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2 Psicologia: Ciéncia e Profissao Texto 3: A atuacao do psicélogo em contextos especificos No texto que se segue vocé encontraré informagées gerais sobre 2 atuacdo do psicélogo em contextos especificos. As informagdes e detalhes abordados complementam as informagdes do Texto 2, apresentando algumas particularidades dos diversos contextos mencionados, como 0 da Satide, com seus multiplos subcontextos, além do Educacional, do Organizacional e o de Pesquisa. AATUACAO DO PSICOLOGO NO CONTEXTO DA SAUDE Como dissemos anteriormente, o contexto da Satide engloba a atuacao do psicélogo em varios subcontextos diferenciados, como os destacados a seguir. PSICOLOGIA CLINICA (ATUACAO EM CONSULTORIO PARTICULAR E OUTROS LOCAIS) No contexto da Satide, é comum as pessoas referirem-se 4 Psicologia Clinica para caracterizar uma forma tipica de atuac3o do psicélogo. Nesta forma de atuagao, via de regra, o contato do profissional com sua clientela é feito pessoal e individualmente com 0 objetivo de promover sua satide, frequentemente através da resolucao de seus problemas. Nesse sentido, a psicologia clinica é exercida em variados contextos diferentes e se caracteriza pelo fato do profissional aplicar 0s métodos e as técnicas que a Psicologia, como Ciéncia, vem desenvolvendo ao longo de sua histéria, para atingir determinados objetivos. Assim, por exemplo, pode-se encontrar a aplicagio da Psicologia Clinica em um consultério particular, em um hospital, em um Posto de Satide e, as vezes, em uma escola. Por causa disso, algumas pessoas falam em um "modelo" clinico de atuago, assumindo formas particulares, dependendo do contexto particular onde ele aparece. Como vocé aprenderd mais & frente neste conjunto de textos, 8 medida que a Sociedade e a profisso foram se modificando até a atualidade, os profissionais comecaram a questionar a predominancia desse modelo na atuacao do psicdlogo, considerando-o muitas vezes inapropriado para a aplicac3o em novos contextos de atuagdo. Nesses locais, a atuagao do profissional envolve o trato com grandes grupos de 4 pessoas, com necessidades especificas, em servicos de atendimento de Satide Publica, o que inviabilizava a aplica¢3o de um modelo individual e particular de atuacao. Mesmo assim, a "pratica clinica”, com base no modelo tradicional, teve e tem uma jas das pessoas que tem beneficiado, e continua sendo inegavel importancia nas aplicada, em varios dos subcontextos mencionados. Alguns criticos do modelo clinico tradicional defendem a cria¢3o eo desenvolvimento de novos modelos de atuaco, mais apropriados aos novos contextos de atuagéo, especialmente aqueles que envolvem os servicos piblicos de saiide e algumas instituigbes. Esses novos modelos deveriam estar voltados para a populagdo em geral, para as comunidades e coletividades especificas, com objetivos preventivos, considerando-se as necessidades comuns a cada populacao, permitindo livre acesso aos profissionais, especialmente o acesso das classes mais pobres. As principais atividades desempenhadas pelos psicélogos clinicos J4 foram mencionadas e descritas no Texto 1. € aconselhavel que vocé retome aquele texto para ganhar maior facilidade no uso de alguns termos comuns ao vocabulério dos psicélogos. A atuacéo do psicélogo no consultério particular talvez seja a modalidade de atuacdo mais divulgada entre as pessoas comuns da sociedade. Em geral, o profissional atende pessoas em seu consultério particular (como profissional liberal aut@nomo) e ali, em contato na maioria das vezes individual, outras vezes grupal, aplica de forma pessoal 0s métodos e as técnicas que a Psicologia Ihe fornece As atividades mais comuns do psicélogo clinico particular também so 0 idades de psicodiagnéstico, a psicoterapia e o aconselhamento (ver Texto 1). A orientacdo profissional/vocacional também so exercidas. Os psicélogas (menos experientes) muitas vezes recorrem & "supervisio" de outros psicélogos (mais experientes) para discutirem e receberem orientacao sobre seus casos. A pratica multiprofissional, como descrita no texto anterior, no é muito comum entre os clinicos particulares. O psicélogo pode recorrer a outros profissionais ou encaminhar seus clientes a outras especialidades, mas a pratica conjunta néo é frequente, pelas préprias caracteristicas do atendimento particular. Em termos da populac3o atendida, é importante salientar que a modalidade de atendimento particular, pelos altos custos que implica (por ser um tratamento longo, com um profissional cuja formacdo é cara e especializada etc.), n3o permite acesso generalizado a toda populacao, havendo predomin4ncia de uma clientela dos extratos economicamente superiores da sociedade. Algumas vezes, 0s clinicos particulares especislizam-se em faixas etérias especificas (criancas, adolescentes etc.) ou grupos especificos (familias, casais, pais etc.) PSICOLOGIA HOSPITALAR (ATUACAO EM HOSPITAIS GERAIS) Embora alguns acreditem que o modelo clinico de atuac30, como o que caracte a atuaco do psicdlogo no consultério particular, deveria ser simplesmente adaptado as caracteristicas especificas do hospital e ser ali exercido, outros acreditam que 0 contexto hospitalar exige o desenvolvimento de novas formas de atuacdo. 0 trabalho do psicélogo no Hospital Geral (com suas multiplas especialidades, como por exemplo, a cardiologia, a oncologia, a maternidade etc.) experimentou grande desenvolvimento nas tltimas décadas, 0 que levou, na prética, 3 necessidade do profissional refletir sobre esse contexto especifico € exercer nele varias atividades. ‘Quando se pensa nos aspectos que tornam esse contexto téo especifico, deve-se considerar que, em primeiro lugar estamos falando do hospital como um contexto em que a doenga ocupa lugar de destaque. 0 individuo doente, internado ou atendido no ambulatério, é, dessa forma, o foco principal da aten¢3o dos profissionais da saude. Algumas reflexes sobre esse individuo doente precisam ser feitas: segundo Terezinha C. Campos (1995), em seu livro sobre Psicologia Hospitalar, o papel do psicélogo no hospital é contribuir para a humanizacao da instituig3o hospitalar. 0 hospital é um contexto especifico que busca proporcionar a manutencao do bem-estar fisico, social e mental do homem. Segundo a autora, o "psicélogo, atuando no hospital, busca a promogo, a prevengso e recuperacao do bem-estar do paciente, no seu todo, 0 que implica que aspectos fisicos e sociais so considerados em intera¢do continua na composicio do psiquismo desse mesmo paciente" (p. 65). 0 individuo, portanto, no se resume & sua doenca, mas é um ser humano complexo e é esse "todo" humano que precisa ser considerado. As atividades mais frequentemente exigidas do psicdlogo hospitalar so a orientagdo e aconselhamento e a psicoterapia breve (dado que a psicoterapia tradicional, longa, nao se adequa as caracteristicas do contexto hospitalar). O psicodiagnéstico e outras varias formas de avaliagao séo aplicadas quando necessério. Nos hospitais é comum a atividade de ensino, j4 que os cursos de formacao do psicdlogo tradicionalmente nao preparavam os alunos para atuacdo em hospitals, o que levou a 26 necessidade da atividade de ensino e treinamento dos profissionais formados para atuagio em hospitais. Dessa forma, entre as atividades dos psicélogos hospitalares encontra-se a de contribuir para 2 formacdo de seus futuros colegas. A atividade de pesquisa também aparece sendo exercida pelos psicélogos hospitalares. Como area recente da Psicologia, ha necessidade de produgSo sistematica de conhecimentos sobre a Psicologia Hospitalar, em seus multiplos aspectos. Em todas as atividades mencionadas, jonais é caracteristica essencial do observa-se que a atuacdo em equipes multiprofi trabalho do psicélogo hospitalar. A atividade de orientagao nao se restringe ao paciente, estendendo-se aos seus familiares e cuidadores e 3 toda a equipe de profissionais da Satide que trabalham no hospital. Esse aspecto é importante e deve ser salientado, ume vez que uma das preocupagées atuais da Psicologia como profissdo é estender seus servicos 8 populacdo como um todo. Nesse sentido, podemos dizer que a abrangéncia social do trabalho do psicélogo no hospital é bastante grande, no atingindo diretamente apenas 0 individuo doente, mas a toda a coletividade que faz parte do contexto do hospital. Na medida em que profissionais de Sade, no apenas o psicélogo, estiverem preparados técnica e pessoalmente, para lidarem com os doentes como um ser humano integral, em que aspectos fisicos e psicoldgicos fazem parte do mesmo todo, o beneficio da atuaco do profissional recai sobre toda a coletividade dos doentes, no apenas sobre individuos especificos. Em termos dos extratos sociais atualmente atingidos com o beneficio da atuagSo profissional do psicélogo, deve-se salientar a presenca bastante significative de psicdlogos nos Hospitais Publicos, 0 que amplia 0 acesso das camadas mais pobres aos profissionais. Nos hospitais particulares, a presenga do psicdlogo nao parece ser téo significativa. PSICOLOGIA INSTITUCIONAL E COMUNITARIA (ATUACAO EM INSTITUICOES E COMUNIDADES DE DIVERSAS NATUREZAS) Como vocé leu no Texto 1, as instituigdes nas quais os psicdlogos podem atuar sé inumeras, com os mais variados objetivos, atendendo populacées com as mais variadas caracteristicas. Entretanto, o que elas tem em comum é que aqui estd em foco a Saude da populacdo, em seus miltiplos aspectos. £ a Satide do cidadao que esta em jogo, quando o psicélogo trabalha em orfanatos, asilos ou instituicées equivalentes; quando atua em instituigdes de atendimento psicolégico a deficientes; nas organizacdes 2” no-governamentais (ONGs) de varias naturezas; nos ambulatérios de instituigdes de s (por exemplo, Saude Publica como Postos ou Unidades Basicas de Satide e ambulatéri de dependéncia quimica, ou disturbios de alimentacao) e de Instituigdes de Satide Mental como os Hospitais Psiquidtricos e instituigdes dessa natureza. Promover a satide do cidaddo também é objetivo do trabalho do psicdlogo em Comunidades ou Instituigdes que envolvem coletividades especfficas, como Associagbes de Bairro e Comunitérias, Sindicatos e AssociagSes Profissionais. Observa-se, cada vez mais frequentemente, a presenca de psicélogos em instituigdes da Justica, como presidios. Varas da Familia. Juizado do Menor etc., através da Psicologia Juridica. A tarefa dos profissionais aqui, por exemplo, é fornecer laudos e Pareceres para Juizes arbitrarem adocées, separacdes, penas etc. Através da Psicologia do Esporte, a atuacSo do profissional est4 focada em grupos de esportistas, eventualmente em individuos-especificos, mas a Satide de grupos e equipes é a referéncia fundamental para o trabalho do psicélogo. Nessa ampla variedade de locais em que o psicdlogo atua, pode-se observar a icional, mencionado em pardgrafos anteriores, presenga tanto do modelo clinico tra quanto 3 presenca de atividades mais apropriadas as caracteristicas dessas instituigdes. Uma dessas caracteristicas diz respeito ao ntimero de pessoas envolvidas no atendimento mente do profissional. 0 psicdlogo aqui entra em contato com muitas pessoas que dia frequentam essas instituigdes, especialmente as de Satide Publica. Assim, hd necessidade do desenvolvimento de métodos e técnicas adequados para o trabalho com grupos. Atividades novas precisam ser desenvolvidas para dar conta das demandas sociais que se apresentam ao psicélogo no seu dia-a-dia. A referéncia aqui so as coletividades e suas necessidades tipicas. Deve-se notar, mais uma vez, que segmentos da populacdo que anteriormente no eram beneficiados com o trabalho do psicélogo, agora 0 séo, quando se observa que um ntmero grande dessas instituigdes tem a populaco mais pobre como a diretamente atendida. A ATUAGAO DO PSICOLOGO NO CONTEXTO EDUCACIONAL A atuacdo do psicélogo na escola e no contexto educacional ¢ vista basicamente como a atuacgo de um educador, que participa do processo educacional como um todo, colaborando com aquilo que especificamente faz parte da 4rea de conhecimento da Psicologia, conhecimento este necessério para que se compreenda e interfira no proceso 2 educacional. Isto é, 0 psicélogo & mais um dos profissionals envolvides no processo de ensino-aprendizagem e, como tal, colabora para que esse proceso posse atinglr £2 plenitude. Nessa medida, os conhecimentos da Psicologia sobre © desenvolvimento humane, sobre os processos de aprendizagem e sobre as relacBes humanas, s80 colocados em pratica para garantir, junto com outros conhecimentos de outros profissionais, que a aprendizagem ocorra da melhor forma possivel. 0 P logo, em vista disso, trabalha sempre em equipes multiprofissionais. Em resumo, 0 psic6logo se envolve diretamente com o processo educacional e é figura importante no estabelecimento das condicées necessérias para que haja a aprendizagem Em termos das atividades que esse psicdlogo apresenta, deve-se notar que na mator parte delas 2 postura de educador descrita acims est4 evidente ¢ elas representam 2 aplicago do conhecimento psicolégico para aumentar a chance da aprendizagem ocorrer. Se, por alguma razéo, 0 psicélogo se depara com algum aluno que necessite de atendimento clinico, em grande parte das vezes ele mesmo no faz esse atendimento, ~ mas encaminha-o aluno a um psicdlogo clinico especializado. Entre as atividades principais do psicélogo que trabalha no contexto educacional, pode-se citar: (a) planejamento curricular: trabalho realizado geralmente em equipe com outros educadores (pedagogos, professores e especialistas nas reas académicas especificas). Nessa atividade ele participa do estabelecimento dos objetivos educacionals, das estratégias de ensino e de avaliago, além da andlise e elaboragso do material didético. (b) treinamento de professores: aqui psicélogo orienta 0 professor, seje naquilo que se relaciona a aspectos do desenvol ento psicolégico (intelectual, afetivo, social etc,) dos alunos, seja naquilo que se relaciona aos processos de aprendizagem conhecidos pela Psicologia. Por exemplo, em um treinamento de professores 0 psicdlogo pode oferecer informagées basicas sobre aspectos do desenvolvimento envolvidos na educagéo, ou orientar 0 professor para que crie situagdes mais adequadas de aprendizagem, alterando, por exemplo, o material didético etc. Outras at lades merecem ser mencionadas: (c) contato com a familia: 0 psicélogo pode servir de elo de ligagdo entre 2 escola ¢ 2 casa/familia do aluno, garantindo assim que as condicdes de ensino planejadas pela escola possam ter continuidade e apoio no seu ambiente doméstico. (d) orientacao de alunos: atividade geralmente realizada através de pequenos cursos ow palestras, visando informar os alunos a respeito de varios assuntos, de modo @ favorecer opcées de vida mais adequadas. Os assuntos mais frequentes so relacionados 4 escolha profissional/vocacional, ao sexo, as drogas, ao desenvolvimento da cidadania ete. (e) organizagao do espa¢o educacional: distribui¢o de alunos por salas, planejamento e racionalizacao do espace etc. Pode-se observar, analisando essas atividades, que atuacao do psicdlogo educador tem uma carater eminentemente preventivo, isto é, todas elas representam uma tentative do psicélogo e dos outros educadores de maximizar a probabilidade de que haja aprendizagem e 0s objetivos educacionais sejam atingidos. O carater preventivo se manifesta exatamente af: se a escola atingir seus objetivos educacionais, a aprendizagem ocorrerd sem problemas e a necessidade de remediacdo sera diminuida. Por exemplo, na medida em que um curriculo estiver bem planejado, que o professor estiver bem preparado para o contato com os alunos, planejando e implementando adequadamente as condigdes de ensino, maior seré a chance do aluno aprender. A atuagao é preventiva porque nio se espera o problema ocorrer para depois traté-lo: a atuacao dos educadores ocorre antes, evitando assim que os problemas ocorram. Note, também, que o foco de interesse principal do conhecimento que o psicdlogo esta aplicando esta na coletividade dos alunos da escola e nao neste ou naquele aluno dividual. Tudo 0 que o educador faz se reflete naquela comunidade de alunos. Além disso, esse reflexo é facilitado, na medida em que o psicdlogo educador trabalha com os determinantes externos do comportamento dos alunos, determinantes estes aos quais, toda a coletividade esta exposta. Determinantes do tipo ambiente fisico, curriculo, professor, material didatico etc. estéo presentes e afetando a todo o grupo de alunos ¢@ atuago bem sucedida do psicdlogo junto a esses determinantes traz como consequéncia um efeito cuja abrangéncia é bastante ampla, atingindo a maior parte daquela coletividade de alunos. Apesar da descricao acima enfatizar uma atuacdo do psicélogo bastante diferente do modelo clinico tradicional, em algumas escolas esse modelo ainda prevalece. Em outras, ainda, hd 2 presenca dos dois modelos de atuago (o educacional e o clinico). Quando aplicado no contexto da escola, 0 modelo clinico pode implicar a presenca das seguintes atividades: 2 (a) psicodiagnésticos, por ex., entrevistando alunos e suas familias; testando habilidades e desempenhos académicos; aplicando testes de personalidade etc., (b) aplicagao de técnicas e métodos de tratamento psicoterapéuticos eventualmente (quando tem condigdes e seu contrato com a escola permite) ou, (c) encaminhamentos a outros profissionais para tratamento. Deve-se observar que, em geral, o psicélogo que adota esta forma de atuacao clinica na escola tem atividades cujo carater é basicamente remediativo, isto é, ele é chamado a atuar quando os outros educadares, ou ele mesmo, encontram o que se convencionou chamar de aluno-problema, aluno este que é encaminhado ao psicélogo da escola para que seu problema seja resolvido, de alguma forma. Isto é, 0 psicélogo aqui é visto como 0 profissional que vai lidar com os problemas depois que eles surgem, de forma a minimizd-los. Dai a referéncia 4 sua atuac3o como tendo cardter remediativo. Em termos da postura frente ao processo educacional que esse profissional apresenta, pode-se dizer que seu envolvimento com esse processo raramente é direto, sendo que o foco de interesse principal do conhecimento que o psicélogo utiliza estd basicamente centrado no individuo (no aluno-problema) e nos determinantes internos de seu Comportamento (suas necessidades. angiistias etc.) e n3o nos determinantes externos (que, no caso, seriam todas as indmeras condicées presentes no ambiente educacional imediato e remoto). Essa postura é representada muitas vezes pelo fato do psicdlogo ter uma sala na escola e seu trabalho ser desenvolvido basicamente nesse local, sem que ele necessariamente tome contato com o ambiente educacional mais amplo, em todos os sentidos, desde o ambiente fisico, até o que acontece nas salas de aula. Em resumo, o envolvimento do psicélogo que adota essa postura clinico-remediativa na escola, com o processo educacianal como um todo, é bastante pequeno. Os psicélogos educacionais tém diferentes tipos de vinculos com as instituigée: alguns sao contratados em periodo integral, outros trabalham em variados perfodos parciais, outros ngo so assalariados da escola, mas so contratados como auténomos, prestando assessoria e servicos as escolas, quando solicitados. Observa-se também que muitos tém, além do trabalho nas escolas, atuacdo em consultério particular préprio ou em outros contextos, como o organizacional e institucional. Muito se pode discutir a respeito da atuaco do psicélogo que trabalha nas escolas. Por exemplo, frequentemente se discute o fato de que a atuacao dos psicélogos se restringe 4s escolas particulares, sendo que sua presenca no sistema de ensino oficial € incipiente ou inexistente, trazendo com isso sérias implicagdes para a fungao social do psicdlogo. Isto é, no conjunto das escolas brasiieiras observa-se num de fo pequi psicélogos contratados, mesmo quando estas escolas se restringem as particulares. Nas ltimas décadas os psicdlogos que se formam tém, em sua maioria, preferido atuar em outros contextos de atuacgo. Além disso, o sistema publico de ensino no tem historicamente considerado importante a presenca do profissional de psicologia nas escolas e 0 resultado disso é uma abrangéncia pequena da nossa funcdo social. AATUAGAO DO PSICOLOGO NO CONTEXTO ORGANIZACIONAL E DO TRABALHO Pode-se dizer que um dos objetivos do psicélogo, no contexto das Organizagées e do Trabalho (dai a denominacao psicdlogo organizacional ou do trabalho) é o de fornecer a Organizacao 0s recursos humanos que ela necesita e ali manté-los. A humaniza¢ao das relades de trabalho deve ser um principio que orienta esse objetivo. Como exemplos de algumas atividades tradicionais do psicélogo dentro das organizagées, podemos mencionar: Recrutamento: o psicélogo, como 0 nome da atividade sugere, recruta candidatos a ocuparem determinadas vagas na empresa. Este recrutamento pode ser feito dentro da prépria organizagao (recrutamento interno) como, também, fora dela (recrutamento externo, por exemplo, através de aniincios em jortial). 0 psicdlogo esté envolvido nesta atividade, na medida em que conhece o perfil (habilidades, conhecimento e caracteristicas de personalidade) do funcionério ideal para ocupar uma vaga e, nessa medida, recruta este funcionério, especificando e descrevendo, neste recrutamento (através, por exemplo, de um cartaz no quadro de aviso da empresa, ou em aniincio em algum tipo de midia), quais os atributos que ele deve ter para se candidatar ao cargo. Selecdo de pessoal: 0 objetivo desta atividade é encontrar o candidato a uma vaga que mais se aproxime do perfil necessério para ocupé-la. Sao varias as atividades e os instrumentos utilizados para esta selecdo, sendo que os mais comuns séo a andlise de curriculos, a entrevista, a aplicacSo de testes (por ex., de personalidade, de habilidades), @ observac3o do desempenho do candidato em grupo (a "dinamica de grupo"), observacdo de desempenho do candidato em uma situacao simulada ou real ete. Treinamento: na medida em que um dos conhecimentos da Psicologia se refere ao processo de aprendizagem dos individuos, o psicélogo chamado a desenvolver e implementar programas de treinamento entre os funcionérios de forma a melhorar seus desempenhos. Este desempenho tanto pode estar relacionado a habilidades especificas ou técnicas necessdrias para a tungdo, quanto pode estar reiacionado a habilidades "psicoldgicas", isto é, aquelas que envolvem a relagao pessoal entre individuos € suas caracteristicas pessoais. Assim, o funcionario pode ser encaminhado ao treinamento com 0 objetivo de torné-lo mais habil para determinado desempenho ou para garantir as melhores condigdes possiveis de relacionamento entre os funciondrios (atuacao, no caso, preventiva), quanto o psicélogo pode ser chamado a planejar e aplicar um treinamento na tentativa de resolver algum problema relacionado ao desempenho de habilidades técnicas ou psicolégicas (atuacao, no caso, remediativa). nal ver Tem-se observado, mais recentemente, que o psicdlogo organiza desempenhando atividades novas e entre elas podemos citar a ergonomia (estuda e implementa a melhor adequacao dos equipamentos a estrutura anatomica, fisiolégica e psicolégica do Homem) e a assessoria no planejamento de grandes instituicSes. Nos iiltimos anos, especialmente, tem-se observado uma tendéncia entre as empresas em terceirizar os servigos do psicélogo, sendo que nesse caso ele ndo é um assalariado da Organiza¢So, mas é chamado a assessoré-la, quando necessario. Podemos dizer, portanto, que o cardter das atividades do psicélogo organizacional é basicamente, mas nao exclusivamente, preventivo, na medida em que seu objetivo basico 6 abordar os processos organizacionais, melhorando-os e ampliando-os, visando 0 desenvolvimento dos individuos e das Organizagdes. Isso nao significa que em determinadas situacdes 0 psicélogo n3o seja chamado a atuar para resolver problemas, tendo, af, uma atua¢ao remediativa. A Psicologia Organizacional, ao tentar compreender o comportamento do individuo na Organizagao, estuda o contexto social, politico e econdmico, as relacbes interpessoais, os cendrios em que o funciondrio esta Inserido na Organizacdo e os determinantes internos do individuo (sua personalidade, expectativas, desejos etc.). Neste sentido, o psicélogo atua ndo somente tendo como foco de interesse o individuo ou 0 grupo/coletividade de pessoas, mas ambos, sintonizando-os num contexto mais abrangente de Organizacéo e Sociedade. A ATUACAQ DO PSICOLOGO NO CONTEXTO DA PESQUISA Como vocé estudou no Texto 2, fazer pesquisa é produzir conhecimento novo ou confirmar, ampliar e aprofundar conhecimento ja produzido anteriormente. Esia atividade no se restringe a um Unico contexto no qual o psicélogo atua, mas pode, virtualmente, ser realizada em qualquer dos contextos anteriormente citados (pesquisa em sadide, clinica, educacional, institucional etc.). Atualmente, as universidades (especialmente as puiblicas) constituem um contexto em que a pesquisa se desenvolve cotidianamente, seja através de seus professores, seja através dos seus alunos, especialmente os de pés-graduacdo. Entretanto, psicdlogos que nao so professores nao esto vinculados a uma universidade, podem também ser pesquisadores, nos seus respectivos contextos de atuacao. Produzir conhecimento, isto é, fazer pesquisa, implica um conjunto de atividades especificas, voltadas para a busca de respostas para questdes que envolvem os mais variados aspectos da psicologia humana e animal. Em geral, a pesquisa comeca com a especifica¢do de um problema, de uma pergunta cuja resposta ndo se conhece, que a pesquisa deverd responder. Especificam-se os sujeitos a serem pesquisados e os métodos a serem utilizados na coleta de informacées (ver atividades de coleta e avaliacao sistemdticas de informagées descritas no Texto 2). Os dados, depois de coletados, sdo analisados, interpretados e discutidos, de forma que a pergunta original que gerou a pesquisa possa ser respondida. Em seguida, a pesquisa é relatada e divulgada através de meios como jornais e periédicos de comunicagao cientifica ("revistas" de Psicologia), Congressos, Simpésios e Seminérios e esta atividade de divulgago é essencial, jé que garante que 0 conhecimento produzido possa ser compartilhado com outros profissionais © possa ser submetido & critica e avaliaggo de outros psicélogos e ser utilizado pelos pro- fissionais. Nao existe uma Unica forma de se fazer pesquisa, como 0 homem comum costuma imaginar, quando vem & sua mente alguém trancado em um laboratério, fazendo experiéncias, utilizando aparelhos sofisticados e utilizando cdlculos mateméticos complexos. Esta imagem se aproxima da forma mais conhecida de pesquisa, que é aquela realizada pelos estudiosos das Ciéncias Naturais, como a fisica, a quimica, a biologia etc. Em Psicologia, esse modelo esté presente desde sua fundacSo, e tem produzido conhecimento bastante significative, mas outros modelos também foram se desenvolvendo, partindo de outras concepgSes sobre 0 mundo, sobre o Homem e sobre 0 préprio conhecimento. Fala-se em modelo das Ciéncias Humanas para se referir 208 par3metros que orientam essa outra forma de pesquisar, igualmente importante € que também tem produzido conhecimento psicoidgico reievante. Nesse modelo, via de regra, nao se busca quantificar os fenémenos psicoldgicos (o que significa que nem sempre uma pesquisa se faz com base em ndmeros), nem se utilizam experimentos para comprovar seus resultados. Entretanto, os dois modelos tém em comum a utilizagao da razao, do pensamento critico e da lgica como instrumentos fundamentais na produce do conhecimento. Ao longo do seu curso, vocé terd oportunidade de conhecer esses diferentes modelos de pesquisa da Psicologia. As condigdes para a realizago de pesquisas nem sempre so as ideais, na medida que as verbas necessérias nem sempre esto facilmente disponiveis. Hé drgéos oficiais que subsidiam as pesquisas, como a Fundacao de Amparo & Pesquisa do Estado de Sao Paulo (FAPESP). 0 Conselho Nacional do Desenvolvimento Cientifico e Tecnolégico (CNPq), a Coordenacao de Aperfeigoamento de Pessoal de Nivel Superior (CAPES) etc. Nao & muito comum, no Brasil, empresas privadas patrocinarem pesquisas de Psicologia. E importante que se reflita sobre a abrangéncia social do trabalho do pesquisador. Se considerarmos que o conhecimento produzido pelo pesquisador fica disponivel para que todos 0s outros profissionais o utilizem, potencialmente a abrangéncia do pesquisador é bastante grande e muitos individuos poderao ser beneficiados. Ao mesmo tempo, esse potencial seré reduzido se a divulgacdo dos resultados das pesquisas se restringir a poucos profissionais, ou apenas a aquele que a desenvolveu. Por outro lado, isto também implica a necessidade dos profissionais buscarem acesso ao conhecimento e as informacGes produzidas pela pesquisa, através de estudo, leitura, comparecimento a congressos etc. Referéncia Bibliogréfica: CAMPOS, T. C. P. Psicologia Hospitalar. Sdo Paulo: E.P.U., 1995. ATIVIDADES PARA ESTUDO E REFLEXAO SOBRE O TEXTO 3 Sobre 0 contexto da Saude: Psicologia Clinica 1. Descreva algumas caracteristicas da forma tipica de atuagdo do psicdlogo clinico ("modelo clinico de atuago") 2. Reflita sabre a seguinte afirmago: "a atuaco do psicélogo clinico no se restringe 20 consultério particular. jonal de 3. Como vocé entendeu a afirmacao do texto de que o modelo clinico tra atuacao no se mostrou apropriado para ser aplicado nos contextos de atuacao mais recentes, especialmente na Satide Publica? 4. Que caracteristicas deveria ter a atuacSo do psicélogo nesses novos contextos, de acordo com 05 criticos do modelo clinico tradicional? 5. Quais so as principais atividades do psicélogo clinico? 6. Quais so as ciiticas feitas ao modelo de atuacao do psicdlogo clinico restrita a0 consultério particular? Psicologia Hospitalar: 7. Como vocé entende a afirmaclo de que 0 papel do psicdlogo no hospital € contribuir para a humanizaggo da institui¢go hospitalar? 8. Reflita sobre a seguinte afirmagSo: "O individuo, portanto, ndo se resume a sua doenga, mas é um ser humano complexo e é esse 'todo' humano que precisa ser considerado." 9. Quais so as principais atividades do psicélogo hospitalar? 10. Por que se pode afirmar que ¢ grande a abrangéncia do trabalho do psicélogo hospitalar, em termos de quantas pessoas beneficia? Psicologia institucional e Comunitéria 11, Mencione alguns locais de atuac3o do psicélogo institucional/comunitério que mostrem a ampla variedade de instituicdes em que ele pode atuar. 12. Reflita sobre a seguinte afirmago: "Nas instituicdes, os psicélogos atendem diariamente a um ntimero bastante grande de pessoas, o que inviabiliza a aplicac3o do modelo individual de atua¢ao. Sobre 0 contexto Educacional: 13, 0 que caracteriza a atuagao do psicdlogo educacional como um “educador™” que participa, com outros profissionais, do processo educacional como u 44, Quais so as principais atividades desempenhadas pelos psicdlogos educacionais? 15. Por que se pode afirmar que a atuagdo do psicélogo educacional, na maioria das vezes, tem cardter preventivo e tem como referéncia a coletividade de alunos? 16. 0 que caracteriza 0 trabalho do psicélogo que trabalha na escola seguindo o modelo clinico de atuagao? Quais s8o suas atividades? 17. Reflita sobre a seguinte afirmaco: "Apesar de toda a coletividade de alunos de uma escola poder ser beneficiada pelo trabalho do psicélogo, a abrangéncia social do psicélogo educacional no Brasil ainda é pequena." Sobre 0 contexto Organizacional: 18. Como vocé entende a afirmacao de que 0 objetivo da psicologia organizacional é fornecer recursos humanos & OrganiZacao e ai fixd-los? 19, Quais so as principais atividades desenvolvidas pelos psicdlogos organizacionais? 20. A atuagSo do psicélogo organizacional é preventiva ou remediativa? Justifique sua resposta 21, Quais fatores so estudados quando o psicélogo organizacional busca compreender 0 comportamento do individuo no trabalho? Sobre o Contexto de Pesquisa: 22. Reflita sobre a seguinte afirmagdo: "Fazer pesquisa é produzir conhecimento novo ou confirmar, ampliar e aprofundar conhecimento j4 produzido anteriormente. 23. Por que nao est correto afirmar que a pesquisa sO pode ser feita por professores vinculados a universidades? 24. Descreva resumidamente 0 conjunto de atividades especificas que constituem a atividade geral de pesquisar. 25. Reflita sobre a seguinte afirmagao: "Se os resultados das pesquisas nao forem divulgados, ou se os profissionais nao pesquisadores ngo buscarem entrar em contato com eles, 0 potencial de abrangéncia social do trabalho do pesquisador fica reduzido." 7 Psicologia: Ciéncia e Profissdo 0 texto que vocé vai ler a seguir tem algumas caracteristicas diferentes dos textos anteriores. Vocé vai notar que aqui 0 estilo do texto é diferente, jd que ele foi extraido e adaptado de um relato de uma pesquisa sobre a profissdo de psicélogo. Sendo um relato de pesquisa, o texto seque algumas normas e regras de redacao e formato, que vocé aprenderd posteriormente, quando estudar metodologia do trabalho cientifico. Como imaginamos que este tipo de texto é novo‘para vocé, algumas dicas gerais de leitura so importantes. Em primeiro lugar, tenha um diciondrio @ mao, jd que é possivel que vocé encontre algumas palavras que desconheca. Outra coisa importante: ndo se preocupe em memorizar datas e nomes de autores, apesar da grande quantidade de citacdes que 0 texto apresenta. Em Ciéncia, 0 conhecimento se produz com base no conhecimento obtido anteriormente. Sendo assim, hd necessidade do texto referir-se a trabalhos feitos anteriormente, a seus autores, datas e locais de publicacdo, que apoiem as ideias apresentadas nele. A longa lista de referéncias bibliogréficas que se encontra no final do texto cumpre essa fun¢do de informar ao leitor a origem das ideias contidas nele. Nao se esqueca de ir lendo o texto utilizando as dicas de leitura e as questdes de estudo que se encontram ao final do material. Isto poderé facilitar a compreensdo dos pontos principais discutidos. Note que, embora este trabalho cubra um periodo da histéria da profissdo que vai apenas até o inicio dos anos 2000, sua apresentagdo se justifica pela discussdo da questao da funcao social contida nele. Para atualizagdo dos dados sobre a profissdo até os anos mais recentes, aconselha-se fortemente que vocé recorra & seguinte referencia, presente na bibliografia bsica da disciplina: BASTOS, A. V. B. & GONDIM, S. M. G. (orgs): 0 trabalho do psicdlogo no Brasi Porto Alegre: Artmed, 2010. A FUNCAO SOCIAL DA ATUACAO 00 PSICOLOGO* (od HISTORIA E IDEOLOGIA DA PROFISSAO DE PSICOLOGO NO BRASIL O que se apresenta a seguir no é um relato completo da histéria da profiss8o no Brasil. Faremos mengdo, apenas de forma esquemitica, a alguns eventos que sao parte dessa historia, além de comentar alguns pontos que sao salientados na literatura produzida pelos estudiosos da rea. A Cultura Profissional do Psicélogo jd tem parte de sua histéria registrada em alguns ‘trabalhos, como se observa desde Pessotti (1975), passando por Massimi (1990) e Antunes (1998), que se ocuparam em conhecer a nossa histéria do periodo colonial até o inicio do século XX. Outros relatos histéricos dos periodos subsequentes podem ser encontrados em varios outros autores, como Dimenstein (1998a, 1998b, 2000), em que a autora apresenta descricdo e andlise detalhadas e bem delineadas de eventos historicos ¢ institucionais do final da década de 70 até a de 80 no Brasil e suas relacdes com a entrada do psicélogo no mercado de trabalho no servico pUblico. Outro relato bastante detalhado da histéria da profissdo e, principalmente, da formacao do psicélogo pode ser encontrado em Batista (2000); Jacd-Vilela (1999) também nos apresenta alguns aspectos da histéria da formacao profissional no Brasil e nossa histéria mais recente pode ser encontrada discutida por Bock (1999a). A autora nos apresenta uma descricao de acontecimentos politicos e sociais que estiveram presentes ¢ relacionados a histéria da profiss3o. no Brasil desde a década de 70 até meados de 90, fazendo uma minuciosa descri¢o e avaliaco, ‘ano a ano, dos movimentos de varios segmentos da categoria profissional dos psicélogos que, de seu ponto de vista, resultaram numa transformacgo positiva da profissdo, especialmente no sentido de uma maior participagdo no atendimento as necessidades da populagdo e no sentido de uma methoria da imagem social da profisso. Batista (2000), a0 analisar o desenvolvimento cientifico e profissional da Psicologia no Brasil, aponta trés marcos que pontuam aspectos importantes da nossa historia: (a) um primeiro marco, constituido pelas origens histéricas da Psicologia, no periodo colonial e seus primeiros desenvolvimentos, com sua incluso, como disciplina, nos curriculos dos cursos de Medicina no Rio de Janeiro e na Bahia, no final do século XIX, passando pela criagao de laboratérios experimentais e por sua aplicaco, como Psicologia Cientifica, em instituigBes psiquidtricas e educacionais, jd no inicio do século Xx; (b) um segundo marco, chamado de fase profissional, ? Texto extra « adaptado de: BETTOI, W. Natureza construsio de representacbes sobre a profisséo na Cultura Profssional 60s psicélogos, S30 Paulo. 2003. 273p. Tese (Doutorede. Instituto de Psicologia. Universidade de Sao Paulo inaugurado pela abertura dos cursos de Psicologia (na PUC-RJ, em 1956 e na Universidade de So Paulo, em 1957) e pela regulamentaco da profisso, em 1962. Em 1964, a formago e 0 exer profissional sao regulamentados pelo Conselho Federal de Educagao. Salienta-se, no inicio da década de 70, a expansio no numero das escolas de Psicologia, em funcdo da politica oficial de ‘abertura do Ensino para a iniciativa privada; (c) um terceiro marco, que se inicia com a insers3o dos psicdlogos nos servigos puiblicos de satide. Segundo Dimenstein (1998a), no final da década de 70, comesa 0 movimento de abertura de mercado para as instituicdes puiblicas, com 0 aumento do niimero de psicélogos nelas. Esse movimento se expandiu muito lentamente nos anos seguintes, sendo ainda o numero de profissionais pouco expressivo, comparado a outras categorias profissionais do setor de satide e a outras dreas de atuacao dos psicélogos. A autora chama a atenco para o fato desse movimento acorrer em estreita relacdo com 0 contexto histérico-politico-econémico, salientando as politicas ptiblicas de satide do final dos anos 70 e década de 80 e a crise econdmica e social nos anos 80, levando ao afastamento da clientela dos servicos privados. ‘Assim como os psicélogos tém estudado a sua histéria, as ideologias que nela se constroem tém sido, também, objeto de sua reflexio. Quando falamos em "ideologia" da profissao estamos interessados em discutir questdes como quais os partidos que temos tomado, como psicélogos, em relagio as coisas do mundo, conhecer o que se aculta sob aquilo que temos feito profissionalmente, aos interesses que servimos, com 0 qué nos comprometemos € 0 qué nossas ages produzem nos outros. Uma das primeiras questdes que se colocam diz respeito 4 nossa funcdo social, como psicdlogos, e aos nossos compromissos com a sociedade. Quando se pergunta a quantos e a quem temos atingido com nosso trabalho (isto é, qual a nossa abrangéncia social) e qual o significado dos efeitos produzides pela nossa atuacao (se contribuem, e como, para a transformagao do Homem e da Sociedade}, estamos tratando da ideologia que tem caracterizado a nossa profissao. Fica, ento, caracterizado o conceito principal deste texto, o conceito de funco social da atuacio do psicdlogo. Assim, funcdo social deve ser entendida como os efeitos do trabalho do profissional sobre a sociedade. No ambito desta disciplina, esse efeito sera avaliado em termos de sua abrangéncia (isto é, de quantos e quem so 0s atingidos pela atuacgo do profissional) e de seu significado (isto é, se o trabalho contribui para a transformago do individuo ou da sociedade). Nessa medida, sempre haverd alguma funcSo social sendo exercida, ainda que essa funco social signifique efeitos apenas sobre poucos ou que esses poucos pertencam a uma Unica classe social Nao faz sentido, portanto, dizer que nao ha funcdo social quando o psicélogo atinge poucas pessoas com sua atividade profissional. Além disso, ndo utilizamos 0 termo “social” apenas para nos referirmos a classe social menos favorecida. Nossa abrangéncia social tem sido, historicamente, bastante restrita. Pare Dimenstein (1998a), a abrangéncia da atuacao do psicélogo n3o deveria ser avaliada pela variedade de técnicas utilizadas ou pela diversidade das atividades do profissional. Para ela, uma atuacao abrangente se dé pela "possibilidade de alcancar uma parcela relevante de populacdo ou de situagdes em que é potencialmente sti." (p.29). € consenso, entre os envolvidos com a profissa0, que pouces brasileiros tém sido atingidos diretamente pela nossa atuagao profissional, constituindo-se eles na parcels mais privilegiada, econdmica e socialmente, da ago. Apenas nos anos recentes a Psicologia tem se aproximado das populacdes mais pobres, através de sua inser¢3o nos servigos publicos de saiide, apesar desta insercao ocorrer de forma bastante pau- latina ¢ cercada de problemas, como se verd adiante. Desde o final da década de 70 e inicio de 80, observa-se o interesse de estudiosos por uma discusso sobre a fungo social do psicélogo. Mello (1975), jf se utilizava do termo fungao social, constatava que nossa fungdo social era muito pouco significativa e nos advertia sobre a necessidade de revertemos 0 quadro para 0 futuro. Botomé (1979) nos perguntava @ quem, "de fato", serviamos. Carvalho (1982), nos apresentava reflexdes bastante interessantes sobre as relagdes entre a sociedade e a profissao e, a0 colocar em discussao a questo das necessidades sociais as quais deveriamos atender, fazia importantes consideraces a respeito do fato dessas necessidades no estarem sendo as responsdveis pela abertura de espacos de atuacdo do psicdlogo. Para ela, isso no ocorria, em fungo da pressao exercida pela imagem social da profissio, imagem esta limitada e responsével pela abertura dos espacos limitados a serem ocupados pelos psicdlogos. Discutindo nossa fungo social, Campos (1983) nos remete & origem de nossa prot contexto das sociedades capitalistas da Europa, no final do século XIX, dominadas pela pressupostos da ideologia liberal, como a noo de liberdade individual, da igualdade de oportunidades, da responsabilidade individual e das aptidées naturals, que serviam a funcao de mascarar as desigualdades produzidas pela divisao de classes. E nesse contexto que a pratica do psicélogo passa a ser requerida, principalmente para exercer a funcdo de adaptago e colaboracdo 3 reproducio da dominaco de classe’. A ideologia liberal pressupde um modelo de individuo, que € visto como auténomo, senhor de si e independente (isto 6, sua vida depende apenas de si, esse respeito, ver também Bock 2003) principalmente de sua vontade e suas capacidades inatas), desvinculado dos determinantes de sua cultura (isto 6, néo depende das influéncias que recebe de sua cultura e da sociedade). ‘Ao longo das décadas de 80 e 90, a fungdo social do psicdlogo continuou a ser discutica € isso se deveu principalmente, conforme Campos (1883), Dimenstein (1998a), Jacd-Vilela (1999) e Moura (1999), ao fato de o psicélogo se sentir insatisfeito com sua formaco e comecar a ter fade de aproximar-se de contextos sacioculturais desconhecidos, em funcao da saturac3o neces: do mercado para a drea clinica privada. Campos (1983) acredita que, em fungSo dessa saturacao do mercado de trabalho, o psicdlogo se viu obrigado a prestar seus servicos 4 populacao de menor renda e que é neste ponto que o profissional pode encontrar a possibilidade de lutar contra a dominagao histérica, Isso se daria na medida em que os profissionais tomassem consciéncia € refletissem sobre a inadequacéo das praticas aprendidas aos novos contextos de atuacao fossem capazes de alteré-las. ‘Anecessidade de se pensar sobre a funco social ficava, entdo, mais evidente, princi- palmente em seus aspectos relacionados a formaco do profissional. Nessa medida, encontram-se nas publicagées disponivels ao longo das duas diltimas décadas, varios trabalhos abordando aspectos da nossa fungo social, dos nossos compromissos socials e das necessidades socials para as quais os psic6logos deveriam atentar (Del Prette, 1986; Bastos, 1988; Bonfim, 1990; Ozella & Lurdes, 1993; Weber, Botomé & Rebelatto, 1996; Bettoi, 1998; Bock, 1999b; Bettoi & Simao, 2000). Para Dimenstein (1998b), a entrada do psicélogo no mercado da satide publica, em funcdo, entre outros fatores, da retragao de sua clientela particular em razdo da crise econdmica dos anos 80, levou ao questionamento dos modelos de atuacao do psicdlogo, ineficientes e invidveis no contexto das instituicées publicas. Por modelo de atuaco deve-se entender sua forma tipica de atuar, quais so as praticas profissionais que tradicionalmente tém sido utilizadas pelos psicdlogos, como elas so desenvolvidas e quais so as suas caracteristicas. Essa discussao contritbulu para que o alcance social da profisséo fosse criticado e produziu uma série de ivas, a partir dos anos 80, no sentido de dar & profisso uma funco social mais significativa. Os modelos de atuacao do psicélogo sSo, dessa forma, analisados, a distribuicao dos psicdlogos pelas dreas de trabalho é levantada, seus vinculos empregaticios so identificados e o que se constata é 2 predominancia de um modelo de atuacSo que se concretiza na atuacao do psicélogo de forma tal, que apenas uma pequena parcela da populacao é atingida. Levantamentos que sistematicamente tém sido feitos pelos érgdos representantes da categoria, para mapear a situacao dos psicdlogos brasileiros (Sindicato dos Psicélogos no Estado de So Paulo, 1984; Conselho Federal de Psicologia, 1988; Conselho Regional de Psicologia ~ 68, 1995) e outras iniciativas regionais cu institucionais especificas, através de pesquisas feitas por psicélogos independentes (por exemplo, Yamamoto, Siqueira & Oliveira, 1997, no Rio Grande do Norte; Magalhges, Straliotto, Keller & Gomes, 2001, no Rio Grande do Sul) tem mostrado a predominancia da atua¢ao do psicdlogo como clinico autonomo em consultorios particulares, trabalhando tipicamente de forma individual, com objetivos remediativos (buscando remediar ou resolver problemas), focado nos determinantes internos da vida psiquica dos seus clientes (isto é, dando mais atencao as caracteristicas internas das pessoas do que a aquilo que ocorre fora dela). Dados obtidos através de um levantamento feito pelo Conselho federal de Psicologia (WHO/CFP, 2001) junto a uma amostra de profissionais representativa dos inscritos nos Conselhos Regionais de todo o pais, confirmam basicamente este panorama . Para Dimenstein (2000), a Cultura Profissional do psicélogo brasileiro é carregada de uma ideologia individualista, 0 que explicaria a manutencao, entre grande parte dos profissionals, daquele modelo, como norteador de sua atuacao. Estabelecem-se relagées entre a funcao social do trabalho do psicélogo e aquela forma tipica de atuacdo. Considerado no seu todo, o modelo de atua¢ao impede uma abrangéncia social significativa porque implica servicos de alto custo, oferecidos na forma de atendimento privado aos quais a populacdo de baixa renda nao tem acesso. Requer um treinamento longo, continuo e especializado, o que também onera seu custo. O caréter basicamente curativo do modelo aplicado impede que amplas faixas da populagSo se beneficiem da profisso, pois nao opera com base na ldgica e no pressuposto da satide integral do cidadao. Na medida em que esté voltado para o conhecimento dos fatores internos que caracterizam o individuo psicoldgico, impe-se uma tarefa altamente complexa, o que obriga 2 uma abiordagem individual (igualmente restritiva), continua, em geral longa. Da mesma forma, a énfase na busca de compreensao dessa "natureza" psicolégica individual, impede que se apreenda o homem e o fendmeno psicolégico na sua condicao de produto e produtor simulténeo do seu contexto sociocultural e histérico. Visto dessa forma, o fendémeno que se observa na nossa Cultura Profissional, caracterizado © pela predominancia da atuacdo auténoma em clinica particular e pela predominancia do modelo tipico de atuagao discutido, resulta em uma abrangéncia social pequena (so poucos os beneficiados, tamando 2 populacdo como um todo, e apenas os pertencentes aos segmentos sociais superiores) e pouco significativa, j4 que nao tem contribuido para a transformacao social. Pelo contrério, conscientes ou nao disto, os psicélogos tém estado a servico das classes dominantes e da manutengo desse dominio, segundo Dimenstein (2000). Como apontamos acima, 0 trabalho pioneiro de Mello (1975) jd estabelecia, ha mais de ica de atuacio e trinta anos, estas relagdes entre a funcdo social do psicdlogo e sua forma inserc&o no mercado. No entanto, o exame das publicagies de todo esse periodo, até os anos recentes, mostra que a discussio sobre a questo fez alguns avancos, mas ainda hd muito ase fazer e pensar sobre o assunto. (0 modelo de atuacao com 0 qual o profissional tem safdo das faculdades tem sido criticado como inadequado, mas, ao mesmo tempo, ele parece ter se alterado muito pouco no tempo, em desproporcao 2 um outro movimento, que apesar de lento, certamente comegou a se processar na década de 80, na medida em que os psicélogos passaram 2 trabalhar em outras situagdes, diferentes dos consultérios e iniciaram sua entrada nos servigos publicos de satide. Parece que, com o agravamento da crise econémica nos anos 80 e 90, com a saturacao do mercado da clinica e afastamento dos clientes dos consultérios, os profissionais comecaram, mais recentemente, 2 experimentar concretamente aquilo que se vislumbrava como possibilidade ou adverténcia nos primeiros trabalhos e reflexdes produzidas: aquilo que os psicdlogos sabem fazer nao se coaduna as novas situages a serem enfrentadas, isto 6, seus modelos de attuacdo tém sé mostrado inadequados para a prética. Isso pode ser observado em trabalhos de pesquisa recentes (Dimenstein 19982, 19986; Batista, 2000), em que os autores estudam especificamente a insercao € a atuago dos psicélogos nos servicos de satide piblica e concluem pela inadequagio do modelo. Pode-se dizer, ento, que a questo da abrangéncia da nossa funcgo social tem mostrado sinais de mudancas nas dltimas décadas, uma vez que aumenta o ntimero de pessoas frente as quais 0 psicélogo atua e a natureza da classe social atingida deixa de ser exclusiva. Por outro lado, © significado de nossa fungo social continua em discusséo, na medida em que, ocupados os, espacos de atuaco, o que se faz neles ainda nao contribui para a transformacdo social, provavelmente em funcio do modelo de atuacao utilizado. Yamamoto (1996), analisando dados de uma pesquisa que ainda indicavam maior con- centracao de psicélogos exercendo atividades clinicas em consultério particular, afirma: “A conclusio possivel de extrair-se daqui no éa de que a psicologia nfo esteja em processo de transformac#o, ou que no tenha possibilidades para tanto. (...) Se, de fato, as pers- pectivas de atuacio na érea da sade sé0 mais amplas € promissoras, a realidade atual no nos dé muitos motives para jGbilo." (p. 22). Para o autor, a barreira que a Psicologia precisa superar "€ aquela do limitado significado social da profisso, na direcdo de uma prética que tenha uma substantiva contribuiggo a dar no quadro da brutal iniquidade social, que € @ marca mais pungente ds realidade brasileira hoje." (p. 23) Na mesma linha, Bock (1999b) afirma que a exigéncia de que a profisséo assuma um compromisso social decorre das péssimas condi¢Ses de vida da populac3o, que tem gerado sofrimento psiquico de toda natureza. No seu ponto de vista, as transformagées na Psicologia, que tem passado a criticar a visio do fenémeno psicolégico como algo "natural" do individuo, permitem ver mais claramente a necessidade do compromisso social do profissional. A autora vai além e discute também a questo da definicSo dos critérios para se considerar uma atuacao como compromissada socialmente. Sugere que se pense sobre os seguintes critérios: (a) a atuacao deve contribuir para a transformaco social, para as mudancas nas condiBes de vida da populacao; (b) a atuaco deve fugir do modelo médico de doenga; (c) atuago deve ser baseada em técnicas novas, criadas a partir das caracteristicas da populacao a que se destina. a De fato, a discusséo sobre a necessidade do psicdlogo assumir compromissos sociais fica mais em evidéncia no final da década de 90, o que pode ser notado pelo exame de algumas iniciativas dos érgios de classe, em especial os Conselhos Federal e Regionais, através de suas publicages, congressos e outros eventos. Como exemplos, pode-se citar as matérias do Jornal do CRP (CRP, 1999), propondo uma reflexdo sobre o compromisso social da Psicologia e relatando alguns trabalhos de psicélogos em favelas, comunidades pobres e ruas de Séo Paulo. O Jornal do CFP (CFP, 1999) publica noticia com a manchete: "Cresce compromisso social dos psicdlogos brasileiros", descrevendo um trabalho realizado por uma psicdloga (Magda Gebrim), junto a um assentamento do Movimento dos Sem Terra no estado de Sao Paulo. Em 2000, CFP e CRPs promovem a Primeira Mostra Nacional de Praticas em Psicologia, cujo tema era Psicologia ¢ Compromisso Social, em que mais de 1500 trabalhos apresentaram exemplos concretos de atuac&es frente a contextos sociais e institucionais nao tradicionais. Em 2001, 0 CRP SP publica uma revista (Muiltipla), inteiramente dedicada ao tema "Transformacao Social: a Psicologia construindo uma sociedade mais justa e solidéria", apresentando relatos de trabalhos de psicdlogos em uma grande variedade de contextos socioculturais em contato com populacdes multicaracterizadas, em geral inusitadas aos psic6logos (CRP SP, 2001}. Pode-se dizer, portanto, que apesar de a profissdo ter experimentado alguns avancos nas Liltimas décadas, no que diz respeito a sua relevancia social, estes avancos serviram para que a categoria experienciasse o contato concreto com problemas, de alguma forma jé antecipados no trabalho de reflexdo de alguns autores sobre a profissz0. Isto é, nosso modelo tipico de atuacso, aplicado na pratica, unto aos novos contextos, com populacdes mals pobres, mostrou-se invidvel ‘em muitos aspectos, impedindo que a populacso se beneficiasse efetivamente com nossa atuagdo, como alguns estudiosos previam, no inicio da década de 80. Nosse atuaca0 ainda necessita, portanto, ser objeto de estudos, pesquisas e reflexes para que possa cumprir seu papel na transformacéo social. REFERENCIAS ANTUNES, M. A. M, (1998). A Psicologia no Brasil, leitura histérica sobre sus constituicso, So Paulo: Unimarco Editora/Educ. BASTOS. A. V. B. (1988). Areas de atuaco: em questo 0 nosso modelo profissional. 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Dica de leitura: Os parégrafos iniciais, em que o autor apresenta um breve relato sobre 3 histéria da profisséo no Brasil, devem ser lidos com a atengao necesséria para que se tome contato com o desenvolvimento da histéria da profissao no Brasil e se estabelegam relagbes entre 55a histdria e a questo da funcdo social da profissao. 2. Segundo 0 autor, a reflexo sobre as ideologias que se construiram na historia da profissdo levanta algumas questdes importantes para discusso. Quais so essas quest6es? 3, Dica de leitura: Antes de vocé continuar a leitura é importante que vocé entenda uma expressiio que seré utilizada bastante no texto: func3o social do trabalho do psicélogo. Por funcao social, entendem-se os efeitos que a atuacSo do psicélogo produz na sociedade. Esse efeito € identificado em termos da abrangéncia e do significado social da atuacao do profissional 4. (a) Qual é 0 sentido da expresso "abrangéncia e significado social da profisséo"? (b) Qual 6 a avaliagio que 0s estudiosos da profissio tém feito da abrangéncia e da fungéo social da Psicologia? 5. (a) Historicamente, quais eram os pressupostos da ideologia liberal? (b) Segundo o autor, quais as funcdes que essas crencas exerciam no contexto da época? (c) Que papel a profisséo de psicdlogo exercia, em relacdo ao poder vigente na época? 6. (a) Quais foram as condigdes do mercado de trabalho do psicdlogo e da sociedade que levaram ao ques namento dos modelos tradicionais de atuagao do psicdlogo? (b) De que maneira esta questo poderia estar relacionada & formagéo do psicélogo? 7. Segundo o texto, quais so as caracteristicas do modelo tradicional de atuacao? 8. Quais os argumentos que a literatura sobre a profisséo apresenta no sentido de afirmar que existe relacdo bastante estreita entre os modelos de atuacdo do psicdlogo e sua funcao social? 9. 0 que vocé entende pela afirmacao: “Aquilo que o psicélogo sabe fazer nao se coaduna as novas situagées a serem enfrentadas".? Deixe claro que situacSes so essas. 10. 0 autor afirma que a questo da abrangéncia social da profissao tem mostrado sinais de mudanga nas tiltimas décadas. Entretanto, ele afirma que isso no significa que a questao da funco social do psicélogo tenha sido resolvida. Por qué? 11. A necessidade de compromisso social do psicélogo tem sido apontada por diversos autores. Segundo Bock (1999b), por que esse compromisso é necessario? O que vocé entendeu dos critérios apontados pela autora para considerar uma atuagdo como compromissada socialmente? 12, Dica de leitura: Atente para os exemplos apresentados pelo texto, apontando algumas mudangas na diregdo de um compromisso social mais significativo da parte dos psicdlogos. 13. Dica de leitura: Examine a li a de referéncias bibliogréficas para se familiarizar com os assuntos que tém sido objeto de estudo e pesquisa dos estudiosos da profissdo de psicélogo.

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