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6 a = a i marine «inites da teilracad: notas sobre o sujeito revolucionario em Historia e consciéncia de classe Anticos MARCOS NOBRE* Alcangar a forma de exposigao prépria da critica marxista significa, para Lukics, “um retorno ao marxismo original, nao-falsificado”,' tal como é pos- sivel encontra-lo na Miséria da filosofia, em que Marx “refuta Proudhon re- montando as verdadeiras fontes de seus conceitos: a Ricardo, por um lado, a Hegel, por outro. A andlise de onde, como e sobretudo por que Proudhon tinha de nao-entender (missverstehen musste) Ricardo e Hegel é a fonte da luz que nao apenas ilumina sem piedade as contradigdes de Proudhon, mas que também alcanga as razées obscuras que estiio na origem de seus erros e que ele préprio desconhecia: as relages entre as classes, de que as suas concep- gGes so expressdo tedrica” (GKb, 103; HCC, 47-8). E por isso que, para Lukécs, “nao é de modo algum casual que as duas obras fundamentais com que se inicia em termos tedricos o renascimento do marxismo — A acumulagdo do Capital, de Rosa Luxemburg, e O Estado e a RevolucGo, de Lenin—retomem em termos de exposigao (darstellerisch) aquela forma do jovem Marx” (GKb, 105; HCC, 49). Mas o que pode significar aqui a expressdo “jovem Marx”? O Lukacs de Histéria e consciéncia de classe (1923) nao leu os chamados Manuscritos econémico-filoséficos nem a totali- dade d’ A ideologia alemé, publicados na integra somente em 1932,? 0 que * Professor do Departamento de Filosofia do IFCH da Unicamp. Este artigo se baseia em dois capftu- los de minha Dissertagao de Mestrado Limites da reificacdo. Um estudo sobre Hist6ria e consciéncia de classe, de Georg Lukacs, USP, mimeo., 1991. Agradeco a Andrea Marim pelo cuidado e o carinho com que recuperou o texto da Dissertacao. Geschichte und Klassenbewusstsein. Luchterhand, 1988. p. 103 (doravante abreviado GKb). Histé- ria e consciéncia de classe. Elfos, 1989. p. 47 (doravante abreviado HCC). 2 Nao obstante isso: o capitulo IV do segundo volume d’A ideologia alema foi publicado em 1847 em 30 # LIMITES DA REIFICAGAO: NOTAS SOBRE O SUJEITO REVOLUCIONARIO.... impossibilita de safda uma distingio nitida entre o “jovem” Marx e 0 Marx da maturidade. O que, alids, pode ser aferido na maneira mesma pela qual Lukacs pensa a relacio entre a Miséria da filosofia e O Capital, pois se este, como a principal obra teérica de Marx, “sé adotou parcialmente esse tipo de apresen- tacGo histérica das questdes — devido as suas dimensdes e 4 abundancia dos problemas ali tratados —, isso nao deve ocultar a identidade concreta no trata- mento dos problemas (die sachliche Gleichartigkeit der Problembehandlung). O Capital e Teorias da mais-valia sao, segundo a esséncia de seu objeto (dem Wesen der Sache nach), uma obra cuja estrutura mais intima (dessen innerer Aufbau) significa um preenchimento de contetido do problema esbogado bri- Thantemente na Miséria da filosofia, dotado também de grande alcance em termos de apresentagio” (GKb, 103; HCC, 48). E de se notar aqui, entretanto, que, se nao se pode falar, em 1923, de uma distingdo entre o jovem Marx e o Marx da maturidade tal como a conhecemos depois de 1932, Lukdcs nao apenas insiste nessa distingo como valoriza so- bremaneira os escritos de juventude. Como pudemos ler no texto citado aci- ma, Lukacs afirma que O Capital é um “preenchimento de contetido” (eine inhaltliche Erfiillung) do problema esbogado na Miséria da filosofia, 0 que significa conferir a essa obra uma estatura invulgar, mesmo para alguém que nao conheceu a totalidade da produgao do jovem Marx. Se, portanto, a ex- pressao “jovem Marx” é nebulosa em Lukacs — significando, aproximada- mente, a producao de Marx até a Miséria da filosofia—, nem por isso ela deixa de ser fundamental. Por outro lado, dizer que Lukacs volta ao jovem Marx significa também que ele, mesmo tendo um acesso fragmentario ao universo da produgao marxiana de juventude, trouxe 4 tona elementos importantes des- se periodo, ainda que nao estivesse em condigées de tematizé-los em toda sua amplitude e alcance.* Das Westphalische Dampfboot, revista mensal publicada na Rendnia. Bernstein publicou parte de “Sao Max" em 1903-1904 e outro trecho em 1913. Coube a Gustav Meyer a publicacao de “O Concflio de Leipzig” e do capitulo il (S40 Bruno}, ja em 1921. Lukacs leu pelo menos o texto editado por Bernstein, ja que o cita. Além disso, 6 também certo que leu os textos publicados nos Anais Franco-Alemaes (ou seja, “A questo judaica”, “Para a critica da filosofia do direito de Hegel. Intro- dugao” e as trés cartas de Marx a Ruge), como também A sagrada familia e a Miséria da filosofia, além das Teses sobre Feuerbach (publicadas por Engels em “apéndice” a Ludwig Feuerbach eo fim da filosofia cléssica alema) 3 Por isso, a expresso “jovem Marx", empregada neste artigo, no pode pretender & letra da distin cdo operada apés a publicagao do conjunto dos textos de juventude; mas é inegavel que guarda espirito desse corte na obra de Marx. No que se segue, pretende-se mostrar o cardter sistematico e necessirio do recurso ao jovem Marx por parte de Lukacs, bem como as conseqléncias desse movi- ‘mento, Por ora, gostaria téo-somente de chamar tengo para o fato de que apenas o tiltimo ensaio de Histéria e consciéncia de classe (“Methodisches zur Organisationsfrage”) tem um texto de Lenin por epigrafe; todos os outros ensaios que registram epfgrafes tm textos do jovem Marx como mote. CRITICA MARXISTA ¢ 31 Mas qual é entio o sentido do recurso de Lukdcs ao “jovem Marx” em Hist6ria e consciéncia de classe? Vimos que Lukacs enfatiza, na Miséria da Filosofia, a referéncia as relagées entre as classes que estaria na base da inca- pacidade de compreens&o por Proudhon de Ricardo e Hegel. Ao passar 4 com- paragao com O Capital, encontramos dois movimentos simultaneos no texto de Lukacs. De um lado, temos “a identidade concreta no tratamento dos pro- blemas” entre os universos de textos da juventude e da maturidade, marcando, portanto, a unidade e a continuidade da obra de Marx em seu conjunto. De outro, entretanto, Lukécs nos diz que O Capital adotou “apenas parcialmente” 0 tipo de apresentagiio hist6rica das questes que seria proprio da Miséria da Jilosofia, 0 que significa, a seu ver, que € preciso ler O Capital como “um preenchimento de contetido do problema esbogado brilhantemente na Miséria da filosofia’”, o que significa que é preciso ler O Capital também da perspec- tiva daquele texto de juventude. Penso, neste ponto, que a énfase de Lukécs nas “relagdes entre as classes”, que seria central na Miséria da filosofia e, de certo modo, ficaria obscurecida em O Capital em virtude do modo de apresentag4o que Ihe é préprio, pode nos ajudar a responder A questiio da posigéio dos escritos do jovem Marx em Histéria e consciéncia de classe. O recurso de Lukacs ao jovem Marx, a meu ver, é uma tentativa de escapar as dificuldades que encontrou na apresentacao propria a O Capital para a determinag&o do sujeito revolucionario. Pois que se trata de desvendar o sujeito oculto sob a aparéncia coisal da realidade imedia- ta, 0 sujeito que produz essa realidade, Esse sujeito - 0 proletariado como classe — produz praticamente essa imediatidade e, por isso, tem diante de sia possibilidade de tornar consciente esse processo; 0 que significa transformar a propria forma de objetividade do objeto,* suprimir a cis&o entre a teoria e pratica, percebendo esses dois momentos (antes opostos) como momentos, como momentos de um tinico processo do qual o proletariado é 0 sujeito, Significa, portanto, que o operdrio, como momento da classe, abandona sua posigao de portador (Tréger) de relagdes de produgio. Nesse sentido, cabe lembrar antes de tudo que “o discurso de O Capital tem como objeto central ndo 0 operdrio e o capitalista (0 que poderia ser dito, de um modo bastante geral, do discurso sobre a luta de classes) — mas o pré- prio capital. Ora, que é 0 capital, e que representam em relagio a ele o operd- tio e 0 capitalista? A resposta a essa questio nos conduz 4 problematica do sujeito e do predicado. O capital, diz, com efeito, o capitulo 4 (original) do 4 Sobre a nogio de “forma de objetividade”, consulte-se, entre muitas outras passagens, Gkb, 170 (HCC, 97). Para uma anélise da expressao e suas origens, ver ainda o capitulo 2 de meu Mestrado Limites da reificagao, op. cit., especialmente p. 42 e seguintes. 32 © LIMITES DA REIFICAGAO: NOTAS SOBRE O SUJEITO REVOLUCIONARIO... Tomo I de O Capital, é sujeito” > Ou, nas palavras de Giannotti, no caminho de Marx em diregao a maturidade, “o fundamento se desloca da relacio sujei- to-objeto para uma objetividade-sujeito: a mercadoria”.§ Onde encontrar, nesse contexto, 0 sujeito revoluciondrio? A resposta de Lukacs passa pela citagio d’A sagrada familia com que culminam os dois pardgrafos introdutérios ao ensaio “O ponto de vista do proletariado”: “A classe proletaria e a classe do proletariado apresentam a mesma auto-alienacaio humana. Mas a primeira sente-se confirmada e a vontade nessa auto-aliena- go, reconhece a alienagio como seu préprio poder e possui nela a aparéncia de uma existéncia humana; a segunda sente-se aniquilada na alienacdo, enxer- ga nela sua impoténcia © a realidade de uma exist@ncia inumana”™. Mas passa também pela citag&o da Introdugdo a critica da filosofia do direito de Hegel, tomada por Lukacs como epigrafe para o ensaio “A reificagao e a consciéncia do proletariado”: “Ser radical significa pegar a coisa pela raiz. Para o homem, entretanto, a raiz é 0 préprio homem”.” No caso do texto d’ A sagrada familia, Lukécs visa ao resultado seguinte: “na sua imediatidade, a realidade objetiva do ser social é ‘a mesma’ para o proletaria- do e para a burguesia. Mas isso nao impede que, como consegqiiéncia das diferen- tes posigdes que ocupam as duas classes no ‘mesmo’ processo econémico, ve- nham a ser fundamentalmente diversas as categorias espectficas da mediagdo por meio das quais a realidade puramente imediata se transforma para ambas na tealidade objetiva propriamente dita” (GKb, 269; HCC, 169). Mas tal resultado da argumentacao lukacsiana depende também da explicitacao do elemento vital presente na conhecida passagem de Marx da Introdugdo & critica da filosofia do direito de Hegel citada acima. Comecemos por aqui. O recurso ao jovem Marx e a conseqiiente referéncia a uma natureza hu- mana abre a possibilidade de constituigao de um sujeito Aumano, mas exige 5 Fausto, Ruy. Manx: l6gica e politica, Sao Paulo, Brasiliense, tomo 1,1 983. p. 30. Aseqiiéncia do texto diz: “(O capital é ‘sujeito que domina’ (libergreifendes Subjekt), ‘sujeito automdtico’ (automatisches Subjekt), ‘sujeito de um proceso’ (Subjekt eines Prozesses) ...). © operario e o capitalista so ‘supor- tes’ desse sujeito, e num sentido (mais ontolégico do que propriamente légico) seus predicados, (A rigor, 0s predicados do sujeito ‘capital’— seus ‘momentos’ sao 0 dinheiroe a mercadoria, O operario 0 capitalista sao suportes do capital, por serem suportes do dinheiro e das mercadorias ~ inclusive a forca de trabalho — enquanto momentos do capital’. No segundo “apéndice” ao volume, “Notas sobre 0 joven Marx”, Fausto escreveu que o Marx da Critica do direito de Hegel critica Hegel porque este supde a existéncia de um sujeito auténomo de que os individuos sao portadores. O que, guardadas outras diferengas, ele mesmo suporia mais tarde, ao escrever O Capital” (p. 243). © Giannotti, José Arthur. Origens da dialética do trabalho, Estudo sobre a ldgica do jovem Marx. Porto Alegre, L&PM, 1985. p..258. 7 Marx Engels Werke, v. 1, Dietz, 1956, p. 385 (doravante abreviado MEW). Cf. GKb, 170; HCC, 97. CRITICA MARXISTA 33 ao mesmo tempo que sejam mostradas as credenciais em nome das quais a dialética hegeliana é posta em xeque. Em primeiro lugar, “faz-se mister um fundamento anterior a légica cujo desenvolvimento elucidard tanto as de- terminagées abstratas do pensamento formal como os movimentos da nature- za ¢ da histéria, insepardveis da categoria de totalidade. O conceito de traba- lho vem responder a essas dificuldades”.® Mas isso ainda nao é o suficiente, pois quem (como Feuerbach, Stirner, Marx, Sartre etc.) pretende “se opor a légica hegeliana sem abandonar a dialética”, teré necessidade “de um con- ceito, ou melhor, de um processo vital, que vincule o sujeito ao universal”. ? Mas, “os dois termos a serem vinculados nao podem ser completamente hete- rogéneos”. Como prossegue o texto de Giannotti, “por sujeito nao se en- tenderd a mG6nada absolutamente individual, fechada sobre si mesma, pois desse modo nunca formaré a universalidade concreta da organizacdo, onde cada parte age e se coloca em relagdo ao todo (...). De sorte que 0 sujeito, desde 0 inicio, serd organizado, possuir4 uma universalidade basica potencial a ultrapassar o isolamento da individualidade imediata. Feuerbach e 0 jovem Marx interpretam esse sujeito como o homem na qualidade de ser genérico (Gattungswesen)”.!° Apesar da referéncia a “natureza humana”, seria inteiramente desproposi- tado atribuir ao Lukacs de Histdria e consciéncia de classe o “antropologismo” do jovem Marx. Quando “o homem se tornou medida de todas as coisas (so- ciais)” (GKb, 320; HCC, 206) nao estamos mais falando do seu ser genérico, pois estariamos entao sujeitos aos perigos de todo “humanismo” ou “ponto de vista antropaldgico” (hasta pensar no exempla do pragmatismo maderno): “se o homem é tomado como medida de todas as coisas, se, com a ajuda desse ponto de partida, deve ser suprimida (aufgehoben werden soll) toda trans- cendéncia, sem que, simultaneamente, o préprio homem seja medido por esse ponto de vista, sem que a ‘medida’ seja aplicada a si mesma, ou — mais preci- samente — sem que o homem seja tornado igualmente dialético, ent’io o ho- mem assim absolutizado simplesmente passa a ocupar 0 lugar daqueles pode- res transcendentes que ele tinha sido chamado a explicar, dissolver e substituir metodologicamente” (GKb, 322-323; HCC, 208). " Giannotti, op. cit, p. 21. 2 Idem, ibidem. Ruy Fausto lembra que a “questo da traducao da ‘consciéncia de si’ por ‘home’ ~ ou por ‘homem negado'~ é complementar a questio da traducao de ‘espirito’ por ‘trabalho’ ou por ‘trabalho social” (“Sobre 0 jovem Marx", in Discurso 13, Polis, 1983, p. 25, nota). evidente que aqui se trata de buscar apenas os elementos propriamente lukacsianos da equaco. * Origens..., op. cit, p. 21-2. 34 © LIMITES DA REIFICACAO: NOTAS SOBRE O SUJEITO REVOLUCIONARIO... Nao se trata, portanto, de secundar o jovem Engels em seu entusiasmo pela vivacidade com que Carlyle descreve a dilapidagao do humano no capita- lismo, pois isso significa opor a essa imagem um ser do homem fora do tem- po. Portanto: “A solugiio pode ser encontrada se esses dois momentos forem tomados em sua uniao dialética indissoltivel, tal como aparecem no processo de desenvolvimento real e concreto do capitalismo; se, portanto, a aplicagao correta das categorias dialéticas ao homem como medida das coisas for igual- mente a descri¢do completa da estrutura econémica da sociedade burguesa, o conhecimento correto do presente. Pois que, do contrario, a descrigo tera de recair — embora pertinente nos detalhes - no dilema do empirismo e do utopismo, do voluntarismo e do fatalismo, etc.” (GKb, 328; HCC, 212). Se podemos dizer que o recurso de Lukacs ao jovem Marx nao implica nenhuma espécie de “antropologismo” (mesmo que eventualmente “negati- vo”), também parece agora mais clara a idéia de que a pretensio de ler a obra de juventude a partir dos textos de maturidade é pelo menos ambigua. O mes- mo Lukacs nos diz que a perspectiva de leitura da maturidade é necessaria, pois, sem a “descrigao completa da estrutura econémica da sociedade burgue- sa”, estariamos nos enredando nos dilemas tfpicos do entendimento, aqueles que nos oferecem duas alternativas igualmente aceitdveis, como as oposicdes entre empirismo e utopismo, entre voluntarismo e fatalismo. Mas, ao mesmo tempo, Lukacs busca justamente a formagdo de um sujeito revolucionario que nao esteja 4 mercé desses dilemas. E esse movimento teérico (que vai tomar uma diregao determinada coma consciéncia de classe e 0 partido) passa pelo “conhecimento correto do presen- te”, pelas dificuldades trazidas pelo vertiginoso desenvolvimento capitalista que desatina numa guerra mundial, como também pela revolugao proletaria na Russia. Nesse ponto, a perspectiva lukacsiana talvez possa ser expressa com palavras de Ruy Fausto: “Giannotti critica o cardter subjetivo da teoria das necessidades do jovem Marx. Estamos de acordo com ele no que se refere & fundacio subjetiva das necessidades. Mas seria preciso insistir sobre 0 fato de que é a fundagao subjetiva da critica das necessidades que € criticdvel, nao digamos, o nivel subjetivo do seu objeto (...). Vemos que o defeito dos Ma- nuscritos nao € o de ter acentuado a subjetividade: no capitalismo contem- pordneo, as relacdes de produgao, se se pode dizer assim, passam pelo interior da subjetividade (de uma maneira que nao é a da determinagio simples da subjetividade dos agentes enquanto suportes). A insuficiéncia dos Manuscri- tos 6 a de fundar pela subjetividade”."" " Marx: légica e politica, op. cit., p. 245-6 (nota 3). A polémica de Ruy Fausto com Giannotti (sobre isso, v, também 0 Prefacio a reedi¢ao de Origens da dialética do trabalho) € irrelevante para 0s 1oss0s propésitos, ja que o objetivo é trazer & luz a verso lukacsiana da teoria, CRITICA MARXISTA © 35

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