Você está na página 1de 5

INTRODUÇÃO

Em Maio de 1968 (neste contexto usualmente se diz Maio de '68) uma greve
geral aconteceu na França. Rapidamente ela adquiriu significado e proporções
revolucionárias, mas em seguida foi desencorajada pelo Partido Comunista
Francês, de orientação Stalinista, e finalmente foi suprimida pelo governo, que
acusou os Comunistas de tramarem contra a República. Alguns filósofos e
historiadores afirmaram que essa rebelião foi o acontecimento revolucionário
mais importante do século XX, por que não se deveu a uma camada restrita da
população, como trabalhadores ou minorias, mas a uma insurreição popular
que superou barreiras étnicas, culturais, de idade e de classe.

DESENVOLVIMENTO

A "crise" de maio de 1968 começou por ser uma contestação estudantil


francesa que teve réplicas nos demais países desenvolvidos, desde os EUA ao
Japão. Existia todo um mal-estar profundo no seio dos estudantes, iniciado já
em março com algumas agitações. O detonador da crise apareceu em
Nanterre, nos arredores da capital francesa, tradicionalmente apelidada de
feudo "esquerdista". Assim, depois de repetidos incidentes, entre os quais a
ocupação pelos estudantes, a Faculdade de Nanterre foi fechada a 2 de maio.
Grupos de esquerda, revoltados "contra a sociedade de consumo", o ensino
tradicional e a insuficiência de saídas profissionais, decidem opor-se pela
"contestação permanente". Inicia-se logo aí o movimento dirigido por Daniel
Cohn-Bendit. Os estudantes ocupam, depois, a Universidade da Sorbonne -
encerrada pelas autoridades a 3 de maio -, sofrendo uma dura intervenção
policial. Geram-se tumultos e focos de tensão, com as primeiras barricadas nas
ruas - nomeadamente no Quartier Latin (confrontos de que resultam 805
feridos, entre os quais 345 polícias) -, entrando-se num ciclo de provocação e
repressão. A 9 de maio, contra esta tendência, dá-se, no Boulevard St. Michel,
uma manifestação pacífica. No dia seguinte, regressa a violência, com a
famosa "noite das barricadas", carros em chamas, agitação na Sorbonne.
Segue-se uma gigantesca manifestação estudantil em Paris, a 13 de maio, com
cerca de 600 000 estudantes.
O conflito alarga-se, porém, ao setor social, com manifestações sindicais nesse
mesmo dia, acompanhadas de greves que paralisaram mais de 10 milhões de
trabalhadores em França. Apesar do envolvimento da classe operária, o
Partido Comunista Francês e a CGT (Confederação Geral do Trabalho) adotam
uma posição calculista, classificando as revoltas estudantis e a greve geral
como "aventurismo" e concentrando-se apenas em reivindicações profissionais
e laborais, em contraponto às exigências de reformas estruturais dos
estudantes (maoistas, anarquistas, trotskistas...). Entretanto, o primeiro-
ministro Georges Pompidou reabre a Sorbonne a 14 de maio, dizendo que era
"proibido proibir". A Renault entra também em greve. Esta pressão laboral
conduzirá aos acordos de Grenelle, a 25-27 de maio, nos quais a classe
patronal garantirá um aumento de 10% dos salários e de 35% do salário
mínimo. Os sindicatos aceitam, mas as suas bases operárias mantêm a greve.
Apesar deste primeiro passo para a paz social, o presidente Charles de Gaulle
considera a situação incontrolável, propondo um referendo. Não é, porém,
escutado e ao mesmo tempo dão-se distúrbios nas ruas. A crise torna-se cada
vez mais política, inquietando-se os ministros com a possibilidade de rutura e
queda do Governo, perante rumores da formação de um Executivo provisório,
de crise. Em 24 de maio, de Gaulle dissolvia a Assembleia.
A violência nas ruas começa, entretanto, a irritar a França "profunda", mais
conservadora. Teme-se o peso crescente do Partido Comunista, acusado de
instigador, apesar da demarcação política desenhada logo no começo dos
distúrbios. Crê-se mesmo numa revolução nacional. Entretanto, ninguém sabe
de de Gaulle, acreditando mesmo Pompidou que o regime estava a chegar ao
fim. Porém, numa alocução ao país via rádio a 30 de maio - como nos tempos
da guerra, encorajando os compatriotas -, o de Gaulle apela à ordem e anuncia
eleições legislativas para junho. No mesmo dia, junto ao Arco do Triunfo, os
gaullistas organizam uma manifestação de apoio ao regime. A propósito do
comunicado de de Gaulle à nação, diz Jean Lacoutoure: "Antes das 16h 30,
estava-se em Cuba; depois das 16h 35 estava-se quase na Restauração".
Depois de uma situação que tendia para a anarquia e para uma via socialista,
consegue-se recuperar o caminho da democracia e evitar uma agudização dos
factos. Apesar dos protestos da esquerda e de alguma violência, a França
votará. A 16 de junho, durante os distúrbios no Quartier Latin, morre Gilles
Tautin, de 17 anos. É o fim da crise estudantil: a situação política, essa,
continuará agitada.
O centro e a direita anti-gaullista colocam-se gradualmente ao lado do
Governo, que assim vê surgir uma base de apoio inesperada, dispondo então
de uma maioria esmagadora. Esta plataforma política conservadora desconfia,
porém, da vontade de reformar do presidente, exigindo mesmo a constituição
rápida de um novo Governo e novas eleições legislativas. Em parte, estas
condições serão satisfeitas. Nas eleições de 23 e 30 de junho, o regime
gaullista sai reforçado, com uma vitória da UDR (União Democrática
Republicana) e um claro recuo dos partidos de esquerda, apesar da crise de
maio ter feito "tremer" o poder de de Gaulle, demonstrando a insatisfação
crescente da juventude e das forças sociais face ao conservadorismo do
regime. Para muitos analistas, o medo suscitado pelas convulsões daquela
altura permitiu a manutenção da ordem estabelecida, que acenava com
projetos de reforma moderada da vida política francesa.
Apesar do sucesso das eleições de junho e das tentativas de reforma do
governo de Couve de Murville (primeiro-ministro gaullista eleito em junho de
68), de Gaulle sofrerá uma derrota política no referendo de abril de 1969 sobre
a regionalização e a reforma do Senado. Demite-se entretanto, abandonando a
política.
"Nada será como antes de maio de 68". Passados alguns anos, esta ideia
mantém-se viva: o ano primeiro da contestação e das mudanças terá
começado mesmo em junho daquele ano. As instituições políticas não caíram
mas tremeram, e os franceses repensaram o seu próprio futuro. Houve, acima
de tudo, uma alteração das mentalidades, com o aparecimento de mudanças
há muito esperadas em França. Os costumes evoluem, com a permissividade a
abrir caminho na sociedade francesa. Os conservadores mantêm o poder, mas
a abertura a novas ideias é cada vez maior, aumentando a contestação por
parte dos intelectuais: o aparecimento e a divulgação de trabalhos efetuados
na área das ciências sociais e humanas é uma realidade cada vez mais forte
no mundo científico francês. A voz das minorias começa a levantar-se. Há uma
crescente emancipação das mulheres. O próprio clero inicia também uma
autorreflexão. Generosidade maior, humanismo, ecologia e nacionalismo são
alguns dos conceitos herdados de todo este movimento contestatário de 68,
antecâmara da realidade dos anos 70 e 80.

CONCLUSÃO

Muitas discussões de maio de 1968 giravam em torno da educação e da


comunicação. Ambas estiveram no centro das atenções desde aquela época.
De um lado, havia crise profunda no sistema de ensino tradicional, com violenta
contestação estudantil e procura de experiências alternativas ("contracursos",
"universidade crítica" etc). Por outro lado, manifestava-se a vontade de se
estabelecer novas formas de comunicação entre estudantes e trabalhadores,
inclusive recorrendo a "novos" canais de divulgação das idéias, como, por
exemplo, por meio das tentativas de Universidades Populares. Os
acontecimentos de Maio 1968 mostraram que as transformações educacionais,
comunicacionais e sociais desencadeiam-se sob pressão do movimento de
base e com antecipação ativa de grupos de estudantes ou trabalhadores. As
reformas planejadas de cima para baixo são lentas e ineficazes.

Em 1968, cresceu a desconfiança para com as autoridades e hierarquias em


diversas instituições, especialmente nas universidades e centros de pesquisa.
Havia uma crítica ao conteúdo do ensino, aos métodos de didática e de
pesquisa. No imediato pós-maio 68, muitos cursos de marxismo e de maté- rias
de conteúdo crítico foram implantados

Fontes:

http://www.marxist.com/revolucao-francesa-maio-1968.htm

https://pt.wikipedia.org/wiki/Movimento_Quatro_de_Maio

https://www.marxists.org/portugues/mao/1939/05/movimento.htm

https://www.wsws.org/pt/2008/jun2008/port-j23.shtml

http://www.lsr-cit.org/component/content/article/366-franca-de-1968-mes-da-
revolucao-licoes-da-greve-geral?showall=1

http://www.esquerda.net/dossier/dia-dia-o-ano-de-1968-em-franca/17963

Você também pode gostar