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ISSN 1413-389X Temas em Psicologia - 2010, Vol.

18, no 1, 45 – 55

Reflexões sobre o conceito de violência escolar e a


busca por uma definição abrangente
Ana Carina Stelko-Pereira
Universidade Federal de São Carlos

Lúcia Cavalcanti de Albuquerque Williams


Universidade Federal de São Carlos

Resumo
Definir violência escolar é uma tarefa difícil, pois o que geralmente se entende por violência
depende de aspectos culturais, históricos e individuais. Apesar dessa dificuldade, é possível e
necessária a sistematização do que se considera pertencente ou não ao fenômeno da violência
escolar. Somente com parâmetros bem estabelecidos é que se pode desenvolver pesquisas de
forma a comparar dados de diferentes escolas, regiões e épocas. Assim, este artigo apresenta as
diversas definições dadas por pesquisadores à violência escolar, organizando as diferentes
perspectivas, de modo a viabilizar um panorama amplo do que se entende por violência escolar.
Tal panorama, resumidamente, compreende que a violência escolar incorpora tanto a
perspectiva mais explícita da violência, como agressão entre indivíduos, quanto a violência
simbólica que ocorre por meio das regras, normas e hábitos culturais de uma sociedade desigual.
Ao se utilizar do termo violência escolar é importante indicar o local de ocorrência das situações
de violência, quais são os envolvidos, se estes são autores, vítimas e/ou testemunhas de
violência, a tipologia das ações de violência e se os episódios violentos possuem alguma
especificidade, como o bullying e o cyberbullying.
Palavras-chave: Conceituação de Violência, Bullying, Intimidação por Pares, Violência na
Escola.

On the concept of school violence and the search for


its definition

Abstract
Defining school violence is a difficult task, as what is generally understood as violence depends
on cultural, historical and individual aspects. In spite of such difficulty, a systematization of
what integrates or not the phenomenon of school violence is possible, and much needed. Only
with well established parameters of what school violence is, will it be possible to develop
studies comparing results among different schools, regions and periods. With this end in mind,
this paper presents definitions of school violence proposed by researchers, organizing the
different points of view. A conceptual model of what is accepted as school violence is
suggested. This model, in summary, comprehends that when discussing school violence one
should define the place where the violent situations occurs, the persons involved, the role they
assumed, how were characterized the episodes of violence and if these events had any
particularities.
Keywords: Violence Conceptualization, Bullying, School Violence.

A violência em escolas brasileiras tem 2008; Pereira, 2008; Takahashi, 2008).


sido motivo de investigações científicas Contudo, não se tem claro o que comporta o
(Abramovay & Rua, 2002; Abramovay, 2005; fenômeno da violência escolar. É comum que
Codo, 2006) e discussões na mídia (Góis, trabalhos científicos nacionais e internacionais
________________________________________
Endereço para correspondência: Laboratório de Análise e Prevenção da Violência, Departamento de
Psicologia – Universidade Federal de São Carlos (UFSCar), Rodovia Washington Luiz, km 235, CEP
13565-905 – São Carlos, SP. Telefone (16) 3351-8745, FAX (16) 3351-8362, (16) 8123-6243. E-mail:
Ana Carina anastelko@gmail.com, Lúcia williams@ufscar.br
46 Stelko-Pereira, A. C., & Williams, L. C. A.

investigando o tema da violência na escola, Avancini (2000), a definição de violência


seja sob a forma de artigos, capítulos de livros pode se diferenciar de acordo com a idade, o
ou apresentações orais em congressos, sexo e o status social de quem se está
exponham os diversos conceitos de violência definindo, por exemplo, o professor, diretor
escolar e apontem a dificuldade em se ou aluno.
encontrar um consenso entre os pesquisadores Debarbieux (2002) argumenta que uma
a esse respeito. Alguns exemplos de trabalhos única definição de violência escolar seria um
que assim o fizeram são o de Abramovay e erro no campo científico e, assim, ele se
Rua (2002), Debarbieux e Blaya (2002) e expressa: “(...) não deveríamos estar
Ruotti, Alves e Cubas (2006). realizando pesquisas sobre a violência como
Essa atitude de expor definições de um todo indivisível, mas, ao contrário, estar
violência escolar a cada pesquisa multiplicando pontos de vista (indicadores)
apresentada ocorre devido à dificuldade em que nos ajudem a encontrar o que é real num
se adotar uma única definição do que seja conceito que é ineficaz devido à sua
violência escolar. Uma dessas dificuldades generalidade.” (p. 19). O apontamento de
consiste no fato de que a violência pode se Debarbieux (2002) sobre a impossibilidade
expressar de múltiplas formas e ser de uma única definição é coerente, porém o
compreendida de maneiras diversas. próprio autor assinala a necessidade de se
Conforme aponta Abramovay (2005): encontrar o que é real no conceito, quais são
os limites do mesmo e qual a definição que
Apresentar um conceito de violência
pode embasar uma prática, ou seja, um
requer uma certa cautela, isso porque
conceito eficaz.
ela é, inegavelmente, algo dinâmico e
mutável. Suas representações, suas Conhecer as múltiplas perspectivas de
dimensões e seus significados passam um fenômeno tão complexo como a
por adaptações à medida que as violência escolar é importante, ainda que o
sociedades se transformam. A estabelecimento de um consenso entre todas
dependência do momento histórico, da as áreas de conhecimento que a investigue,
localidade, do contexto cultural e de como a Psicologia, Sociologia,
uma série de outros fatores lhe atribui Antropologia, Pedagogia, História, entre
um caráter de dinamismo próprio dos outras, seja difícil de ser alcançado. O
fenômenos sociais (p. 53). presente artigo não pretende fazer um
diálogo entre essas áreas do conhecimento
Assim, em diferentes países há nuanças sobre o fenômeno da violência escolar,
diversas na interpretação do que seja apresentando concordâncias e divergências
violência escolar e no grau de atenção de posições ideológicas, pois tal explanação
concedida aos tipos de violência. De acordo mereceria uma atenção própria que não cabe
com a revisão de Abramovay (2003), as ao escopo deste trabalho. O presente
pesquisas inglesas comumente conceituam a trabalho tende a se aproximar mais do
violência escolar de modo a não abranger referencial de pesquisas de origem inglesa
atos violentos por professores a alunos e de (EUA e Inglaterra) e de países escandinavos
alunos a professores; pesquisas espanholas (Noruega), os quais costumam empregar
têm certo constrangimento moral ao métodos objetivos e quantitativos, utilizando
descrever atos de violência praticados contra inventários, observações sistemáticas e
jovens e crianças, como violência escolar; intervenções com delineamentos
estudos americanos tendem a se localizar no experimentais, de forma a contribuir com a
exterior da escola, nas gangues, sendo pesquisa brasileira da violência escolar, que
comum o uso dos termos delinquência é em contraste marcadamente baseada em
juvenil, condutas desordeiras, comportamento investigações francesas e costuma abordar o
antissocial; já investigações brasileiras, a fenômeno de modo qualitativo, por meio de
partir de meados dos anos 1990, referem a entrevistas semiabertas, observações do
expressão “violência escolar” às agressões cotidiano assistemáticas e intervenções sem
contra o patrimônio e contra a pessoa (alunos, prática apoiada em evidências. Não se
professores, funcionários, etc.). espera neste trabalho contrapor essas duas
Além de fatores culturais, históricos e abordagens do fenômeno, mas estabelecer
geográficos, conforme aponta Abramovay e um diálogo entre as mesmas.
Definição de violência escolar 47

Adicionalmente, não se pretende em diferentes épocas. Além disso, uma


detalhar quais são os determinantes da categorização é importante para se evitar
violência escolar, uma vez que estes são distorções do que seja violência escolar ou
múltiplos. Somente para enunciar alguns: há de termos específicos desse campo. Enfim,
os que se referem a características do uma sistematização do que seja violência
indivíduo (constituição genética, sexo, idade, escolar é essencial para que se obtenham
etnia, história de vida, dinâmica familiar), os avanços no estudo do tema.
que se referem às características da Portanto, o objetivo deste artigo
instituição escolar (localização, instalações consiste em propor uma taxonomia desse
físicas, recursos humanos disponíveis, tipo de violência, que incorpore definições
método de ensino empregado, ideologias de violência escolar, comumente descritas e
predominantes, histórico da instituição, etc.) e empregadas pela comunidade científica, e
os que envolvem aspectos da sociedade na que permita a inclusão, ao longo do tempo,
qual a instituição escolar se insere de novas nuanças do que seja a violência no
(democrática ou não, com maior ou menor contexto escolar. Porém, com este trabalho,
desigualdade socioeconômica, com ou sem não se pretende realizar uma valoração de
igualdade de gênero e de etnia, entre outras). quais devem ser os enfoques diante do tema
Nesse sentido, o presente artigo da violência escolar.
pretende realizar uma taxonomia do que é, A escola é fundamental para o pleno
atualmente, considerado como sendo desenvolvimento do indivíduo, devendo ser
violência escolar, sem esquecer que é um dos contextos sociais que estimule as
impossível uma única e verdadeira habilidades intelectuais, as habilidades sociais
definição, que seja aceita universalmente. A e a absorção crítica dos conhecimentos
definição de violência escolar a ser produzidos em nossa sociedade. A escola
composta partirá do que há de comum entre deve ser importante no tempo presente e no
a violência que ocorre no âmbito da escola e tempo futuro, sendo referência para o aluno
em outros contextos; em seguida o de um local seguro, prazeroso e no qual ele
fenômeno será singularizado a partir de pode se conhecer, conhecer aos seus
características de importância, como locais próximos e a sociedade em que vive,
em que se situa, quais as pessoas projetando como quer atuar no mundo.
comumente envolvidas, quais as ações Enquanto instituição de escolarização
dessas pessoas e, finalmente, as formal, a escola deve ser defendida, os
consequências dessas ações. Nesse sentido, processos de desenvolvimento do indivíduo
o presente trabalho pretende apresentar quais que nela ocorrerem devem ser estudados, e as
devem ser as especificações do termo melhorias, buscadas, a fim de que
violência escolar, sinalizando que ao se fazer desenvolvamos indivíduos felizes, justos,
estudos, investigações e divulgação de críticos e transformadores, que possam
resultados se seja mais específico, pois a retornar à sociedade o desejo e os meios para
área de estudo assim exige. a construção de uma sociedade mais
igualitária.
Conforme Ristum e Bastos (2004), a
violência é conceituada na literatura muitas Discorrido brevemente a respeito da
vezes “(...) sem a especificação de critérios, importância social da escola, fica mais
evidente o quanto é importante estudar a
ou com critérios confusos, de forma a
violência escolar e delimitar, de forma mais
dificultar seu uso por outros pesquisadores.
precisa, o que seja esse problema. Para se
Conseqüentemente, são muitas as
definir o que vem a ser a violência na escola,
dificuldades encontradas na
deve-se primeiramente abordar, ainda que
complementação ou na comparação entre os
não exaustivamente, alguns dos aspectos
dados de diferentes pesquisas” (p. 226). existentes na violência escolar para inseri-la
Assim, uma sistematização do que no fenômeno da violência. A Organização
constitui violência escolar é essencial para: Mundial de Saúde (2002) refere-se à
a) construir instrumentos de avaliação de violência como:
violência escolar precisos; b) facilitar o
diálogo entre pesquisadores e entre (...) uso intencional de força física ou
pesquisadores e sociedade; e c) comparar poder, em forma de ameaça ou
pesquisas realizadas em diferentes locais e praticada, contra si mesmo, contra
48 Stelko-Pereira, A. C., & Williams, L. C. A.

outra pessoa, ou contra um grupo ou conhecer as regras de direito ou morais, as


comunidade que resulta ou tem uma práticas lingüísticas e outras” (p. 81). Assim,
grande possibilidade de ocasionar a violência escolar, por inserir-se no
ferimentos, morte, conseqüências fenômeno da violência mais geral, também
psicológicas negativas, mau incorpora em seu conceito essa violência
desenvolvimento ou privação (p. 5). sutil, estrutural, que diminui as
possibilidades de o indivíduo de classe
Mesmo essa perspectiva mais popular ascender socialmente e transformar
explícita do que seja violência pode suscitar sua realidade.
debates como o que seria “uso intencional”, Feita tal explicação do porquê de
o que consiste em “poder” e o uso deste, incluir a violência escolar no fenômeno
quais as implicações legais das diferenças mais amplo da violência, propõe-se
entre resultar em danos ao indivíduo e a levantar as perguntas a serem feitas quando
grande possibilidade de resultar em dano se pretende delinear a multiplicidade de
(para uma discussão pormenorizada a aspectos que se incorporam ao conceito.
respeito dessa definição, ver Stelko-Pereira e Para facilitar a compreensão das diversas
Williams (2010)). Apesar de tal conceito possibilidades de estratificação do termo,
permitir polêmica, subentende-se pela apresenta-se na Figura 1, um esquema cujos
definição que a violência é algo explícito, aspectos apresentados serão discutidos ao
capaz de ser percebido pela vítima. Contudo, longo do texto.
há outro aspecto mais sutil e de difícil
Um aspecto da definição de violência
apreensão no conceito de violência e, por
escolar é a localização geográfica. A
conseguinte, no termo violência escolar: o
violência escolar pode ocorrer dentro do
que se entende por violência simbólica.
espaço físico da escola, no trajeto casa-
Odalia (2004) assim expõe:
escola, em locais em que se programem
Nem sempre a violência se apresenta passeios e/ou festas escolares (Furlong &
como um ato, como uma relação, como Morisson, 2000), e, mesmo, na própria
um fato, que possua estrutura residência e bairro do aluno, como em
facilmente identificável. O contrário, situações nas quais conflitos mal resolvidos
talvez, fosse mais próximo da dentro da instituição gerem violência em
realidade. Ou seja, o ato violento se outros espaços. Adicionalmente, a violência
insinua, freqüentemente, como um ato na escola pode não ter uma localização
natural, cuja essência passa geográfica precisa, sendo virtual, como nas
despercebida. Perceber um ato como situações em que mensagens agressivas são
violento demanda do homem um encaminhadas entre membros da escola por
esforço para superar sua aparência de meio eletrônico (internet e/ou celular).
ato rotineiro, natural e como que Assim, apesar de comumente se situar a
inscrito na ordem das coisas (p. 22-23). violência escolar como a violência que
ocorre dentro da estrutura física da escola,
Segundo Bourdieu e Passeron (1975), a há uma diversidade de localidades em que
partir de sua posição social, o indivíduo ela pode ocorrer. Portanto, não se deve
apresenta uma matriz (habitus) pela qual basear o conceito de violência escolar
estrutura seus pensamentos, percepções e apenas na localização geográfica dos
ações. Em uma sociedade estratificada, eventos violentos. Adicionalmente, no caso
segundo esses autores, as classes dominantes da violência simbólica que ocorre na escola,
controlam os significados culturais esta se refere mais à dinâmica diária de
estabelecendo quais são os mais relevantes, ensino do que propriamente a atos
de modo que a cultura tem eminentemente específicos em um determinado local.
um caráter político e de manutenção da Um acréscimo à definição diz respeito a
ordem social estabelecida. A violência quem são os atores envolvidos na violência
simbólica proposta por Bourdieu, segundo escolar. Alunos e professores são
Vasconcellos (2002) “aparece como eficaz comumente os personagens mais lembrados
para explicar a adesão dos dominados: quando se discute violência na escola,
dominação imposta pela aceitação das contudo, qualquer indivíduo que trabalhe na
regras, das sanções, a incapacidade de instituição escolar ou que esteja envolvido
Definição de violência escolar 49

nela pode ser inserido no conceito. Isso é relacionados que nela ingressam a fim de
importante porque a violência pode ocorrer cometer atos violentos, como quando a
em qualquer relação interpessoal, ainda que escola é assaltada, quando traficantes nela
costume ocorrer com maior frequência e ingressam para intimidar alunos presentes,
intensidade quando há desigualdade de etc. Charlot (2002) também expõe tal
condições de poder entre os indivíduos situação em que a violência ocorre dentro do
(Williams, 2003). Desse modo, cantineiras, espaço escolar, “sem estar ligada à natureza
porteiros, faxineiras, inspetores, diretores, e às atividades da instituição escolar (...)” (p.
recepcionistas, voluntários da escola, pais 434) e em que “(...) a escola é apenas o lugar
e/ou responsáveis pelos alunos podem de uma violência que teria podido acontecer
cometer e/ou sofrer e/ou testemunhar atos de em qualquer outro local” (p. 343). O autor
violência a outros do contexto escolar e não denomina tal situação como violência na
devem ser esquecidos em pesquisas, escola, porém faz-se a ressalva que o termo
intervenções e programas preventivos. Além por si só não é esclarecedor, sendo mais
de pessoas relacionadas ao contexto da simples denominar que os envolvidos são
escola, pode haver outros indivíduos não outros não relacionados à instituição escolar.

Figura 1 - Esquema sobre o conceito de violência escolar.

Outra questão referente aos envolvidos violência escolar, pode-se particularizar


é que em nossa sociedade há grupos que também se o problema se relaciona a uma
comumente são mais afetados por violência questão de preconceito, discriminação social
e violência escolar, como termos ofensivos e étnica e desrespeito à diversidade sexual.
praticados a pessoas de etnia negra ou com Os envolvidos com a violência escolar
menor status socioeconômico (Warner, podem desempenhar diversos papéis como
Weist & Krulak, 1999; Abramovay & Rua, atores do fenômeno. Estes podem ser autores
2002) e, ainda, a homossexuais (Castro & de comportamentos violentos, alvos de tais
Abramovay, 2003). Portanto, ao se analisar comportamentos ou testemunhas de tais atos
quais são os envolvidos no fenômeno da e/ou de suas consequências. Comumente,
50 Stelko-Pereira, A. C., & Williams, L. C. A.

encontra-se tal divisão de papéis em Ainda sobre a questão do modo como


pesquisas a respeito de bullying, contudo os indivíduos se envolvem na violência
esta é válida não só para casos de bullying, escolar, também se deve levar em conta os
mas também é empregada em outras áreas casos em que a própria instituição escolar é
como a da violência intrafamiliar e para produtora dessa violência. A esse respeito
questões jurídicas. É imprescindível Finley (2006) discute que determinadas
entender que um mesmo indivíduo no políticas da instituição, tais como regras,
contexto da violência escolar pode procedimentos e práticas, podem acarretar
intercambiar essas diferentes posturas, ora impactos adversos nos membros
sendo o autor, ora a vítima (Watson, participantes da escola. Muitas vezes tais
Andreas, Fischer & Smith, 2005) e ora políticas são instituídas com boas intenções,
testemunha/espectador (Fante, 2005; Neto & como aumentar a aprendizagem e diminuir
Saavedra, 2003), sobretudo quando há violência. Entende-se por tal perspectiva que
situações de violência frequentes. é importante ampliar a responsabilidade pela
Contudo, a literatura costuma apontar violência que ocorre na escola para além do
apenas os extremos (Watson e cols., 2005). âmbito individual, incentivando que
Geralmente, fala-se de vítimas, ou de pesquisadores, sociedade e os próprios
autores, ainda que, mais recentemente, tenha membros da escola busquem alterar as
se discutido questões ligadas aos alunos que circunstâncias do sistema escolar e não
ora são vítimas e ora são autores (Pinheiro & culpabilizar indivíduos. Em uma mesma
Williams, 2009; Neto & Saavedra, 2003; perspectiva, Charlot (2002) aponta esse tipo
Watson & cols., 2005), cabendo mencionar de violência, porém a denomina de violência
que as testemunhas de atos violentos podem da escola e a relaciona fortemente a
contribuir para a ocorrência ou agravamento situações de violência em que os alunos
desses atos ao incentivar a violência ou por buscam provocar danos diretamente à
estar observando, de modo que o autor da instituição e aos que a representam, como
violência busque com maior afã demonstrar vandalismos e agressões a professores,
força e poder (Stueve  &  cols.,  2006). As sendo tais situações nomeadas pelo autor de
testemunhas também sofrem consequências violência à escola.
negativas ao desenvolvimento, pois podem O mesmo autor é citado por
sentir medo de sofrer agressões, acreditar Abramovay e Rua (2002) para ilustrar esse
que foram negligentes em relação ao fato, conceito quando expõem que a violência
sentindo culpa, e aprendem que agir simbólica ou institucional é compreendida
violentamente é uma maneira de se resolver como:
os problemas (Neto & Saavedra, 2003).
a falta de sentido de permanecer na
Supõe-se que tal divisão de papéis escola por tantos anos; o ensino como
tenha ocorrido porque a maioria das um desprazer, que obriga o jovem a
investigações de prevalência costumava aprender matérias e conteúdos alheios
abordar o tema aplicando inventários de aos seus interesses; as imposições de
vitimização ou de autoria e não de ambos e, uma sociedade que não sabe acolher
ainda hoje, poucos são as que avaliam o ato os seus jovens no mercado de
de ser testemunha da violência escolar. trabalho; a violência das relações de
Adicionalmente, essa divisão e inter-relação poder entre professores e alunos.
entre papéis pode ser esmiuçada, conforme Também o é a negação da identidade e
faz Fante (2005), realizando as seguintes da satisfação profissional aos
subdivisões: vítimas típica ou passiva professores, a sua obrigação de
(pouco sociável, mantém o sigilo da suportar o absenteísmo e a indiferença
violência cometida contra ela); vítima dos alunos (Charlot citado por
provocadora (provoca reações hostis contra Abramovay & Rua, 2002, p. 69).
as quais não possui habilidades para lidar);
vítima agressora (reproduz os maus-tratos Contudo, se o conceito de violência
sofridos); agressor (vitimiza os mais fracos) simbólica ou institucional favorece no
e, por fim, espectador (presencia os maus- aspecto de ressaltar mecanismos coletivos e
tratos, porém não o sofre diretamente, nem o macrossociais para a violência escolar, deve-
pratica). se ter cuidado para que o discurso de
Definição de violência escolar 51

causação não fique demasiadamente teórico patrimônio e sexual. O mesmo é válido para
ou abstrato, impossibilitando alterar consequências físicas negativas, como
situações concretas. Deve-se ter em conta sintomas psicossomáticos (sendo alguns
que regras, procedimentos e práticas não são exemplos: gastrite, queda de cabelos,
criados, respeitados e executados por si alergias, cefaleias, etc.), as quais também
mesmos e sim por indivíduos. Portanto, as podem ser em decorrência de violência
intervenções que buscam alterar políticas psicológica, contra o patrimônio e sexual.
institucionais precisam, obrigatoriamente, Além dessa divisão, pode-se separar a
envolver pessoas, as quais deverão agir violência escolar em duas categorias:
diferentemente. agressões verbais, que compreendem
Após esses apontamentos, há que se xingamentos, desrespeito, ofensas, modos
descrever a caracterização dos atos grosseiros de se expressar e discussões
violentos. Segundo a Organização Mundial (Abramovay, 2005) e violência não verbal
de Saúde (2002) há uma tipologia da (agressões físicas, destruição de material,
natureza dos atos violentos, a qual se refere roubo, etc.). Uma outra maneira comum de
à violência em geral, sem ser exclusiva ao categorização é por violência direta ou
contexto escolar, porém relevante, e tal violência indireta e emocional (Neto &
tipologia relaciona-se às consequências que Saavedra, 2003). A violência direta engloba
os atos violentos comumente produzem. Tal ações que podem ser físicas (como chutar,
organização menciona a violência física, bater, empurrar, roubar) ou verbais
psicológica, sexual e a negligência. Pode-se (apelidos, insultos). Já a violência indireta
entender como violência física atos diz respeito a ações com o objetivo de fazer
buscando ferir a integridade física da pessoa com que uma pessoa seja discriminada e/ou
(tais como tapas, empurrões, chutes, socos, excluída de seu grupo social, como por
beliscões, atirar objetos, etc.); como rumores ou disseminação de boatos.
violência psicológica, ações que têm como A configuração dos atos violentos é
provável consequência danos psicológicos outro aspecto importante para ser discutido
ou emocionais a outros (tais como ameaças em relação à definição de violência escolar.
de uso de violência física contra a pessoa ou Os atos violentos são únicos em si, pois cada
entes queridos, criar situações a fim de um tem uma configuração em relação aos
provocar medo, degradar verbalmente a envolvidos, duração, motivos, espaço
personalidade, crenças e atitudes da pessoa, geográfico ocorrido, características das
ridicularizar ou inferiorizar os esforços da ações violentas, data e horário de ocorrência
pessoa); violência sexual, que se refere a e desfecho. Contudo, quando determinados
atos contra a sexualidade do indivíduo (sem atos violentos tendem a ter características
o consentimento do outro, acariciar, semelhantes, eles costumam ser agrupados
manipular genitália, mama ou ânus, atos em categorias específicas a fim de que
pornográficos e exibicionismo, praticar ato obtenham destaque pelos pesquisadores,
sexual com ou sem penetração, com ou sem instituições escolares e sociedade.
o uso de força física); e negligência (que se Dentre essas categorias, têm-se a do
refere à omissão diante das necessidades de bullying na escola e a do cyberbullying.
outro indivíduo ou o fato de não evitar Segundo Runyon, Kenny, Berry, Deblinger
situações de perigo a outro). Pode-se, ainda, e Brown (2006), o bullying está relacionado
adicionar a essa categorização a violência à situação em que uma criança ou estudante
contra o patrimônio ou violência material é exposto repetidamente e ao longo do
que envolve atos como quebrar, danificar tempo a ações negativas, que podem tanto
materiais de instituições ou de pessoas e ser físicas, psicológicas ou sexuais, por parte
roubar. de outra(s) criança(s) ou aluno(s), o qual tem
Apesar de didática, tal divisão da intenção de realizar tais ações. Os autores de
Organização Mundial da Saúde (2002) é bullying, em geral, compreendem uma
artificial, uma vez que as consequências pessoa ou grupo de pessoas em condição
emocionais negativas, tais como medo, desigual de poder com relação à vítima, que
ansiedade, tristeza, podem ser ocasionadas pode tanto ser características quanto à
tanto por atos de violência psicológica, popularidade, força física ou estatura física,
quanto de violência física, contra o competência social, extroversão,
52 Stelko-Pereira, A. C., & Williams, L. C. A.

inteligência, idade, sexo, etnia e status Se for estabelecido enquanto violência


socioeconômico. Assim, não se pode dizer escolar apenas o primeiro extremo, não será
que exista bullying do professor para com o dado o reconhecimento necessário às vítimas
aluno, ou do pai para com o filho, pois se de violências mais sutis, como agressões
trata de uma situação de violência que físicas com consequências mais leves,
ocorre entre pares. Adicionalmente, agressões psicológicas mais corriqueiras,
conforme aponta Orpinas e Horne (2006), tais como apelidos e fofocas (Debarbieux,
uma situação de briga entre gangues de 2002). Porém, se o outro oposto for
iguais condições de poder ou quando um estabelecido, segundo o autor, haverá um
aluno é agredido apenas uma vez por outro, cerceamento da liberdade de expressão
sem ser repetidamente ao longo do tempo, individual e abrir-se-á espaço para políticas
também não se constituem como bullying. de supervisão e repreensão excessivas a atos
Vale ressaltar que o termo “intimidação por do cotidiano (Debarbieux, 2002). Assim, há
pares” ou “violência entre pares” tem sido o debate se transgressão, incivilidades,
no Brasil utilizado como sinônimo para indisciplina, e provocação fariam parte da
bullying (Pinheiro & Williams, 2009; definição de violência escolar.
Williams, 2004). Segundo Charlot (2002), a transgressão
Já o cyberbullying é uma extensão do diz respeito a comportamentos contrários às
bullying. É a forma pela qual um indivíduo regras da escola que não infringem leis, tais
ou grupo de indivíduos busca causar dano a como absenteísmo, não realização de
outro de modo repetitivo, com o uso de trabalhos escolares, etc. Já a incivilidade se
tecnologias eletrônicas, como celular e refere ao comportamento que “não
computador. Nessa modalidade de violência contradiz, nem a lei, nem o regimento
os autores superam a relação tempo-espaço, interno do estabelecimento, mas as regras da
uma vez que agridem suas vítimas, por meio boa convivência: desordens, empurrões,
de mensagens ou imagens, como vídeos e e- grosserias (...)” (Charlot, 2002, p. 437).
mails, em qualquer horário do dia e em Segundo Roché (1996) citado por
qualquer local (Patchin & Hinduja, 2006). Abramovay (2005), “as incivilidades são
Além disso, a tecnologia eletrônica permite comportamentos e atitudes que acarretam
que o autor do ato violento haja de modo rupturas da ordem do cotidiano. Elas não
mais secreto do que no bullying tradicional, têm um enquadramento jurídico preciso, ou
que o evento violento (e-mail, vídeo, foto) seja, não são necessariamente consideradas
seja preservado ao longo do tempo e crimes e delitos (p. 121)”. Já a provocação é
disponibilizado rapidamente a outros um ato ambíguo e paradoxal entre a
usuários da tecnologia eletrônica (Li, 2006). agressividade e a brincadeira, em que o
No cyberbullying, supõe-se, ainda, que a provocador busca causar tensão na vítima,
diferença de poder entre agressor e vítima, tais como sentimento de ansiedade,
seja esta suposta ou real, se configure por frustração, raiva, vergonha, humilhação,
diferença na habilidade de utilização da etc., porém de uma maneira que esta possa
tecnologia eletrônica para intimidar outros e escapar da situação (Land, 2003).
não necessariamente em características Diante desse debate, pensa-se ser
físicas, popularidade e outras mais importante incluir tais situações mais
relacionadas ao bullying tradicional (Patchin corriqueiras na definição de violência escolar,
& Hinduja, 2006). pois o acúmulo delas pode gerar um
Outro aspecto comumente discutido sentimento de insegurança e desrespeito na
quanto à definição do que seja violência instituição, que atinge negativamente a
escolar diz respeito à gravidade e à identidade dos membros participantes,
cotidianidade dos atos cometidos. De acordo merecendo a denominação de violência
com Debarbieux (2002), deve-se ter em (Charlot, 2002). Adicionalmente, o estresse
conta, na avaliação do que seja violência acumulado de pequenos incidentes cotidianos
escolar, o contínuo entre: a) considerar como de violência pode ter um efeito tão
violência escolar apenas o que for passível desestabilizador quanto o de um único ataque
de punição penal e estiver relacionado às grave (Debarbieux, 2002). Às vezes, as
formas mais brutas de violência e b) todo e situações limites entre ameaças, brigas,
qualquer ato de transgressão e incivilidade. provocações e bate-bocas se agravam, de
Definição de violência escolar 53

modo a ocorrer episódios de violência de fenômeno de uma determinada perspectiva,


maior potencial danoso, tornando-se mais como apontar apenas as situações de
difícil para a escola a contenção e o remediar violência entre alunos.
de tais eventos (Abramovay & Rua, 2002). Apesar de a proposta no presente texto
Outro importante argumento para a ter sido abrangente e ter possibilitado um
inclusão dessas situações ao conceito de panorama da definição de violência escolar,
violência escolar é que o comportamento é necessário que estudos futuros debatam
agressivo é em grande parte aprendido, de questões como: a) qual é o papel da intenção
modo que se o indivíduo recebe benefícios, do agressor para compreender se um ato foi
tais como aprovação de pares, esse ou não violento?; b) diante da necessidade
comportamento tende a se manter e pode de uma definição abrangente, o que motiva
aumentar de intensidade e frequência, pesquisadores e jornalistas a analisar
deixando de ser considerado de “menor excessivamente uma ou outra perspectiva do
gravidade” para de “maior gravidade” fenômeno e quais são as perspectivas que
(Goldstein & Conoley, 2004). Greene (2005) estão sendo mais negligenciadas?; c) é
também aponta que, geralmente, formas possível a inexistência de qualquer espécie
menos sérias de violência precedem formas de violência nas escolas, ou tal proposição
mais sérias e que ontogeneticamente se se trata de uma utopia? O conceito deveria
tornam mais graves, ou seja, os arranhões incorporar tal noção de violência escolar
entre alunos de séries iniciais se tornam os aceitável ou mínima?
socos e chutes nas séries posteriores. Por fim, ainda que haja outras questões
a serem discutidas quanto ao termo violência
Portanto, há argumentos consideráveis escolar e que não seja possível a existência
para que se entenda que transgressão, de uma definição simples do termo, pôde-se
incivilidade, indisciplina e provocação sejam aqui traçar a multiplicidade de aspectos
incluídas na definição de violência escolar, relacionados ao termo, esboçando uma
ainda que o modo como se lidará com casos de definição abrangente e complexa. Assim,
maior gravidade, como esfaquear um colega, não é necessário afirmar que deva haver uma
seja naturalmente diverso dos casos de menor definição específica para cada pesquisa a ser
gravidade, como “virar as costas” ao professor, realizada, para cada intervenção preventiva
enquanto esse faz alguma crítica. proposta ou a cada matéria jornalística, pois
Assim, após a exposição de todos esses na verdade se trata de níveis de análise,
aspectos relacionados com a definição de possíveis de serem integrados, não se
violência escolar, faz-se a proposta de que tratando de várias definições contrastantes.
os pesquisadores definam: 1) se enfocarão o
fenômeno da perspectiva da violência mais
explícita, conforme definição da Referências
Organização Mundial da Saúde (2002), ou Abramovay, M. (2003). Escola e violência.
da violência simbólica ou da relação entre Brasília: UNESCO no Brasil.
ambas; 2) o local de ocorrência das Abramovay, M. (2005). Cotidiano das
situações de violência pesquisadas; 3) se os escolas: entre violências. Brasília:
envolvidos são alunos, funcionários, pais de UNESCO no Brasil. Disponível em:
alunos ou outros; 4) qual o papel que os <http://unesdoc.unesco.org/images/0014/
envolvidos estão desempenhando na 001452 /145265POR.pdf.> Acesso em:
situação, se autores, vítimas ou testemunhas; 13 abril 2007.
5) como se configuram as ações de
violência, se direta ou indireta, verbal ou não Abramovay, M., & Avancini, M. F. (2000).
verbal; 6) se os episódios violentos possuem A violência e a escola: O caso Brasil.
alguma especificidade, como o bullying e o Disponível em: <http//www.ucb.br/
cyberbullying. Pensa-se, também, que, observatorio/pdf/A%20Viol%EAncia%2
quando o tema da violência escolar for 0e%20a%20 Escola.pdf.> Acesso em:
discutido em escolas e com a mídia, deve-se 13 maio 2007.
mencionar todos esses aspectos possíveis do Abramovay, M., Rua, M. das G. (2002).
termo violência escolar, ainda que, na Violências nas escolas. Brasília: UNESCO
maioria das vezes, se opte por analisar o no Brasil.
54 Stelko-Pereira, A. C., & Williams, L. C. A.

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Nota dos autores:


Ana Carina Stelko-Pereira – Psicóloga, Mestre em Educação Especial, Doutoranda em Psicologia pela
Universidade Federal de São Carlos (UFSCar), Bolsista CAPES de 03/2009 a 07/2009, atualmente
bolsista FAPESP.
Lúcia Cavalcanti de Albuquerque Williams – Doutora em Psicologia Experimental (USP), Mestre em
Psicologia (Universidade de Manitoba, Canadá), Professora Titular do Departamento de Psicologia da
Universidade Federal de São Carlos (UFSCar) e Coordenadora do Laboratório de Análise e Prevenção da
Violência (LAPREV).

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