Peasant agriculture, productivity and the laws of capitalist development: A reply to
Vergopoulos / Agricultura camponesa, produtividade e as leis do desenvolvimento
capitalista: Uma resposta a Vergopoulos. Nico Mouzelis
Eu acho bastante difícil responder às observações de Vergopoulos sobre minha
revisão do seu trabalho. Nunca está claro se ele se refere às minhas criticas ou a outras criticas que permanecem anônimas. De qualquer forma, seu “motivo condutor” é, sem equívoco, uma resposta a minha revisão, argumentando que minha análise e avaliação de seu trabalho provêm de uma posição dualista a respeito do problema do desenvolvimento. Para mim é muito difícil saber como Vergopoulos chegou a essa conclusão. Nem na minha revisão ou em meu livro sobre a Grécia eu formulei ou aceitei os argumentos dualistas. Quando, então, Vergopoulos menciona minha referência às sobrevivências arcaicas nos países subdesenvolvidos, para minha crença na não existência de conexões entre os setores modernos e tradicionais etc, ele está simplesmente construindo um espantalho no qual gasta boa dose de tempo e energia atacando. De fato, meu argumento de que, na Grécia em particular, e nas formações sociais subdesenvolvidas em geral, o setor capitalista tomou uma forma de enclave (um argumento que, a propósito, foi desenvolvido por vários bons teóricos não dualistas, como S. Amin, G. Kay, C. Furtado), de forma alguma implica “sobrevivências arcaicas”, ausência de conexões entre os setores etc. O que implica são conexões fortes mas negativas entre modos de produção capitalista e não capitalista (no caso da Grécia, produção simples de mercadorias) – negativo no sentido que, entre outras coisas, há uma transferência sistemática de recursos desse para aquele, e desse para o exterior. É precisamente a existência desse mecanismo negativo entre modos de produção capitalista e não capitalista que, seguindo Amin, eu chamo desarticulação. Nem o conceito de enclave, e portanto, nem o de desarticulação, como utilizado por vários teóricos do desenvolvimento, possui conotações dualistas – pelo contrário, elas foram desenvolvidas precisamente em resposta/reação às teorias dualistas da modernização. O hábito de Vergopoulos de distorcer o significado dos conceitos e das afirmações e construir espantalhos não está limitado ao tema do dualismo. Se estende a todos os pontos trabalhados em seu artigo. Aqui estão alguns exemplos: