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CONTEÚÚ DO

ESPAÇOS TERRITORIAIS ESPECIALMENTE PROTEGIDOS............................................................................................................. 1


NOVO COÚ DIGO FLORESTAL......................................................................................................................................................................... 3
AÚ REAS DE PRESERVAÇAÃ O PERMANENTE – APP’s............................................................................................................................. 5
Mata Ciliar (art. 4º, I, do Novo CFlo)................................................................................................................................................... 5
Entorno de lagos e lagoas naturais (art. 4º, II, do Novo CFlo).................................................................................................. 5
Entorno de reservatoó rios d’aó gua artificiais (art. 4º, III, do Novo CFlo)................................................................................ 5
Manguezais em toda a sua extensaã o (art. 4º, VII, do Novo CFlo)............................................................................................. 5
Topo de morros (art. 4º, IX, do Novo CFlo)...................................................................................................................................... 6
Veredas (art. 4º, XI, do Novo CFlo)...................................................................................................................................................... 6
APP’s instituíódas pelo Poder Puó blico (art. 6º, do Novo CFlo)................................................................................................... 6
APP’s instituíódas pelo CONAMA........................................................................................................................................................... 6
Regime especial de proteçaã o das APP’s............................................................................................................................................. 7
Exploraçoã es Consolidadas em APP’s.................................................................................................................................................. 8
APP’s Instituíódas pelos Estados, DF e Municíópios......................................................................................................................... 8
Indenizaçaã o da Vegetaçaã o em APP no Caso de Desapropriaçaã o.............................................................................................. 8
Preservaçaã o Ambiental e Direito Fundamental aà Moradia........................................................................................................ 9
APICÚNS E SALGADOS.................................................................................................................................................................................. 9
RESERVA LEGAL.............................................................................................................................................................................................. 9
Regime Especial de Proteçaã o da Reserva Legal........................................................................................................................... 11
Desapropriaçaã o e Indenizaçaã o da Reserva Legal........................................................................................................................ 12
Isençaã o do ITR e Averbaçaã o da Reserva Legal............................................................................................................................. 12
Exploraçoã es Consolidadas em AÚ reas de Reserva Legal............................................................................................................ 13
Cota de Reserva Ambiental.................................................................................................................................................................. 13
APP e Reserva Legal – Quadro Comparativo...................................................................................................................................... 14
Regras de Competeê ncia para o Licenciamento Ambiental........................................................................................................... 14

Elaborado por Maó rcio Muniz da Silva Carvalho, em setembro de 2012

ESPAÇOS TERRITORIAIS ESPECIALMENTE PROTEGIDOS

 Quando o art. 225 da CF preveê que o meio ambiente ecologicamente equilibrado eó


um “bem de uso comum do povo”, isso naã o o transformou em bem puó blico em sentido
estrito, segundo a tradicional classificaçaã o do direito administrativo (art. 99, I, do
Coó digo Civil). Em direito ambiental eó possíóvel que um bem, puó blico ou privado, seja
de uso comum do povo.

1
 O art. 225, § 4º, da CF, ao prever que os biomas Floresta Amazoê nica, Mata Atlaê ntica,
Serra do Mar, Pantanal Mato-Grossense e Zona Costeira saã o “patrimônio nacional”,
naã o os transformou em bens puó blicos, conforme jaó decidiu o STF.

“O PRECEITO CONSÚBSTANCIADO NO ART. 225, PAR. 4., DA CARTA DA REPÚBLICA,


ALEÚ M DE NAÃ O HAVER CONVERTIDO EM BENS PÚÚ BLICOS OS IMOÚ VEIS
PARTICÚLARES ABRANGIDOS PELAS FLORESTAS E PELAS MATAS NELE REFERIDAS
(MATA ATLAÂ NTICA, SERRA DO MAR, FLORESTA AMAZOÂ NICA BRASILEIRA),
TAMBEÚ M NAÃ O IMPEDE A ÚTILIZAÇAÃ O, PELOS PROÚ PRIOS PARTICÚLARES, DOS
RECÚRSOS NATÚRAIS EXISTENTES NAQÚELAS AÚ REAS QÚE ESTEJAM SÚJEITAS AO
DOMIÚ NIO PRIVADO, DESDE QÚE OBSERVADAS AS PRESCRIÇOÃ ES LEGAIS E
RESPEITADAS AS CONDIÇOÃ ES NECESSAÚ RIAS A PRESERVAÇAÃ O AMBIENTAL”

(STF RE 134297, RELATOR(A): MIN. CELSO DE MELLO, PRIMEIRA TÚRMA,


JÚLGADO EM 13/06/1995)

 A propoó sito, tramita no Congresso Nacional a PEC 131/2003, que objetiva incluir
os biomas Cerrado e Caatinga nesse rol do art. 225, § 4º, da CF.
 De acordo com o art. 225, § 1º, III, da CF, incumbe ao Poder Puó blico “definir, em todas
as unidades da Federação, espaços territoriais e seus componentes a serem
especialmente protegidos, sendo a alteração e a supressão permitidas somente através
de lei, vedada qualquer utilização que comprometa a integridade dos atributos que
justifiquem sua proteção”.
 Trata-se de competeê ncia administrativa comum da Úniaã o, dos Estados, do DF e
dos Municíópios (arts. 7º, X, 8º, X e 9º, X, da LC 140/2011).
 O Novo Coó digo Florestal define os seguintes espaços ambientais especialmente
protegidos:
 AÚ reas de preservaçaã o permanente – APP’s
 “Área protegida, coberta ou não por vegetação nativa, com a função ambiental
de preservar os recursos hídricos, a paisagem, a estabilidade geológica e a
biodiversidade, facilitar o fluxo gênico de fauna e flora, proteger o solo e
assegurar o bem-estar das populações humanas” (art. 3º, II, do Novo CFlo).
 Apicuns e salgados
 Apicuns: “áreas de solos hipersalinos situadas nas regiões entremarés
superiores, inundadas apenas pelas marés de sizígias, que apresentam
salinidade superior a 150 partes por 1.000, desprovidas de vegetação vascular”
(art. 3º, XV, do Novo CFlo).
 Salgados ou marismas tropicais hipersalinos: “áreas situadas em regiões com
frequências de inundações intermediárias entre marés de sizígias e de
quadratura, com solos cuja salinidade varia entre 100 e 150 partes por 1.000,
onde pode ocorrer a presença de vegetação herbácea específica” (art. 3º, XIV, do
Novo CFlo).
 Reserva legal
 “Área localizada no interior de uma propriedade ou posse RURAL, delimitada
nos termos do art. 12, com a função de assegurar o uso econômico de modo
2
sustentável dos recursos naturais do imóvel rural, auxiliar a conservação e a
reabilitação dos processos ecológicos e promover a conservação da
biodiversidade, bem como o abrigo e a proteção de fauna silvestre e da flora
nativa” (art. 3º, III, do Novo CFlo).
 Únidades de conservaçaã o
 “Espaço territorial e seus recursos ambientais, incluindo as águas jurisdicionais,
com características naturais relevantes, legalmente instituído pelo Poder
Público, com objetivos de conservação e limites definidos, sob regime especial de
administração, ao qual se aplicam garantias adequadas de proteção” (art. 2º, I,
da Lei 9.985/2000).
 AÚ reas verdes urbanas
 “Espaços, públicos ou privados, com predomínio de vegetação, preferencialmente
nativa, natural ou recuperada, previstos no Plano Diretor, nas Leis de
Zoneamento Urbano e Uso do Solo do Município, indisponíveis para construção
de moradias, destinados aos propósitos de recreação, lazer, melhoria da
qualidade ambiental urbana, proteção dos recursos hídricos, manutenção ou
melhoria paisagística, proteção de bens e manifestações culturais” (art. 3º, XX,
do Novo CFlo).
 AÚ reas de uso restrito
 Nos pantanais e planíócies pantaneiras eó permitida a exploraçaã o
ecologicamente sustentaó vel, devendo-se considerar as recomendaçoã es
teó cnicas dos oó rgaã os oficiais de pesquisa, ficando novas supressoã es de
vegetaçaã o nativa para uso alternativo do solo condicionadas aà autorizaçaã o do
oó rgaã o estadual do meio ambiente (art. 10 do Novo CFlo).
 Em aó reas de inclinaçaã o entre 25° e 45°, seraã o permitidos o manejo florestal
sustentaó vel e o exercíócio de atividades agrossilvipastoris, bem como a
manutençaã o da infraestrutura fíósica associada ao desenvolvimento das
atividades, observadas boas praó ticas agronoê micas, sendo vedada a conversaã o
de novas aó reas, excetuadas as hipoó teses de utilidade puó blica e interesse social
(art. 11 do Novo CFlo).
 EÚ possíóvel a criaçaã o de aó reas especíóficas com regime especial de proteçaã o, como as
listadas a seguir:
 O art. 7º da RES 312/2002 do CONAMA regula o licenciamento das atividades de
carcinicultura (criaçaã o de camaroã es em cativeiro) na Zona Costeira, prevendo que
o empreendedor deve destinar, no míónimo, 20% da aó rea total do
empreendimento para preservaçaã o integral.
 O art. 32 da Lei 11.284/2006 (Gestaã o de Florestas Puó blicas) preveê a criaçaã o de
uma aó rea geograficamente delimitada chamada de reserva absoluta,
representativa dos ecossistemas florestais manejados, equivalente a, no míónimo,
5% do total da aó rea concedida, para conservaçaã o da biodiversidade e avaliaçaã o e
monitoramento dos impactos do manejo florestal.

NOVO COÚ DIGO FLORESTAL

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 Lei 12.651, de 25 de maio de 2012.
 A Presideê ncia da Repuó blica vetou 12 dispositivos do texto final aprovado pelo
Congresso Nacional (fortemente influenciado pela bancada ruralista da Caê mara dos
Deputados), bem como publicou a MP 571/2012, promovendo diversas alteraçoã es e
inserçoã es no texto, visando melhor atender aà preservaçaã o do meio ambiente e ao
desenvolvimento sustentaó vel.
 Princíópios informadores do Novo Coó digo Florestal => art. 1º.
 A exploraçaã o ou utilizaçaã o dos recursos florestais em desacordo com o Novo Coó digo
Florestal eó considerado uso irregular da propriedade, sujeitando o infrator a
responder administrativa, penal e civilmente, aplicando-se o procedimento sumaó rio
do CPC (art. 2º, § 1º).
 O Novo Coó digo Florestal adota claramente dois regimes juríódicos: um de toleraê ncia
(chamado pelos meios de comunicaçaã o de “anistia aos desmatadores”) para as
condutas lesivas ao meio ambiente perpetradas ateó 22 de julho de 2008 (veó spera da
entrada em vigor do Decreto 6.514/2008, que dispoã e sobre uma seó rie de infraçoã es e
sançoã es administrativas ao meio ambiente), e outro mais ríógido, para os atos
praticados a partir dessa data.
 O Novo Coó digo Florestal traz vaó rias disposiçoã es mais flexíóveis em favor do pequeno
proprietaó rio ou possuidor rural (preó dio ruó stico de ateó 4 moó dulos fiscais),
especialmente no tocante aà s aó reas de preservaçaã o permanente e de reserva legal.
 Positivando jurisprudeê ncia consolidada no STJ, estabelece o art. 2º, § 2º, do Novo
CFlo que: “As obrigações previstas nesta Lei têm natureza real e são transmitidas ao
sucessor, de qualquer natureza, no caso de transferência de domínio ou posse do
imóvel rural”.
 Ou seja, por se tratar de uma obrigaçaã o propter rem, o novo proprietaó rio poderaó
ser responsabilizado pela degradaçaã o ambiental praticada pelo antigo
proprietaó rio, e ateó mesmo condenado a recuperar a vegetaçaã o nas aó reas de
preservaçaã o permanente e de reserva legal.
 Outra inovaçaã o trazida pelo Novo CFlo foi a criaçaã o do CAR – Cadastro Ambiental
Rural, no aê mbito do Sistema Nacional de Informaçaã o sobre Meio Ambiente - SINIMA,
registro puó blico eletroê nico de aê mbito nacional, obrigatório para todos os imóveis
rurais, com a finalidade de integrar as informaçoã es ambientais das propriedades e
posses rurais, compondo base de dados para controle, monitoramento,
planejamento ambiental e econoê mico e combate ao desmatamento (art. 29).
 Art. 78-A: “Após cinco anos da data da publicação desta Lei, as instituições
financeiras só concederão crédito agrícola, em qualquer de suas modalidades, para
proprietários de imóveis rurais que estejam inscritos no Cadastro Ambiental Rural -
CAR e que comprovem sua regularidade nos termos desta Lei”.
 Programas ambientais previstos no Novo Coó digo Florestal:
 Programas de Regularizaçaã o Ambiental (PRA’s) de posses e propriedades rurais,
com o objetivo de adequaó -las aos termos do Novo Coó digo Florestal (art. 59);
 Programa de apoio e incentivo aà conservaçaã o do meio ambiente, bem como para
adoçaã o de tecnologias e boas praó ticas que conciliem a produtividade
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agropecuaó ria e florestal, com reduçaã o dos impactos ambientais, como forma de
promoçaã o do desenvolvimento ecologicamente sustentaó vel, observados sempre
os criteó rios de progressividade (art. 41);
 Programa para conversaã o da multa prevista no art. 50 do Decreto n o 6.514, de 22
de julho de 2008 (a chamada “anistia”), destinado aos imoó veis rurais, referente a
autuaçoã es vinculadas a desmatamentos promovidos sem autorizaçaã o ou licença,
em data anterior a 22 de julho de 2008 (art. 42);
 Programa de apoio teó cnico e incentivos financeiros, para atendimento prioritaó rio
dos pequenos proprietaó rios e possuidores rurais, podendo incluir medidas
indutoras e linhas de financiamento (art. 58).

AÚ REAS DE PRESERVAÇAÃ O PERMANENTE – APP’S

 Definiçaã o => art. 3º, II, do Novo CFlo: “área protegida, coberta ou não por vegetação
nativa, com a função ambiental de preservar os recursos hídricos, a paisagem, a
estabilidade geológica e a biodiversidade, facilitar o fluxo gênico de fauna e flora,
proteger o solo e assegurar o bem-estar das populações humanas”.
 Natureza juríódica => limitaçaã o administrativa ao direito de propriedade, naã o
gerando, em regra, direito a indenizaçaã o, por ser norma geneó rica decorrente de lei.
 AÚ reas de preservaçaã o permanente ex lege => art. 4º, do Novo CFlo.

MATA CILIAR (ART. 4º, I, DO NOVO CFLO)


 Saã o APP’s as “faixas marginais de qualquer curso d’água natural” (vegetaçaã o ao longo
das margens dos rios, coó rregos, lagos, brejos, vaó rzeas, etc., chamada de “mata
ciliar”).
 Embora a dimensaã o da mata ciliar tenha sido mantida pelo Novo CFlo, sua linha
inicial de demarcaçaã o foi alterada (o antigo CFlo previa sua fixaçaã o desde o níóvel
mais alto alcançado por ocasiaã o da cheia sazonal, ao passo que o Novo CFlo preveê
que seraó “desde a borda da calha do leito regular”), o que acaba reduzindo o tamanho
da APP, tendo havido retrocesso na proteçaã o ambiental das matas ciliares.

ENTORNO DE LAGOS E LAGOAS NATURAIS (ART. 4º, II, DO NOVO CFLO)


 Aqui tambeó m houve retrocesso, eis que os lagos e lagoas com superfíócie inferior a 1
hectare (10.000 m2) naã o precisaraã o possuir APP’s no seu entorno (art. 4º, § 4º, do
Novo CFlo).

ENTORNO DE RESERVATÓRIOS D’ÁGUA ARTIFICIAIS (ART. 4º, III, DO NOVO


CFLO)
 De acordo com o Novo CFlo, a dimensaã o desta APP seraó “definida na licença
ambiental do empreendimento”, naã o havendo uma delimitaçaã o geral e abstrata.

5
 Naã o existiraó APP “nos casos em que os reservatórios artificiais de água não decorram
de barramento ou represamento de cursos d’água” (art. 4º, § 1º, do Novo CFlo).

MANGUEZAIS EM TODA A SUA EXTENSÃO (ART. 4º, VII, DO NOVO CFLO)


 Inovaçaã o positiva do Novo CFlo, eis que o antigo CFlo apenas previa as restingas
estabilizadoras dos mangues como APP’s, mas naã o os proó prios manguezais em si.

“EÚ DEVER DE TODOS, PROPRIETAÚ RIOS OÚ NAÃ O, ZELAR PELA PRESERVAÇAÃ O DOS
MANGÚEZAIS, NECESSIDADE CADA VEZ MAIOR, SOBRETÚDO EM EÚ POCA DE
MÚDANÇAS CLIMAÚ TICAS E AÚMENTO DO NIÚ VEL DO MAR. DESTRÚIÚ - LOS PARA ÚSO
ECONOÂ MICO DIRETO, SOB O PERMANENTE INCENTIVO DO LÚCRO FAÚ CIL E DE
BENEFIÚ CIOS DE CÚRTO PRAZO, DRENAÚ -LOS OÚ ATERRAÚ -LOS PARA A ESPECÚLAÇAÃ O
IMOBILIAÚ RIA OÚ EXPLORAÇAÃ O DO SOLO, OÚ TRANSFORMAÚ -LOS EM DEPOÚ SITO DE
LIXO CARACTERIZAM OFENSA GRAVE AO MEIO AMBIENTE ECOLOGICAMENTE
EQÚILIBRADO E AO BEM-ESTAR DA COLETIVIDADE, COMPORTAMENTO QÚE DEVE
SER PRONTA E ENERGICAMENTE COIBIDO E APENADO PELA ADMINISTRAÇAÃ O E
PELO JÚDICIAÚ RIO”

(STJ RESP 650728/SC, REL. MINISTRO HERMAN BENJAMIN, SEGÚNDA TÚRMA,


JÚLGADO EM 23/10/2007)

 Apicuns e salgados saã o ecossistemas adjacentes aos manguezais, utilizados em


vaó rias regioã es do Brasil na carcinicultura (criaçaã o de camaroã es em cativeiro).
Embora naã o tenham sido enquadrados como APP’s, a exploraçaã o dos apicuns e
salgados sujeita-se aà s restriçoã es do art. 11-A, § 1º, do Novo CFlo.

TOPO DE MORROS (ART. 4º, IX, DO NOVO CFLO)


 Aqui tambeó m houve um retrocesso do Novo CFlo, que considera como APP apenas o
“topo de morros, montes, montanhas e serras, com altura mínima de 100 metros e
inclinação média maior que 25°”. Essa inclinaçaã o de 25º dificilmente ocorre em
morros ou montes, e praticamente nunca em montanhas e serras (salvo alguns
penhascos que tenham a base proó xima).

VEREDAS (ART. 4º, XI, DO NOVO CFLO)


 Boa inovaçaã o do Novo CFlo. O anterior naã o previa as veredas (conhecidas como
savanas brasileiras) como APP’s (muito embora elas fossem objeto de proteçaã o pela
RES 303/2002 CONAMA).

APP’S INSTITUÍDAS PELO PODER PÚBLICO (ART. 6º, DO NOVO CFLO)


 EÚ possíóvel que o Poder Executivo Federal, Estadual ou Municipal, atraveó s de Decreto,
institua outras APP’s destinadas a uma das finalidades estabelecidas no art. 6º do
Novo CFlo.
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 Naã o haó mais previsaã o de se declarar como APP a vegetaçaã o destinada a manter o
ambiente necessaó rio aà vida das populaçoã es silvíócolas.

APP’S INSTITUÍDAS PELO CONAMA


 A RES 303/2002 do CONAMA define algumas APP’s naã o previstas nem no antigo,
nem no novo Coó digo Florestal, a exemplo das dunas e das praias, em locais de
nidificaçaã o e reproduçaã o da fauna silvestre. Essa previsaã o eó vaó lida?
 Embora haja precedentes reconhecendo a ilegalidade dessa previsaã o por
extrapolaçaã o do poder regulamentar (neste sentido: TRF5, AC 383688, 3ª Turma,
julgado em 05/10/2006), jaó decidiu o STJ que “pelo exame da legislação que
regula a matéria (Leis 6.938/81 e 4.771/65), verifica-se que possui o CONAMA
autorização legal para editar resoluções que visem à proteção do meio ambiente e
dos recurso naturais, inclusive mediante a fixação de parâmetros, definições e
limites de Áreas de Preservação Permanente, não havendo o que se falar em excesso
regulamentar” (REsp 994.881/SC, Rel. Ministro BENEDITO GONÇALVES,
PRIMEIRA TÚRMA, julgado em 16/12/2008).

REGIME ESPECIAL DE PROTEÇÃO DAS APP’S


 EÚ permitido o acesso de pessoas e animais aà s AÚ reas de Preservaçaã o Permanente para
obtençaã o de aó gua e para realizaçaã o de atividades de baixo impacto ambiental (art.
9º, do Novo CFlo).

“2. ESTA CORTE SÚPERIOR TEM ENTENDIMENTO SEDIMENTADO NO SENTIDO DE


QÚE OS DEVERES ASSOCIADOS ÀS APPS E À RESERVA LEGAL TÊM NATUREZA DE
OBRIGAÇÃO PROPTER REM , ISTO EÚ , ADEREM AO TIÚ TÚLO DE DOMIÚ NIO OÚ POSSE.

3. POR ESSE MOTIVO, DESCABE FALAR EM CULPA OU NEXO CAUSAL , COMO


FATORES DETERMINANTES DO DEVER DE RECÚPERAR A VEGETAÇAÃ O NATIVA E
AVERBAR A RESERVA LEGAL POR PARTE DO PROPRIETAÚ RIO OÚ POSSÚIDOR,
ANTIGO OÚ NOVO, MESMO SE O IMÓVEL JÁ ESTAVA DESMATADO QUANDO DE
SUA AQUISIÇÃO ”

(STJ AGRG NO RESP 1206484/SP, REL. MINISTRO HÚMBERTO MARTINS, SEGÚNDA


TÚRMA, JÚLGADO EM 17/03/2011)

 De acordo com o art. 8º do Novo CFlo, a intervençaã o ou a supressaã o de vegetaçaã o


nativa em AÚ rea de Preservaçaã o Permanente somente ocorreraó nas hipoó teses de
utilidade puó blica (art. 3º, VIII), de interesse social (art. 3º, IX) ou de baixo impacto
ambiental (art. 3º, X).
 Naã o mais compete ao CONAMA listar novos casos de utilidade puó blica, e sim ao
Presidente da Repuó blica (art. 3º, VIII, “e”).

7
 Importante a previsaã o contida no art. 3º, IX, “d”, que preveê a regularizaçaã o
fundiaó ria de “assentamentos humanos ocupados predominantemente por
população de baixa renda em áreas urbanas consolidadas” (favelas).
 O art. 4º, § 5º, do Novo CFlo veio a permitir a chamada agricultura de vazante,
desenvolvida ao longo do leito dos rios por pequenos proprietaó rios ou possuidores
rurais familiares, para a plantaçaã o de batata-doce, guandu, entre outras culturas.
 A supressaã o de vegetaçaã o nativa em manguezais poderaó ser autorizada,
excepcionalmente, em locais onde a funçaã o ecoloó gica esteja comprometida, para
execuçaã o de obras habitacionais e de urbanizaçaã o, inseridas em projetos de
regularizaçaã o fundiaó ria de interesse social, em aó reas urbanas consolidadas ocupadas
por populaçaã o de baixa renda (art. 8º, § 2º).
 Ou seja, ao inveó s de prever a recuperaçaã o do manguezal comprometido, o Novo
CFlo preveê sua destruiçaã o completa para a urbanizaçaã o de favelas.
 Inexiste previsaã o legal para a averbaçaã o imobiliaó ria das APP’s no Cadastro Ambiental
Rural (CAR), o que seria medida altamente salutar, notadamente quando decorrer de
ato especíófico do Poder Puó blico.

EXPLORAÇÕES CONSOLIDADAS EM APP’S


 Marco legal divisor do regime juríódico => 23/07/2008, quando foi publicado o
Decreto 6.514/2008 (que estabelece infraçoã es e sançoã es administrativas ao meio
ambiente).
 Todos aqueles que exploraram ilicitamente a vegetaçaã o em APP com consolidaçaã o
ateó 22/07/2008 foram premiados com o reconhecimento juríódico da situaçaã o
consolidada.
 Nas AÚ reas de Preservaçaã o Permanente eó autorizada, exclusivamente, a continuidade
das atividades agrossilvipastoris, de ecoturismo e de turismo rural em aó reas rurais
consolidadas ateó 22 de julho de 2008 (art. 61-A, do Novo CFlo).

APP’S INSTITUÍDAS PELOS ESTADOS, DF E MUNICÍPIOS


 Nada impede que os demais entes federativos criem APP’s, tendo em vista que a
proteçaã o do meio ambiente, inclusive a preservaçaã o das florestas, eó competeê ncia
material comum e legislativa concorrente de todos os entes.
 O art. 215 da Constituiçaã o da Bahia considera como APP’s os recifes de corais, as
cavernas e as encostas sujeitas a erosaã o e deslizamento.
 Em princíópio, naã o pode uma legislaçaã o estadual, distrital ou municipal reduzir ou
eliminar uma APP instituíóda pelo Coó digo Florestal, sob pena de invadir a esfera de
competeê ncia da Úniaã o para editar normas gerais sobre proteçaã o do meio ambiente.
 O Estado de Santa Catarina promulgou em 2009 o seu Coó digo Ambiental, que
reduziu algumas APP’s, a exemplo da vegetaçaã o ao longo dos rios, o que foi objeto
de ADIn no STF (4252), proposta pelo PGR.

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INDENIZAÇÃO DA VEGETAÇÃO EM APP NO CASO DE DESAPROPRIAÇÃO
 Desapropriado um imoó vel (por utilidade puó blica ou interesse social), eó indenizaó vel a
aó rea correspondente aà cobertura florestal (vegetaçaã o em APP)?
 Naã o, segundo o STJ: “O valor atribuído à cobertura florística, destacado do valor do
terreno, deve ser excluído da indenização quando tal cobertura for insusceptível de
exploração econômica, como na hipótese dos autos, uma vez que a área já havia
sido declarada como de preservação permanente em data anterior à criação do
parque nacional que fundamentou o pedido indenizatório” (REsp 935888/RJ, Rel.
Ministro FRANCISCO FALCAÃ O, PRIMEIRA TÚRMA, julgado em 06/12/2007);
 Sim, segundo o STF: “DESAPROPRIAÇÃO. ÁREA SUJEITA À PRESERVAÇÃO
PERMANENTE. INDENIZAÇÃO DEVIDA. 1. A área de cobertura vegetal sujeita à
limitação legal e, consequentemente à vedação de atividade extrativista não
elimina o valor econômico das matas protegidas. Agravo regimental a que se nega
provimento” (AI 677647 AgR, Relator(a): Min. EROS GRAÚ, Segunda Turma,
julgado em 20/05/2008).

PRESERVAÇÃO AMBIENTAL E DIREITO FUNDAMENTAL À MORADIA


 O que fazer na hipoó tese de moradias irregularmente construíódas em APP’s (colisaã o
entre os direitos fundamentais aà moradia e aà preservaçaã o ambiental)?
 A jurisprudeê ncia apresenta vaó rias soluçoã es:
 TRF3 => manteve as construçoã es, indeferindo o pedido demolitoó rio e apenas
impondo a obrigaçaã o de naã o agravar a intervençaã o indevida em APP (AI
333002);
 TRF4 => simplesmente permitiu a manutençaã o da casa construíóda em APP,
lastreando o julgado no direito fundamental aà moradia (AC
200672040038874);
 TRF1 => determinou a demoliçaã o da casa irregularmente construíóda em APP
(AG 200601000366925);
 TRF5 => condicionou a desocupaçaã o da APP aà preó via disponibilizaçaã o, pelo
Poder Puó blico, de nova aó rea para a moradia dos ocupantes (AC
200582000121236).
 De acordo com o art. 61-A, § 12, do Novo CFlo, seraó admitida a manutençaã o de
resideê ncias e da infraestrutura associada aà s atividades agrossilvipastoris, de
ecoturismo e de turismo rural, inclusive o acesso a essas atividades,
independentemente da recomposiçaã o da vegetaçaã o, desde que naã o estejam em
aó rea que ofereça risco aà vida ou aà integridade fíósica das pessoas.

APICÚNS E SALGADOS

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 Embora naã o sejam protegidos como APP’s, os apicuns e salgados passaram a ter um
regime de exploraçaã o condicionada aos ditames do art. 11-A do Novo CFlo (capíótulo
inteiramente incluíódo pela MP 571/2012).
 Os apicuns e salgados poderaã o ser utilizados em atividades de carcinicultura e
salinas, desde que observados os requisitos do § 1º do art. 11-A do Novo CFlo.
 A licença ambiental seraó de 5 anos, renovaó vel apenas se o empreendedor cumprir as
exigeê ncias da legislaçaã o ambiental e do proó prio licenciamento, mediante
comprovaçaã o anual inclusive por míódia fotograó fica (§ 2º do art. 11-A do Novo CFlo).

RESERVA LEGAL

 Definiçaã o => art. 3º, III, do Novo CFlo: “área localizada no interior de uma
propriedade ou posse RURAL, delimitada nos termos do art. 12, com a função de
assegurar o uso econômico de modo sustentável dos recursos naturais do imóvel rural,
auxiliar a conservação e a reabilitação dos processos ecológicos e promover a
conservação da biodiversidade, bem como o abrigo e a proteção de fauna silvestre e da
flora nativa”.
 Como inovaçaã o do Novo CFlo, as APP’s naã o mais saã o excluíódas da definiçaã o de
reserva legal, como ocorria no antigo Coó digo, de modo que hoje eó possíóvel que
uma aó rea de reserva legal englobe uma APP. Aleó m disso, foi expressamente
prevista a funçaã o da reserva legal de “assegurar o uso econômico de modo
sustentável dos recursos naturais do imóvel rural”.
 Parte da doutrina (Ex: Paulo Affonso Leme Machado) entende que a reserva legal
incide apenas sobre aó reas rurais particulares, mas naã o sobre as puó blicas, embora
naã o exista qualquer restriçaã o legal nesse sentido (nem no novo, nem no antigo
Coó digo Florestal).
 A reserva legal busca a preservaçaã o ambiental como um todo, e naã o somente do
imoó vel que nela se situa.
 Por definiçaã o, soó haó reserva legal nas aó reas rurais.
 Art. 19 do Novo CFlo. “A inserção do imóvel rural em perímetro urbano definido
mediante lei municipal não desobriga o proprietário ou posseiro da manutenção
da área de Reserva Legal, que só será extinta concomitantemente ao registro do
parcelamento do solo para fins urbanos aprovado segundo a legislação
específica e consoante as diretrizes do plano diretor de que trata o § 1o do art.
182 da Constituição Federal”.
 Natureza juríódica => limitaçaã o administrativa ao direito de propriedade, naã o
gerando, em regra, direito a indenizaçaã o, por ser norma geneó rica decorrente de lei.
 Percentuais míónimos e cota de reserva legal (art. 12 do Novo CFlo):
 I - localizado na Amazoê nia Legal (Estados do Acre, Pará, Amazonas, Roraima,
Rondônia, Amapá e Mato Grosso e as regiões situadas ao norte do paralelo 13° S,
dos Estados de Tocantins e Goiás, e ao oeste do meridiano de 44° W, do Estado do
Maranhão, segundo o art. 3º, I, do Novo CFlo):
 a) 80% (oitenta por cento), no imoó vel situado em aó rea de florestas;
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 b) 35% (trinta e cinco por cento), no imoó vel situado em aó rea de cerrado;
 c) 20% (vinte por cento), no imoó vel situado em aó rea de campos gerais;
 II - localizado nas demais regioã es do Paíós:
 20% (vinte por cento).
 OBS: esses percentuais saã o os mesmos do antigo Coó digo Florestal.
 E se o imoó vel rural estiver situado, ao mesmo tempo, em uma aó rea de florestas e
de cerrado?
 O percentual de reserva legal seraó definido considerando separadamente os
íóndices legais, ou seja, far-se-aó uma espeó cie de divisaã o ficta da propriedade de
acordo com os biomas que a compoã em (art. 12, § 2º, do Novo CFlo).
 Reduçaã o da reserva legal => arts. 12, §§ 4º e 5º, e 13, I, do Novo CFlo.
 Ampliaçaã o da reserva legal => art. 13, II, do Novo CFlo.
 O oó rgaã o estadual integrante do SISNAMA ou instituiçaã o por ele habilitada deveraó
aprovar a localizaçaã o da Reserva Legal apoó s a inclusaã o do imoó vel no CAR (art. 14, §
1º, do Novo CFlo).
 Seraó admitido o coê mputo das AÚ reas de Preservaçaã o Permanente no caó lculo do
percentual da Reserva Legal do imoó vel, desde que, cumulativamente (art. 15 do Novo
CFlo):
 I - o benefíócio previsto neste artigo naã o implique a conversaã o de novas aó reas para
o uso alternativo do solo (ou seja, novos desmatamentos);
 II - a aó rea a ser computada esteja conservada ou em processo de recuperaçaã o,
conforme comprovaçaã o do proprietaó rio ao oó rgaã o estadual integrante do
SISNAMA;
 III - o proprietaó rio ou possuidor tenha requerido inclusaã o do imoó vel no Cadastro
Ambiental Rural - CAR.
 OBS: eó possíóvel que uma mesma aó rea do imoó vel rural seja considerada
simultaneamente como APP e RL, o que naã o era permitido pelo antigo Coó digo
Florestal, implicando, assim, uma reduçaã o da proteçaã o ambiental pelo Novo
Coó digo Florestal.
 Admite-se a instituiçaã o de reserva legal em regime de condomíónio ou coletiva, desde
que respeitados os percentuais míónimos, dependendo de aprovaçaã o do oó rgaã o
ambiental competente.
 O Novo CFlo inovou ao prever a dispensa de reserva legal em certos
empreendimentos:
 1) Empreendimentos de abastecimento puó blico de aó gua e tratamento de esgoto
(art. 12, § 6º, do Novo CFlo);
 2) AÚ reas adquiridas ou desapropriadas por detentor de concessaã o, permissaã o ou
autorizaçaã o para exploraçaã o de potencial de energia hidraó ulica, nas quais
funcionem empreendimentos de geraçaã o de energia eleó trica, subestaçoã es ou
sejam instaladas linhas de transmissaã o e de distribuiçaã o de energia eleó trica (art.
12, § 7º, do Novo CFlo);
 3) AÚ reas adquiridas ou desapropriadas com o objetivo de implantaçaã o e
ampliaçaã o de capacidade de rodovias e ferrovias (art. 12, § 8º, do Novo CFlo).
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 A aó rea de Reserva Legal deveraó ser registrada no oó rgaã o ambiental competente por
meio de inscriçaã o no CAR, sendo vedada a alteraçaã o de sua destinaçaã o, nos casos de
transmissaã o, a qualquer tíótulo, ou de desmembramento, com as exceçoã es legalmente
previstas (art. 18 do Novo CFlo). Naã o haó mais necessidade de averbaçaã o da reserva
legal no Cartoó rio de Registro de Imoó veis, como era exigido no antigo Coó digo
Florestal.
 No caso de posse, a aó rea de Reserva Legal eó assegurada por termo de compromisso
firmado pelo possuidor com o oó rgaã o competente do SISNAMA, com força de tíótulo
executivo extrajudicial, que explicite, no míónimo, a localizaçaã o da aó rea de Reserva
Legal e as obrigaçoã es assumidas pelo possuidor, sendo que a transfereê ncia da posse
implica a sub-rogaçaã o das obrigaçoã es assumidas no termo de compromisso (art. 18,
§§ 2º e 3º, do Novo CFlo).
 A auseê ncia de registro da reserva legal no CAR constitui infraçaã o administrativa
(art.55 do Decreto 6.514/2008).
 EÚ obrigatoó ria a suspensaã o imediata das atividades em AÚ rea de Reserva Legal
desmatada irregularmente apoó s 22 de julho de 2008 (art. 17, § 3º, do Novo CFlo).

REGIME ESPECIAL DE PROTEÇÃO DA RESERVA LEGAL


 A Reserva Legal deve ser conservada com cobertura de vegetaçaã o nativa pelo
proprietaó rio do imoó vel rural, possuidor ou ocupante a qualquer tíótulo, pessoa fíósica
ou juríódica, de direito puó blico ou privado (art. 17 do Novo CFlo).
 Na aó rea de reserva legal eó proibido o corte raso da vegetaçaã o (desmatamento),
mas eó possíóvel a exploraçaã o por meio do manejo florestal sustentaó vel (corte
seletivo de aó rvores de modo a respeitar a sustentabilidade das florestas e demais
formas de vegetaçaã o), conforme previsto no art. 22 do Novo CFlo, mediante
preó vio licenciamento ambiental.
 A obrigaçaã o de recompor a aó rea de reserva legal eó propter rem, transmitindo-se aos
sucessores a qualquer tíótulo, mesmo que jaó tenham recebido o preó dio ruó stico com a
aó rea de reserva legal prejudicada.

DESAPROPRIAÇÃO E INDENIZAÇÃO DA RESERVA LEGAL


 Em caso de desapropriaçaã o deveraó ser indenizada a cobertura florestal na aó rea de
reserva legal, pois passíóvel de exploraçaã o econoê mica via manejo florestal sustentaó vel,
poreó m em quantia inferior aà aó rea onde eó permitido o corte raso da vegetaçaã o.

“A AÚ REA DE RESERVA LEGAL DE QÚE TRATA O § 2° DO ART. 16 DO COÚ DIGO


FLORESTAL EÚ RESTRIÇAÃ O IMPOSTA AÀ AÚ REA SÚSCETIÚ VEL DE EXPLORAÇAÃ O, DE
MODO QÚE NAÃ O SE INCLÚI NA AÚ REA DE PRESERVAÇAÃ O PERMANENTE. NAÃ O SE
PERMITE O CORTE RASO DA COBERTÚRA FLORIÚ STICA NELA EXISTENTE. ASSIM,
ESSA ÁREA PODE SER INDENIZÁVEL, EMBORA EM VALOR INFERIOR AO DA
ÁREA DE UTILIZAÇÃO IRRESTRITA, DESDE QUE EXISTA PLANO DE MANEJO
DEVIDAMENTE CONFIRMADO PELA AUTORIDADE COMPETENTE ”

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(STJ RESP 867085/PR, REL. MINISTRO JOAÃ O OTAÚ VIO DE NORONHA, SEGÚNDA
TÚRMA, JÚLGADO EM 23/10/2007)

ISENÇÃO DO ITR E AVERBAÇÃO DA RESERVA LEGAL


 De acordo com o art. 10, § 1º, II, “a”, da Lei 9.393/96, as aó reas de reserva legal e de
APP’s saã o excluíódas da aó rea tributaó vel do ITR, em dispositivo com níótida finalidade
extrafiscal.
 O gozo dessa isençaã o tributaó ria exige, de acordo com a sistemaó tica do Novo Coó digo
Florestal, o registro da reserva legal no CAR (Cadastro Ambiental Rural).

“DESTA FORMA, A IMPOSIÇAÃ O DA AVERBAÇAÃ O PARA FINS DE CONCESSAÃ O DO


BENEFIÚ CIO FISCAL DEVE FÚNCIONAR A FAVOR DO MEIO AMBIENTE, OÚ SEJA,
COMO MECANISMO DE INCENTIVO AÀ AVERBAÇAÃ O E, VIA TRANSVERSA,
IMPEDIMENTO AÀ DEGRADAÇAÃ O AMBIENTAL. EM OÚTRAS PALAVRAS:
CONDICIONANDO A ISENÇÃO À AVERBAÇÃO ATINGIR-SE-IA O ESCOPO
FUNDAMENTAL DOS ARTS. 16, § 2º, DO CÓDIGO FLORESTAL E 10, INC. II,
ALÍNEA "A", DA LEI N. 9.393/96 ”

(STJ RESP 1027051/SC, REL. MINISTRO HÚMBERTO MARTINS, REL. P/ ACOÚ RDAÃ O
MINISTRO MAÚRO CAMPBELL MARQÚES, 2ª TÚRMA, JÚLGADO EM 07/04/2011)

EXPLORAÇÕES CONSOLIDADAS EM ÁREAS DE RESERVA LEGAL


 O proprietaó rio ou possuidor de imoó vel rural que detinha, em 22 de julho de 2008,
aó rea de Reserva Legal em extensaã o inferior aà legalmente prevista, poderaó regularizar
sua situaçaã o, independentemente de adesaã o ao PRA (Programa de Regularizaçaã o
Ambiental), adotando as seguintes alternativas, isolada ou conjuntamente (art. 66 do
Novo CFlo):
 I - recompor (reflorestar) a Reserva Legal;
 A recomposiçaã o/reflorestamento deveraó ser concluíóda em ateó 20 anos,
abrangendo, a cada 2 anos, no míónimo 1/10 da aó rea total necessaó ria aà sua
complementaçaã o.
 II - permitir a regeneraçaã o natural da vegetaçaã o na aó rea de Reserva Legal;
 Obrigaçaã o de naã o fazer, se as condiçoã es naturais permitirem a regeneraçaã o
espontaê nea da vegetaçaã o desmatada.
 III - compensar a Reserva Legal, das seguintes formas (§ 5º, do art. 66):
 A) aquisiçaã o de Cota de Reserva Ambiental - CRA;
 B) arrendamento de aó rea sob regime de servidaã o ambiental ou Reserva Legal;
 C) doaçaã o ao poder puó blico de aó rea localizada no interior de Únidade de
Conservaçaã o de domíónio puó blico pendente de regularizaçaã o fundiaó ria;
 D) cadastramento de outra aó rea equivalente e excedente aà Reserva Legal, em
imoó vel de mesma titularidade ou adquirida em imoó vel de terceiro, com

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vegetaçaã o nativa estabelecida, em regeneraçaã o ou recomposiçaã o, desde que
localizada no mesmo bioma.
 OBS: a compensaçaã o da reserva legal naã o permite novos desmatamentos.
 Nos imoó veis rurais que detinham, em 22 de julho de 2008, aó rea de ateó 4 (quatro)
moó dulos fiscais e que possuam remanescente de vegetaçaã o nativa em percentuais
inferiores aos legalmente previstos, a Reserva Legal seraó constituíóda com a aó rea
ocupada com a vegetaçaã o nativa existente em 22 de julho de 2008, vedadas novas
conversoã es para uso alternativo do solo (art. 67 do Novo Coó digo Florestal).
 Ou seja, a lei daó um tratamento favorecido aà s pequenas propriedades rurais, que
ficam dispensadas da obrigaçaã o de recompor/reflorestar a reserva legal, vedando
a lei apenas novos desmatamentos (chamados de “conversões para uso alternativo
do solo”).

COTA DE RESERVA AMBIENTAL


 Cota de Reserva Ambiental – CRA (inovaçaã o do Novo Coó digo Florestal – art. 44, que
veio substituir a Cota de Reserva Florestal prevista no art. 44-B do antigo Coó digo):
 EÚ um tíótulo nominativo representativo de aó rea com vegetaçaã o nativa, existente ou
em processo de recuperaçaã o:
 I - sob regime de servidaã o ambiental, instituíóda na forma do art. 9o-A da Lei no
6.938, de 31 de agosto de 1981;
 II - correspondente aà aó rea de Reserva Legal instituíóda voluntariamente sobre a
vegetaçaã o que exceder os percentuais exigidos no art. 12 desta Lei;
 III - protegida na forma de Reserva Particular do Patrimoê nio Natural - RPPN,
nos termos do art. 21 da Lei no 9.985, de 18 de julho de 2000;
 IV - existente em propriedade rural localizada no interior de Únidade de
Conservaçaã o de domíónio puó blico que ainda naã o tenha sido desapropriada.
 A CRA seraó expedida por oó rgaã o ou entidade componente do SISNAMA, e cada CRA
corresponderaó a 1 hectare (10.000 m2).
 A Cota de Reserva Ambiental eó uma concretizaçaã o do princíópio do protetor-
recebedor, pois todos aqueles que estaã o conservando cobertura florestal em
percentual superior ao exigido pelo Novo CFlo poderaã o receber esse tíótulo
nominativo (chamado de “moeda verde”) e comercializaó -lo livremente.
 Ex: o proprietaó rio obrigado a recompor reserva legal em sua propriedade
poderaó comprar o equivalente em CRA de outro proprietaó rio que tenha
preservado reserva legal acima do que seria obrigatoó rio em suas terras (e que
teraó , portanto, uma compensaçaã o financeira por essa preservaçaã o).

APP E RESERVA LEGAL – QÚADRO COMPARATIVO

APP RESERVA LEGAL


AÚ rea urbana ou rural (arts. 4º e 6º). AÚ rea rural (art. 12).
Exploraçaã o excepcional, apenas nas hipoó teses de Exploraçaã o apenas sob a forma de manejo florestal
utilidade puó blica, interesse social ou intervençaã o sustentaó vel, que naã o permite o corte raso da
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eventual de baixo impacto ambiental. vegetaçaã o (desmatamento).
Incideê ncia ex lege (art. 4º) ou por meio de ato do Incideê ncia ex lege, mas depende de delimitaçaã o a ser
Chefe do Poder Executivo (art. 6º). definida pelo oó rgaã o ambiental estadual, que deveraó
ser registrada no CAR.
Naã o haó percentual de aó rea da propriedade definido A lei define os percentuais míónimos de aó rea da
na lei, pois a delimitaçaã o ocorreraó em cada caso propriedade (80%, 35% ou 20%), a depender da
concreto, segundo as metragens previstas no art. 4º. vegetaçaã o e da localizaçaã o.
Para o STJ, a vegetaçaã o naã o seraó indenizaó vel em Haveraó indenizaçaã o limitada da cobertura florestal
desapropriaçaã o (REsp 935888). Para o STF, haveraó em caso de desapropriaçaã o, desde que haja
indenizaçaã o (AI 677647). exploraçaã o via plano de manejo florestal aprovado
(STJ REsp 867085).
Inexiste previsaã o legal para a averbaçaã o imobiliaó ria A aó rea de Reserva Legal deveraó ser registrada no
das APP’s no Cadastro Ambiental Rural (CAR). oó rgaã o ambiental competente por meio de inscriçaã o
no CAR (art. 18 do Novo CFlo).

REGRAS DE COMPETEÂ NCIA PARA O LICENCIAMENTO AMBIENTAL

 Embora o tema devesse ter sido concentrado na LC 140/2011, o Novo Coó digo
Florestal trouxe algumas regras de fixaçaã o de competeê ncia no processo de
licenciamento ambiental, que, por serem posteriores e especiais, prevalecem em
relaçaã o aà s regras da LC 140/2011, muito embora possa ser questionada a reserva de
lei complementar para fixar “normas para a cooperação entre a União e os Estados, o
Distrito Federal e os Municípios, tendo em vista o equilíbrio do desenvolvimento e do
bem-estar em âmbito nacional” (art. 23, § uó , da CF).

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Art. 10 Nos pantanais e planíócies pantaneiras eó permitida a exploraçaã o ecologicamente
sustentaó vel, devendo-se considerar as recomendaçoã es teó cnicas dos oó rgaã os
oficiais de pesquisa, ficando novas supressoã es de vegetaçaã o nativa para uso
alternativo do solo condicionadas aà autorizaçaã o do órgão estadual do meio
ambiente.
Art. 11-A, §1º, III Licenciamento da atividade e das instalaçoã es pelo órgão ambiental estadual,
cientificado o IBAMA e, no caso de uso de terrenos de marinha ou outros bens
da Úniaã o, realizada regularizaçaã o preó via da titulaçaã o perante a Úniaã o.
Art. 26, caput A supressaã o de vegetaçaã o nativa para uso alternativo do solo (desmatamento),
tanto de domíónio puó blico como de domíónio privado, dependeraó do
cadastramento do imoó vel no CAR e de preó via autorizaçaã o do órgão estadual
competente do SISNAMA.
Art. 31, § 7º Compete ao órgão federal de meio ambiente a aprovaçaã o de PMFS (Plano de
Manejo Florestal Sustentaó vel) incidentes em florestas puó blicas de domíónio da
Úniaã o.
Art. 37, caput O comeó rcio de plantas vivas e outros produtos oriundos da flora nativa
dependeraó de licença do órgão estadual competente do SISNAMA.
Art. 37, paraó grafo uó nico A exportaçaã o de plantas vivas e outros produtos da flora dependeraó de licença
do órgão federal competente do SISNAMA.

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