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Resumo
Este trabalho tem o intuito de aplicar, em uma fábrica de produtos alimentícios, a ferramenta
estatística para controle dos processos de manufatura com o objetivo de garantir a qualidade
e atendimento dos padrões previamente estabelecidos. Nesse sentido, realizou-se o
diagnóstico de variáveis - peso e dimensões na linha de fabricação de balas. A metodologia
utilizada foi a pesquisa descritiva, delineada por estudo de caso, com realização de coleta de
amostras de balas com sub-grupos amostrais com seis elementos no sub-processo de
embalamento, em um intervalo de 15 minutos. Concluiu-se que as variáveis dimensionais,
peso e dimensões – comprimento, largura e altura –, estão em discordância dos padrões pré-
determinados. A contribuição do artigo reflete a necessidade da organização em reavaliar os
processos de fabricação e eliminar as causas especiais que estão interferindo na qualidade
do produto final.
Palavras-chave: Controle estatístico da qualidade, INMETRO, Mapeamento de processos.
1. Introdução
De acordo com Montgomery (2004), o início formal do controle estatístico de processos deu-
se por volta de 1924, quando Walter A. Shewhart desenvolveu e aplicou os gráficos de
controle nos Bell Telephone Laboratories. Como é um dispositivo para uso em “chão de
fábrica”, por operários com pouca instrução, os gráficos de controle tinham que ser
extremamente simples de construir e utilizar. Essa simplicidade motivou seu uso
indiscriminado em uma infinidade de aplicações, infelizmente muitas vezes de forma ingênua;
ou seja, eles serviram apenas para decorar paredes. Sem bom conhecimento dos conceitos
estatísticos em que se baseiam os gráficos de controle, um estudo detalhado dos processos, e
por vezes, sem uma intervenção profunda, não é possível transformar os gráficos de controle
em uma ferramenta efetiva de controle. O monitoramento dos processos, se realizado de
forma inteligente, implica em custos que se pagam facilmente, pois qualidade agrega valor ao
cliente.
Este trabalho tem o intuito de aplicar em uma fábrica de produtos alimentícios, a ferramenta
estatística para controle dos processos de manufatura com o objetivo de garantir a qualidade e
atendimento dos padrões previamente estabelecidos. Nesse intuito, realizou-se o diagnóstico
de variáveis – peso e dimensões – na linha de fabricação de balas. A metodologia utilizada foi
pesquisa descritiva, delineada por estudo de caso, com realização de coleta de amostras de
balas com sub-grupos amostrais com seis elementos no processo de embalamento em um
intervalo de quinze minutos.
III EMEPRO – Belo Horizonte, MG, Brasil, 07 a 09 de junho de 2007
Para atingimento dos objetivos, este artigo está dividido nas seguintes seções: primeiramente
realizou-se a revisão bibliográfica, conceituando-se o que é qualidade, quais são as
ferramentas de análise para o diagnóstico do gestor e como pode ser traçado um plano de ação
a partir das não conformidades identificadas. Posteriormente, apresenta-se o estudo de caso
realizado, a metodologia utilizada para a coleta das amostras e os dados obtidos. Finalmente, a
conclusão e contribuições que o estudo pode oferecer em função da mensuração de atributos
que o cliente identifica como qualidade, garantindo competitividade e sustentabilidade à
organização.
2. Qualidade: estratégia de competitividade das organizações
Existem várias formas de se definir qualidade, contudo muitos pesquisadores têm buscado
compreender melhor a gestão da qualidade abordando vários aspectos. Para Montgomery
(2004) o conceito moderno de qualidade refere-se redução da variabilidade dos itens de
controle. Na visão de Costa et al (2004), a qualidade de um produto, ou de um serviço, é
estabelecida no projeto, isto é, qualidade de projeto.
Porém, nem tudo que se estabelece no projeto é cumprido de acordo durante a fabricação de
um determinado produto ou na execução de algum serviço. Nesse contexto, a importância do
controle estatístico de processos é ressaltada segundo Costa et al (2004) pela eficácia que um
gráfico de controle pode oferecer através da rapidez com que esse dispositivo detecta
alterações no processo.
A análise da relação entre o custo de operação e a eficácia do gráfico de controle deve nortear
e escolha de seus parâmetros de implementação: o tamanho das amostras, o intervalo de
tempo entre amostragens e o fator que estabelece o posicionamento dos limites de controle no
gráfico.
Na concepção de Stevenson (1981), o conhecimento de estatística pode auxiliar a
compreensão dos eventos constituindo em um valioso instrumento para a tomada de decisões
com o mínimo de riscos possíveis.
Segundo Feigenbaum (1994), o planejamento para medir, obter e controlar a qualidade
desejada no produto deve anteceder a produção e o período das fases de projeto do produto.
Ainda segundo o autor, isto explica que para isto é necessária uma análise das exigências do
produto com relação à qualidade para determinar quais características da qualidade deverão
ser medidas, o modo pelo qual isto pode ser executado e em que quantidade (amostras ou
100%), em que parte do processo, quem deve fazer essa aferição e também os limites além
dos quais se devem adotar ação corretiva.
Na concepção de Moura (1998), a amostragem é provavelmente uma das técnicas mais
comumente usadas pelos gestores observando-se a integridade estática que viabiliza através
desta técnica, ganhar muito tempo no projeto. A análise estatística aplica-se a todos os
acontecimentos repetitivos que possam ser expressos em formas numéricas.
A amostragem, de maneira sucinta, é acompanhada por: definição da informação a ser obtida;
desenvolvimento do método de coleta de informação; resumo dos dados obtidos e; finalmente
a verificação da validade estatística da amostra. A diferença entre os valores quantitativos
obtidos de acontecimentos determina seu intervalo de confiança, ou seja, aquele, com
determinada probabilidade de êxito, contêm o valor mais representativo de grandeza.
Assim, os procedimentos também devem ser estabelecidos para planejamento dos recursos
exigidos para medições exigidas pela qualidade. Nesse contexto, o gestor deve determinar
quais são as possíveis variações do processo, suas causas especiais e atuar para eliminá-las.
Para tanto, expõem-se as principais ferramentas disponíveis para facilitar nessa atividade.
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3.1 Metodologia
Realizou-se a coleta de amostras de balas em determinada máquina de embalamento em um
intervalo de 15 minutos, considerando os seguintes pontos: a quantidade produzida no período
de 15 minutos, em quilogramas; o número de balas coletadas; o número de balas corretamente
embrulhadas e; número de balas sem embalagem. Para que a coleta de amostras tenha
sucesso, avaliou-se primeiramente o processo de fabricação, descrito a seguir:
De acordo com Tabela 3, o peso total observado está 0,12% abaixo das especificações. A
soma dos componentes reflete a necessidade de controle dos componentes que fazem parte do
produto final. Na próxima tabela, apresentam-se os demais itens de controle mensurados no
produto.
Média das
Item de Controle Unidades Variância Valor Nominal Variação %
Médias
Altura mm 9,9450 0,08410 8,000 + 24,30%
Comprimento mm 27,200 0,03349 28,00 - 2,90%
Largura mm 13,987 0,21344 15,00 -6,70%
Tabela 4: Apresentação dos dados Coletados
Fonte: Pesquisa de Campo
De acordo com a Tabela 5, os valores de cp indicam um processo capaz, maior do que 1,33.
Porém, analisando-se os valores de Cpk, indica-se que a média do processo está
descentralizada do ponto médio de especificação, por meio dos valores obtidos abaixo de
1,00. O valor negativo obtido para Cpk infere-se que a média do processo é maior do que o
limite superior de especificação. Os valores de cpm demonstram essa diferença, pois foram
obtidos valores menores que 1,00.
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4. Conclusões
O objetivo deste trabalho foi de aplicar a ferramenta estatística para controle dos processos de
manufatura com o objetivo de garantir a qualidade e atendimento dos padrões previamente
estabelecidos.
Nesse sentido, a partir das análises das amostras que foram coletadas, verificou-se que o
processo de fabricação da bala de cinco gramas está fora de controle estatístico. A altura
excedente da bala, além de promover maiores custos de fabricação por unidade interfere,
também, na qualidade do embalamento da bala, pois algumas unidades ficam o
embrulhamento inadequado.
A implantação das cartas de controle pode auxiliar o gerenciamento dos processos desde que
a ação seja realizada de forma eficiente e eficaz. Isto é, o tempo de resposta entre a coleta e
ação não pode interferir devido à rapidez da fabricação.
Para solucionar este problema, e eliminar uma das causas especiais é a avaliação do bico da
extrusora que controla a largura e altura dos cordões. De acordo com o brainstorming
realizado com o grupo de colaboradores, essa pode ser a principal fonte da anomalia detectada
por meio da coleta de dados.
Para futuros trabalhos, propõe-se que sejam realizadas maiores quantidades de amostras
visando estabelecer quais causas especiais podem interferir na qualidade do produto final.
Referências
CAMPOS, Vicente Falconi. (1999) TQC-Controle da Qualidade Total (no estilo Japonês). Belo Horizonte:
Editora de Desenvolvimento Gerencial.
COSTA et al, (2004) Controle estatístico da qualidade. São Paulo: Atlas.
FEIGENBAUM, Armand Vellin. (1994) Controle da qualidade total. São Paulo: Makron Books.
MONTGOMERY, Douglas C. (2004). Introdução ao controle estatístico da qualidade. Rio de Janeiro: LTC.
MOURA, Reinaldo A. (1998) Sistemas e técnicas de movimentação e armazenagem de materiais. São Paulo:
IMAM.
RAMOS, Alberto Wunderler, (2000) CEP para processos contínuos e em bateladas. São Paulo: Edgard Blucher.
SLACK, N. et al. (1999) Administração da produção. São Paulo: Atlas.
STEVENSON, Willian J. (1981) Estatística aplicada à administração. São Paulo: Harbra.
WERKEMA, M.C.C. (1995) Análise de regressão: como entender o relacionamento entre as variáveis de um
Processo. v. 7, Belo Horizonte: QFCO.