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MUSEOGRAFIA E ARQUITETURA DE Museus Museologia e Patriménio Cé¢A GUIMARAENS organizadora © Copyright dos autores UNIVERSIDADE FEDERAL DO RIO DE JANEIRO Carlos Anténio Levi | Reitor Anténio José Ledo Alves da Cunha | Vice-reitor Débora Foguel| Pro-reitora de Pés-Graduacéo © Pesquise CENTRO DE LETRAS E ARTES Flora de Paoli Faria | Decana FACULDADE DE ARQUITETURA E URBANISMO Mauro de Oliveira Santos | Diretor Maria Julia Santos de Oliveira | Vice-diretore PROGRAMA DE POS-GRADUACAO EM ARQUITETURA, Maria Angela Dias | Coordenadora ojeto gréfico, diagramagéo e capa Aine Haluch | Studio Creamerackers Reviséo Mariana Lima Editores Denise Corréa Daverson Guimarées Consetho Editorial ‘Alexandre Farbiarz - UFF Fabio Oliveira Bitencourt Filho - UFRJ Gustavo Rocha Peixoto - UFRJ Isis Femendes Brage - UFRJ Rita Maria de Souze Couto - PUC Vera Lucia Nojima ~ PUC Frederico Breida - UFJF Ee : PROARG Ceres Fale RIO BOOK’S ‘Av. Pedro Calmon, 850 ~ Térreo Rio de Janeiro - RU Telefone: 2252-0084 CAIXA POSTAL 68544 ~ CEP 21941-972 RIO DE JANEIRO contato@riobooks.com.br ‘wwvw.riabooks.com.br ‘Todos os direitos desta eigao 820 reservados 2 Editora Grupo Rio Ltda. Nenhuma parte deste obra pode ser reprodu- zida ou transmitida por qualquer forma e/ou quaisquer meios (eletrOnicos ou mecénicos, incluindo fotocépies © gravagéo) ou arquiveda ‘em qualquer sistema de benco de dados sem permissao escrita do titular do eeitor. Guimaraens, Céca Museografia e arquiteture de museus. Rio de Janeiro: Rio Books 1" Edic8o 2014. 296p. 21x21 cm ISBN 978-85-61556-65-5 1. Museologia . 2. Patriménio. 3. Intervengées Urbanas 1. Titulo 70 Mustocarin Angureruna ok Museus Antigas construgées, novos museus: experiéncias recentes no Brasil NIVALDO Vieira D€ ANDRADE [UNIOR INTRODUCAO, Nas iiltimas décadas, centenas de edificios de valor cultural reconhecido vém s adaptados a novos usos. Os principais arquitetos da atualidade tém realizado proj arquiteténicos que passam pela adaptacio de edificios histéricos em novos usos. Jean Nouvel a Zaha Hadid, pasando por profissionais com expressdes tao disti quanto Rafael Moneo e Coop Himmelb()jau, Richard Meier ¢ Massimiliano Fuk Rem Koolhaas e Alvaro Siza, este tipo de projeto tem sido uma constante na prod arquitetonica dos grandes nomes do star system internacional da arquitetura nas mas décadas. Além, é claro, dos arquitetos atuantes nos iiltimos cinquenta anos producio esté caracterizada por projetos deste tipo, como os italianos Franco Albi Carlo Scarpa e Gae Aulenti, o espanhol Antonio Jiménez Torrecillas e, no Brasil, no como a italiana radicada em Sao Paulo Lina Bo Bardi, o baiano Paulo Ormindo de vedo e, em geragies mais recentes, 0 gaticho Flavio Kiefer e o escrit6rio paulistano Bi sil Arquitetura, dos sécios Marcelo Ferraz e Francisco Fanucci. O tema da recicla; de edificios tombados, adequando-os a novos usos, destaca-se, assim, no panorama arquitetura no Brasil e no exterior. Como observou Fernando Diez, editor da revista especializada argentina Summa, tema da reutilizaszo do patriménio edificado do passado é pertinente e extremamente a Inesperadamente, 0 desejo de que o novo substitusse o velho sucumbiu & necessi de do presente ser salvo pelo passads.[.] Nestas circunsténcias, os arquitetos se. contram com duas demandas simultaneas e contraditérias: resgatar a autenticid de velhos edificos, transformando-os em monumentos do patriménio, e, ao mes tempo, enché-los de vida, adaptando-os aos usos contemporaneos. Uma tarefa q demanda tanto do seu talento como de uma nova sensibilidade e de emergentes figuras estéticas que apenas comecam a reconhecer-se com tal (DIEZ, 2013, p. 5) Embora muitas vezes se confundam estas adaptagdes com restauro, nelas a ques: ‘80 do projeto arquitet6nico ultrapassa em muito o problema da conservagio ou da res: tauraglo de uma arquitetura preexistente, Mesmo naquelas intervengdes de adaptacio de caréter mais conservador, as necessidades do novo programa quase sempre exigem modificagdes que podem ir desde a instalaglo de novos elementos de circulacio vertical ¢ instalacSes de ar-condicionado até a ampliagio da rea construida e a total alteragdo da configuragio espacial interna da edificagio, Todas estas intervengbes se realizam no ‘campo disciplinar do projeto arquiteténico e, embora passem também pelo tema da conser- acio/restauragio arquiteténica, jamais se limitam a ele. Para Antén Capitel, Professor Catedratico de Projeto Arquiteténico da Escuela ‘Técnica Superior de Arquitectura de Madrid, a restauragao arquiteténica e o que ele deno- ‘mina de metamorfose arquitetOnica sto “dois diferentes modos de tratar ~ do ponto de vista ‘comum da disciplina da arquitetura — os problemas dos edificios valiosos do pasado": ‘Ametamorfose [..] realiza a transformacao da realidade arquitetdnica origindria, ea restauracio [..] resgata e conserva os valores primitivos. A metamorfose de monu- mentos, expressao mais radical que a restauraco, requer em alguns casos um exer- cicio especialmente reflexivo da disciplina da composicao arquitetonica para poder interpretar a configura¢o original e seguir suas normas, resolvendo ao mesmo ‘tempo seus problemas e respeitando suas qualidades (CAPITEL, 1988, contracapa). Por sua vez, para Marco Dezzi Bardeschi, Professor Catedrdtico de Restauragio erquiteténica do Politécnico de Mildo, a conservagdo/restauracdo do monumento e a sua iffcagao para atender as demandas contemporineas so ages concomitantes, Se a res- racho 6, para Dezzi Badeschi, “uma atenta, tempestiva, capilar pritica da conservacio” EZZI BARDESCHI, 2006, p. 53), 0 projeto do novo corresponde a uma aco comple- tar e paralela & conservagdio — e igualmente importante: © problema principal que hoje se apresenta com sempre renovada emergéncia (e urgencia) € de fato nao tanto aquele da simples conservagio fisica dos monumen- tos, mas sim aquele da atualizagao dindmica dos textos filoldgicos legados pela tradigao e da sua consequente valorizacdo (DEZZ| BARDESCHI, 2009, p. 270). Para Dezzi Bardeschi, essa ‘atualizagdo dinamica’ dos monumentos decorre do de que cada monumento [..}. para poder ser conservado no tempo, deve conservar um seu significado, uma sua carga vital, mais simplesmente uma especifica fungao de uso; mas a adequacao de um texto filolégico alienado de uma nova disponibilidade de a rasan sonon ‘sagbmsNo9 sOUNY 2 Mustocrari Angureruna D¢ Museus utilizagdo implica consequentemente a fundamental presenca de intérpretes cons cientes, isto é de arquitetos e técnicos de qualidade e experientes (coisa infelizmen- te ainda rara nos dias de hoje) (DEZZI BARDESCHI, 2009, p. 271). Assim, para Dezzi Bardeschi, o tema da mudanca de uso de edificios monumen- fais possui duas diferentes fases: uma de “pesquisa e intervenclo restauratva’ isto é, de pura conservagao, ¢ outra de “uma nova contribuiclo arquiteténica voltada a valorizar as preexisténcias, teforcando seu significado em um ato de interpretagho decididamente atual” (DEZZI BARDESCHI, 2009, p. 271, grifos nossos). O projeto arquiteténico do novo é, portanto, parte intrinseca do processo de adequagio a novos usos dos edificios de valor cultural reconhecido. ANTIGAS CONSTRUGOES, NOVOS MUSEUS Dentre as situagBes mais recorrentes nos dias atuais, no que se refere & adaptasao de edi- ficios monumentais a novos usos, destaca-se a conversdo em museus ¢ centros culturais de edificios que possuiam os mais diversos usos originais. Na dissertacao de mestrado do autor, concluida e defendida cito anos atrés, foram levantados 115 exemplos de rect: lagem de edificios histbricos a novos usos, realizados nas diltimas décadas em dezenas de patses, e constatamos que parte significativa deles (45,2196 do total) correspondia adaptagdes em museus ¢ centros culturais. Foram identificados exemplos de conversio fem museus e centros culturais de edificios com os mais diversos usos ¢ tipologias: de antigos palcios, hotéis conventos até velhos hospitais e hospicios, passando ainda por cexemplares do patriménio industrial, como fabricas, galpdes de armazenamento, merca- dos e estagdes ferrovidrias (ANDRADE JUNIOR, 2006, p. 51-90) ‘Na primeira edigao do “Semingrio Internacional Museografia ¢ Arquitetura de Museus", em 2005, abordamos este mesmo tema da adaptacio de edificios histéricos em espagos muscogrifics, porém, naquela ocasizo, com um viés historiograficoe enfocando a producio dos anos 1950 20s 1990, em especial 0s projetos elaborados na Itlia, entre as décadas de 1950 € 1960, por nomes como Franco Albini, Carlo Scarpa 0 escritério BPR’, ealgumas experiéncias mais recentes em cidades brasileiras como Salvador, Porto Alegre Rio de Janeiro (ANDRADE JUNIOR, 2005). Recentemente, retomamos essa discusstio, enfocando alguns projetos de conversio de edificios tombados em museus e centros cul- turais desenvolvidos na América do Sul entre 2005 e 2007 (ANDRADE JUNIOR, 2013):+ EXPERIENCIAS RECENTES NO BRASIL Dando continuidade a essa investigacZo, o presente artigo se propde a analisar alguns Projetos de adaptacio de edificios monumentais em museus, todos eles inaugurados en- tre 2010 € 2013: 0 Museu das Minas e do Metal (MMM) e o Memorial Minas Gerais Vale (MMGV), ambos localizados em Belo Horizonte; e o Museu de Arte do Rio (MAR), ins- talado na cidade do Rio de Janeiro. © MMM foi projetado pelos arquitetos Paulo e Pedro Mendes da Rocha a partir de 2006, tendo sido inaugurado em 2010; 0 projeto museogré- fico € de Marcello Dantas, que jé havia trabalhado com os Mendes da Rocha no Museu da Lingua Portuguesa, em Sao Paulo. O MMGV foi inaugurado no ano seguinte, e o seu projeto de restaura¢do ficou a cargo de Flavio Grillo, enquanto o projeto arquitetdnico foi elaborado pelos arquitetos Carlos Maia, Débora Mendes, Eduardo Franga, Humberto Hermeto e Igor Macedo e 0 projeto museografico pelo designer Gringo Cardia. O MAR foi implantado a partir de 2010, com Projeto do escritério carioca Bernardes + Jacobsen. Arquitetura, e foi finalmente inaugurado em 2013. Muitos outros museus instalados em edificagées tombadas foram inaugurados neste periodo no Brasil, como a Casa Daros Rio ou o Paco do Frevo, ambos abertos ao pii- blico em 2013, no Rio de Janeiro e no Recife, respectivamente. Entretanto, frente ao vasto universo de projetos recentes de adaptacio de edificios de valor cultural em museus, optamos por limitar nossa andlise aos trés exemplos citados por possufrem uma série de aspectos em comum ~ ainda que também possuam diferengas significativas: 0 MAR possui uma drea construfda quase trés vezes maior que a média dos museus mineiros Destaquemos, porém, as semelhangas. Em primeiro lugar, o MMM, 0 MMGV e © MAR tém em comum o fato de estarem abrigados em edificios ecléticos construfdos entre a iltima década do século XIX e as duas primeiras décadas do século XX, todos eles tombados pelos érgios de patriménio locais. O MMGV e 0 MMM esto abrigados em dois edificios ecléticos construidos em 1897 e tombados, cerca de oitenta anos depois, pelo Instituto Estadual do Patriménio Histérico e Artistico de Minas Gerais (IEPHA). O B sms SOLOW So SMLSNOD SVD ” Musecorarin AnQUITETURA DE MUSEAS MAR, que também inclui a Escola do Othar, esté instalado em trés edificios vizinhos, de épocas e caracteristicas arquitetonicas bastantes distintas: 0 Palacete D. Joao VI (ow Palicio Dom Jodo), edificio eclético construfdo na década de 1910 e tombado pelo érgio ‘municipal de patrim6nio carioca, 0 antigo Terminal Mariano Procépio, com feigdes mo- dernas, que foi o terminal rodovisrio do Rio de Janeiro até a inauguraclo, em 1956, da Rodovidria Novo Rio, e o antigo Hospital da Policia Civil, construido na década de 1940. Em segundo lugar, estes trés museus se instalaram em edificacées piblicas que, anteriormente, abrigavam instituigdes governamentais, distinguindo-se, assim, do eleva- do niimero de museus que vem sendo instalados em edificios privados, como os jé citados Pago do Frevo, instalado na antiga sede da Western Telegraph Company, ¢ a Casa Datos Rio, sediada em um imponente edificio neoclassico que abrigou, anteriormente, um orfa- nato e instituigdes de ensino privadas. O MMM foi instalado na antiga sede da Secretaria de Educaggo do Estado de Minas Gerais, na Praga da Liberdade, e o MMGV est sediado no edificio vizinho, que outrora abrigou a Secretaria da Fazenda mineira. Por sua vez, 0 Palacete D. Joao VI, no Rio de Janeiro, também possu‘a um uso institucional, dado que abrigava a Inspetoria de Portos ¢ Canais do Ministério da Marinha, enquanto os edificios mais novos abrigavam um terminal rodovidrio e um hospital piiblico. Em terceiro lugar, mas no menos importante, os trés museus selecionados para anilise neste trabalho se inserem em circuitos museogréficos mais amaplos que se en- contram atualmente em processo de implantagao e esto diretamente vinculados a gran- des projetos urbanos em curso, Com a construgio da Cidade Administrativa Presidente Tancredo Neves, entre 2007 € 2010, 40 km ao norte do centro de Belo Horizonte, e com a transferéncia pata lé das sedes do governo do Estado e das secretarias estaduais, os cedificios ecléticos da Praga da Liberdade nos quais, desde a fundacio de Belo Horizonte, em 1897, estavam instaladas as Secretarias do Estado de Minas Gerais e outros érgios repartigoes piblicas passaram a abrigar o Circuito Cultural Praga da Liberdade, con- siderado um dos maiores complexos culturais do pais e que, iniciado em 2005, conta atualmente com nove equipamentos em funcionamento, com outros trés em fase de im- plantaco. instituigées culturais. O MMM ¢ MMGV fazem parte deste Circuito Cultural, estando entre os primeiros e mais importantes equipamentos culturais da zona. Todos os equipamentos possuem patrocinio de grandes empresas, que em alguns casos chegam a dar nome aos museus e centros culturais, como é o caso do Memorial Minas Gerais 7 Vale, mantido pela mineradora, e a Casa FIAT de Cultura, financiada por aquela empresa automobilistica. © Museu das Minas e do Metal é patrocinado pela Gerdau. © MAR, porsua vez, se insere dentro da OperacZo Urbana Porto Maravilha, iniciada em 2009 e que inclui, dentre muitas outras ages na zona portudria do Rio de Janeiro, a ecuperagao do patriménio edificado da regio e a implantacio de equipamentos culturais, dos quais o MAR, na Praga Mau, foi o primeiro a ser inaugurado, A poucos metros de dis- tancia, encontra-se atualmente em construcdo outro importante espaco cultural, o Museu do Amanha, projetado pelo controverso arquiteto espanhol Santiago Calatrava ¢ cuja inau- guracao esté prevista para ocorrer em 2015. Assim como no caso dos museus mineiros, as grandes corporacdes também tiveram um papel fundamental na viabilizacgo do MAR e do Museu do Amana. No caso dos museus cariocas, através da Fundagao Roberto Marinho, ligada ao conglomerado de midiae telecomunicagBes Globo, que é a responsével. junto com 2 Prefeitura do Rio de janeiro, pela concepcao e realizacdo tanto do MAR quanto do Museu do Amanha. O MAR tem como principais patrocinadores a Vale, a Globo eo Itat, enquanto ‘0 Museu do Amanba tem o patrocinio do Banco Santander. Hé ainda um quarto aspecto em comum entre os museus que selecionamos para analisar, especialmente entre os dois museus mineiros. Eles esto entre os mais importantes ‘exemplos no Brasil dos novos museus que privilegiam a interagio do usuério, através de inter faces tecnolégicas, em detrimento dos velhos acervos materiais. Junto com o Museu da Lin- gua Portuguesa e o Museu do Futebol, em Sio Paulo, e 0 Pago do Frevo, em Recife, o MMM € 0 MMGV estao entre os mais interessantes museus interativos brasileiros da atualidade. Obviamente, hé também motivagées de ordem pratica na eleiclo destes trés mu- seus para anilise. Todos eles tiveram seus projetos publicados em revistas especializadas de arquitetura, no Brasil e no exterior, como as brasileiras aU ~ arquitetura e urbanismo, ProjetoDesign ¢ Monolito ¢ a argentina Summa+. Todos eles foram, igualmente, visitados ¢ fotografados pelo autor deste artigo. Ao se basear nestas visitas e no levantamento da bibliografia existente sobre estes projetos, a nossa andlise poder4 confrontar as informa- Ges publicadas nos periédicos com a observaco dos museus in loco, Decerto € preciso reconhecer as limitagGes destas fontes, dado que o material publicado nas revistas é su- into e superficial, e ndo sdo, definitivamente, suficientes para compreender plenamente estado em que os iméveis se encontravam antes da intervenco nem em que consistiu, detalhadamente, a intervencio. 78 rast 4on0n 3 gSMLSNOD SOUNY 76 Muscociarin«Anoureruta oe Mustus Museu das Minas e do Metal em Belo Horizonte: planta baba do pavimento térreo, © nimeto 2 indica opto coberto, 048 nova torre do elevadore na extremidade superior esquerda 6 posstvel observara nova escada (fonte: LEAL, 2010) MUSEU DAS MINAS E DO METAL (MMM) Além do edificio eclético construido em 1897 para abrigar a antiga Secretaria de Educagio de Minas Gerais, o Museu das Minas e do Metal incorporou um anexo construido alguns anos depois, na parte posterior do edificio primitivo. Sobre este ane- x0 foi construido um terceiro pavimento, com planta em “U” e fechado com chapas de ago pintadas na cor vermelha. Este novo volume é totalmente cego, o que potencializa seu uso como es- Paco expositivo, e abraca o patio interno conformado pelo edifi- cio de 1897 e pelo anexo posterior. © pitio, com pé direito triplo, é transformado no gran- de espaco aglutinador e de distribuigo do MMM, passando a abrigar 0 café, a loja e 0 acesso para a circulagao vertical e para as areas de exposigao. O patio jé possuia uma cobertura transli- ida, que foi substituida pelos Mendes da Rocha por uma nova ed ae I cobertura, formada por uma malha estrutural de vigas-calha de ago com sesso em “V" e fechada com vidro, semelhante quela projetada por Paulo Mendes da Rocha anos antes para a Pinacoteca de Sao Paulo. O principal desafio do projeto arquiteténico, porém, era certamente o de dotar a edificagao de um sistema de circula- «fo vertical capaz de atender os grandes fiuxos do museu e ga- rantir acessibilidade universal, j4 que a timica escada existente ra a antiga e monumental escada de ferro situada na entrada do edificio e os cadeirantes nao tinham como vencer o desnt. vel entre o espaco piblico ¢ o pavimento térreo. Assim, foram criadas duas novas torres de circulagio vertical, uma na ex- tremidade leste da fachada norte, abrigando um elevador para passageiros e carga, ¢ a outra na extremidade sul da fachada posterior (fachada leste), contendo a escada que articula os di- versos niveis do edificio. As duas novas torres foram erguidas com estrutura metilica ¢ fechamento em vidro laminado e chapas metalicas na mesma cor vermelha do novo pavimento anteriormente citado. A nova torre da escada é da altura da cumeeira do edifi- cio preexistente, enquanto a torre do elevador é um pouco mais alta, Os trés novos elementos fechados por chapas metilicas na cor vermelha, ainda que localizados na parte posterior do conjunto arquiteténico preexistente, terminam por destacar-se deste, seja pela sua escala, especialmente se considerarmos que na fachada norte do museu, onde foi erguida a nova torre do ele- vador, existe uma pequena praca entre o MMM e o MMGY, seja pela cor vermelha contrastante com 0 salmao das fachadas do edificio preexistentes. Mais do que resolver um problema fun- ional, percebe-se que as caracteristicas destes elementos foram definidas com o intuito de criar um novo marco visual que deli- beradamente modifica a imagem urbana do edificio (figura 02). Srason soon ‘sigSmsNO9 SOUNY 78 Muscoceana ¢ Anqurreuna oe Museus Museu das Minas e do Metal em Belo Horizonte: fachadas leste (principal) enorte, vendo-se os volumes novos aos fundos (foto realizada pelo autor, nov. 201) Segundo os autores do projeto, a torre da escada externa “se configura como um novo elemento contemporaneo trans- parente que marca, de forma nitida, a intervengo que agora se realiza e transforma o prédio em um novo centro cultural para Belo Horizonte”, Para eles, com a construcao dessa torre ce daquela que abriga o elevador “se estabelece um didlogo inte- ressante entre formas de distintas épocas da cidade” (MENDES. DA ROCHA & MENDES DA ROCHA, 2013, p. 21) (figura 03). A cestrutura da nova escada externa é erguida a poucos cen- timetros da fachada leste do antigo edificio, o que impede de modo definitivo a sua visnalizagZo, além de estar fixada nela, através do prolongamento das vigas da nova estrutura metélica, de maneira bastante agressiva. Além disso, os elementos de vedagio da nova escada seccionam, em diversas situacées, as corijas e outros ele- ‘mentos decorativos da fachada posterior do edificio tombado. A sutileza de outros projetos de adequacio de edificios hhistéricos a usos museais, realizadas anteriormente por Paulo Mendes da Rocha, como a Pinacoteca de Sao Paulo ¢ o Museu da Lingua Portuguesa, infélizmente foi substituida, neste projeto, por 7 ‘uma vontade de “marcar, de forma nitida, a intervengZo que agora se realiza’. Ao contrario dos dois museus paulistanos citados, nos quais a intervencio contemporanea apenas se anuncia de forma discreta no espago externo & edificagio através da marquise de aco Vidro no acesso ao Museu da Lingua Portuguesa e do balezo em. ‘aco patindvel instalado no antigo acesso da Pinacoteca, na Avenida do Estado -, no Museu das Minas e do Metal a intervengio atual, ainda que concentrada na parte posterior da edificacio, termina por disputar com a este o protagonismo na paisagem. © MEMORIAL MINAS GERAIS VALE (MMGV) Assim como no Museu das Minas e do Metal, no Memorial Minas Gerais Vale um dos principais desafios era a instalagao de um elevador. No MMGY, porém, o elevador foi instalado no interior do edificio e no pode ser percebido a partir do espaco externo & edificacio, garantindo a preservacio da imagem urba- na do antigo edificio (figura 04). , Memorial Minas Gerais Vale em Belo Horizonte: fachada principal voltada para a Praga da Liberdade (foro realizada pelo autor, rev. 20m) 78 sn2enn sono sagSmeusno2 sv Mustoctanne AnguiTeuna o¢ Mustus Museu das Minas e do ‘Metal em Belo Horizonte: fachadas norte ¢ oeste, vendo-se 0s volumes novos do elevador (em primeico plano, & cesquerda) e da escada (2 diteta) (foto realizada pelo ‘autor, nov, 2011) patio anteriormente existente no edificio estava ocupado por acréscimos espiirios, que os autores do novo projeto resolve- ram retirar para garantir a iluminagdo natural as salas lindeiras. Diferentemente do MMM, no MMGY o pitio nao foi coberto no novo projeto e nem pretende se constituir no centro aglutinador do muscu. Ao contrario, o vazio central foi tratado como um es paco de referéncia visual, de contemplagao, e transformado em uum jardim de bromélias. Para os autores do projeto, “é um respi- ro para quem vagueia entre as salas de exposigo, e vez ou outra se depara com a luz natural refletida no verde das plantas ¢ do cobreado das fachadas” (apud GEROLLA, 2012, p. 31). Na extremidade oeste do jardim, junto a fachada posterior da edificacio, foi criado um conjunto de passarelas com estrutura ‘em ago na cor cinza e piso e guarda-corpo em vidro que fecham © pitio, ligando as duas alas laterais do edificio. As passarelas se conectam 20 novo elevador, igualmente construido em estrutura metalica pintada na cor cinza e com fechamento em vidro. As paredes norte, leste e sul do pétio foram revestidas com chapas de aco patinavel, O resultado é que o pitio, espaco central e n6 visual do museu, transformou-se em um espaco absohitamen- te distinto do restante da edificagZo, cuidadosamente restaurada em seus pisos de madeira, pedra e ladrilho hidraulico e paredes ricamente ornamentadas e coloridas. No patio central passam a predominar novos materiais, como 0 ago € o vidro, com cores ‘exturas contrastantes com as do restante da edificagao. Um dos autores do projeto defende que a premissa do grupo “foi intervir de maneira a no promover um mimetismo entre o velho € 0 novo proposto, A arquitetura representa a intengio de uma época specifica” (apud GEROLLA, 2012, p. 34). Os arquitetos responsiveis pelo projeto admitem que “apesar das intervengdes nos espacos internos das salas exis- tentes, 0 espaco de maior importancia é o novo vazio, onde se contra o jardim de bromélias, a nova fachada — recoberta de ago corten ~ e a nova cir ‘culagdo envidracada" (FRANCA et alii, 2013, p. 26) (figura 05). ‘Memorial Minas Gerais Vale em Belo Horizonte: cortes longitudinal (& esquerds) e transversal (A dreta), com destaque para as paredes de ago patinavel do patio (fonte: FRANCA et ali, 2013) Para resolver outra demanda recorrente neste tipo de adaptaga0 ~ a criagdo de sani- trios em todos os pavimentos -, os arquitetos conceberam caixas prismiéticas estrutura- das em steel frame e vedadas com painéis de MDF revestidos de laminado melaminico na cor preta. O piso dos sanitarios contidos nas caixas sio sutilmente elevados com relaao ao do ambiente em que se encontram, para abrigar neste espaco as instalagdes hidrossa- nitérias, As caixas-sanitérios foram distribufdas ao longo do edificio, muitas vezes com- prometendo a leitura espacial dos espagos em que se inserem. © MUSEU DE ARTE DO RIO (MAR) Avvontade deliberada de marcar a intervengao contemporanea, percebida nas novas torres de circulagio vertical do Museu das Minas ¢ do Metal revestidas com chapas na cor ver- melha e observada na configura¢do absolutamente nova do patio central reconfigurado do Memorial Minas Gerais Vale, atinge seu ponto mais alto no Museu de Arte do Rio. O principal elemento do projeto do MAR 6, indiscutivelmente, a nova cobertura ondulada que tem como objetivo suturar os dois edificios mais altos — 0 Palacete D. Joao magn sono “sagrausno3 sOUNY 82 Museoctana eArgurreruna 9¢ Mustus Museu de Arte do Rio no Rio de Janeiro: vista ‘eral do Palacete D. Jot0 VI, com os novos elementos ~ cobertura ondulada e passarela - que ‘oconectam 20 edificio do antigo terminal rodovidrio (foto realizada pelo autor, ‘nov. 2013) ‘Vie o antigo Hospital da Policia Civil -, voltados para a Praca Maui e tdo distintos em escala, expresso arquiteténica e forma (figura 06). A cobertura-sutura do MAR, que elimina simboli- camente os dez metros que separam os dois edificios, se insere dentro do que Laura lermano identificou como restyling: © restyling reprojeta imagens arquitetdnicas preexisten- tes. O tema projetual do restyling arquiteténico consiste na transformacao de uma imagem preexistente de um edificio em uma outra. A necessidade que determina a in- tervengao de restyling esta voltada, efetivamente, ao pro- longamento da vida de um edificio considerado obsoleto, além do ponto de vista da consisténcia material e fun- ional, sobretudo do ponto de vista da perda de corres- Pondéncia entre imagem e representacdo de contetidos especificos. (IERMANO, 2003, p. 4, grifo nosso) Sob a cobertura ondulada, no edificio do antigo Hospi- tal, foi criada uma praca elevada, onde comeca o percurso expo- sitivo. No Palacete D. Joao VI, por sua vez, a antiga cobertura foi quase que totalmente eliminada e o cenério avistado por quem se encontra na praca elevada é sui generis: uma laje horizontal inabitada, na qual repousam delicadamente os delgados pilares de sustentacdo da cobertura ondulada (figura 07) © edificio do antigo Hospital sofreu muitas interven- ges. Para “equilibrar a altura do conjunto’, o ultimo pavimento do edificio mais novo foi suprimido (BERNARDES, JACOBSEN & JACOBSEN, 2013, p. 139). Todas as alvenarias de vedacio das fachadas deste prédio foram substituidas por perfis de vidro transhicido. No quinto pavimento, uma passarela cega colada &s fa- chadas posteriores dos dois edificios mais altos os conecta (Figu- 1a 08). Frente &s dimensdes da marcante cobertura ondulada, a passarela é quase despercebida pelos observadores. Museu de Arte do Rio no Rio de Janeico: vista da cobertura do Palacete D. Joo VI, com 05 novo: elementos ~ cobertura ondulada (acima) e passarela (& esquerda) = que o conectam ac edifico do antigo terminal rodovidrio (foto re pelo autor, nov. 2013) ada 83 srasnn Soro sa9Snusswo> svokNy 84 Mustoctarine AxourTTuRa o& Museus 5° pavimento- Escola do Othar/3* pavimento-MAR Museu de Arte do Rio no Rio de Janeiro: planta do quinto pavimento, com a passarela de conexdo entre os dois edificios (fonte: GRUNOW, 2013) CONSIDERAGOES FINAIS ‘Como que concordando com a afirmacio de Dezzi Bardeschi de que “cada monumento {-.] para poder ser conservado no tempo, deve conservar um seu significado, uma sua cat- ga vital, mais simplesmente uma especifica funcio de uso” (DEZZI BARDESCHI, 2009, p- 272), Paulo Mendes da Rocha afirmou, a respeito do Museu das Minas e do Metal, que “se ndo atualizarmos o uso do edificio [de valor patrimonial] ele nao ird conservar memé- ria alguma; ele iré morrer” (apud LEAL, 2010, p. 48). Além da entender que atribuir novos usos a edificios de valor cultural que perde- 1am seus usos primitivos é a tinica forma de preservé-los, a andlise destes trés projetos nos permite concluir que, nas adaptagbes de edificios hist6ricos de valor cultural reco- nhecido ao novos usos museais, alguns desafios ¢ temas sio recorrentes, tais como: + a criagdo de novas imagens urbanas, mais ou menos impactantes, que “sinal zem' para os transeuntes 0 novo uso do edificio, como ocorre com a cobertura ondulada do Museu de Arte do Rio e com os novos volumes em aco vermelho & Vidro do Museu das Minas e do Metal; + a ctiagao de novos elementos que atendam as normas de seguranca e acessibil dade universal, como escadas ¢ elevadores, sejam eles externos, como no Museu das Minas e do Metal, sejam internos, como no Memorial Minas Gerais Vale; + 0 fechamento de praticamente todas as aberturas existentes nas fachadas dos edificios historicos ¢ quase obrigat6rio, tendo em vista a necessidade de manu- tencdo da qualidade atmosférica e do rigoroso controle de temperatura, umidade ¢ iluminagzo, inerentes & preservacao do acervo exposto, e ainda mais necessério ‘nos novos museus interativos, em que o emprego de tecnologias demanda espagos absolutamente escuros, como ocorre no Museu das Minas e do Metal, em diversos espacos do Memorial Minas Gerais Vale e no Museu de Arte do Rio - pelo menos no Palacete D. Jodo VI -, ainda que resultem em uma dissociacio radical entre as leituras do interior e do exterior das edificacées; + quando se tratam de museus formados por mais de um edificio preexistente, a criagao de elementos de articulacdo simbélica e conexao fisica destes edificios, como ocorre com a cobertura-sutura e com a passarela do Museu de Arte do Rio e com 0 patio do Museu das Minas e do Metal. ° REFERENCIAS BIBLIOGRAFICAS ANDRADE JUNIOR, Nivaldo Vieira de. Metamorfose arquitetOnice: ntervengBes projetuais contemporiness sobre © patriménio edificado, 2006. Dissertacio (Mestrado em Arquitetura e Urbanismo) ~ Faculdade de ‘Arquitetura - Universidade Federal da Bahia, Salvador, 2006. ~ © futuro do passado: arquitetura contemporanea e patrimBnio edificado na América do Sul. In: Anais cdo 6 Projesar. O projeto como instrumento para a materializacdo da arquiteture: ensino, pesquisa e critica, Salvador: PPG-AU/FAUFBA, 2013. 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Didlogo de formas y tiempos. Summat, Buenos Aires, #128, p. 14-21, abr. 2013. NOTAS. 1 Todas as traducoes foram realizadas pelo autor. 2 Deve-se ressaltar que ndo foram inclufdos neste levantemento os edificios culturals que denominamos de “museus de si préprios". Sé foram levantados aqueles museus que abrigam um acervo artistico ou cultural signifcativo, bem como aqueles espacos culturais que sao formados por espacos diversificados, como biblio- teca, espacos expositivos, salas de espeticulos,atelisartsticos, etc. 3 Estamos nos referindo 20s projetos dos Museus do Palazzo Bianco (1950-51) e Palazzo Rosso (1952-61), do Museu do Tesouro de San Lorenzo (1952-56) e do Museu de Sant’Agostine (1963-69), todos em Gtnova e de autoria de Franco Albini; do Museu de Castelvecchio, em Verona (1956-67), de Carlo Scarpa; e dos Museus do Castelo Sforzesco, em Milgo (1954-63), do escrtério BPR ~ Belgiojoso Peressutti Rogers. 14.08 projetos analisados naquele artigo foram a ampliaco do Museu de Etnografia ¢ Folclore em La Paz, Bolivia (2005), 0 Museu Rodin / Palacete das Artes em Salvador, Brasil (2006), 0 Museu Superior de Belas Artes Evita e o Museu Provincial de Belas Artes Emilio Carraffa, ambos em Cérdoba, Argentina (2007), € 0 Centro Cultural Ccori Wasi da Universidade Ricardo Palma em Lima, Peru (2007). 5A dea construlda do Museu de Arte do Rio de 13700 metros quadrades (GRUNOW, 2013, p75), enquanto.o Museu das Minas e do Metal possui 583,50 metros quadrados de dre construlda total (MELENDEZ, 2010p. 65) € 0 Memorial Minas Gerais Vale possui res construida de 4.200 metros uadrados (CEROLLA, 2012p. 3)

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