Dirétor do Departamento Judicidrio _ MSTA oe ‘Aos 12 de janeiro de 2016” Faco estes autos com vista do(s) Exmo. (a), - Procurador(a) de Justica Dr. (a) MARIO SERGIO DE ALBUQUERQUE SCHIRMER Diretor do Departamento Judiciétio PROCURADORIA GERAL DE JUSTICA * Com a manifestacdo ém separado, em & foina(s) CURITIBA, 1 de Abril de 2016. Paps, mer ital MINISTERIO PUBLI . ., do Estado do Parana EGREGIO TRIBUNAL DE JUSTICA DO ESTADO DO PARANA COLENDA 4*CAMARACIVEL = * AUTOS N° 2 1.456.603-9 ‘ NATUREZA : APELAGAO CiVEL - . APELANTE |: ESPOLIO DE SUSUMO ITIMURA, APELADO : MINISTERIO PUBLICO D6 ESTADO DO PARANA ORIGEM : JUIZO DE DIREITO DA COMARCA DE URAI RELATORIA : MARIA APARECIDA BLANCO DE LIMA PRONUNCIAMENTO APELACAO .CIVEL. IMPROBIDADE ADMINISTRATIVA. INVESTIDURA INFORMAL. PAGAMENTO DE’ SERVIGOS QUE NAO RESTARAM INTEGRALMENTE COMPROVADOS NOS AUTOS. ATO DE IMPROBIDADE ADMINISTRATIVA QUE CAUSA LESAO AO ERARIO CAPITULADO NO ARTIGO 10 DA LEI N° 8.429/1992. NOS CASOS DE IMPROBIDADE ADMINISTRATIVA © DOLO EXIGIDO E O GENERICO. POSSIBILIDADE DE APLICACAO DA SANGAO DE MULTA CIVIL PELA PRATICA DE ATO DE IMPROBIDADE ADMINISTRATIVA AO ESPOLIO DO DE CUJUS. AUSENCIA DE EXCESSO DE CONDENAGAO. DESCABIMENTO DA CONDENAGAO EM HONORARIOS DE SUCUMBENCIA PARA O MINISTERIO PUBLICO. CONHECIMENTO E PARCIAL 'PROVIMENTO DO RECURSO, APENAS EXCLUIR A CONDENAGAO EM HONORARIOS DE SUCUMBENCIA EM FAVOR DO MINISTERIO PUBLIGO . Pagina 1 de 11 Pape err oan MINISTERIO PUBL + do Estado do Parand DOUTOS JULGADORES 4. Trata-se de recurso de apelacao interposto pelo ESPOLIO DE SUSUMO ITIMURA, em face da r. sentenga de fis.462/477, que na Agdo Civil Publica n® 1406-15.2011, ‘do 7. Juizo de Diteito da Comarca de Urai, julgou procedente © pedido, condenando 0: ESPOLIO DE SUSUMO ITIMURA as sangdes de ressarcimento solidario do dano causado ao erario e pagamento de multa civil de duas vezes 0 valor da lesdo patrimonial, conforme artigo 12, Il, da Lei n° 8.429/1992, bem como condenou o réu SERGIO HENRIQUE PITAO as penas de suspensao dos direitos politicos por dez anos; ressarcimento solidario e integral do dano; pagamento de multa civil de trés vezes o valor da leséo patrimonial e, proibigéo' de contratar com 0 Poder Public ou receber beneficios ou incentivos fiscais e crediticios pelo prazo de dez anos. 0 ESPOLIO DE SUSUMO ITIMURA, insurge-se contra ar * sentenga recorrida, alegando, em suma, que a prova dos autos evidencia que o réu Sérgio Pitéo trabalhou para o municipio, inicialmente prestando servigos no Departamento de Esportes e, posteriormente, no Setor de Satide; que, apesar da desobediéncia aos tramites administrativos para os pagamentos, a municipalidade a_populagdo foram beneficiadas pelos atendimientos, nado havendo dano ao érério ou enriquecimento ilicito; que nao houve dolo, pois inexistiu ma-fé; que nao houve ago ou omissao culpdsa; que ndo houve relagéo de. causalidade entre © comportamento de SUSUMO ITIMURA-e 0 dano; que os atos praticads por SUSUMO ITIMURA nao caracterizam improbidade administrativa; que a substituicao do réu pelo espdlio s6 6 possivel quanto ao ressarcimento ao erario, pois a imposig&o de sangées 6 personalissima; que as penas foram excessivas; e que € descabida a condenagao solidaria ao pagamento de custas processuais e€ honorarios advocaticios, pois como o Ministério Publico nao se sujeita aos Gnus sucumbenciais. Com base nestes argumentos, pede a reforma da r. sentenga recorrida, para afastar a condenagdo de ressarcimento de danos, multa civil e pagamento de custas e honoratios advocaticios’ + Raz6es de recurso de apelagéo fis. 508-538. Pagina 2 de 11° Se aysns MINISTERIO PUBLIG& do Estado do Parana APROMOTORIA DE JUSTICA, em contrarrazoes de recurso aduz, em resumo, que como demonstrado nos autos, SUSUMO ITIMURA, de modo ilegal'e imoral, autorizou 0 pagamento de verbas piblicas para o réu SERGIO.PITAO, sem que este tivesse prestado os. servigos (de arbitragem) constantes nas notas fiscais frias; que a prova dos autos também revela que na campanha eleitoral de 2004 SUSUMO ITIMURA contou com’o auxilio de SERGIO PITAO, sendo os pagamentos contrapartida deste apoio politico;-que, conforme documento de fis: 81, emitido pelo Departamento de Desporto e Turismo do Municipio, SERGIO PITAO jamais prestou servigos de arbitragem ao Municipio de Ural; que, conforme a testemunha Angelo Tarantini Filho, durante os servigos que SERGIO PITAO realizou foram relativos a encaminhamentos e atendimentos médicos junto a0 Hospital Joao de Freitas de Arapongas, os. quais eram procedidos de forma particular, sendo notério que o mesmo, a época, atuava com ligagées politicas com Deputado Estadual, na qualidade de assessor parlamentar; ainda que SERGIO PITAO tenha permanecido algum tempo no Departamento de Saude nada est provado que tenha exercido fungao publico, muito menos por quanto tempo isso ocorreu; que, se houve alguma prestagao dé servigo por parte SERGIO PITAO, isso caracterizou ato ilicito, pois nao houve formalizagao e sim falsificagao de notas de arbitragem para estribar pagamentos ilegais; que as. condutas dos envolvidos, além de praticadas ao arrepio aos principios constitucionais, causaram enriquecimento ilicito e prejuizo ‘ao erario; que a condenagao ao pagamento de verba honoraria em favor do Ministério Publico est regulamentada ‘na Lei Estadual n° 12.241/1998, em consonancia com o artigo 118, II, "a", da Constituigao Estadual; ¢, que a lei permite a transmissao da referida sang4o aos sucessores do agente improbo (espélio) até o limite da heranga, Com alicerce nesses, argumentos, propugha pelo desprovimento dos recursos dos requeridos? Assim vieram os autos a esta Procuradoria de Justiga,: para manifestagao do MINISTERIO PUBLICO em segundo grau, a qual se passa a exarar, conforme segue. ‘ontrarraz6es da Promotoria de Justiga, fis. 564/579, Pagina 3 de 11 MINISTERIO PUBLIC . do Estado do Parana 2 A peticao inicial descreve que o réu SUSUMO ITIMURA, quando Prefeito Municipal de Urai, durante o mandato que iniciou em 2005, permitiu.o pagamento de R$ 600,00 por més ao réu SERGIO HENRIQUE PITAO, sob 0 pretext de prestagdo de servigos de arbitragem que, embora constem em notes fiscais, jamais foram prestados. Aduz a Promotoria de Justia que este esquema foi pactuado entre os réus em retribuigao-a0 apoio eleitoral do requerido SERGIO PITAO a campanha eleiioral de SUSUMO ITIMURA, nas eleigdes municipais de 2004. Analisando os autos, mais especificamente 08 documentos acostados as fis. 36 a 39, nota-se que durante os anos de 2005 a 2008 foram realizados diversos pagamentos ao requerido SERGIO HENRIQUE PITAO, sendo que a maioria destes na quantia de RS 600,00 (seiscentos reais). As fis. 25-35 ¢ 106-189 verifica-se a existéncia de notas fiscais emitidas pelo requerido SERGIO HENRIQUE PITAO, de 2005 a 2008, todas ‘constando, como servigos 0 de arbitragens desportivas. Nada obstante, a prova dos autos’ revela que os seivicos de arbitragem nunca foram prestados. ROBERTO APARECIDO FERREIRA declarou que’ +... atualmente exerce o cargo de Diretor de Esportes deste Municipio de Ural, ssendo que atue junto a0 Departamento de Esporte desde 0 ano de 1993; que o declarante sempre participou de campeonatos, seja como coordenador ou como diretor de esportes, sendo que no tem conhecimento de nenhum servico de ” arbitragem que tenha sido prestado pela pessoa de Sérgio Henrique Pitdo, nos varios campeonatos municipais realizados; que se recorda apenas: que Sérgio Henrique Pitéio participou algumas vezes, como atleta e dirigente de equipe, em. alguns times integrantes do campeonato; que 9_servico de arbitragem geralmente é realizado pela pessoa de ‘Marco Aurélio' residente nesta cidade; que atualmente quem realiza os servigos de arbitrage 6 uma empresa contratada através de licitago, da cidadé de Comélio Procépio..." (grifou-se e destacou-se) * Pagina 4 de 11 Ppa, reer acl : BUNA, MINISTERIO PUBLIG@® do Estado do Parand © Departamento dé Desporto e Turismo, através, da resposta a0 Oficio n° 58/2011, expedido pela Promotoria de Justiga de Urai, afirmou inexistir qualquer documento que comprove a prestagao de servicos de arbitragem por Sérgio Henrique Pitdo a partir de 2005 _Além disso, as testemunhas OMAR MAHAMAD ZEBIAN ¢ ROBERTO APARECIDO FERREIRA, quando inquiridas em Juizo, relataram que 0 réu SERGIO HENRIQUE PITAO nao prestou servigos de arbitragem*: Portanto, esté cabalmente comprovado que os ‘servicos descritos nas notas fiscais, que embasaram as despesas ptblicas, nunca existiram, estando demonstrado que os pagamentos em beneficio do requerido SERGIO HENRIQUE PITAO foram indevidos e causaram prejuizos ao erario municipal. 3. O apelarite alega que o réu SERGIO PITAO trabalhou no Departamento de Esportes, junto com Omar Mohamad Zebian, e que prestou diversos servigos para o Municipio de Urai na area “da sade, agendando consultas, encaminhando doentes e atendendo ‘a populago carente que reclamava atendimento. . . . . As testemunhas JOAO VITOR MARIANO, JOAO MAURICIO OMAR ZEBIAN realmente fazem referéncia a servigos prestados pelo réu SERGIO PITAO, seja no Departamento. de Esportes ou relativos a sade, como ‘encaminhamentos de doentes para Arapongas (fis. 77, 406 e 407). Porém, nenhuma dessas pessoas’ esclarece a natureza de tais servigos, sua periodicidade, carga hordria, tarefas, efc. Mas, desses ,depoimentos nao € possivel extrair se SERGIO PITAO prestava servigos esporddicos, era uma pessoa investidd irregularmente no servigo, tampouco que servigos desempentiou, por quanto tempo e que carga horaria cumpriu «Fis, 88. *- Depoimento da testemunha Joao Mauricio ~ CD anexo fi. 406, Pagina 5 de 11 AGBUNAT ru_20_— 2 + de usm MINISTERIO PUBLICS do Estado do Paranda Portanto, o que se tem dos autos é: (a) 08 servicos descritos nas notas ficais que embasaram os pagamentos (de arbitragem) nao foram realizados; (b) nao existiu qualquer contrato de prestagdo de servicos que pudesse justificar tais pagamentos, nao sendo a natureza de servicos, periodicidade, fornia de pagamento, etc.; (c) a condigao de funciondrio” de fato, investido irregularmente, também nao esta caracterizada, haja vista que também nao ha ‘qualquer demonstragdo de por quanto tempo o réu SERGIO PITAO prestou algum tipo de servico, em que local ou e horario, subordinado a quem estaria, etc. Destarte, nao ha prova da prestacio de servicos por parte _de- SERGIO PITAO, pois _ndo ha preciso da natureza dos servicos. tampouco da quantidade e pericdicidade desses supostos servicos. Por evidente, seja pelo principio da estrita legalidade’, seja desrespeito as normas para efetuar despesas publicas, previstas nos artigos 58 a 63 da Lei n° 4,320/1964', a Administra¢ao PUl a nao pode. efetuar despesas publicas desta maneira, sem qualquer comprovagao da base fatica dos pagamentos. = Sobre o principio da estrita Jegalidade: 1) HELY LOPES MEIRELLES, Direito Administrativo Brasileiro, 25¢ ed. Spo Paulo: Malheiros, 2000, p. 82; 2) CELSO ANTONIO BANDEIRA DE MELLO, Curso de Direito Administrativo, 9° ed., S40 Paulo: Malheiros, 1997, p. 36, 37, 59-60 e 63; 3) MARIA SYLVIA ZANELLA DI PIETRO, Direito Administrativo, 6° ed., So Paulo, Alias, 1996, p. 61; 4) LUCIA VALLE FIGUEIREDO, Curso de Direito Administrativo, S20 Paulo: Malheiros, 1994, p. 32; 5) MIGUEL REALE, Revogacéo e Anulamento do Ato Administrativo, 2* ed,, Rio de Janeiro: Forense, 1980, p. 29; 6) CELSO RIBEIRO BASTOS, Comentérios a Constituigao do Brasil, 3° vol., tomo Il, $40 Paulo: Saraiva, 1992, p. 25-26 e 32;.7)"ALEXANDRE DE MORAES, Direito Constitucional, 5* ed, S40 Paulo: Atlas, 1999, p. 268. 7”. J, TEIXEIRA MACHADO JR. E HERALDO DA COSTA REIS, séo taxativos em asseverar 2 importéncia da liquidago da despesa, consignando tratar-se da verificagao do direito do credor a0, pagamento, o que se faz com base em titulos e documentos, in A Lei 4.320 Comentada, 31° Ed., IBAM, 2002/2003, p. 148. . Pagina 6 de 11 Ppl, mot aso abl MINISTERIO PUBLI : do Estado do Parand. Sendo assim, os pagamentos efetuados ao réu SERGIO PITAO, sem prova dos servigos publicos, foram ilegais e causaram lesdo ao erario. 4. Como relatado, o apelante alega que nao existiria relagao de causalidade entre a conduta de SUSUMO ITIMURA e 0 dano causado ao erario. Entretanto, resta evidente nos autos "que foi o entéo Prefeito Municipal SUSUMO ITIMURA 0 responsavel pelos pagamentos que © Municipio de Ural fez em favor do requerido SERGIO PITAO, até porque tais pagamentos seriam retribuigao pelo apoio politico de SERGIO PITAO a campanha eleitora de SUSUMO ITIMURA no ano de 2004 : Ademais, SUSUMO ITIMURA era 0 Alcaide e ordenador de despesas, portanto, além do gestor municipal foi ele quem determinou os aludidos pagamentos ilicitos. , Portanto, esta absolutamente .comprovado 0 nexo de lade entre a conduta de SUSUMO ITIMURA e 0 dano ao erario. 5. O apelante tambérn argumenta que ndo SUSUMO ITIMURA, nao agi com dolo, pois nao houve mé-fé em sua conduta, bem como ndo houve , culpa, razao pela qual nao teria praticado ato de improbidade administrativa. 5A. Em que pese o elemento subjetivo ser .necessario para caracterizagao do ato de improbidade administrativa, é sabido que 0 dolo necessério para caracterizacao deste ilicito é simplesmente a vontade de realizar as elementares do ilicito, no requerendo um elemento adicional, como ma-fé desonestidade, vontade de prejudicar ou _beneficiar, pois ‘0 especial fim de agir somente é exigido quando 0 ilicito expressamente o inclui nas suas elementares, tal qual .ocorre no crime de prevaricagdo. Nos ilicitos de improbidade administrativa nao ha especial fim de aair. Pagina 7 de 11 el cle esr ita Es son. : EXBUNAT "2d eae MINISTERIO PUBLICO™ O desconhecimento da lei também ndo € suficiente para excluir © dolo, até porque conforme prescreve o artigo 3° das Normas de Introdugao ao Direito Brasileiro: “ninguém se escusa de cumprir-a lei, alegando que néo a conhece", muito menos agentes publicos. Por isso,,a doutrina® ea melhor jurisprudéncia’ destacam que ara caracterizacao do ato de improbidade administrativa basta o dolo genérico, a intengdo de praticar 0 ilicito, independente de qualquer elemento adicional. Pois bem, no caso em debate, SUSUMO ITIMURA finha consciéncia e vontade de ordenar e permitir os pagamentos ilicitos ao réu SERGIO PITAO. Essas condutas nao foram involuntarias, tampouco efetivadas sem querer. Sendo assim, comprovado que o ato de SUSUMO ITIMURA foi doloso. 5.2. E, ainda que assim nao fosse, nao resta divida de que 0 ato seria culposo, uma vez que a atitude do entao Prefeito teria sido negligente. Com efeito, néo fosse dolosa, como demonstrado no item anterior, ao efetuar pagamentos sem qualquer comprovagao dos servigos que sustentariam a despesa publica, em clara inobservancia ao principio da estrita legalidade e 8s normas que disciplinam a realizagao das. despesas publica, previstas nos artigos 58 a 63 da Lei n° 4.320/1964, a conduta de SUSUMO ITIMURA foi extremamente desleixada, sem qualquer observancia dos cuidados necessério ao administrador 6 ordenador de despesas piblicas = A titulo de exemplo: 4) FABIO MEDINA OSORIO, Teoria da improbidade administrativa: mé gestéo publica, corrupgao, ineficiéncia, S40 Paulo: Ed. RT, 2010, p. 249; 2) EMERSON GARCIA, Improbidade Administrativa, Emerson Garcia e Rogério Pacheco Alves, 7* ed., S80 Paulo: Ed Saraiva, 2013, p. 408, 2 « A titulo de exemplo: 1) STJ, Resp 1.156.209/SP, 2° Turma, Rel. HERMAN BENJAMIN, j 19/8/2010, Die 27/4/2011; 2) STJ, REsp 1.135.158, 2° Turma, Rel. ELIANA CALMON, j. 20/6/2013, DJe 1/7/2013;, 3) TJPR, AC 841,976-1,. 5° Camara Civel, Rel. Leonel Cunha, j. 14/2/2012, DJ -28/2/2012; 4) TJPR, AC” 1.078.634-0, 4* Camara Civel, Rel. Maria Aparecida Blanco de Lima, j 49/11/2013, DJ 27/11/2013; §) TJPR, AC 601.895-9, 4° Camara Civel, Re} Maria Aparecida Blanco de Lima, j. 31/1/2012, DJ 7/2/2012 . Pagina 8 de 11 pgasBiar, 23 Fo_=—— MINISTERIO PUBLI@GS™ ‘do Estado do Paranda E, como € cedigo, 0 ato culposo também é suficiente para impor a obrigagao de reparar.o dano causado. 6. Conforme relatado, o apelante também aduz que inexiste a possibilidade de aplicagao da sangao da multa civil aos sucessores do agente improbo, tendo em vista a natureza coercitiva desta sangdo, que tem por finalidade impedir que o infrator desobedega as normas legais. Em que ‘pese tal alegacdo, primeiramente, importante ressaltar que a sangao de multa civil nao recai sobre o patriménio dos sucessores, mas tao somente sobre o patriménio deixado pelo de cujus. Em segundo lugar,’o artigo 8° da Lei n° 8.429/1992 prevé a possibilidade de ‘estender as condenagées pecunidrias ao sucessor do agente que pratica atos de improbidade administrativa que causam.lesdo ao erario. ou importam em enriquecimento ilicito, até o limite da heranga. Por isso, 0 SUPERIOR TRIBUNAL DE JUSTICA, consignou ‘que a multa civil se estende aos sucessores, nos casos de cometimento de atos de improbidade administrativa previstos nos artigos 9° e 10 da-Lei n° 8.429/1992. A multa civil 6 sangao, pecuniaria auténoma, aplicdvel com ou sem ocorréncia de prejuizo’ em caso de condenagéo fundada no art. 11 da Lei 8429/92, Precedentes do STJ. 8. Consoante o art. 8° da Lei dé Improbidade Administrativa, a multa civil é transmissivel aos herdeiros, “até 0 limite do valor da heranca”: somente quando houver violacdo aos arts. 9° e 10° da referida lei (dano a0 patriménio publico ou enriquecimento ilicito), sendo inadmissivel quando a condenacao se restringir ao art. 11. (grifou-se destacou-se - STJ-, REsp:.951389 SC 2007/0068020-6, 1* Seco, Rel Herman Benjamin, j. 9/6/2010, DJe 4/5/2011). Pagina 9 de 11, 5) Piped meer sae MINISTERIO PUBLI do Estado do Parand No mesmo diapaséio o TRIBUNAL DE JUSTIGA DO ESTADO DE SAO PAULO: . ) “AGRAVO DE INSTRUMENTO. Agao Civil Publica. Improbidade administrativa. “Réu falecido que fora condenado pela pritica dos atos de improbidade’ administrativa descritos nos artigos 10, inciso |, e 11 da Lei n® * 8.429/2. Espélio que, em sede de impugnacao execugao de sentenca, busca se eximir da responsabilidade pelo _pagamento da _multa_civil aplicada. inadmissibilidade, Responsabilidade que se transfere, nos termos do artigo 8° da LIA. Precedente do C.STJ. Célculos que, ao seu turno, encontram respaldo-em laudo pericial, cujas conclusées nao foram ilididas pelos agravantes, Decisdo mantida. Recurso nao provido.” (grifou-se e destacou-se, TSP, Al: 00923834620138260000, 9* Camara de Direito Publico, Rel. Oswaldo Luiz Palu, j. 12/6/2013, p. 13/6/2013).. Igualmente, as ligses da doutrina, como, leciona EMERSON GARCIA: * : . “(...) de acordo com o artigo 5°, XLV, da CR/1988, ‘nenhuma pena passaré da * pessoa do condenado, padendo a obrigagao de reparar o dano e a desretagao do perdimento de bens ser, nos termos ida lei, estendidas aos sucessores @ contra éles executadas, até o limite do valor transferido'. Em que pese nao se referir o texto constitucional a multa, tal nao tem o condao de excluir sua transmissibilidade_aos sucessores quando sua aplicacéo resultar da pratica de um ato de improbidade.” . (grifou-se e destacou-se) * Portanto, correta a condenagao do Espélio de SUSUMO ITIMURA a0 pagamento da multa civil. 7. O apelante também alega que a condenagdo as sangées foim extremamente excessivas e deve ser modificada para menor. 2 #2 EMERSON GARCIA, Improbidade Administrative, Emerson Garcia ¢ Bagério Pacheco Alves, 7*ed., S80 Paulo: Ed. Saraiva, 2013, p. 342. - Pagina 10 de 11 Pipe a eer cise a me_2— be gusts MINISTERIO PUBLIC (do Estado do Parand Porém, nao hé que se falar em excesso na condenagao, pois como visto, a conduta de SUSUMO ITIMURA foi extremamente grave, na medida em que determinou pagamento de verbas publicas por servigos inexistentes, visando beneficiar correligionario politico, em absoluto desprezo ao patriménio puiblico do qual deveria zelar. 8. Por fim, insurge-se 0 apelante contra o pagamento de custas € honordrio advocaticios. Quanto aos honorarios, tem razéo © apelante. E que, realmente nao é*cabivel a condenagao em honorarios de sucumbéncia, ante necessidade de tratamento simétrico, como vem reconhecimento esse Egrégio Tribunal de Justiga” 9. Posto isso, considerando que ha provas suficientes de que SUSUMO ITIMURA praticou atos de improbidade administrativa previstos no artigo 10° da Lei n° 8.429/1992; que nos atos de ato de improbidade administrativa que causam les4o ao erério.a‘multa se estende aos sucessos do improbo; que n&o ha nos autos excesso de condenagao; e, que no caso s4o incabiveis; 0 MINISTERIO PUBLICO propu: qna elo conhecimento e PARCIAL PROVIMENTO do rec nas para excluir a condenacdo em horarios advocaticios, no restante sendo mantida a r. sentenga recorrida, que nos autos da Acao Civil Publica ‘n® 1406-15.2011, do r. Juizo de Direito da Comarca de Urai condenou o ESPOLIO DE SUSUMO ITIMURA ao ressarcimento do dano causado ao erdrio e 0 pagamento de multa civil de duas vezes o total da lesao patrimonial. 7 Neste sentido, a titulo de Sxmiplo: 1) TJPR, \C 722.520-5, 5* Camara Civel, Rel. Leone! Cunha, j. 8/2/2011, DJ n° 573, ~ Pagina 11 de 11 ) gisONay mob de sys 1456603-9 Ap Civel -1vccv RECEBIMENTO Nesta data, r es retro, cuitnadS\ lutos com o parecer 1456603-9 Ap Civel -1v.ccv | ToPR | | FLs. | JUNTADA Nesta data, fago juntada a estes autos da peticdo protcolada sob n. 2016.00065652, que em frente se Curitiba, 6 de Chefe Ye Segao age 4 7X Tribunal de justi¢a do Estado do Parana Destinatério: Ana Maria Pereira Niklis Remetente: (csap) Cassia Aparecida Pimenta Meneguce Lotagao: JuiZO UNICO - URAL Designacao: Data Envio: 11/03/2016 15:12 Tipo: institucional Prioridade: Alta Assunto: Apelaco Civel 1456603-9 -URGENTE Texto Boa tarde, Rafaela! Por gentileza, encaminhar esse mensageiro, com urgéncia, para a Sra. Ana Maria. Em anélise aos autos n°. 0001406-15.2011.8.16.0175, objeto da Apelacdo Civel 2, 1456603-9 em tramite nessa 42 Camara Civel, constatei que houve renuncia do advogado do requerido Sérgio Henrique Pitso em data de 13/04/2015, sendo que ato continuo @ nova procuradora interpés embargos de declaracao contra a ‘sentenca proferida nos autos. Contudo, da deciséo dos embargos de declaracao bem como da decisao que recebeu o recurso de apelacao a intimacao ocorreu, de forma equivocada, em nome do antigo procurador de Sérgio Henrique Pitao. Desta forma, visando saner a irregularidade apontada, requeiro sejam os autos baixados em diligéncia para a devida regularizacao. Respeitosamente, Cassia Pimenta Meneguce Analista Judiciario Chefe da Secretaria Anexo(s) Emisso 11/03/2016 15.57.14 Pagina 1 de 1 PUPR OO6SESZ/2046 (HE 15 MAR 16:52 1456603-9 Ap Civel -1vccv JUNTADA Nesta data, faco juntada a estes autos da petigao protgcolada sob n. 2015.00396951, que em frente se\ Curitiba, 6 de Chefelde Segao Pagina | 1 > a 7 : re , ssn uri & Gorski SOCIEDADE DE ADVOGADOS OAB/PR 3.006 EXCELENTISSIMA SENHORA DESEMBARGADORA RELATORA DOUTORA MARIA APARECIDA BLANCO DE LIMA / 4* CAMARA CIVEL DO EGREGIO TRIBUNAL DE JUSTICA DO ESTADO DO PARANA Autos n° 1.456.603-9 (Apelacdo Civel) SERGIO HENRIQUE PITAO, ja devidamente qualificado nos autos em epigrafe, por intermédio de seus procuradores devidamente constituidos, com fulcro no art. 245 e seguintes do Cédigo de Processo Civil arguir QUESTAO DE ORDEM, pugnando desde logo pela nulidade dos atos processuais realizados a partir do evento processual n.108, pelos fatos e fundamentos a seguir expostos: Compulsando atentamente os presentes autos se infere que em data de 06/04/2015, através dos eventos processuais de n. 99.1 ¢ 99.2, estes subscritores compareceram no feito requerendo a juntada de Instrumento de Procuracéo subscrito pelo Requerido Sergio Henrique Pitao, bem como a habilitagdo dos novos advogados no feito. _A\ Sequencialmente (movimento processual n. 100), o anterior Ww advogado do Requerido Sergio Henrique Pitéo, Dr. Fernando Aparecido Matias, também compareceu no feito juntando o _ pertinente substabelecimento de poderes. Tempestivamente, os novos procuradores opuseram os embargos declaratérios de sequéncia n. 102, objetivando integrar a resp. sentenga de mérito, através da supressdo de omissdes e contradigses indicadas. Referido pedido fora apreciado por este d. Juizo através da resp. decisdo de sequéncia n. 107.1. Em cumprimento 4 resp. decisum a ilustre serventia procedeu a intimagdo das partes, consoante se depreende dos movimentos processuais ns. 108 e 109 ee! Ww www.KeG.ad)\or 41 3233-0533! 06 Rua Dom Alberto Gongalves, 56 | CEP 80510-340 | Curitiba-PR vie 3) oon aus Kfouri & Gorski SOCIEDADE DE ADVOGADOS 0AB/PR 3.006 Ocorre que, por um equivoco, a aludida intimagéo fora direcionada ao procurador que nao mais detinha poderes para representar 0 Requerido Sergio Henrique Pitéo nos autos, havendo patente nulidade de todos os atos processuais realizados apés o movimento n. 108, inclusive este Pagina |2 Houve no presente caso manifesta violacio ao artigo 234 e seguintes do Codigo de Processo Civil, sem olvidar de ocorréncia de um verdadeiro desrespeito aos principios do contraditério e da ampla defesa (art. 5° da Constituigao Federal). Isso por que, como demonstrado acima, apés a prolagao da r. sentenga em sede de embargos declaratérios nao houve qualquer intimacao @ as partes e/ou aos seus advogados para que tomassem ciéncia do contetido da mesma, impedindo que este exercesse a garantia fundamental consubstanciada no principio do duplo grau de jurisdicéo. © Cédigo de Processo Civil é expresso em mencionar que auséncia de intimagao das partes acerca de sentenga proferida acarreta em nulidade dos atos processuais posteriores; sendo vejamos: Art. 238. Nao dispondo a lei de outro modo, as intimagées serdo feitas as partes, aos seus representantes legais e aos advogados pelo correio ou, se presentes em cartorio, diretamente pelo escrivao ou chefe de secretaria. (4) Art, 248. Anulado o ato, reputam-se de nenhum efeito todos os subsequentes, que dele dependam; todavia A jurisprudéncia é unissona, como segue: e APELACAO. PROCESSUAL CIVIL. AGAO MONITORIA. SENTENGA DE EXTINCAO DO FEITO SEM ANALISE DO MERITO, NA FORMA DO ART. 267, INCISO Ill DO CPC. INCONFORMISMO DA AUTORA. PRELIMINAR DE NULIDADE, ARGUIDA PELA INSTITUICAO FINANCEIRA. ALEGAGAO DE NULIDADE DECORRENTE DA FALTA DE INTIMAGAO DO PATRONO DA PARTE AUTORA. NECESSIDADE DE INTIMACAO PESSOAL DA PARTE E DE SEU PATRONO. AFRONTA AOS PRINCIPIOS DA PUBLICIDADE E DO DEVIDO PROCESSO LEGAL. VIOLACAO DOS ARTIGOS 236, 237 E 238 DO CPC, QUE PREVEEM A INTIMAGAO DO ADVOGADO ACERCA DE TODOS 0S ATOS DO PROCESSO. AFRONTA AO DEVIDO PROCESSO LEGAL. ART. 5°, LIV, DA CONSTITUICAO DA REPUBLICA. ERROR IN PROCEDENDO. ANULACAO DA SENTENCA. RECURSO A QUE SE DA PROVIMENTO. (TJ-RJ - APL: 00568999020128190002 RJ 0056899- 90.2012.8.19.0002, Relator: DES. SANDRA SANTAREM CARDINALI, Data de Julgamento: 26/02/2015, VIGESIMA SEXTA CAMARA CIVEL/ CONSUMIDOR, Data de Publicagao: 02/03/2015 00:00) (g.n.). PRESTACAO DE SERVICOS DE TELEFONIA MOVEL E INTERNET ACAO DECLARATORIA DE INEXISTENCIA DE DEBITO C.C. INDENIZAGAO POR DANOS MORAIS ALEGACAO, FORMULADA PELA RE EM MEMORIAL RECEBIDO AS VESPERAS DA SESSAO DE JULGAMENTO, DE NI Fe www.KeG adv. bi 41 3233-0533 | 3233-0506, Rua Dom Alberto Goncalves, 56 | CEP 80510-340 | Cuil a . pasowacs, p22 — Kfouri & Gorsky SOCIEDADE DE ADVOGADOS OAB/PR 3.006, POR FALTA DE INTIMACAO DOS ATOS PROCESSUAIS NOMES DA APELADA E DE SEUS ‘PATRONOS QUE NAO CONSTARAM NAS PUBLICACOES RELATIVAS AO FEITO NULIDADE VERIFICADA. - Processo anulado, de oficio, com prejuizo do recurso. (TJ-SP - APL: 10004102620148260010 SP 1000410-26.2014.8.26.0010, Relator: Edgard Rosa, Data de Julgamento: 09/04/2015, 25° Camara de Direito Privado, Data de Publicagéo: 10/04/2015) (g.n.) Pagina |3 A , A lei processual ¢ clara no sentido de que a auséncia de intimagao da sentenca € vicio insanavel que macula por completo os atos processuais posteriores. Ademais, nao se pode olvidar que os prejuizos ao Requerido Sergio Henrique Pitdo sao latentes, desde que o equivoco na intimagéo obstou e que este exercesse plenamente as prerrogativas processuais que a lei vigente lhe assegura, especialmente no que concerne a possibilidade de recorrer e, quicd, reverter a condenacao. Ora Exceléncia, tem-se que o prejuizo esta amplamente demonstrado ¢, patente diante da afronta aos principios do contraditério, ampla defesa, devido processo legal, duplo grau de jurisdicao e da seguranca juridica. Assim sendo, requer 0 acolhimento da questéo de ordem arguida, para o fim de declarar a nulidade de todos atos processuais subsequentes prolagao da r. sentenga proferida em sede de embargos de declaracao, retornando as partes ao status quo ante, especialmente reabrindo © prazo para o Requerido Sergio Henrique Pitdo interpor recurso de apelacdo no caso em concreto. e Termos em que pede deferimento. Curitiba/PR, 15 de dezembro de 2015. ALY iD: KFOURL ’AB/PR 40.689 ELIZA SCHIAVON FERNANDA DE FATIMA TANNER OAB/PR 44.480 OAB/PR 43.497 PUPR 0396954 /2045 (PE 18 HZ AT.A6 www.KeG adv.br 41 3233-0533 | 3233-0506 Rua Dom Alberto Goncalves, 56 | CEP 80510-340 | Curitiba-PR UES 1456603-9 Ap Civel -1v ccv CONCLUSAO Nesta data, fago estes autos conclusos ao(a) Excelentissimo(a) Senhor(a) Desembargadora Maria Aparecida Blanco de Lima. Curitiba, 9 Chel de Seco Com relatério em separado, paso os Wutos a Secretaria, conforme do CPC, Em snguigt observe-sel disposto contido no artigo artigo 9 SP ik ig 934 do CPC. Curitiba, Of 06 ‘APARECIDA BLANCO DE LIMA Desdinbargadora Relatora APELAGAO CIVEL N° 1.456,603-9, DA COMARCA DE URAi - JUIZO UNICO APELANTE: ESPOLIO DE SUSUMO ITIMURA APELADO: MINISTERIO PUBLICO DO ESTADO DO PARANA RELATORA: DESEMBARGADORA MARIA APARECIDA BLANCO DE LIMA Trata-se de recurso de Apelagdo manejado pelo Espélio de Susumo Itimura dirigido contra a r. sentenga constante do movimento 89.1 ‘exarada nos autos n.1406-15.2011 de Agao Civil Publica pela pratica de Atos de Improbidade Administrativa proposta pelo Ministério Publico do Estado do Parana em face de Sérgio Henrique Pitéo e Espdlio de Susumo Itimura, que com fundamento no artigo 269, Inciso |, do Cédigo de Processo Civil, artigo 9°, Inciso XI, artigo 10, Inciso | e artigo 11, Inciso |, todos da Lei n. 8.429/92 e Julgou Procedente o pedido inaugural, para condenar os requeridos nas sang6es previstas no artigo 12, Incisos Il e Ill da LIA e determinar: a) - suspenséo dos direitos politicos pelo prazo maximo de 10 anos; b) — o ressarcimento integral e solidario do dano, conforme os documentos anexados juntamente com a exordial, Sobre 0 valor identificado, devera incidir corregao monetaria a contar da apropriagao indevida e juros de mora a contar da citagdo; c) - 0 pagamento da multa civil no mesmo valor de 03 (trés) vezes o total do dano patrimonial, devidamente atualizados, conforme o artigo 12, Inciso I da LIA; d) — a proibigéo de contratar com o Poder Pubiico ou receber beneficios ou incentives fiscais ou crediticios, direta ou indiretamente, ainda que por intermédio de pessoa juridica da qual seja sécio majoritério, pelo prazo de 10 anos. Em relagdo ao Espdlio de Susumo Itimura, determin a) - ressarcimento integral e solidario do dano, conforme os documentos Apelagdo Civel n? 1.456.603-9 — fis. 2 anexados juntamente com a exordial; b) — sobre 0 valor identificado, devera incidir corregao monetéria a contar da apropriagao indevida e juros de mora a contar da citago; c) - 0 pagamento de multa civil no mesmo valor de 02 vezes 0 total do dano patrimonial, devidamente atualizados, conforme disposto no artigo 12, Inciso II da LIA. Por ultimo, condenou solidariamente os requeridos ao pagamento das custas processuais, sendo devidos os honordrios advocaticios também de forma solidaria, que foram arbitrados na quantia de R$ 3.000,00, nos termos do artigo 20, § 4°, do Cédigo de Proceso Civil Desta decisao foram opostos Embargos de Declaragao por Sérgio Henrique Pitéo no movimento 101.1, os quais foram rejeitados na decisdo constante do movimento 107.1. Inconformado com tal resultado, o Espélio de Susumo Itimura recorreu no movimento 103.1, alegando, em resumo, que quando assumiu 0 cargo de Prefeito Municipal no ano de 2005, Susumo Itimura encontrou 0 quadro de servidores municipais totalmente desestruturado; que esta mazela funcional teria colocado em risco 0 atendimento a populagdo em setores plblicos essenciais como satide, educagdo, esporte, assisténcia social, dentre outros. Esclarece que a solugdo do problema seria a realizagao de concurso publico. Foram viabilizados estudos visando a realizaco do citado procedimento, porém como isso demandava algum tempo, alguns servigos inadiaveis foram efetivamente realizados por pessoas estranhas ao quadro evidencia que o réu Sérgio Pitao trabalhou para o Municipio, incialrente \ prestando servigos no Departamento de Esportes e, posteriormente, no Setdy de Saude; Salienta que apesar da desobediéncia aos tramites administrativos para efetivo de servidores, dentre eles Sérgio Henrique Pitdo; que a prova dos ‘Apelagio Civel n® 1.456,603-9 — fs. 3 0s pagamentos, a Municipalidade e a populagao foram beneficiadas pelos atendimentos, ndo havendo dano ao erdrio ou enriquecimento ilicito. Menciona que os servigos foram efetivamente prestados a municipalidade e os pagamentos realizados de forma equivocada por inabilidade técnica, sem ma-fé. Portanto, 0 Espélio diz que nao houve dolo, ja que inexistiu mé-fé. Também nao houve agao ou omissao culposa. Argumenta que nao houve relacdo de causalidade entre o comportamento de Susumo Itimura e © dano. Deste modo, os atos praticados por Susumo nao caracterizam improbidade administrativa. Aduz que a substituigao do réu pelo Espdlio so é Possivel quanto ao ressarcimento ao erario, pois a imposigao de sangbes é personalissima. Também alegou que as penas foram excessivas e que é descabia a condenagao solidéria ao pagamento de custas processuais e honorarios advocaticios, pois como 0 Ministério Publico nao se sujeita aos Gnus sucumbenciais. Por fim, pede © provimento do recuso para fins de reformar a sentenga recorrida e afastar a condenagao de ressarcimento de danos, multa civil e pagamento de custas e honorarios advocaticios. O recurso de Apelagao foi recebido nos devidos efeitos legais no movimento 107.2 © Representante do Ministerio Publico de 1° Grau, ofertou contrarrazées ao Apelo, dizendo que o Apelante Susumo de modo ilegal e imoral teria autorizado 0 pagamento de verbas piblicas para o réu Sérgio Pito, sem que esse tivesse prestado os servigos de arbitragem constantes de notas fiscais e que a prova dos autos revela que na campanha eleitoral de 2004 © Apelante contou com o auxilio de Sérgio Pitéo, sendo os pagamey contrapartida deste apoio politico. E, assim, o documento de fis.81 emitide pe Departamento de Desporto e Turismo do Municipio, Sérgio Pitao jamais pres Apelagdo Civel n® 1.456,603-9— fis. 4 servigos de arbitragem a0 Municipio de Urai; A testemunha Angelo Tarantini Filho esclareceu que durante os servigos que Sérgio Pitéo realizou foram relatives a encaminhamentos e atendimentos médicos junto ao Hospital Jodo de Freitas de Arapongas, os quais eram procedidos de forma particular, sendo notério que 0 mesmo a época, atuava com ligagées politicas com Deputado Estadual, na qualidade de Assessor Parlamentar. Informou ainda, que Sérgio Pitao tenha permanecido algum tempo no Departamento de Saude nada esta provado que tenha exercido fungao publica, muito menos por quanto tempo isso ocorreu. E que se houve alguma prestagao de servico por parte de Sérgio Pitao, isso caracterizou ato ilicito, pois néo houve formalizagao e sim falsificagao de notas de arbitragem para estribar pagamentos ilegais. Acentua que as condutas dos envolvidos, além de praticadas ao arrepio dos principios constitucionais, causaram enriquecimento ilicito e prejuizo ao erdrio. Acrescenta que a condenagao ao pagamento de verba honoraria em favor do Ministério Publico est4 regulamentada na Lei Estadual n.12.241/1998 em consonancia com o artigo 118, II, letra “a” da Constituigao Estadual. Referida Lei permite a transmissao da referida sangao aos sucessores do agente improbo (Espdlio) até o limite da heranga, Por fim, pleiteia o desprovimento do recurso. A douta Procuradoria de Justiga emitiu o r. parecer constante de fls.15/25, opinando pelo parcial provimento do recurso tao somente para excluir da condenagSo a verba honoraria advocaticia dirigida ao Fundo Especial do Ministério Publico. E o relatério| Curitiba, 8 dé junho gé 2016. a BLANCO DE LIMA elatora 1456603-9 Ap Civel -1vccv JUNTADA Nesta data, fago juntada a estes autos, da Papeleta de Julgamento e do venerando Acérdao, que em frente se vé Curitiba, de 18 JUL. 2006 46 201__. LLL. Chefe de Secao ae qi TRIBUNAL DE JUSTICA DO PARANA Departamento Judici Sistema de Controle Processual Emitido em 08-07-2016 esTADo DO PARANA Pover vuorciaridt’ Camara Civel SessAo realizada em 08 de julho de 2016 as 08:45 hors 1456603-9 - Apelagio Civel - Urai - Juizo Unico(30") EXMOS. SRS. DESEMBARGADORES Des" Maria Aparecida Blanco de Lima (Presidente) : (Relator) di parcial provimento Dez Lain Sanaral Giconat com orate Des Luiz Taro Oyama: como val ISAO : A Cimara, por unanimidade de votos, dé parcial provimento 20 recurso, Documento assinado dgtaiment, confarme MP n.*2.200-2/2001, Lein * 1419/2006 e Resolugo n.* 09/2008, €o TUPRUOE Pagine 2060 149 ea. pr030 APELAGAO CIVEL N° 1.456.603-8, DA COMARCA DE URAI - JUIZO UNICO APELANTE: ESPOLIO DE SUSUMOITIMURA APELADO: —MINISTERIO PUBLICO DO ESTADO DO PARANA RELATORA: DESEMBARGADORA MARIA APARECIDA BLANCO DE LIMA APELACAO CIVEL. AGAO CIVIL PUBLICA POR ATO DE IMPROBIDADE ADMINISTRATIVA. DESVIO DE VERBA PUBLICA MEDIANTE EMISSAO E PAGAMENTO DE NOTAS DE EMPENHO SEM CAUSA SUBJACENTE. INTELIGENCIA DO ARTIGO 10, 1, DA LEI 8.429/1992. DOLO —_EVIDENCIADO. OBRIGAGAO DE RESSARCIMENTO AO ERARIO TRANSMITIDA AOS HERDEIROS. RECURSO PARCIALMENTE PROVIDO. Vistos, relatados e discutidos estes autos de Apelagao Civel n° 1.456.603-9, Comarca de Urai, Juizo Unico, em que é Apelante Espolio de Susumo ltimura e Apelado Ministerio Puiblico do Estado do Parana, Trata-se de recurso de Apelacdo manejado pelo Espolio de Susumo Itimura dirigido contra a r. sentenca constante do movimento 89.1 exarada nos autos n.1406-15.2011 de Agao Civil Pablica pela pratica de Atos de Improbidade Administrativa proposta pelo Ministério Publico do Estado do Parana em face de Sérgio Henrique Pitio e Espolio de Susumo Itimura, que com fundamento no artigo 269, Inciso |, do Codigo de Proc 0 Civil, artigo 9°, Inciso XI, artigo 10, Inciso |e artigo 11, Inciso I, todos da Lei n, 8.429/92 e Julgou Procedente © pedido inaugural, para condenar os requeridos nas Documenta assinedo dgtoimente, conforme MP." 2200-22001, ein * 5.41072006 6 Rosolues0 .* 09/2008, do THPRIOE Pagina 1 doo PODER JUDICIARIO £ Fe, Ye > TRIBUNAL DE JUSTICA ESTADO 00 PARANA Apelagio Civel 1° 1.456.603-9 — fis. 2 sangSes previstas no artigo 12, Incisos Ile Ill da LIA e determinar: a) — suspense dos direitos politicos pelo prazo maximo de 10 anos; b) ~ 0 ressarcimento integral e solidario do dano, conforme os documentos anexados juntamente com a exordial. Sobre o valor identificado, devera incidir corregao monetaria a contar da apropriagao indevida e juros de mora a contar da citagao; ©) - 0 pagamento da multa civil no mesmo valor de 03 (trés) vezes o total do dano patrimonial, devidamente atualizados, conforme o artigo 12, Inciso | da LIA; d) ~ a proibigéo de contratar com 0 Poder Publico ou receber beneficios ou incentivos fiscais ou crediticios, direta ou indiretamente, ainda que por intermédio de pessoa juridica da qual seja s6cio majoritario, pelo prazo de 10 anos. Em relagao ao Espélio de Susumo Itimura, determinou: a) — ressarcimento integral e solidario do dano, conforme os documentos anexados juntamente com a exordial; b) — sobre o valor identificado, devera incidir corregao monetaria a contar da apropriagao indevida e juros de mora a contar da citagao; c) - 0 pagamento de multa civil no mesmo valor de 02 vezes 0 total do dano patrimonial, devidamente atualizados, conforme disposto no artigo 12, Inciso Il da LIA. Por ultimo, condenou solidariamente os requeridos ao pagamento das custas processuais, sendo devidos os honorarios advocaticios também de forma solidaria, que foram arbitrados na quantia de R$ 3.000,00, nos termos do artigo 20, § 4°, do Cédigo de Processo Civil Desta decisdo foram opostos Embargos de Declaragao, por Sérgio Henrique Pitao no movimento 101.1, os quais foram rejeitados na decis&o constante do movimento 107.1 Documenteassinagodigalmente, confarme IP n.*2200:2/2001, ein." 11.419/2006 e Resolugso n * 09/2008, do TJPR/OE Pogna 2009 ESTADO 00 PARANA Apelagio Civel 1 1.456,603-9 = As. 3 Inconformado com tal resultado, 0 Espolio de Susumo ltimura recorreu no movimento 103.1, alegando, em resumo, que quando assumiu © cargo de Prefeito Municipal no ano de 2005, Susumo itimura encontrou © quadro de servidores municipais totalmente desestruturado; que esta mazela funcional teria colocado em risco 0 atendimento a populagao em setores pilblicos essenciais como satide, educagdo, esporte, assisténcia social, entre outros. Esclarece que a solucdo do problema seria a realizagao de Concurso publico. Foram viabilizados estudos visando a realizagao do citado Procedimento, porém como isso demandava algum tempo, alguns servigos inadidveis foram efetivamente realizados por pessoas estranhas ao quadro efetivo de servidores, dentre eles Sérgio Henrique Pitéo; que a prova dos autos, evidencia que o réu Sérgio Pitéo trabalhou para o Municipio, incialmente prestando servicos no Departamento de Esportes e, posteriormente, no Setor de Satide; Salienta que apesar da desobediéncia aos tramites administrativos para © pagamentos, a Municipalidade e a populagdo foram beneficiadas pelos atendimentos, nao havendo dano ao erario ou enriquecimento ilicito. Menciona que os servigos foram efetivamente prestados a municipalidade e os pagamentos realizados de forma equivocada por inabilidade técnica, sem mé-fé. Portanto, 0 Espélio diz que nao houve dolo, ja que inexistiu ma-f. Também nao houve ago ou omissao culposa. Argumenta que: nao houve retagao de causalidade entre 0 comportamento de Susumo Itimura & © dano. Deste modo, os atos praticados por Susumo nao caracterizam improbidade administrative, Aduz que a substituigao do réu pelo Espélio so & possivel quanto ao ressarcimento ao erario, pois a imposi¢éo de sangdes é personalissima, Também alegou que as penas foram excessivas e que é descabia a condenagao solidaria ao pagamento de custas processuais e honorarios advocaticios, pois como o Ministerio Pablico nao se sujeita aos énus ‘sucumbenciais. Por fim, pede o provimento do recuso para fins de reformar a DDocumentoassinadodgitalmente, conforma MP *2200-2/2001, Lei." 11.419/2006 @ Resalugo 09/2008, 60 TIPRIDE Pagina 3.009 ESTADO DO PARANA Apelagdo Civel 1° 1.4536.603-9 ~ Ns. 4 | sentenga recorrida e afastar a condenagao de ressarcimento de danos, multa | civil e pagamento de custas e honordrios advocaticios. recurso de Apelagao foi recebido nos devidos efeitos legais no movimento 107.2 @ © Representante do Ministério Publico de 1° Grau. | ofertou contrarrazdes a0 Apelo, dizendo que o Apelante Susumo de modo ilegal : € moral teria autorizado 0 pagamento de verbas piblicas para o réu Sérgio Pitdo, sem que esse tivesse prestado os servigos de arbitrage constantes de notas fiscais e que a prova dos autos revela que na‘campanha eleitoral de 2004 © Apelante contou com o auxilio de Sérgio Pitio, sendo os pagamentos \ contrapartida deste apoio politico. E, assim, o documento de fis.81 emitido pelo Departamento de Desporto e Turismo do Municipio, Sérgio Pitao jamais prestou servigos de arbitragem a0 Municipio de Urai; A testemunha Angelo Tarantini | Filho esclareceu que durante os servigos que Sérgio Pit&éo realizou foram | relativos a encaminhamentos e atendimentos médicos junto ao Hospital Jodo de j Freitas de Arapongas, os quais eram procedidos de forma particular, sendo e | notério que 0 mesmo 4 época, atuava com ligagées politicas com Deputado Estadual, na qualidade de Assessor Parlamentar. Informou ainda, que Sérgio Pitao tenha permanecido aigum tempo no Departamento de Saude nada esta provado que tenha exercido fungao publica, muito menos por quanto tempo isso ocorreu. E que se houve alguma prestagéo de servigo por parte de Sérgio Pitdo, ‘ isso caracterizou ato ilicito, pois ngio houve formalizagao e sim falsificago de notas de arbitragem para estribar pagamentos ilegais. Acentua que as condutas dos envolvidos, além de praticadas ao arrepio dos principios constitucionais, causaram enriquecimento ilicito © prejuizo 20 ‘erério. Acrescenta que a condenagao ao pagamento de verba honoraria em favor do Ministério Publico esta reguiamentada na Lei Estadual n.12.241/1998 em consonancia com 0 ocumenteassinado digital conforme MP n* 2.200-2/2001, Lein.*11.419/2006 ¢ Resolugsor,* 09/2008, do TJPRIOE Pega 6.09 ‘cos. br.030 603-9 ts. 5 artigo 118, 1, letra “a da Constituigéo Estadual. Referida Lei permite a transmissao da referida sango aos sucessores do agente improbo (Espélio) até o limite da heranga. Por fim, pleiteia o desprovimento do recurso. ‘A douta Procuradoria de Justica emitiv o r. parecer constante de fis. 15/25, opinando pelo parcial provimento do recurso to somente para excluir da condenagao a verba honoraria advocaticia dirigida ao Fundo Especial do Ministerio Publico E 0 relatorio, Voto. Observados os pressupostos de admissibilidade, o recurso merece ser conhecido. Cuida-se de Apelacdo Civel interposta por Espdlio de Susumo Itimura contra a r. sentenga proferida nos autos n° 0001406- 15,2011.8.16.0175, de Ago Civil Publica peta pratica de Atos de Improbidade ‘ Administrativa ajuizada em face dele e de Sérgio Henrique Pitdo pelo Apelado, que julgou procedente 0 pedido inicial, para condenar a parte apelante 20 ressarcimento integral e solidério do dano ao erério, “conforme os documentos anexados juntamente com a exordial" De acordo com a petigao inicial, 0 falecido Susumo ltimura, ex-prefeito do Municipio de UrailPR, e 0 corréu Sérgio Henrique Pitao, com unidade de designios, teriam se apropriado de forma ilicita da quantia de R$ 27,600.00, a partir de diversos pagamentos realizados por meio de empenhos no valor de R$ 600,00 cada um, emitidos entre os anos de 2005 a Documenta assinagocigitamente, conforma IAP n.*2200-2/2001, Lei." 11.479/2006 @ Reolugso n* 09/2008, do TIP RIDE Pagina 5009 ESTADO DO PARANA io Civ w" 1.456,603-9 = Ns. 6 2008. | A demanda teve por base investigacao realizada em sede de inquérito civil, onde se apurou que os empenhos emitidos supostamente ' ' pela prestagao de “servigos de arbitragem’, em verdade, nao tiveram por base a ‘| realizagao de servigos realizados em prol do Municipio, i | ‘As provas produzidas no curso da instrugao evidenciam | de forma muito clara a pratica dos atos de improbidade administrativa que | deram ensejo a propositura da agao. As testemunhas ouvidas em Juizo confirmaram que o corréu Sérgio Henrique Pitao jamais realizou servico de arbitragem ao Municipio de Urai Alega-se no recurso que “os pagamentos foram realizados através de notas fiscais de servicos de arbitragem, porque ’ inicialmente Pitéo trabalhou no Departamento de Esportes. Posteriormente foi e@ transferido para satide, porém os pagamentos, por desconhecimento tecnico do departamento de contabilidade, continuaram a ser feitos através das referida notas. Os servigos foram efetivamente prestados @ municipalidade e os pagamentos realizados de forma equivocada por inabilidade técnica, sem ma-fé, © que impedia a condenagao", | cen neeltenoeeeee ee sea | titulo 0 referido corréu realizava servigos junto a0 hospital local, como motorista, sendo impossivel definir se realmente 0 corréu Sérgio Henrique Pit efetivamente prestou servigos em prol da municipalidade. fo assinado cigitamente. conorme MP.” 2.200-2/2001, Lein.*11.418/2008 ¢ Resolugso ,* 09/2008, 60 TJPRIOE Pegina 6.60 9 2 cat. 17.030 Pe ESTADO 00 PARANA Apelagao Civel 1 1.456,603-9 = Ms. 7 | ‘A testemunha Angelo Tarantini Filho foi bastante : | enfatica ao afirmar que o Sr. Sérgio Henrique Pitéo nunca prestou servigos a0 Municipio de Urai, seja na Secretaria de Esportes, seja na Secretaria de Saiide. ‘A mesma testemunha declarou que teve conhecimento de que 0 corréu Sérgio | Henrique Pitdo teria realizado servigos como motorista, mas a titulo particular € | jamais vinculado a qualquer érgto da Prefeitura Mesmo que 0 corréu Sérgio Henrique Pitso tivesse realizado servigos para a Secretaria de Saude, como alega a parte Apelante, 0 que, frise-se, nao foi comprovado, essa situagao nao teria o condao de excluir a caracterizagao dos atos de improbidade administrativa Consoante foi bem observado na sentenga, “so as espécies de contratagao de pessoal pela Administragao Publica que prescindem de concurso public. A primeira delas, como j4 dito, so as nomeagées para cargo em comissao (art. 37, Il, da CF/88), destinadas ao exercicio temporario por pessoa de confianga da autoridade competente. A segunda excegao a0 principio da imprescindibilidade de concurso foi estabelecida no inciso IX do art ‘| 37 da CF/68, in verbis: Art. 37. (..) IX = a lei estabeleceré os casos de e { contratago por tempo determinado para atender a necessidade temporaria de | excepcional interesse publico. Note-se que, mesmo na contratagéo temporéria © recrutamento do pessoal a ser contratado sera feito mediante processo seletivo simplificado sujeito a ampla divulgagao” ' Nao tendo havido a contratagao do corréu Sérgio Henrique Pitdo por qualquer forma licita, a remuneracao de servigos prestados por ele através da expedigao de empenhos manifestamente “frios”, ou seja, sem | causa subjacent, inclusive com a indicagdo de motivagao inexistente - ou seja, q a prestagdo de servigos de arbitragem que jamais existiram - , sem duvida rende Documenta assinado dgtainente, conforme MP n.* 2200-22001. Lain 17.419/2006 e Resolugaon * 08/2008, do TUPR/OE Pagina 7 609 cad. 179030 i ae, PODER JUDICIARIO a TRIBUNAL DE JUSTIC¢ ESTADO DO PARANA Apelago Civel 1? 1.456,003.9 =. 8 | ensejo a caracterizagao de ato de improbidade administrativa que causa i prejuizo ao erario, nos termos do artigo 10, |, da Lei 8.429/1992 Sendo 0 falecido Susumo itimura o responsavel pelos pagamentos realizados ao corréu Sérgio Henrique Pitéo, como bem evidenciam os documentos que instruem a petigao inicial, emerge dai sua responsabilidade pela pr ica dos atos improbos e, sobretudo, de ressarcir 0 erario pelos danos causados, obrigago transmitida ao seu espdlio ¢ herdeiros, por forga do artigo 8° do diploma legal referido. Nao se trata, como claramente se verifica, de inabilidade técnica do departamento de contabilidade, como se alega, mas de flagrante pratica de atos ilicitos destinados a desviar verbas publicas praticadas pelo corréu pelo falecido Susumo ltimura, nds exatos termos do artigo 10, |, da Lei ‘ 8429/1992 ‘As evidéncias coihidas apontam no sentido da ocorréncia de dolo genérico ou eventual do apelante, em conjunto com o corréu, de realizar condutas que causaram danos ao erario, nos termos do artigo 10, | da Lei 8.429/1992 De acordo com a doutrina de Fabio Medina OSORIO, a constatagao do dolo "(...) requer 0 conhecimento das circunsténcias do modelo legal de conduta proibida, sendo necessario fixar de que forma a pessoa | acessaré ou deveria acessar seu contetido. Esse acesso depende, frequentemente, de dois fatores interligados: 0 sistema processual ¢ o alcance da redagao do tipo. A vontade consiste na decisdo de realizar a conduta proibida | e sua execugao, demandando, também aqui, canais institucionais adequados para a aferigéo dessa vontade exteriorizads. Os elementos dos modelos de Documenta sesinado dgtaimente, conforme MP n.* 2200-22001, Loin" 11.419/2006 @ Resolugao n* 08/2008, do TUPRIOE Pagina Bde 9 PODER JUDICIARIO ( TRIBUNAL DE JUSTIC. ESTADO DO PARANA Apelagdo Civel sf” 1.456.608-9— fs, 9 | conduta proibida constituem ponto de referéncia do dolo”.’ Diante do exposto, nao havendo equivoco na sentenga, voto no sentido do parcial provimento ao apelo para tio somente excluir da condenagao @ verba honoraria advocaticia dirigida ao Fundo Especial do c Ministério Publico. ' DECISAO Acordam os Desembargadores da 4* Camara Civel do Tribunal de Justia do Estado do Parana, por unanimidade de votos, em dar parcial provimento ao apelo. re Participaram da sessao presidida pela Excelentissima Desembargadora MARIA APARECIDA BLANCO DE LIMA e acompanharam o seu voto os Excelentissimos Senhores Desembargadores LELIA SAMARDA GIACOMET e LUIZ TARO OYAMA. Curitiba, 8 de julho de 2016. MARIA APARECIDA BLANCO DE LIMA Desembargadora Relatora : * OSORIO, Fabio Madina. Teoria de Inprobidede Adminisiralva: m& gesléo publica. comings \ ineficiéncis, 2 ed, S80 Paulo; Revista dos Tribunsis, 2010. p. 292. Documenta assinacodigitament, conforms MPn.* 2 200-2/2001, Lain” 11.419/2006 e Resolugo n.* 09/2008, do TIPROE Pagina 9 de 9 cc, 107.020 1456603-9 Ap Civel -1vccv DATA Nesta data, recebi estes autos com o acérdao. Curitiba, de 18 JuL. 2016 de 201__. P/ Leo. Chefe de Servigo 1456603-9 Ap Civel -1v. ccv PUBLICAGAO DE ACORDAO CERTIFICO que, no Diario da Justiga Eletrénico do dia 25.07.2016, foram veiculadas a deciséo e a ementa do venerando acérdao, sendo consideradas, como data da publicagao, 26.07.2016 e, como data do inicio do prazo, 27.07.2016 Curitiba, 25.07.2016. . Kivios Ana Maria Pereira Niklis Chefe de Segao 1456603-9 Ap Civel -1v ccv CERTIDAO CERTIFICO que intimei o representante do Ministério Publico, da publicagao do Acérdao e proferido ela 4° Camara Civel de fis YOY x Curitiba, 16 de setembro de 2016. WY. Chefe de Segao / CIENTE: lente o Ministéi Pblice do Ferané Rel 1456603-9 Ap Civel -1v ccv CERTIDAO CERTIFICO que 0 acérdao retro, transitou em julgado. Curitiba, 8 de novembro de 2016 Chefe de Segao BAIXA Nesta data, faco baixa destes autos ao Cartério da Juizo Unico da Comarca de Urai. Curitiba, 8 de novembro de 2016 Hb Chefe de Segao

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